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Fauna do cerrado e Pantanal ganha hospital veterinário de ponta em Mato Grosso do Sul

Animais da região, como onças, araras, jaguatiricas, macacos, entre outros, passam a ser atendidos em moderno hospital inaugurado em Campo Grande

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A partir desta sexta-feira (15), começa a funcionar em Campo Grande o maior e mais especializado Hospital Veterinário para Animais Silvestres da América Latina. O local faz parte do complexo do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), e foi batizado de "Ayty" (pronuncia-se aitã), nome oriundo da língua Tupi-Guarani que significa "ninho".

Foram investidos mais de R$ 6,1 milhões na construção e compra de equipamentos para o hospital, que terá capacidade para atender as demandas da fauna de todo o Estado, e se tornará referência na especialidade de atentimento a animais silvestres para todo o País.

"Isso aqui é a concretização de um sonho para todos os nossos servidores que atuam na conservação da biodiversidade", comemorou o diretor-presidente do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), André Borges, durante cerimônia de lançamento, realizada na tarde desta quinta-feira (14).

Atualmente, o CRAS atende cerca de 2.500 animais por ano, e possui uma média de 70% de sucesso na reabilitação dos animais e reintrodução dos mesmos na natureza.

"Nós esperamos que com esse hospital a gente possa aumentar esse número e melhorar esses indicadores", pontuou Borges.

Com a entrega do "Ayty", o centro de reabilitação não vai mais precisar depender de parceiros, como clínicas privadas e estruturas de universidades, para realizar os exames necessários e atendimentos mais especializados.

"Anteriormente, os animais que chegavam aqui e necessitavam de um atendimento um pouco mais complexo eram destinados para os nossos parceiros, para a Universidade Federal, para algumas clínicas particulares que faziam os procedimentos necessários (...) Agora, com o hospital, todos esses procedimentos vão ser realizados aqui", comemorou o diretor do Imasul.

A proposta de construir um hospital no CRAS havia começado a ser discutida no governo anterior, de Reinaldo Azambuja (PSDB). As obras tiveram início em 2020, e só foram concluídas no governo de seu suscessor, Eduardo Riedel (PSDB).

"O que a gente entrega aqui hoje é um símbolo muito forte de que nós vamos dar para a biodiversidade do estado de Mato Grosso do Sul, que tem três biomas - o Pantanal, o Cerrado e a Mata Atlântica - a devida importância, a devida relevância que merece", destacou o governador do Estado, durante a cerimônia.

Além do atendimento aos animais, o hospital será um importante polo de pesquisa para os biólogos e médicos veterinários que buscam se especializar na área de atendimento às espécies silvestres. Universidades de Mato Grosso do Sul poderão oferecer cursos de pós-graduação, e utilizar a estrutura das clínicas e laboratórios do complexo como "sala de aula".

"Vamos oferecer aqui a primeira residência médica veterinária em animais silvestres do Brasil" declarou o secretário Jaime Verruck, da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc).

"Nós vamos ter pós-graduações e um volume muito forte em pesquisa científica. Isso vai ser um braço para o desenvolvimento de literatura e da comunidade científica", destacou o médico veterinário e responsável técnico do CRAS, Lucas Cazati.

O ex-governador Reinaldo Azambuja também esteve presente no evento, garantiu que a estrutura, associada aos profissionais qualificados que atuam no CRAS, irá melhorar ainda mais o tratamento dos animais silvestres no Estado.

"Eu não tenho dúvida de que o índice de 70% pode ser melhorado, porque uma estrutura melhor, equipamentos melhores, condições humanas melhores de trabalho vão propiciar melhoria na recuperação dos animais. Nosso intuito é sempre evitar os acidentes, mas quando houver, que a gente tenha condição de tratá-los e recuperá-los", declarou Azambuja, durante entrevista coletiva.

Divulgação: Governo do Estado

Também participaram da inauguração o vice-governador, José Carlos Barbosa, os secretários Eduardo Rocha (Casa Civil), Pedro Caravina (Governo e Gestão Estratégica), Patrícia Cozzolino (Assistência Social e Direitos Humanos), Hélio Daher (Educação), Marcelo Miranda (Setescc), além de deputados estaduais, vereadores, prefeitos e dirigentes de entidades e instituições do Governo do Estado.

Estrutura

O hospital, de mais de 1.100 metros quadrados, possui toda a estrutura necessária para os atendimentos, igual a um "hospital de humanos", como brincou o médico veterinário e responsável técnico do CRAS, Lucas Cazati

"Temos ambulatório, salas de emergência, patologia clínica, biópsia, e o maior e mais bem equipado centro-cirúrgico do centro-oeste", destacou Cazati.

Local foi apresentado às autoridades após a cerimônia

O Correio do Estado conheceu o local, que chama a atenção pelo tamanho da estrutura e pela qualidade dos equipamentos, que são "de ponta".

Foram investidos mais de R$ 1 milhão para mobiliar e equipar o hospital. A lista de itens inclui mesa para anestesia, máquina de tosa para tricotomia, laringoscópio em led, monitor multiparamêtrico com capnografia, bombas de infusão para equipo e seringa, aspirador cirúrgico com pedal e ponteira, incubadora, calha cirúrgica em três tamanhos, mesa cirúrgica de inox com dois motores, maca com carrinho em inox, mesa para instrumental cirúrgico, aquecedor elétrico a óleo para filhotes, mesa buck para raio-x, aparelho de ultrassom, autoclave 21 litros horizontal digital, sistemas de radiografia veterinária completos, ambu, traqueia, mobiliário completo para dependências administrativas e demais componentes.

Divulgação

O espaço conta com dois ambulatórios; um laboratório clínico, que é novidade no CRAS - anteriormente, os exames precisavam ser feitos em clínicas privadas ou Universidades -; almoxarifado; farmácia; sala de esterilização; sala de exames de imagem, com raio X portátil e ultrassom, além de uma impressora 3D para confecção de próteses, quando necessário; sala de antissepsia; sala de preparação de pacientes; centro cirúrgico com equipamentos modernos e capacidade para atender animais de até 80 quilos; setor de pós-operatório.

Cinco salas foram dedicadas à quarentena, três delas de aves, que já abrigam espécies de pássaros, uma de répteis, que já conta com a presença de jabutis, sala de quarentena de mamíferos, e uma sala de isolamento. 

Sala de amostras, dois laboratórios de patologia clínica, sala de antissepsia, sala de necropsia, câmara fria e lavanderia também fazem parte da estrutura.

O "Cambiamento", local que funciona como quarentena para animais maiores, também já possui moradores, como os irmãos órfãos tamanduá-bandeira, uma simpática jaguatirica, araras, macacos e uma onça parda. Confira a galeria de fotos da visita:

Hospital também conta com recepção, secretaria, lavabos e vestiário masculino e feminino, sala para os biólogos, sala para os veterinários, sala administrativa, despensa, copa, e quarto de repouso do profissional plantonista.

Não para por aí...

Durante o evento de inauguração do Hospital, o diretor presidente do Imasul, André Borges, anunciou ainda que serão realizados investimentos para reestruturar todo o complexo do CRAS.

"Não sei se eu podia falar", brincou, "Mas em breve nós vamos apresentar toda a reestruturação do CRAS. Nós temos um hospital novo, então todo o CRAS vai ser restaurado, reestruturado, readequado a atender essa nova necessidade", afirmou.

Além do novo hospital, o complexo é composto por sede administrativa; centro de atendimento veterinário; cozinha; biotério: quarentena; recintos para aves, mamíferos e répteis; recinto para treinamento de vôo; cercados e piquete para mamíferos de médio porte.

Em Corumbá

Em julho deste ano, a Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) repassou R$ 4,1 milhões para a Prefeitura de Corumbá, município localizado a 426 quilômetros de Campo Grande, para a construção de um Centro de Reabilitação de Animais Silvestres do Pantanal, já batizado Crepan.

O local deve funcionar nos moldes do CRAS de Campo Grande, que é referência no atendimento de animais silvestres em todo o Centro-Oeste.

Conforme o projeto, o Creapan vai conter recintos de quarentena, sala de avaliação clínica, sala cirúrgica, câmara frigorífica, sala de raio X, almoxarifado, vestiários para funcionários, cozinha com estrutura para higienização, armazenamento adequado e prepraro e distribuição de alimentos.

Deverá haver outros blocos separados dos recintos apropriados a cada espécie de modo a não permitir contato entre as diferentes espécies e desta forma não estressar os animais em recuperação. Igualmente, o projeto prevê ambientes apropriados para répteis, primatas, aves, treino de aves, recinto fechado para mamíferos e área aberta para mamíferos e roedores de grande porte.

Centro de Reabilitação de Animais Silvestres

O CRAS foi criado há 36 anos, em julho de 1987, com o intuito de recepcionar, triar e destinar os animais silvestres apreendidos em operações de combate ao tráfico, animais atropelados nas rodovias estaduais, bem como os entregues voluntariamente pela população.

A unidade foi um dos primeiros Centros de Triagem de Animais Silvestres criados no Brasil. Desde sua criação, milhares de animais confiscados pela fiscalização deixaram de ser soltos de forma aleatória, sem qualquer processo de triagem ou reabilitação.

Segundo o CRAS, o processo permitiu também formar no Estado uma equipe técnica habilitada em identificar os diferentes espécimes apreendidos, sua área de ocorrência natural, bem como realizar avaliações clínicas do estado sanitário de cada um destes animais recebidos, visando minimizar os riscos ligados às ações de soltura indiscriminada de animais na natureza.

O CRAS já recepcionou mais de 300 espécies entre aves, répteis e mamíferos, perfazendo perto de 41.000 animais. Deste total 68% são aves, 20% mamíferos e 12% répteis. O número de animais ameaçados de extinção é de 4% em relação ao total de entradas.

As destinações podem ser classificadas como: manejo in-situ (devolução ao ambiente natural para repovoamentos com soltura em local onde a espécie está presente) e manejo ex-situ (atendimento a projetos de conservação da espécie, após consulta ao comitê, e encaminhamento a instituições de pesquisa, zoológicos, criadores comerciais, científicos e conservacionistas).

Atividades

RECEPÇÃO: os animais encaminhados ao centro geralmente são oriundos de apreensões realizadas pela Polícia Militar Ambiental; apreensões realizadas pelo IBAMA / MS ou doações por particulares.

QUARENTENA E ACONDICIONAMENTO: a quarentena consiste no isolamento do animal para observações mais detalhadas, visando evitar qualquer contaminação nos recintos. O período de quarentena é variado, não devendo ser inferior a 7 dias. Nesse período o animal é marcado, sexado e vermifugado.

ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL, SANITÁRIO E COMPORTAMENTAL: após a quarentena o animal é alojado em recintos individuais ou coletivos, de acordo com suas características biológicas. Durante o período de permanência no Centro, os animais são acompanhados individualmente quanto aos aspectos sanitários, nutricionais e comportamentais. Cada animal é analisado de acordo com sua origem, tempo de cativeiro, estado de mansidão e físico, idade, sexo e outros.

DESTINAÇÃO: as destinações seguem princípios básicos pré-estabelecidos, em consenso da equipe técnica, considerando-se as condições do animal em questão e seguem recomendações e legislação do IBAMA e de órgãos internacionais de combate ao tráfico de animais silvestres. Estas destinações podem ser classificadas como: devolução ao ambiente natural para repovoamentos (soltura em local onde a espécie está presente); translocação (soltura após curto período de cativeiro); atendimento a projetos de conservação da espécie (após consulta ao comitê) e encaminhamento a instituições de pesquisa ou zoológicos. Algumas espécies são mais difíceis de serem destinadas, como por exemplo, onças e animais peçonhentos. Não há áreas nativas relativamente extensas para abrigar estes animais e os fazendeiros cadastrados não permitem a soltura destas espécies.

MONITORAMENTO: A maioria dos animais antes de saírem do Centro são marcados de acordo com suas características físicas (anilhas, tatuagem, picote na orelha, brincos e furos na carapaça), para que seja possível o seu monitoramento. As informações referentes aos animais utilizados para repovoamentos são extremamente importantes, tendo em vista, os escassos dados sobre o assunto. O Centro, por sua vez, realiza periodicamente, vistorias nos locais para onde os animais foram encaminhados, visando coletar informações e acompanhar a adaptação dos animais soltos.

Visitas

Uma Resolução CONAMA n° 489 de 26 de outubro de 2018, que estabeleceu critérios para os empreendimentos que manejam fauna em cativeiro, determinou que somente é permitida visitação pública aos zoológicos.

Sendo assim, para demais empreendimentos, como o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres, só pode ser realizada visita monitorada de cunho técnico-científico, previamente agendada com a coordenação do CRAS.

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ACUSOU RÉU

Mãe de suposta vítima dos Name é presa após interromper julgamento

Mulher interrompeu depoimento do ex-guarda municipal Marcelo Rios, o chamando de mentiroso e acusando de atirar em seu filho; Ela foi presa por perturbação da ordem

17/09/2024 17h42

Terezinha interrompeu júri para acusar Marcelo Rios pelo assassinato de seu filho

Terezinha interrompeu júri para acusar Marcelo Rios pelo assassinato de seu filho Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Terezinha Brandão Reis, mãe do guarda municipal Fred Brandão Reis, 38 anos, morto em 2019 e que teve o caso arquivado, foi detida e encaminhada à Delegacia de Polícia após interromper o depoimento do ex-guarda municipal Marcelo Rios, em processo sobre a morte do empresário Marcel Colombo, conhecido como Playboy da Mansão, na tarde desta terça-feira (17), em Campo Grande.

A mulher faz parte de um grupo de pais que alegam que os filhos foram assassinados pela milícia comandanda pela família Name.

No caso do filho dela, Fred foi encontrado morto com um tiro na boca em abril de 2019. Inicialmente o caso foi investigado como suicídio, mas depois passou a ser investigado pela força-tarefa da operação Omertà, pois houve informações de que a vítima tinha ligações com a mílicia, além de laudos apontarem que não havia resíduos nas mãos do guarda, o que indica que ele não atirou contra si. 

No entanto, por falta de provas, o caso foi arquivado.

Durante o depoimento do ex-guarda municipal, ele falava sobre o que o motivou a escrever um bilhete e entregá-lo a um advogado, afirmando ter sido agredido, quando a mulher, que estava acompanhando o júri no local, levantou e passou a proferir acusações contra o guarda.

"Larga de ser mentiroso Marcelo, você matou meu filho, você deu um tiro na boca do meu filho", disse a mulher, xingando o réu.

De imediato, o juiz determinou que ela fosse retirada da sala e que o interrogatório seguisse. 

A defesa de Marcelo Rios pediu a anulação do julgamento, alegando que a ação da mulher poderia influenciar na imparcialidade e na decisão dos jurados. O pedido foi indeferido.

O juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri, Aluizio Pereira dos Santos, explicou que a mulher "interviu de forma sorreteira", e que a polícia já estava monitorando-a, por não ser a primeira vez que ela faz interferências.

"Ela foi encaminhada para a delegacia, fazer um BO [boletim de ocorrência] pela perturbação da ordem dos trabalhos", disse o magistrado.

O juiz esclareceu ainda que Terezinha não tem nenhum tipo de relação com o caso em julgamento.

"Ela não é familiar da vítima, não é nada, não está representando ninguém da vítima, no caso, do Marcel Colombo, e por conta do destempero dela, obviamente será apurada a responsabilidade", acrescentou, retomando os depoimentos.

Júri

Começou na segunda-feira (16) o julgamento de Jamil Name Filho e outros acusados de envolvimento no assassinato de Marcel Hernandes Colombo, morto em um bar situado na Avenida Fernando Correa da Costa, em 2018.

Ele e mais dois amigos estavam sentados à mesa na cachaçaria, quando por volta da 0h, um suspeito chegou ao local de moto, estacionou atrás do carro da vítima e, ainda usando capacete, se aproximou pelas costas e atirou.  

A vítima morreu no local e um jovem de 18 anos foi atingido no joelho.

A motivação do crime, conforme o processo, seria vingança por um desentendido anterior da vítima e Jamilzinho em uma boate, em Campo Grande, quando Marcel deu um soco no nariz de Name Filho. Ele já prestou depoimento, por meio de videoconferência, pois se encontra preso em Mossoró (RN) e confirmou o desentendimento, mas negou participação no crime.

José Moreira Freires, Marcelo Rios e o policial federal Everaldo Monteiro de Assis foram são acusados de serem os intermediários, encarregados de levantar informações sobre a vítima, e Juanil Miranda foi o executor.

O ex-guarda Rafael Antunes Vieira não teve participação no homicídio, mas foi o responsável por ocultar a arma usada no crime.

CASO MARCEL COLOMBO

Jamilzinho disse que Playboy da Mansão parecia "drogado e possuído"

No segundo dia do Júri popular, Jamil Name Filho detalhou como ocorreu a briga com Marcel Hernandes Colombo e o pedido de desculpas

17/09/2024 17h17

Preso em Mossoró (RN), Jamil Name Filho prestou depoimento remoto

Preso em Mossoró (RN), Jamil Name Filho prestou depoimento remoto Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Durante o segundo dia de julgamento, nesta terça-feira (17), em depoimento, Jamil Name Filho disse que Marcel Hernandes Colombo, conhecido como “Playboy da Mansão”, aparentava ter usado entorpecentes  pela forma que agia na Valley Pub, onde ocorreu o desentendimento entre as partes.

Ele traçou a versão dele do ocorrido. Segundo Jamilzinho, no dia 5 de dezembro de 2012, estava separado da esposa. Deixou o apartamento em que residia e foi até a casa dos pais para explicar a situação.

“Aí, doutor, 36 anos, por fora de tudo, a gente quer retomar a vida, se divertir, ir à casa dos amigos, frequentar lugares que nunca havia frequentado, e comecei a sair com amigos”, disse Jamilzinho.

Preso em Mossoró (RN), Jamil Name Filho prestou depoimento remotoCrédito: Gerson Oliveira / Correio do Estado

Desentendimento (março de 2013)

Com a ideia de “aproveitar a vida” em uma noite em que a Valley Pub estava lotada, uma amiga conseguiu arrumar duas mesinhas para o grupo de amigos que estava com Jamilzinho em frente aos camarotes.

No local, o grupo consumiu energético, cerveja e whisky. Entre 2h e 2h30 da manhã, ele se recordou de ter visto o Playboy da Mansão adentrar com um amigo no camarote que estava vazio.

“Eu não sabia quem era Marcel Colombo. Nada. E aí, doutor, de repente ele começou a mexer com o balde de gelo e jogar nas meninas”, disse Jamilzinho e completou:

“As meninas riam, eu notei que parecia que ele conhecia elas. Inclusive, até ofereci a ele se gostaria de alguma coisa. Ele falou ‘não, não’, só que ele fazia uns gestos que pareciam que ele estava drogado, que estava possuído.”

O relato prosseguiu em que o Playboy da Mansão mexendo com o balde de gelo molhou Jamil Name Filho, pela primeira vez que apontou. Na terceira o tempo fechou.

Jamil afirmou que xingou Marcel, que revidou com um soco no nariz dele.

“Só que o nariz é altamente vascularizado e eu estava com uma camiseta branca, começou a sair sangue. Nisso os seguranças da Valey entraram e tiraram ele e o outro rapaz que acompanhava ele”. 
 

Do lado de fora

Após retirarem Marcel, quando saiu da casa noturna, um segurança aplicou um mata-leão em Jamilzinho, que só foi solto graças à intervenção de um amigo, que explicou que se tratava de "um empresário e uma pessoa de bem".


“Nisso quando levanto me restabeleço tem uns dez seguranças da Valey. Além de eu estar lá, não estar fazendo nada. Tô na minha, quieto, entendeu? Levo um murro de um cara que já morreu não tá aqui, aí eu peguei e xinguei muito esse segurança”. 
 

Enquanto xingava o segurança, segundo Jamilzinho, ninguém do estabelecimento interviu. Posteriormente, acertou a conta, passou na casa de um amigo para trocar a camiseta, colocou uma bolsa de gelo no nariz e retornou para a casa.

Fase do Café Mostarda

Ao descrever a cidade como “fervendo” e com o intuito de aproveitar a noite em Campo Grande, com “carro novo e roupa nova”, Jamil Filho disse que estava girando com a BMW zero quilômetros, “solto na praça”, quando foi convidado para ir até o Café Mostarda.

O pedido de desculpas ocorreu em torno de 60 a 70 dias depois do episódio na Valley Pub.

“Eu estava sentado, ele chegou e falou: ‘Jamil, sou o Marcel e queria ver contigo sobre aquele problema na Valey, eu não estava muito bem não sabia que era você’”, disse Jamilzinho.
 

Neste ínterim, Name Filho relatou que sabia do histórico de Marcel. O juiz Aluízio Pereira dos Santos explicou ao júri que o Playboy da Mansão havia sido preso por descaminho – ele trazia mercadorias do Paraguai para revender.

“Eu não vou falar dele porque ele não [tá aqui] para se defender. Ele veio e não estendeu a mão hora nenhuma, entendeu? Ele só veio e falou que queria resolver e que não sabia que era eu, que ele estava alterado”.

E por fim, Jamil Filho garantiu que a conversa teria sido encerrada com ele que teria dito: “Isso se encerra aqui” - com cada um seguindo seu caminho.

Negou ter mandado matar

Embora tenha sido questionado sobre pesquisas no celular de Marcelo Rios, que trabalhava para a família Name, e nas investigações apontaram que realizou várias varreduras na internet sobre Marcelo Colombo, o réu Jamil Name negou que tenha tido conhecimento.

Reforçou que não iria monitorar o celular do funcionário e isso deveria ser questionado a Marcelo Rios."Eu não posso ser responsabilizado por nada que seja feito nem pelo Marcelo Rios, nem por qualquer outra pessoa que atribua-se a mim", frisou Name.

Inquirido se não causava estranhamento que Marcelo Rios, que trabalhava com ele, tenha pesquisado sobre alguém com quem tenha tido um desentendimento, Jamilzinho foi categórico em responder:

"Doutor, quem vai achar é o júri. O senhor Marcelo Colombo eu deixei claro como aconteceu e o desfecho. E até encontrei ele em outro lugar, em uma fila de uma boate; nos cumprimentamos de longe. Essas perguntas têm que ser feitas ao senhor Marcelo Rios. Agora, o motivo, o porquê, quantas pesquisas ele já fez, eu não sei. Como vou monitorar?"

Mesmo deixando claro que era estranho que um funcionário próximo pesquisasse sobre um desafeto, justificou dizendo que isso fazia parte da profissão do réu Marcelo Rios - que era Guarda Civil Metropolitano.

O juiz foi enfático ao questionar se ele havia mandado executar Marcel Colombo, e a resposta foi negativa.

"Doutor eu não tenho nem participação, nem mandante, nem vontade nada. A única coisa que tenho cem porcento vou falar olhando nos seus olhos. Não tenho nada, absolutamente, em relação a esse homicídio".

Jamilzinho ficou sabendo da execução do Playboy da Mansão durante uma internação hospitalar. 
 

1º dia de Júri

O primeiro dia do Júri popular foi permeado de dúvidas lançadas pela defesa dos réus com relação ao  bilhete que circulou na penitenciária com ordens expressas para a execução de Marcel Colombo (O Playboy da Mansão). 

 A primeira testemunha de acusação ouvida, o delegado Tiago Macedo dos Santos, chegou a chorar ao falar do bilhete que arquitetava um suposto plano em que a família Name tramava sua morte e a de outros integrantes da força-tarefa da Omertà.

2º Dia de Júri

Eliane Banites Batalho dos Santos prestou depoimento no começo do segundo dia de julgamento e, em pelo menos cinco oportunidades, afirmou que só fez determinadas delações em maio de 2019 porque os policiais ameaçavam arrancar sua cabeça, a de Marcelo Rios e até a dos filhos, então com 5 e 7 anos, que ficaram com ela no Garras durante cinco dias.

A tarde, durante depoimento de Marcelo Rios, Terezinha Brandão, que acompanhava o júri no plenário, levantou e proferiu acusações contra o ex-guarda, acusando-o de ter matado o filho dela, que não tem relação com o caso em julgamento. Ela foi presa por perturbação da ordem.

** Colaborou Neri Kaspary

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