Um dos pioneiros no tratamento de hanseníase em Mato Grosso do Sul, José Garcia da Cruz, morreu aos 110 anos, nesse sábado (19) em Campo Grande. Gavião, como gostava de ser chamado, vivia no Hospital São Julião há 74 anos e morreu vítima de uma obstrução intestinal.
No dia de 30 de junho de 2015, Gavião conversou com a equipe do Portal Correio do Estado e, apesar da idade avançada, recebeu a reportagem na porta do quarto e fez graça com o repórter fotográfico. “Cuidado para não queimar a máquina”, disse quando foi fotografado na época.
Gavião foi internado para tratamento da hanseníase em 1941, mesmo ano em que o hospital foi inaugurado. Devido ao isolamento a que eram submetidos os pacientes na época, eles acabavam se afastando da família e ele optou em continuar morando no hospital mesmo depois de curado, onde era querido por todos os funcionários e pacientes.
Da hanseníase, restavam apenas algumas sequelas, como um problema nas mãos. A rotina dele incluía levantar cedo e tomar dois ovos caipiras crus antes do café. No quarto, ele mantinha uma imagem de Nossa Senhora Aparecida e uma fotografia de um aniversário comemorado com os amigos do hospital.
A assistente social Érica Tanowe Maddalena afirmou que Cruz mantinha sua independência e gostava de fazer as atividades sozinho, como comer, andar e arrumar suas coisas, além de conversar com os amigos e funcionários do local.
Álvaro Rezende / Correio do Estado


