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Campo Grande

Família de entregador morto por condutor de Porsche teme impunidade

Viúva e mãe de Hudson Oliveira Ferreira lutam para que empresário, que fugiu do acidente e só foi localizado após reportagens, não escape de processo por homicídio

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Depois de sete meses da morte do motoentregador Hudson Oliveira Ferreira, na noite de 22 de março deste ano, o cotidiano da aposentada Raimunda de Oliveira, 67 anos, voltou a ser atormentado com a possibilidade de o advogado e empresário Arthur Torres Rodrigues Navarro, 34 anos, escapar de ser sequer processado por homicídio doloso, após ter matado Hudson ao atingir o trabalhador com seu Porsche Cayenne, sem prestar socorro à vítima.

O motivo da tormenta, não apenas para Raimunda, mas também para a atendente Kelly Patrícia Ferreira, 39 anos, viúva de Hudson, é que, 21 dias depois de o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) ter ingressado com denúncia contra o advogado, dono do Porsche, por homicídio culposo, a defesa de Arthur Navarro insiste em forçar um acordo de não persecução penal.

Normalmente, nesses acordos, o autor confessa o crime, compromete-se a fazer cursos de direção responsável e a pagar cestas básicas para famílias carentes, em troca de não ser processado, evitando, na prática, “gastar o réu primário”.

A promotora Suzi D’Angelo, de 1ª Instância, demonstrou não estar interessada em tal acordo, mas os advogados de Arthur Navarro, o dono do Porsche que matou o motoentregador Hudson Ferreira no trânsito, agora querem que o Procurador-Geral de Justiça, Ramão Ávila Milhan Junior, revise a decisão da promotora e distribua o pedido de Navarro para um procurador de Justiça da área criminal.

“Eu admiro ele e os advogados, como conseguem entrar com um pedido para que ele fique livre do crime que cometeu, com um carro na velocidade em que estava”, lamenta Raimunda de Oliveira.

“A gente é pobre, mas não somos bestas. O que a gente espera é que o Ministério Público não caia na deles. Não entendo muito de leis, mas sei o que é certo, por isso espero que o MP não aceite uma coisa dessas (de nem chegar a processar o autor do crime que matou meu filho), porque seria uma grande vergonha”, desabafou.

A viúva, Kelly Patrícia, encontrou tempo para falar com o Correio do Estado no intervalo entre os dois empregos de atendente que tem. Depois que o marido foi atropelado pelo Porsche conduzido por Arthur Navarro, ela teve de arrumar mais um trabalho para ajudar no sustento da casa.

“A gente fica indignada com uma notícia dessas. A única coisa que podemos esperar depois de tudo isso é justiça, porque, lamentavelmente, isso não vai trazer ele de volta”, disse.

“O que esperamos, no mínimo, é que o autor desse crime seja processado e punido, para que sirva de exemplo”, complementou.

Outro lado

O Correio do Estado também procurou a defesa de Arthur Torres Rodrigues Navarro. O advogado André Borges disse que a defesa pediu o acordo porque entende que ele é uma “forma justa e adequada de resolver a situação decorrente deste lamentável acidente de trânsito”.

“Houve um acidente de trânsito, e o nosso cliente sempre se colocou à disposição da Justiça, da polícia e do Ministério Público para resolver essa situação”, afirmou André Borges.

“Por isso, estamos aguardando a manifestação do MPMS, e se ele concordar, gostaríamos de saber quais serão as condições do acordo para encerrar essa parte da discussão”, acrescentou.

Entenda o caso

O acidente que matou Hudson Oliveira Ferreira ocorreu na noite de uma sexta-feira, 22 de março, por volta das 22h30min, na Rua Antônio Maria Coelho, perto do número 5581, no bairro Jardim dos Estados.

Hudson entrava na via quando foi atingido pelo Porsche Cayenne, conduzido por Arthur Navarro, que trafegava em alta velocidade pela via. Hudson caiu da moto e sofreu uma fratura exposta. Arthur fugiu com seu Porsche e não prestou socorro.

Hudson Oliveira Ferreira, vítima do acidente/acervo da família

O motoentregador, que se preparava para sair para mais uma entrega quando foi atingido, foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e levado para a Santa Casa. Ele morreu no hospital dois dias depois.

O autor do crime e seu Porsche ficaram escondidos por alguns dias, enquanto o caso ganhava repercussão na imprensa e gerava pressão social pela investigação. O dono do veículo só procurou a Polícia Civil 14 dias depois do acidente, e 12 dias depois da morte do motoentregador.

Na mesma época, no dia 31 de março, um acidente em São Paulo (SP), que resultou na morte do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, após o empresário Fernando Sastre de Andrade Filho bater com seu Porsche na traseira do carro de aplicativo, ganhou repercussão nacional.

Até então, nem mesmo a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul tinha pistas sobre quem seria o motorista do Porsche que, em Campo Grande, havia atingido e matado o motoentregador.

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Cidades

Em crise financeira, Hospital Alfredo Abrão terá contratos analisados pelo MPMS

Os documentos analisados pela Promotoria de Justiça apontam um déficit mensal próximo de R$ 780 mil, reconhecido pela própria gestão municipal

18/12/2025 19h20

O Hospital do Câncer atende cerca de 70% dos pacientes com câncer no Estado

O Hospital do Câncer atende cerca de 70% dos pacientes com câncer no Estado Divulgação: Hospital do Câncer Alfredo Abrão

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O Hospital de Câncer Alfredo Abrão (HCAA) vive cenário de desequilíbrio financeiro, agravado por limitações orçamentárias e pela crescente demanda por serviços oncológicos de média e alta complexidade no Sistema Único de Saúde (SUS). Diante das circunstâncias, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) instaurou procedimento administrativo para acompanhar a contratualização e o financiamento do local.

De acordo com os documentos analisados pela 76ª Promotoria de Justiça de Campo Grande, há um déficit mensal próximo de R$ 780 mil, reconhecido pela própria gestão municipal, além de perdas adicionais decorrentes da não cobertura de produção excedente desde novembro de 2024. 

O hospital também enfrenta atrasos no pagamento de procedimentos já realizados, redução temporária do teto MAC (Média e Alta Complexidade), pendências de liberação de emendas parlamentares e insuficiência de repasses para custear cirurgias, quimioterapias, radioterapias, exames de imagem e manutenção de leitos clínicos. 

Como o HCAA atende cerca de 70% dos pacientes com câncer no Estado, qualquer interrupção representa risco imediato de desassistência em larga escala.

Em resposta às requisições, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou repasses mensais que totalizam R$ 1.738.005,52, distribuídos entre incentivos de custeio e projetos específicos.

A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), por sua vez, reconheceu o excedente de produção e informou que o pedido de majoração do teto MAC está protocolado no Ministério da Saúde desde 2023, aguardando disponibilidade orçamentária federal.

O Ministério da Saúde confirmou que os pleitos permanecem em análise, tendo havido apenas um repasse pontual de R$ 2.999.840,00 ao Município para ações de média e alta complexidade.

Diante desse quadro, o MPMS expediu portaria e edital tornando pública a instauração do procedimento e notificou formalmente o Ministério da Saúde, a SES, a Sesau e a direção do HCAA.

Entre as diligências determinadas, estão pedidos de informações sobre repactuações contratuais, recomposição financeira, cobertura da produção excedente, valores recebidos em 2025, déficit acumulado e providências adotadas para garantir a continuidade dos atendimentos.

O MPMS destaca que sua atuação é preventiva, institucional e colaborativa, voltada para preservar a continuidade do atendimento oncológico e a promover soluções coordenadas entre Município, Estado e União. O objetivo é assegurar estabilidade financeira ao HCAA, evitar a interrupção de tratamentos que não podem ser suspensos e garantir que a assistência oncológica permaneça integral, resolutiva e acessível à população.

Com o procedimento instaurado, a Promotoria de Justiça seguirá monitorando respostas, prazos, repasses e eventuais reprogramações orçamentárias, além de fomentar pactuações que permitam ampliar a oferta de serviços com segurança, transparência e qualidade. A atuação ministerial busca prevenir o colapso assistencial e assegurar a efetividade do direito fundamental à saúde dos pacientes oncológicos de Mato Grosso do Sul.

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Portaria autoriza IBGE a contratar 39 mil temporários para Censo Agro e de população nas ruas

A seleção e ingresso dos trabalhadores temporários ocorrerá através de processo seletivo simplificado

18/12/2025 19h00

Agentes do IBGE em MS

Agentes do IBGE em MS FOTO: Marcelo Victor/Correio do Estado

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O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) E O Ministério do Planejamento e Orçamento informaram a autorização de contratação temporária de 39.108 trabalhadores para atuarem no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na realização do Censo Agropecuário e do Censo da População em Situação de Rua. A Portaria Conjunta MGI/MPO Nº 90 liberando as admissões foi publicada na quarta-feira, 17.

"As contratações têm como objetivo viabilizar a operacionalização dos levantamentos censitários, que envolvem desde o planejamento técnico até a coleta, supervisão e processamento das informações em todo o território nacional. Os contratos serão firmados nos termos da Lei nº 8.745, de 1993", informou o MGI, em nota à imprensa.

A seleção e ingresso dos trabalhadores temporários ocorrerá através de processo seletivo simplificado, observando as políticas de reserva de vagas previstas em lei e assegurando que "todas as etapas do certame estejam alinhadas à efetividade das ações afirmativas".

A portaria determina que o IBGE defina a remuneração das vagas, "respeitando os critérios legais relacionados à relevância e à complexidade das funções".

O edital de abertura das inscrições para o processo seletivo simplificado será publicado em até seis meses, "contados a partir da publicação do ato normativo".

O IBGE ainda aguarda a aprovação do orçamento de R$ 700 milhões necessários aos preparativos do já atrasado Censo Agropecuário em 2026, para que possa ir à coleta de campo em 2027.

O cronograma inicial previa os preparativos em 2025 e coleta em campo em 2026, mas foi adiado por falta das verbas demandadas no orçamento da União. O levantamento censitário prevê a coleta de informações de cerca de 5 milhões de estabelecimentos agropecuários em todo o País.

No novo cronograma, caso os recursos previstos no Projeto de Lei Orçamentária Anual sejam garantidos, o IBGE dará início em outubro de 2026 ao cadastro de estabelecimentos para coleta de dados online, que começaria a ser feita em janeiro de 2027. Em abril de 2027 teria início a coleta presencial.

 

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