Cidades

INVESTIGAÇÃO

Gaeco mira policial e advogados que trabalhavam para o tráfico

Morador de condomínio de luxo que responde por homicídio qualificado era o financiador da quadrilha alvo do Gaeco

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Uma quadrilha envolvida com o tráfico de cocaína e com pelo menos 17 membros conseguiu cooptar dois advogados e um policial civil para sua organização criminosa. Isso foi o que apontou investigações do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS).

Segundo fontes do Correio do Estado, o cabeça da quadrilha morava no condomínio de luxo Alphaville, em Campo Grande. Emerson Correa Monteiro, de 38 anos, teria conseguido aliciar ao menos dois advogados para que eles cooptassem servidores públicos corruptos, que informavam sobre eventuais investidas das forças de segurança. Ele também responde na Justiça por um homicídio cometido em 2016.

A investigação começou no ano passado. No dia 26 de março, foi deflagrada a primeira fase da Operação Snow, cujo objetivo era desmantelar quadrilha envolvida com o tráfico de cocaína em Campo Grande e que tinha entre seus membros policiais civis – que faziam o transporte do entorpecente de Ponta Porã até a Capital.

A nota emitida pelo MPMS, a partir da análise do material apreendido na operação de março, “especialmente telefones celulares, revelou que ao menos outras 17 pessoas integram a organização criminosa, alvo dos trabalhos, entre os quais advogados e policial civil”.

“A atuação dos advogados não se limitava à prestação de serviços jurídicos, mas envolvia a prática de ilícitos, como a corrupção de agentes públicos para a obtenção de informações privilegiadas e monitoramento das cargas de drogas, além de serem conselheiros de outros assuntos sensíveis da organização”, diz trecho de nota do MPMS.

De acordo com fontes do Correio do Estado, os advogados alvos da segunda fase da Operação Snow, deflagrada ontem, são Vlandon Xavier Avelino e Antonio Cesar Jesuíno. No caso do primeiro, foram cumpridas ordens de busca e apreensão em sua casa e também em seu escritório. Já o segundo, conforme apuração, não foi encontrado.

Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso do Sul (OAB-MS) informou que acompanhou a operação. 

“Informa que, a respeito da Operação Snow feita pelo Gaeco, está acompanhando as diligências por meio de sua Comissão de Defesa e Assistência, bem assim que buscará acesso à integralidade do quanto investigado para, a partir disso e com respeito ao devido processo legal e a ampla defesa, apurar as responsabilidades em âmbito próprio”, afirmou.

Ainda segundo o Gaeco, a quadrilha escoava a cocaína por meio de empresas de transporte. “Inclusive, descobriu-se agora, de [participação de] empresas terceirizadas dos Correios”. 

“Durante o transcorrer dos trabalhos, foi possível identificar mais 2 toneladas de cocaína da organização criminosa apreendidas em ações policiais”, completa a nota.

MANDADOS

Na primeira fase da operação, em março do ano passado, foram cumpridos 21 mandados de prisão e 33 de busca e apreensão. Ontem, foram cumpridos 9 mandados de prisão preventiva e 19 de busca e apreensão nos municípios de Campo Grande, Dourados, Ponta Porã e Piratininga (SP).

Durante o cumprimento dos mandados, duas pessoas foram presas por posse ilegal de armas, incluindo uma pistola 9 mm, de uso restrito.

Essa arma estava na casa de Monteiro, apontado como o chefe do grupo criminoso. De acordo com boletim de ocorrência, policiais e agentes do Gaeco foram até a residência dele, dentro de um condomínio de luxo, por volta das 6h, para cumprir mandados de prisão e busca e apreensão. Ao adentrarem na casa, o homem resistiu à prisão.

A polícia afirma que foi necessário uso de força física moderada para conter o investigado, que resultou em lesões nos braços, nos cotovelos e nos joelhos. Após a imobilização, o suspeito foi contido em uma cadeira na sala de jantar, enquanto as equipes faziam buscas na residência.

No local, foram encontradas e apreendidas duas armas de fogo, sendo um revólver calibre .38 e uma pistola Glock 9 mm de uso restrito.

Monteiro é réu por homicídio qualificado cometido em 2016. Segundo o inquérito, o réu teria usado uma 9 mm para matar Wellingson Luiz de Jesus Reynaldo Felipe dentro de um estabelecimento localizado na Rua da Divisão, no Bairro Aero Rancho.

Ainda segundo o inquérito, a vítima teria morrido porque se recusou a trabalhar para Monteiro e outro réu, Anderson Delgado dos Santos Martim, na comercialização de drogas. O caso ainda não foi julgado e deve seguir para o Tribunal do Júri.

SAIBA

Segundo o MPMS, a organização criminosa é extremamente violenta, resolvendo muitas de suas pendências, especialmente questões relacionadas à perda de cargas de drogas e a desacertos do tráfico, com sequestros e execuções, muitas vezes de seus próprios integrantes.

*Colaborou Glaucea Vaccari

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Cidades

Desemprego e a informalidade de pretos e pardos estão acima da média

Mulheres também têm desocupação maior que a taxa nacional

14/02/2025 23h00

Desemprego e a informalidade de pretos e pardos estão acima da média

Desemprego e a informalidade de pretos e pardos estão acima da média PAULO PINTO/AGÊNCIA BRASIL

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Pessoas pretas e pardas vivenciam mais o desemprego do que as brancas, além de receberem salários menores e trabalharem mais na informalidade. A constatação faz parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta sexta-feira (14), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O levantamento aponta que, no quarto trimestre de 2024, a população branca registrou taxa de desemprego de 4,9%, abaixo do índice de 6,2% da média nacional. Na outra ponta, pretos (7,5%) e pardos (7%) ficaram acima da média do país.

Segundo a coordenadora da pesquisa, Adriana Beringuy, essa desigualdade é uma característica estrutural do mercado de trabalho brasileiro, “não apenas relacionada a esse trimestre”.

O estudo do IBGE apura o comportamento no mercado de trabalho para pessoas com 14 anos ou mais e leva em conta todas as formas de ocupação, seja emprego com ou sem carteira assinada, temporário e por conta própria, por exemplo. São visitados 211 mil domicílios em todos os estados e no Distrito Federal.

Informalidade

A desigualdade por cor também é percebida quando se analisa a taxa de informalidade, ou seja, a proporção de trabalhadores que não têm garantidos direitos como férias, contribuição para a Previdência Social e 13º salário.

Enquanto a taxa de informalidade do país no quarto trimestre de 2024 alcançou 38,6%, a dos pretos era 41,9%; e a dos pardos, 43,5%. O índice entre as pessoas brancas ficou abaixo da média: 32,6%.

O IBGE destaca que - entre os terceiro e quarto trimestres de 2024 - a taxa de informalidade caiu no país (de 38,8% para 38,6%) e entre os brancos (de 33,5% para 32,6%), mas ela se elevou entre pardos (43,2% para 43,5%) e pretos (41,8% para 41,9%).  

 “Vale ressaltar essa diferença estrutural desse indicador no recorte de cor ou raça”, frisa Beringuy.

De acordo com o Censo 2022, os pardos respondem por 45,3% da população. Brancos são 43,5%; pretos, 10,2%; indígenas, 0,6%; e amarelos, 0,4%.

Rendimentos

Quando se observa os salários dos trabalhadores, o rendimento médio mensal do país alcança R$ 3.215 no último trimestre de 2024. É mais um indicador que mostra os ocupados brancos acima da média com R$ 4.153 mensais. O inverso acontece com pretos (R$ 2.403) e pardos (R$ 2.485).

Mulheres

A pesquisa do IBGE apresenta, ainda, dados de desigualdade de gênero. A desemprego entre os homens no último trimestre de 2024 ficou em 5,1%. Já o das mulheres, 7,6%.

O desequilíbrio também é percebido no valor recebido por homens e mulheres. Eles fecharam o último trimestre de 2024 com rendimento médio mensal de R$ 3.540, enquanto elas receberam R$ 2.783.

Cidades

STF mantém descriminalização do porte de maconha para uso pessoal

Quantia de 40 gramas diferencia usuários de traficantes da droga

14/02/2025 22h00

STF mantém descriminalização do porte de maconha para uso pessoal

STF mantém descriminalização do porte de maconha para uso pessoal ARQUIVO/AGÊNCIA BRASIL

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A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta sexta-feira (14) manter a íntegra da decisão da Corte que descriminalizou o porte de maconha para uso pessoal e fixou a quantia de 40 gramas para diferenciar usuários de traficantes.

O Supremo julga, no plenário virtual, recursos protocolados pela Defensoria Pública e pelo Ministério Público de São Paulo para esclarecer o resultado do julgamento, que foi finalizado em julho do ano passado.

Até o momento, oito ministros seguiram o voto do relator, ministro Gilmar Mendes. Na semana passada, no início do julgamento virtual, o relator votou pela rejeição dos recursos.

Além de Mendes, os ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Flávio Dino, Edson Fachin, André Mendonça, Luiz Fux e Cristiano Zanin votaram no mesmo sentido.  A deliberação virtual será encerrada às 23h59.

Não legaliza

A decisão do Supremo não legaliza o porte de maconha.  O porte para uso pessoal continua como comportamento ilícito, ou seja, permanece proibido fumar a droga em local público.

O Supremo julgou a constitucionalidade do Artigo 28 da Lei de Drogas (Lei 11.343/2006). Para diferenciar usuários e traficantes, a norma prevê penas alternativas de prestação de serviços à comunidade, advertência sobre os efeitos das drogas e comparecimento obrigatório a curso educativo.

 A Corte manteve a validade da norma, mas entendeu que as consequências são administrativas, deixando de valer a possibilidade de cumprimento de prestação de serviços comunitários.

 A advertência e presença obrigatória em curso educativo foram mantidas e deverão ser aplicadas pela Justiça em procedimentos administrativos, sem repercussão penal.

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