Enquanto barco-hotel era preparado para turistas viajarem em cruzeiro pelo rio Paraguai, equipe de uma empresa instalada em Corumbá encontrou na embarcação um filhote de ariranha perdido. O animal estava com dificuldade para nadar e precisou ser resgatado.
Os funcionários do barco-hotel usaram uma caixa de papelão com alguns panos para acomodar o filhote e a Polícia Militar Ambiental foi acionada para prestar atendimento. A embarcação estava atracada no Porto Geral de Corumbá.
“Os tripulantes avistaram no interior da embarcação um filho da espécie ariranha no local. Eles fizeram a captura e colocaram em uma caixa de papelão até a chegada da equipe da PMA. O animal tinha dificuldades em nadar e possivelmente estaria machucado”, informou a Polícia Militar Ambiental em nota.
Em Corumbá, a unidade especializada para atendimento de animais silvestres feridos está vinculada à Fundação de Meio Ambiente, órgão da Prefeitura local. A ariranha filhote foi levada para atendimento médico veterinário especializado. O caso aconteceu na tarde desta terça-feira (4).
O Centro de Atendimento Emergencial de Animais Silvestres (CAE) em Corumbá funciona como um suporte para o CRAS de Campo Grande. Qualquer animal selvagem resgatado por Bombeiros e PMA que tenha algum tipo de ferimento recebe atendimento no CAE. Somente casos mais graves só levados para a Capital. A equipe da Fundação de Meio Ambiente foi procurada, mas não foi possível confirmar como está o filhote e quando ele poderá ser solto na natureza novamente.
Próximo de onde estava a embarcação já houve diversos registros de duas ariranhas, que seriam "moradoras" nas proximidades do prédio do Centro de Convenções de Corumbá. Existe uma possibilidade do filhote ser dessa família.
Conforme o Instituto Pró-carnívoros, as ariranhas estão entre os maiores carnívoros da América do Sul e o maior entre as lontras. Conforme estudos sobre comportamento do animal, elas têm um sistema social que envolve grupos de 4 a 8 indivíduos, formado pelo par reprodutivo monógamo e seus filhotes. Elas comem, principalmente, peixes, caranguejos e outros pequenos vertebrados.
A espécie é considerada ameaçada de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e na lista do ICMBio está classificada como vulnerável. “Suas populações foram fortemente reduzidas devido à caça para a sua pele, mas pelo menos algumas populações protegidas estão se recuperando. As principais ameaças são: destruição do habitat e a poluição da água por agrotóxicos, resíduos industriais e mercúrio. Perda de habitat influencia significativamente a sua probabilidade de ocorrência e estima-se que a perda de habitat irá causar o declínio da população em 50% em 20 anos”, informou o Instituto Pró-carnívoros, conforme estudos de 1997 e 2008.
Conforme o Instituto Homem Pantaneiro (IHP), neste mês de junho houve uma oficina envolvendo diferentes instituições no Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos (CENAP), ligado ao ICMBio, para serem desenvolvidas ações de planejamento para a conservação de ariranhas no território pantaneiro e em outro biomas.




