Ex-líder da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), José Cláudio Arantes, conhecido como Tio Arantes, que estava foragido do Centro Penal Agroindustrial da Gameleira de Campo Grande novembro de 2021, foi preso na Bolívia, na última quarta-feira (6).
Tio Arantes tem extensa ficha criminal, principalmente por tráfico de droga, rebeliões e assassinatos. Ele é apontado como tendo participação na morte do advogado William Maksoud Filho, que foi assassinado por um integrante da facção, Rafael Carlos Masqueda, condenado em 2013 pelo crime.
Arantes também foi acusado de liderar a maior rebelião já ocorrida no Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande, em 2006.
De acordo com informações do comandante da Polícia de Santa Cruz, na Bolívia, coronel Erick Holguín, por volta das 18h30 da última quarta-feira, após um trabalho da inteligência, Tio Arantes foi abordado na capital boliviana por policiais e apresentou documento de identidade brasileiro, com nome de Raildo Teixeira da Silva.
Em análise, os policiais desconfiaram que se tratava de um documento falso e, portanto, decidiram conduzi-lo até uma unidade da Força Especial de Luta contra o Crime (Fuerza Especial de Lucha Contra el Crimen - Felcc) e, neste momento, Tio Arantes apresentou comportamento violento e tentou destruir o celular que estava com ele.
Já nas dependências policiais, trabalhos investigativos apontaram que o documento apresentado realmente era falso e que a identidade real era de José Cláudio Arantes, que uma série de antecedentes criminais e se encontrava foragido da Gameleira, onde cumpria prisão em regime semiaberto. Ele contava com dois mandados de prisão em aberto para recaptura, expedidos em 2022 e 2023.
Na coletiva de imprensa no país vizinho, a polícia boliviana utilizou uma matéria publicada pelo Correio do Estado em 2017, onde era noticiado que “depois de 8 meses nas ruas, ex-líder do PCC, 'Tio Arantes' retorna à prisão”. Na época, ele foi posto em liberdade em fevereiro, mas voltou a ser preso em outubro por receptação.
Ainda segundo a polícia boliviana, Tio Arantes será extraditado para o Brasil, para cumprimento da pena.
"Ele já conta com uma resolução da Imigração para ser levado a fronteira, expulso da Bolívia e entregue as autoridades brasileiras", disse o coronel. (em tradução livre).
Polícia boliviana usou matéria do Correio do Estado durante coletiva sobre prisão de Tio Arantes (Reprodução)Morte de advogado e maior rebelião da Máxima
Tio Arantes é apontado como um dos implicados no assassinato do advogado William Maksoud, morto a tiros dentro do escritório, em abril de 2006.
O criminalista teria sido morto por determinação do comando do PCC, que lhe dera dinheiro para agir na transferência de um criminoso, tarefa não efetuada.
Em maio de 2006, pouco tempo depois do assassinato de William, integrantes do PCC e de outra facção entraram em confronto na Penitenciária de Segurança Máxima, em Campo Grande, que durou mais de 30 horas. Essa rebelião é considerada a maior do Presídio de Segurança Máxima do Estado.
Mais de 1,3 mil presos participaram do motim. Mulheres e crianças que realizavam visitas foram feitas reféns.
Na ocasião, um dos presos foi decapitado e os presidiários exibiram a cabeça da vítima aos policiais que estavam do lado de fora da unidade.
Em 2006, milhares de presos participaram de rebelião na Máxima, com um deles decapitado (Foto: Valdenir Rezende / Arquivo)




