Cidades

Cachoeiras do Rio do Peixe

Fiscalizado por prática de ceva, ponto turístico foi multado por "domesticação" de araras em MS

Investigação ocorreu há dois anos após animais serem expostos em um programa de rede nacional

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Fiscalizado por prática de ceva, o atrativo turístico Cachoeiras do Rio do Peixe, em Bonito, foi multado há cerca de dois anos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) por explorar comercialmente e “domesticar” araras-azuis e macacos para atrair turistas ao empreendimento localizado na Fazenda Água Viva, no interior do estado.

Proibida há 10 anos em Mato Grosso do Sul, a prática de alimentar animais silvestres ganhou repercussão recentemente após a morte do caseiro Jorge Avalo, de 60 anos, vítima de um ataque de Onça-Pintada no último final de semana.

À época, a alimentação dos animais foi amplamente repercutida nas redes sociais e em rede nacional após macacos e araras serem expostos no Programa da Eliana, então transmitido pelo (SBT) e o Domingo Espetacular (Record), que gravaram reportagens exaltando a proximidade dos animais com os visitantes.

Conforme o relatório de fiscalização do Ibama, ao ser questionado pela apresentadora Eliana, o proprietário do atrativo turístico, Moacir Barbosa de Deus, conhecido também como "encantador e vovô das araras", disse que iniciou sua amizade com os animais quando ainda morava no Pantanal, período em que, segundo ele, “cuidava de muitos bichos, e aprendeu a domesticar, dar comida e tratar”. 

À apresentadora, ele confessou que, ao ver sua relação com os animais, os turistas passaram a pedir para que o empresário os aproximasse dos bichos.

No programa que foi ao ar no dia 6 de novembro de 2022,  ele utiliza sementes, milho e quirera para se aproximar de araras vermelhas e “da mesma forma alimenta os macacos, para terem o contato direto com a apresentadora, maquiador e outra artista”, destaca o relatório. Ao final do vídeo Moacir é visto com três araras nos braços e ombros, animais que repassa para a apresentadora. 

Apresentadora Eliana junto dos animais durante programa exibido no SBTApresentadora Eliana junto dos animais durante programa exibido no SBT / Relatório Ibama

Realizada em dezembro do mesmo ano, a fiscalização constatou que as atividades de alimentação e interação com os animais ocorriam diariamente e eram exploradas comercialmente  “tanto pelo empreendimento quanto por agências da cidade.” No local, duas araras-azuis estavam confinadas, com sinais de estresse e comportamento agressivo, destacou o Ibama.

Araras flagradas pelo Ibama recebiam alimentação dos proprietários do local

“Embora o empreendimento possua uma Licença de Operação (...) os fiscais constataram que as condicionantes ambientais não estavam sendo respeitadas. Questionado, o Sr. Moacir alegou desconhecimento da legislação e se comprometeu a cessar imediatamente as práticas ilegais.”, diz trecho do relatório. 

Como consequência, o empreendimento foi autuado com base no Art. 33 do Decreto 6.514/08, que proíbe o uso comercial de animais silvestres em situação de abuso. Também foi lavrada a Notificação nº 189VTDB4, exigindo a interrupção imediata da alimentação e manuseio dos animais. O caso foi encaminhado ao Imasul e o empreendimento multado em até  R$ 72 mil.

A operação revelou a decepção de turistas no dia da fiscalização, quando, pela primeira vez, o passeio transcorreu sem a presença física dos animais. Conforme o Ibama, a ausência de selfies, toques e fotos com araras e macacos causou frustração em visitantes, evidenciando o quanto o modelo de ecoturismo praticado no local se apoia em práticas nocivas à biodiversidade.

Macaco se alimenta junto de turistaMacaco se alimenta junto de turista

Cabe destacar que a espécie Anodorhynchus hyacinthinus está listada no Anexo I da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES), o que indica alto risco de extinção.

Conforme os fiscais, a presença constante de alimento e o condicionamento ao contato humano são fatores que não apenas descaracterizam o comportamento natural desses animais, como também os tornam vulneráveis a ataques de predadores e ao tráfico de fauna.

Além disso, o contato físico com animais silvestres representa risco à saúde pública, por possibilitar a transmissão de zoonoses, além de colocar os turistas em situação de potencial perigo, já que o comportamento de animais selvagens é imprevisível.

*Saiba

Diante das investigações, as imagens que então haviam sido divulgadas nas redes sociais do ponto turístico foram removidas.

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CUIDADO

Anvisa alerta para riscos de canetas emagrecedoras manipuladas

Agência emitiu alerta sobre compra e consumo desses medicamentos

21/12/2025 22h00

Anvisa alerta para riscos de canetas emagrecedoras manipuladas

Anvisa alerta para riscos de canetas emagrecedoras manipuladas Divulgação

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Popularizadas por influenciadores e celebridades, as chamadas canetas emagrecedoras, como Mounjaro e Ozempic, vêm sendo cada vez mais buscadas por pessoas que desejam emagrecer de forma rápida, muitas vezes sem orientação médica e sem nenhum critério.

Diante da procura desenfreada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta sobre a compra e consumo desses medicamentos. Segundo a Anvisa, a venda e o uso de canetas emagrecedoras falsas representam um sério risco à saúde e é considerado um crime hediondo no país.

A farmacêutica Natally Rosa esclarece que o uso de versões manipuladas ou de origem desconhecida é uma prática perigosa.

"Uma pessoa que ela se submete, que ela é exposta ao uso de um medicamento fora dessas regulamentações, os riscos dela, com certeza, estão exacerbados. Desde a ausência de uma resposta ideal, como as contaminantes."

A farmacêutica destaca o que observar na embalagem e no produto para conferir sua autenticidade:

"Temos alguns sinais. A própria embalagem já chama a atenção, já que as bulas são de fácil acesso na internet. Então, qual é a apresentação física dessa embalagem? De que forma que ela se apresenta? Como está o rótulo? O rótulo está no idioma do Brasil? Do nosso idioma aqui? Não deve estar em outras línguas, por exemplo. Existe lote e validade de fácil acesso? Você consegue identificar? A leitura, a descrição do medicamento, o princípio ativo, ela precisa estar bem legível. Todas as informações precisam estar bem claras."

Ela também chama a atenção para valores: preços muito abaixo do praticado no mercado são sinal de alerta grave. O medicamento só é vendido com apresentação e retenção da receita médica.

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BRASIL

Dilma será indenizada por tortura física e psicológica na ditadura

Presa por três anos, ela foi submetida a choques e mais violências

21/12/2025 21h00

Presa por três anos, ela foi submetida a choques e mais violências

Presa por três anos, ela foi submetida a choques e mais violências Comissão da Verdade/Divulgação

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A ex-presidente Dilma Rousseff receberá, da União, uma indenização de R$ 400 mil por danos morais, em razão de perseguição política e tortura durante a ditadura militar no Brasil. A decisão foi proferida na última quinta-feira (18) pela 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), que também determinou o pagamento de uma reparação econômica mensal, em razão da demissão que ela sofreu na época.

O relator do caso, desembargador federal João Carlos Mayer Soares, afirmou que os atos praticados pelo Estado caracterizam grave violação de direitos fundamentais e ensejam reparação por danos morais.

“Foi evidenciada a submissão [de Dilma] a reiterados e prolongados atos de perseguição política durante o regime militar, incluindo prisões ilegais e práticas sistemáticas de tortura física e psicológica, perpetradas por agentes estatais, com repercussões permanentes sobre sua integridade física e psíquica”, diz Soares.

Ao longo dos anos, a ex-presidente deu diversos depoimentos sobre os interrogatórios violentos que sofreu. A tortura contra Dilma incluiu choques elétricos, pau de arara, palmatória, afogamento, nudez e privação de alimentos, que levaram a hemorragias, perda de dentes, entre outras consequências de saúde.

Dilma Rousseff foi presa em 1970, aos 22 anos, e passou quase três anos detida, respondendo a diversos inquéritos em órgãos militares em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.

Após deixar a prisão, Dilma mudou-se para o Rio Grande do Sul e, em 1975, começou a trabalhar na Fundação de Economia e Estatística (FEE) do estado.

Ela continuou sendo monitorada pelo Serviço Nacional de Informações (SNI) até o final de 1988 e perseguida por seu posicionamento político de críticas e oposição ao governo militar. Em 1977, o ministro do Exército à época, Silvio Frota, divulgou uma lista do que chamou de “comunistas infiltrados no governo”, que incluía o nome de Dilma, o que acarretou na sua demissão.

De acordo com o desembargador federal, o valor da prestação mensal, permanente e continuada, a ser paga pela União, deve ser calculada de modo a refletir a remuneração que receberia caso não tivesse sido alvo de perseguição política.

Anistia política

Em maio desse ano, a Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania reconheceu a anistia política à Dilma Rousseff e também fez um pedido de desculpas pelos atos perpetrados pelo Estado brasileiro durante a ditadura militar.

Para o colegiado, ficou comprovado que o afastamento de Dilma de suas atividades remuneradas, à época, ocorreu por motivação exclusivamente política.

Então, foi determinado o pagamento de R$ 100 mil de reparação econômica, em parcela única, que é o teto de pagamento previsto na Constituição para esses casos.

Entretanto, para a 6ª Turma do TRF1, é assegurada a prestação mensal, permanente e continuada aos anistiados que comprovem o vínculo com atividade laboral à época da perseguição política, “ficando prejudicada a prestação única anteriormente concedida na esfera administrativa”.

Após a redemocratização de 1988, a ex-presidente também teve a condição de anistiada política reconhecida e declarada por quatro comissões estaduais de anistia, no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e em São Paulo, recebendo outras reparações econômicas simbólicas.

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