Após o frio rigoroso da semana anterior, algumas ruas de Campo Grande estão forradas de folhas. As temperaturas que chegaram a cerca 4ºC foram embora com a chuva, deixando dias de céu azul límpido como um cristal, tempo seco e muitas árvores perdendo folhas pelo chão.
A terra
Uma dessas árvores é a Amendoeira da Praia, conhecida popularmente aqui no Estado como Sete-copas. Em outros locais, também é chamada de: amendoeira, castanheira, anoz, árvore-de-anoz, castanholeira, coração-de-nego, castanhola, chapéu-de-sol, guarda-sol, terminália, coração-de-negro, figueira-da-índia e caroceira.
Segundo Rosa Pinho, curadora do Herbário (Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro), a queda das folhas no outono é uma estratégia das plantas para se protegerem do frio, reduzindo ao máximo o seu gasto de energia.
“Com menos luz solar, a primeira alteração é parar de produzir clorofila. Com a diminuição da clorofila, outros pigmentos já existentes tornam-se visíveis e as folhas ficam amareladas ou avermelhadas, acabando por cair.”
Com a passagem de um frio intenso, é inevitável que árvores como o Sete-copas percam praticamente toda sua folhagem.
Na rua 14 de Julho, próximo à altura do cemitério Santo Antônio, uma árvore Sete-copas deixa beleza, mas também causa transtornos neste período de perda das folhas.
Na manhã desta sexta-feira (23), residentes e trabalhadores próximos ao local se desdobravam para limpar a calçada e reclamaram das dificuldades.
O homem
O dia é quente e ensolarado e suas pessoas trabalham arduamente para juntar milhares de folhas que continuam a cair, um trabalho que parece quase impossível.
O auxiliar jurídico, Adriano Batista Benites, de 38 anos, junto a sua mãe, a autônoma Nair Batista Benites, de 60 anos, varriam as folhas, nesta manhã (23) em um trabalho que parecia sem fim, considerando que as folhas continuam caindo incessantemente.
Segundo eles, a árvore que já tem cerca de 60 anos perde todas as suas folhas ano após ano, sempre neste mesmo período que sucede o primeiro frio rigoroso do ano.
Apesar da beleza exuberante da árvore, os residentes dizem sentir falta de um trabalho mais efetivo da prefeitura em manter o espaço limpo.
A luta
Foto: Marcelo Victor O dono do terreno onde a árvore está , o empresário no setor de tintas, José Pereira de Santana, de 61 anos, reclama também que a árvore gera sujeira o ano todo.
“Eu quero arrancar ela e colocar uma outra que seja bonita e não faça tanta sujeira. Já plantei um pinheiro aqui do lado, mas precisa que a prefeitura faça isso”, disse.
Entretanto, é necessário cooperação da prefeitura, ele relata que essa parte também não tem sido fácil.
O auxiliar jurídico Adriano explica que já recorreram à prefeitura, órgão responsável por investigar a viabilidade da retirada e remoção de qualquer árvore.
Tinha que tirar essa árvore daqui e plantar uma que não faz tanta sujeira, porque deixa nossa fachada com cara de desleixo”, reforça, concordando com o dono do terreno.
Enquanto isso não acontece, eles se dedicam diariamente a manter o local limpo e, recorrentemente, alugam caçambas para descartar as folhas mortas, pois a coleta de lixo público não leva esse tipo de material orgânico.
Serviço este que fica mais intenso e difícil neste período em que a árvore perde todas as suas folhas.
Por fim, parafraseando Sandy e Junior, sabemos que no outono, ou melhor, no inverno, estação atual, as folhas caem no quintal.
Pelo visto, anualmente esse problema aparecerá em algum local e lá estaremos nós para contar alguma história sobre o assunto, seja sobre as alegrias ou os desgostos, efeitos inevitáveis da estação.
Foto: Marcelo Victor O inverno
Foto: Marcelo Victor Nesta quarta-feira (21), entramos astronomicamente na estação do inverno, mas não significa que meteorologicamente ocorre o mesmo, explica o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Olívio Bahia.
Segundo ele, os primeiros dias do inverno sul-mato-grossense serão típicos de nossa região, que é tropical, ou seja, teremos um começo de inverno seco e pouco frio.
“As noites serão mais frias e os dias quentes. Também não há previsão de chuvas para os próximos dias”, pontuou o meteorologista.
Ao longo desta semana, espera-se que a temperatura suba gradativamente, ao mesmo tempo que umidade relativa do ar também cairá gradualmente.




