Cidades

VALOR MENSAL

Futuros médicos movimentam mais de US$ 9 milhões em cidades da fronteira

Dados são de estudantes brasileiros que frequentam universidades em Puerto Quijarro, Pedro Juan Caballero e Zanja Pytá

Continue lendo...

Estudos da Câmara de Comércio de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, apontam que os universitários brasileiros que procuram cursos de Medicina na cidade de fronteira e seus familiares chegam a movimentar US$ 9 milhões ao mês na região sul do Estado, que faz divisa com o país vizinho.  

Esse número aumenta se forem inseridos os alunos de Zanja Pytá, no Paraguai, e de Puerto Quijarro, na Bolívia, onde também há formação em Medicina.  

Para seguir a profissão de médico, há uma exigência que envolve muitos esforços, entre eles, financeiro e social. Em particular, para o Estado ainda há outras questões, como aceitar o estudo em uma outra língua e ter de aprender costumes diferentes.  

Isso acaba sendo válido para quem vai cursar Medicina em cidades da fronteira, como Pedro Juan Caballero, Zanja Pytá e Puerto Quijarro.  

Há, ainda, outras questões que os estudantes, muitos deles na segunda ou até na terceira faculdade, decidem superar, que é o preconceito que existe em torno de quem faz o curso no exterior.

O que praticamente não se fala nessa realidade dos estudantes de Medicina nas cidades de fronteira, mas é muito representativo, envolve a movimentação financeira e a possibilidade que o setor de saúde do Brasil acaba ganhando com os novos médicos.  

Só em Pedro Juan, há 8 mil brasileiros estudando, dos quais 90% estão nos cursos de Medicina espalhados em nove faculdades. Zanja Pytá, que fica próximo a Sanga Puitã, no Brasil, também tem um curso em uma faculdade e um hospital próprio.  

Em Puerto Quijarro, que fica ao lado de Corumbá, o número de alunos chega a cerca de 500 na instituição que tem sede em Cochabamba e uma filial na fronteira.

“Os beneficiados diretamente são as universidades, o setor imobiliário, o setor de supermercado, o setor gastronômico, de diversão, o setor de combustível, as farmácias. Indiretamente, todo o comércio. E há a geração de emprego em áreas distintas. Ainda há as casas de câmbio, os bancos, os transportes. É muito benéfico para a comunidade essa movimentação financeira e com efeito multiplicador”, detalhou Tomás Julián Medina González, secretário de Atas e Relações da Câmara de Comércio de Pedro Juan Caballero.

Com relação ao ensino de Medicina no Brasil, já se passaram quatro anos desde a Portaria do Ministério da Educação (MEC) nº 328, de 5 de abril de 2018, que suspendeu por cinco anos o protocolo de pedidos de aumento de vagas para autorização de cursos.  

Essa condição segue estrangulando a possibilidade de se formar mais profissionais no território nacional. Em 2020, ano em que a pandemia da Covid-19 explodiu, eram 337 cursos no País, sendo 60% ofertados pelo setor privado e com 36.670 vagas anuais.

Fazendo um recorte dessa condição para Corumbá, por exemplo, o município está com um curso privado de Medicina em funcionamento desde 2020. A instituição de ensino, que prevê ter prédio próprio – recebeu área da prefeitura local para construir –, já tem mais de duas turmas em andamento.  

Além disso, havia a discussão de um curso ser aberto no campus local da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), porém, o projeto segue parado desde dezembro de 2017.

Esse cenário faz com que a razão de médicos para 1.000 habitantes por aqui seja de 2,38 profissionais, número abaixo na comparação com o Chile (2,5) e a Argentina (3,2). Sem contar que dentro do Brasil também existe uma defasagem.  

Para a Região Norte, essa relação é de 1,30; no caso do Nordeste é 1,69; no contexto de Mato Grosso do Sul, que fica no Centro-Oeste, o índice é de 2,74. Para o Sul, a razão é de 2,68; e no Sudeste encontra-se o maior número, de 3,15.

DESAFIOS

Quem estuda fora do Brasil reconhece todas essas realidades. “São vários os desafios para quem estuda Medicina no exterior. Primeiro, é preciso deixar os familiares para conseguir estudar no outro país. 

Você deixa de ficar com a família para conseguir estudar. Segundo, há o preconceito das pessoas. Elas falam ‘nossa, não está fazendo Medicina no Brasil. Está fazendo Medicina na Bolívia, no Paraguai’. Falam isso como se fosse algo ruim, que você vai deixar de ser bom médico só porque não estudou no Brasil. 

Tem, ainda, o fato de você estudar em outra língua. Nem todo mundo que começa sabe e domina o espanhol”, contou Thaís Regina Maria de Freitas, que estuda em Puerto Quijarro e está no último ano. Ela é mãe de dois filhos e formada em Fisioterapia.

Priscila de Oliveira Brito também está no último ano do curso e estuda em Pedro Juan Caballero. Ela deixou Dourados para encarar a meta de ser médica. Também decidiu abrir mão do trabalho na Fundação Getulio Vargas, em Porto Velho (RO), onde ficou por seis anos.  

“Os desafios são muitos. No meu caso, eu abandonei uma vida estável para viver uma vida de estudante, regrada, virando noites para estudar e poder contar financeiramente com a ajuda familiar”, relatou a educadora física e administradora.

Estudar Medicina nos países vizinhos acaba sendo uma oportunidade porque os valores das mensalidades ficam muito longe do que é praticado no Brasil. Enquanto a cobrança no País pode chegar a R$ 10 mil de mensalidade, no Paraguai o valor fica entre R$ 1,8 mil e R$ 2,5 mil.  

Na Bolívia, essa mensalidade pode ser ainda mais baixa, com custo que chega a cerca de R$ 1 mil, depois que se faz a conversão do peso boliviano para o real.

Em termos de professores, em Pedro Juan Caballero há médicos argentinos, cubanos, paraguaios e brasileiros. Já em Puerto Quijarro, o quadro de profissionais concentra-se entre cubanos e bolivianos.  

E mesmo que a grande maioria dos que estão sentados na cadeira de estudante é composta de brasileiro nessas instituições de ensino, todas as aulas são ministradas em espanhol e os trabalhos também precisam ser apresentados nesse idioma.  

No caso paraguaio, ainda há aulas em guarani. Com isso, mesmo um professor brasileiro precisa ministrar a aula em espanhol.

MERCADO DE TRABALHO

Passados os seis anos de estudo, envolvendo o internato desempenhado no país estrangeiro, a grande maioria dos estudantes faz o caminho contrário para validar o diploma no Brasil e poder trabalhar por aqui.  

“Na Bolívia, diferentemente do Brasil, o aluno precisa fazer uma prova, chamada de exame de grado, depois que termina todo o curso. Só depois de passar nela que você recebe o diploma de médico. Como se fosse uma prova da OAB. Esse é o primeiro projeto para quem vai se formar aqui. Aí quem pretende voltar para o Brasil, terá de fazer o Revalida”, contou Thaís de Freitas, que se prepara para fazer o grado.

No Paraguai, a conclusão do curso garante o diploma profissional e os alunos seguem para se preparar para a prova do Revalida. 

“Os projetos são muitos, principalmente escolher um bom curso preparatório para o Revalida. Isso é um divisor de águas na vida de um médico formado no exterior”, detalhou Priscila Brito.

O Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos (Revalida) é realizado pelo MEC uma vez ao ano, com média de 100 questões de múltipla escolha e discursivas.  

A prova em si é aplicada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).  

Depois desta etapa, é feito outro exame, de habilidades clínicas, que é eliminatório e classificatório. Há prova que é feita em Campo Grande. A taxa de inscrição, em 2022, foi de R$ 410 e o exame foi aplicado no dia 7 de agosto.

A vontade de voltar ao Brasil está relacionada ao potencial de ganho. Na Bolívia, o salário de médico recém-formado é cerca de R$ 4,5 mil no setor privado e pode chegar a R$ 7,6 mil.  

No Paraguai, a média inicial é de R$ 5 mil. Em território nacional, com uma jornada de 20 horas, o salário é de R$ 17.742,78, conforme preconiza a Federação Nacional dos Médicos.  

No Sistema Único de Saúde (SUS), a média do piso é de R$ 5.886,73. O profissional tem possibilidade de ganhar mais ao atender em mais de um local pelo SUS ou rede particular.

A reportagem procurou o Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM-MS) para detalhar o Revalida, mas não obteve retorno até o fechamento.

'EM LICITAÇÃO'

Hospital Municipal de Campo Grande vai demorar mais que o anunciado

Em 24 de abril de 2024, ainda enquanto pré-candidata, a atual prefeita afirmou que o 'prazo para estar funcionando' seria dentro de um ano e meio

11/04/2025 12h29

Durante o evento de 100 primeiros dias à frente do cargo, prefeita voltou atrás na fala feita durante sua pré-campanha

Durante o evento de 100 primeiros dias à frente do cargo, prefeita voltou atrás na fala feita durante sua pré-campanha Marcelo Victor/Correio do Estado

Continue Lendo...

Diferente do que a atual prefeita de Campo Grande havia anunciado, quando ainda era pré-candidata ao cargo de chefe do Executivo da Capital, a entrega do tão esperado Hospital Municipal ainda deve demorar para sair do papel, pois ainda está em fase de licitação. 

A informação sobre o corrente período de licitação foi repassada hoje (11), durante o evento de assinatura de contratos de gestão e prestação de contas dos 100 primeiros dias à frente do cargo, realizado no estande da Prefeitura e Câmara Municipal na Expogrande. 

Tal ponto foi confirmado pela secretária Municipal de Saúde Pública (Sesau), Dra. Rosana Leite, e pela própria prefeita de Campo Grande. 

"Nós estamos no processo licitatório ainda, está numa fase que a gente responde os questionamentos dessa empresa", disse Rosana, 

Infelizmente, segundo a titular, houve mudança na lei de licitação e também de todo o sistema da antiga Secretaria-Executiva de Compras Governamentais (Secomp), agora chamada de Secretaria Especial de Licitações e Contratos (Selc). 

Conforme a secretária, após a empresa enviar o projeto ao Executivo, haverá análise pela devida comissão e, caso tudo esteja dentro dos conformes, só depois é liberada a contagem do prazo de entrega. 

"Complexo" Municipal

O anúncio da construção do dito Hospital foi feito em setembro de 2023, quando o atual titular da  Fundação Municipal de Esporte (Funesp), Dr. Sandro Benites, ainda era responsável por gerir a Pasta da Saúde.

A decisão de onde o hospital seria edificado saiu em junho do ano passado, quando o Executivo encaminhou para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana (Semadur) o requerimento de licença ambiental (modalidade licença prévia) para a construção. 

Como bem acompanhou o Correio do Estado à época, o Hospital Municipal foi confirmado em área nobre da Capital, no terreno que fica no cruzamento das ruas Augusto Antônio Mira e Raul Pires Barbosa, no bairro Chácara Cachoeira.

Cerca de dois meses depois Câmara Municipal de Campo Grande aprovou a operação de crédito no valor de R$ 268,6 milhões para a construção e compra de equipamentos imobiliários para a unidade, destinados da seguinte forma: 

  • R$ 211,3 milhões para obras e instalações;
  • R$ 10,5 milhões para projetos arquitetônicos e complementares; 
  • R$ 57,2 milhões para compra de equipamentos e mobiliários.

Além do anunciado

Enquanto ainda era pré-candidata à prefeitura de Campo Grande, Adriane Lopes e demais postulantes ao cargo participaram de uma série de sabatinas com os veículos de imprensa locais, como a realizada entre a Rádio CBN e Correio do Estado. 

No dia 24 de abril de 2024, durante sua entrevista feita no período da manhã, Adriane Lopes afirmou que o hospital estaria funcionando em até um ano e meio, ou seja, seria entregue em outubro de 2025,  com 250 leitos para o Sistema Único de Saúde (SUS). 

“Estamos prestes a lançar esse grande projeto. O prazo para estar funcionando é daqui a 1 ano e meio. Nós estamos buscando o método construtivo e moderno. É um complexo hospitalar, não é um hospital”, afirmou durante rodada de entrevistas na Rádio CBN em parceria com o Correio do Estado.

Hoje (11), porém, distante cerca de 203 dias do mais otimista dos prazos anunciados por Adriane, a prefeita se retratou quando questionada se o prazo dado durante a pré-campanha seria, de fato, cumprido. 

"Não é que ele entraria em funcionamento em um ano e meio. A partir do momento que ele for lançado, ele tem uma licitação, um processo administrativo... a partir do momento que for dada a ordem de serviço, em um ano e meio ele será entregue para a população", disse a prefeita em recuo à fala feita em abril de 2024. 

Ela faz questão de ressaltar, sobre novos prazos para o fim da licitação, por exemplo, que existe burocracia envolvida no processo o que impede que novas datas sejam cravadas. 

"São processos que dependem de documentação e de leis que estão em vigor por ser também uma modalidade nova, mas está sendo trabalhado com as equipes técnicas e num curto espaço de tempo a gente vai trazer essa resposta para Campo Grande", concluiu Adriane Lopes hoje.

 

Assine o Correio do Estado 

Cidades

Homem é preso por manter esposa e filhos em cárcere privado

Prisão foi feita na última quinta-feira (10); entre as crianças estavam um bebê e duas crianças entre 2 e 5 anos

11/04/2025 11h30

Homem é preso por manter esposa e filhos em cárcere privado

Homem é preso por manter esposa e filhos em cárcere privado Divulgação

Continue Lendo...

Um homem foi preso na última quinta-feira (10) após ser acusado de violência doméstica e manter sua esposa e seus três filhos. O acusado também possuía mandado de prisão em aberto por crimes anteriores.

Homem é preso por manter esposa e filhos em cárcere privadoCasa onde a família era mantida em cárcere - Divulgação

Segundo informações divulgadas pela Polícia Civil, a denúncia foi feita por familiares da vítima que relataram não conseguir contato com ela desde o último domingo. Preocupados, pois sabiam que ela sofria violência doméstica e já havia registrado ocorrência contra o companheiro, os parentes temiam que ela estivesse sendo mantida em cárcere privado.

Depois do relato, as equipes policiais se deslocaram até o local e ao chegar, avistaram o indivíduo, que, ao perceber a presença das autoridades, tentou fugir para os fundos do imóvel. Mesmo após ordens de prisão, ele resistiu, obrigando a equipe a acionar reforço. Com a chegada de mais agentes, foi possível resgatar a mulher e as três crianças (um bebê e duas crianças entre 2 e 5 anos) e capturar o acusado, que foi conduzido à delegacia.

Tanto a mãe quanto as crianças, foram levadas à 1ª DEAM para prestarem depoimentos e receberem o acolhimento da Casa da Mulher Brasileira. Já o autor, que era procurado pela Justiça, foi preso em flagrante e responderá pelo crime em regime fechado.

Assine o Correio do Estado
 

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail marketing@correiodoestado.com.br na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).