Um dos maiores planos de saúde do país, o grupo Hapvida, criado no Ceará, conseguiu uma série de benefícios fiscais em Campo Grande e promete fazer investimentos milionários na cidade, onde a Unimed domina há décadas o mercado da saúde privada.
Conforme publicação do diário oficial da prefeitura de Campo Grande desta terça-feira (01), a empresa, em parceria com a Canadá Administradora de Imóveis, promete investir R$ 100 milhões e gerar 456 empregos diretos na prestação de serviços médico-hospitalares. Conforme a previsão, a meta é faturar R$ 55,2 milhões por ano.
Atualmente, segundo a publicação do Diogrande, a empresa informa que não emprega ninguém na cidade, embora atue há cerca de cinco anos e tenha uma série de prestadores de serviços e alguns laboratórios próprios.
Para atrair os investimentos da empresa, a administração municipal aprovou isenção de IPTU por dois anos e redução de 60% no ISSQN, que cairá de 5% para 2% sobre o valor dos serviços prestados durante seis anos.
Além disso, foi aprovada a isenção da tarifa de iluminação pública durante dez anos e isenção de tributos incidentes sobre processos de alvará e licenciamento necessários ao planejamento, instalação e funcionamento, pelo período de 4 anos.
Os benefícios foram aprovados por unanimidade pelos integrantes do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico (CODEDON) no encontro da última sexta-feira, 28 de março.
Criada em 1991 e com capital social de quase R$ 10 bilhões, conforme dados divulgados no Diogrande, a Hapvida se autodenomina “a maior operadora de saúde do Brasil, com mais de 15,8 milhões de beneficiários de saúde e odontologia” e 37 mil colaboradores espalhados em praticamente todos os estados.
A empresa está em Campo Grande há cerca de cinco anos e encampou os beneficiários do plano de saúde São Francisco, mas não tem hospital próprio.
A reportagem do Correio do Estado procurou a prefeitura de Campo Grande, que concedeu os benefícios fiscais, em busca de informações sobre as justificativas para a concessão de benefícios fiscais e sobre detalhes daquilo que a empresa se comprometia a fazer na cidade, mas a resposta foi vaga.
"Trata-se de incentivos aprovados pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico (Codecon), que tem a responsabilidade de analisar e deliberar sobre a concessão dos incentivos fiscais e extrafiscais solicitados ao Município, conforme a Lei Complementar n. 418/21 e demais legislações vigentes. O processo foi submetido à análise do Codecon, conforme estabelece o Art. 25, Inciso I, da Lei Complementar n. 418/21, para deliberação sobre a concessão dos incentivos solicitados", informou a administração municipal.
A equipe do jornal também procurou a assessoria do plano de saúde, mas, até a publicação da reportagem, não obteve detalhes sobre os planos de investimento do grupo em Campo Grande
Porém, no site da empresa de arquitetura Paula Fiorentini, de São Paulo, que é especializada na área de projetos arquitetônicos de hospitais construídos em vários estados, é possível ver uma maquete de um hospital feito sob encomenda da Hapvida para Campo Grande, mas não traz informações sobnre o local e nem sobre as dimensões do prédio.
O Correio do Estado entrou em contato com o escritório, mas a informação foi de que a arquiteta responsável pelo projeto estava em outra ligação telefônica e que retornaria posteriormente, o que não aconteceu até a publicação da reportagem.