A falta de leitos nos hospitais de Campo Grande só será resolvida após a finalização dos processos licitatórios que pretendem privatizar o Hospital Regional e o Hospital Municipal de Campo Grande, é o que afirmou ao Correio do Estado a secretária municipal de saúde, Rosana Leite.
Questionada sobre a superlotação dos hospitais e os rumos do decreto de emergência que segue ao menos pelos próximos dois meses, frisou que o município está focado em destravar as licitações já em andamento, fator que considerou determinante para a melhoria do fluxo de atendimentos na Capital, que conta atualmente com 1.719 leitos disponíveis entre rede pública e privada.
“O problema dos leitos nós não vamos resolver a curto prazo, por isso, a esperança é terminar o processo licitatório do Hospital Municipal, Hospital Regional, (obras) que ampliarão esses leitos. Até isso se resolver, nós ainda vivenciamos esse problema crônico da falta de leitos”, destacou.
Entre outras estratégias, a titular da saúde aproveitou a prestação de contas da última sexta-feira (30), para relembrar os esforços da administração em desafogar as demandas atuais. De acordo com Rosana Leite, a secretaria de saúde deslocou 13 servidores para a Secretaria Especial de Licitações e Contratos (Selc), justamente para auxiliar nas demandas licitatórias do município.
“Essa é uma estratégia de diversas secretarias, mandamos cerca de 13 servidores para lá, estamos bem confiantes. Sabemos que alguns processos licitatórios duram mais de seis meses”, disse a secretária, que frisou que além das licitações emperradas, a saúde municipal lida diretamente com atrasos de medicamentos por parte dos fornecedores.
Licitação
Inicialmente, o processo licitatório que prevê a Parceria Público Privada (PPP) do Hospital Regional foi publicado pela Secretaria de Estado de Saúde no dia 15 de abril deste ano. A previsão é de que o Governo do Estado assine um contrato para terceirizar a administração do Hospital Regional de Campo Grande, enquanto a empresa que vencer a disputa, garantirá faturamento anual de R$ 158 milhões, o que representa mais de R$ 13 milhões mensais.
Os detalhes do projeto de “privatização” do hospital foram apresentados em audiência pública virtual no último dia 12 de maio, e conforme o chamamento público divulgado em diário oficial, o contrato terá validade por 30 anos e o valor estimado é de investimento inicial é de de R$ 951.745.727,91. Durante a audiência, Eliane Detoni, secretária especial de Parcerias Estratégicas, explicou os aspectos que nortearam a estruturação do projeto.
“As PPPs permitem a introdução de modelos de gestão mais eficiente, com foco em resultados, indicadores de desempenho e melhoria contínua dos processos. A parceria com o setor privado traz práticas modernas de administração hospitalar que impactam positivamente no tempo de atendimento, na qualidade assistencial e na satisfação do usuário”, disse.
O projeto adota como critério o modelo de bata cinza, ou seja, apenas os serviços não assistenciais ficam sob gestão administrativa da empresa concessionária: recepção, portaria e vigilância, lavanderia, limpeza e jardinagem, nutrição, manutenção predial e engenharia clínica, Central de Material Esterilizado (CME), logística de almoxarifado e farmácia, transporte de pacientes e necrotério, tecnologia da informação, água, energia e gases medicinais e fornecimento de insumos hospitalares.
Com área prevista de 71.000 m² de construção, o projeto prevê dois novos blocos que devem ampliar a capacidade de atendimento de 362 para 577 leitos, aumento de 59% no número de leitos atuais, além de ampliar o estacionamento para 753 vagas.
Atualmente o Hospital Regional Rosa Pedrossian possui área de 37.000 m², com estrutura de 10 pavimentos, capacidade de 362 leitos e atendimento de 46 especialidades médicas. O local permanecerá como hospital público, com atendimento SUS 100% gratuito e gestão assistencial estadual.
Estrutura
Em até 2 anos o projeto prevê a construção de dois novos blocos, com 70 leitos, hemodinâmica, centro cirúrgico, Central de Material Esterilizado e internações com 180 leitos. A reforma do prédio atual deve ser concluída em até 4 anos.
Conforme exposto na audiência, o complexo hospitalar contará com emergência adulta e pediátrica, hemodiálise, centro cirúrgico obstétrico, centro de parto normal, lactário, UTI Neonatal, Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Canguru (UCINCa), internação obstétrica e ginecológica, UTI e internação pediátrica, internação oncológica e psiquiatria. Além de auditório, área de acesso e conforto aos funcionários, área de convivência e área da família.
A projeção é de que o novo espaço ofereça 250% de aumento no atendimento de Pronto Socorro, que passará dos atuais 22 leitos para 77 leitos, bem como aumento nos atendimentos de internações que, atualmente, tem a média de 1.400 por mês e passará a ser de 2.760 de pacientes mensais.


