Cidades

MEMÓRIA

Há 38 anos, neve
era registrada em
Mato Grosso do Sul

Há 38 anos, neve
era registrada em
Mato Grosso do Sul

MONTEZUMA CRUZ

23/07/2013 - 12h15
Continue lendo...

O velho Mato Grosso amanheceu gelado em 17 de julho de 1975, 38 anos atrás. Geada, morte e prejuízos; é o frio que trouxe a neve (confira ao lado) foi a manchete de página do jornal Correio do Estado, cuja redação ainda funcionava na Rua 14 de Julho. Sob o impacto de 2 graus negativos, uma grossa camada de gelo cobria casas, parte de algumas ruas, lavouras e automóveis. Poças d'água congelavam numa espessura de dois a seis centímetros. O mais forte fenômeno na história agrícola do velho Estado de Mato Grosso pôs fim à cafeicultura nos estados de São Paulo e Paraná, eliminando também as lavouras em fase de crescimento na região sul-mato-grossense. Seria a primeira grande safra financiada pelo Banco do Brasil dentro do plano de revigoramento lançado pelo governo federal, em 1973. Estimavam-se na época queimas totais em 40 milhões de pés. Só Gabriel Abrão perderia cinco milhões de cruzeiros de seus investimentos nas lavouras.

Na cobertura da mais intensa onda de frio ocorrida em terras mato-grossenses, o editor-chefe do Correio, Antonio João Hugo Rodrigues telefonava para os correspondentes de Corumbá, Ponta Porã, Dourados e Bandeirantes, respectivamente, José Feliciano Baptista Neto, Byron Medeiros, José Santos Rocha e Paulo de Tarso Hugo Rodrigues. E deles recebia preciosos relatos. O gelo cobria o Parque das Primaveras e os seus arredores, perto do Lago do Amor. A geada também atingia o Jardim dos Estados, o Bairro Coronel Antonino, Rochedinho e Indubrasil (o ponto mais elevado do município). Percorrendo a cidade e fotografando estavam Antonio João, Fausto Brites, Hordonês Echeverria e Jorge Sayegh. 

A terceira vítima do frio entristecia a Redação: era o mendigo Martins Rodrigues de Oliveira, 61 anos, natural de Amambai, encontrado morto próximo ao albergue noturno, na Rua Visconde de Taunay. Do Pantanal, a informação da morte de pelo menos 20 mil cabeças de gado não traduzia todas as conseqüências do clima. Afinal, somente na última cheia havia morrido cerca de trezentas mil reses. A geada castigava toda a região. Ponta Porã, com quatro graus negativos, era outro retrato nu e cru do fenômeno que degolou as lavouras de trigo naquele dia e nos dias seguintes.

Dourados treme. De frio e de medo, informava o Correio. Além da pecuária, perdas agrícolas também foram sentidas naquele município. Em toda a região da Grande Dourados (Itaporã, Glória de Dourados, Fátima do Sul e Rio Brilhante) as perdas assustavam. Técnicos agrícolas não ousavam avaliar corretamente os danos causados. O gado morria nos currais. Acostumados com o frio em seus estados, gaúchos e catarinenses assustavam-se. O fazendeiro Nelson Alves Ferreira, do distrito de Vila Cruz, resumia a situação: “O gado está morrendo igual à mosca envenenada”.

O granizo obrigava os peões a se desdobrarem para transportar o gado a lugares seguros. Estrada adentro, impotentes, os vaqueiros viram o gado morrer ali mesmo perto de Vila Cruz e em seguida serem carneados por indígenas, que levavam as partes traseiras e abandonavam o restante à beira do caminho. A cafeicultura nascente na região sul-mato-grossense sofria o maior golpe em toda a sua existência: tudo fora queimado, “um desastre total”, revelava nossa reportagem. Os cafezais ficavam com aparência de um chocolate escuro. O produtor Gabriel Abrão informava que a estimativa de safra de 30 mil sacas reduzia-se a zero. O Professor Barbosa Rodrigues perderia 60 mil pés. Abatido diante dos dois graus negativos que também atingiram as lavouras de Camapuã, Abrão declarava: “Tudo está liquidado, não restou nada”.

Cidades

STF: Gilmar e Dino votam para derrubar lei que validou marco temporal

Decano do STF também votou para estabelecer um prazo de dez anos para o governo federal

15/12/2025 13h35

Ministro Gilmar Mendes

Ministro Gilmar Mendes Andressa Anholete/STF

Continue Lendo...

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta segunda-feira, 15, no plenário virtual, para reafirmar a decisão do plenário que declarou inconstitucional a tese do marco temporal, que limita a demarcação de terras indígenas. Ele foi acompanhado por Flávio Dino.

O decano do STF também votou para estabelecer um prazo de dez anos para o governo federal concluir todos os processos de demarcação pendentes.

"Passados mais de 35 anos da promulgação da Constituição Federal, parece-me que já transcorreu lapso suficiente para amadurecimento definitivo da questão, de modo que não há mais como remediar a solução desse problema, cabendo, dessa forma, ao Poder Executivo o devido equacionamento da matéria e finalização dos procedimentos demarcatórios em prazo razoável, porém peremptório", defendeu.

O julgamento no plenário virtual fica aberto até a próxima quinta-feira, 18, para os ministros juntarem os votos na plataforma online. Se houver pedido de vista (mais tempo de análise) ou de destaque (transferência do processo ao plenário presencial), a votação é interrompida.

A tese do marco temporal estabelece que povos indígenas só podem reivindicar terras que ocupavam em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal.

Em 2023, em uma decisão histórica, por 9 votos a 2, o STF derrubou a interpretação e definiu que o direito das comunidades a territórios que tradicionalmente ocupavam não depende de uma data fixa.

O tema voltou ao tribunal porque, logo em seguida, o Congresso aprovou um projeto de lei para restringir as demarcações com base no marco temporal. O presidente Lula vetou o texto, mas os vetos foram derrubados pelo Legislativo.

Em paralelo, o Senado provou um projeto de emenda à Constituição (PEC) no mesmo sentido. Com isso, os senadores buscam incluir o critério de demarcação na Constituição. O texto seguiu para análise da Câmara.

Em seu voto, Gilmar Mendes reafirmou a decisão do STF. O ministro afirmou que o tribunal "não pode se esquivar de sua missão constitucional" e, em um aceno ao Congresso, defendeu que a atuação da Corte não pode "ser considerada como afronta ao Poder Legislativo".

"A análise do Supremo Tribunal Federal, no exercício do controle de constitucionalidade, equivale à prevalência da Constituição sobre os poderes constituídos quando estes atuam em descompasso com os limites impostos pela própria Lei Maior e pelo papel contramajoritário das Cortes Constitucionais, no caso o direito natural à própria existência dos indígenas, na medida em que a imposição de determinado limite temporal distante no tempo equivale à vulneração de seu status protetivo constitucional", argumentou o ministro.

O decano ressaltou que a lei é desproporcional e gera insegurança jurídica ao impor um marco temporal de forma retroativa, atingindo comunidades que não dispõem de documentação formal de ocupação.

"Nossa sociedade não pode conviver com chagas abertas séculos atrás que ainda dependem de solução nos dias de hoje, demandando espírito público, republicano e humano de todos os cidadãos brasileiros (indígenas e não indígenas) e principalmente de todos os Poderes para compreender que precisamos escolher outras salvaguardas mínimas para conduzir o debate sobre o conflito no campo", diz outro trecho do voto.

Assine o Correio do Estado

TRANSPORTE PÚBLICO

Prefeitura nega que esteja devendo Consórcio Guaicurus

O encontro, convocado para esclarecer a situação financeira entre o município e a concessionária do transporte coletivo, ocorreu sem a presença da prefeita Adriane Lopes

15/12/2025 12h30

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo FOTO: Divulgação

Continue Lendo...

Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta segunda-feira (15), no plenarinho da Prefeitura de Campo Grande, representantes da administração municipal afirmaram que o Executivo não possui qualquer dívida com o Consórcio Guaicurus. 

O encontro, convocado para esclarecer a situação financeira entre o município e a concessionária do transporte coletivo, ocorreu sem a presença da prefeita Adriane Lopes, que delegou a fala a integrantes de sua equipe.

A coletiva também foi marcada por restrições à imprensa, equipes de diversos veículos, entre eles o Correio do Estado, foram barradas de acompanhar o pronunciamento logo ao chegar no local. 

Apesar disso, a reportagem teve acesso a áudios da entrevista, nos quais aparecem as declarações de Otávio Figueiró, diretor-executivo da Agereg; Ulysses Rocha, chefe de gabinete da Prefeitura; e Cecília Saad Cruz Rizkallah, procuradora-geral do Município, que reforçaram a versão oficial de que não há débitos pendentes com o consórcio.

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo e, em alguns casos, de forma antecipada. De acordo com Figueiró, apenas em 2025 o município transferiu mais de R$ 35 milhões ao consórcio, somando subsídios, vale-transporte e pagamentos de gratuidades. 

“Um contrato que hoje tem 197 ônibus com a idade acima da média que não deveriam estar circulando na cidade de Campo Grande, inclusive já tem duas multas preparadas pela agência de regulação. A agência de regulação aplicou uma multa de R$ 12 milhões e eles, no outro dia, contrataram o seguro. O que comprova que não é somente a falta de dinheiro”, afirmou.

Durante a coletiva, os representantes do município ressaltaram que, na semana passada, a prefeita Adriane Lopes autorizou a antecipação de cerca de R$ 3 milhões referentes a subsídios e valores que só venceriam ao longo do mês de dezembro. A medida teve como objetivo garantir fluxo de caixa ao consórcio para o pagamento dos salários dos trabalhadores e impedir a paralisação do serviço.

“Esse pagamento ainda não estava vencido e foi antecipado dentro do limite legal”, disse o diretor-executivo. Conforme a explicação apresentada, o valor máximo permitido por lei para repasses neste período, de aproximadamente R$ 19,5 milhões, já foi integralmente transferido ao consórcio, não havendo pendências financeiras por parte do município.

A administração municipal também destacou que a paralisação ocorreu apesar de decisão judicial que estabelece regras para greves em serviços essenciais. A procuradora-geral do Município explicou que há determinação para manutenção mínima de 70% da frota em circulação, com reforço nos horários de pico, o que não teria sido cumprido. “A paralisação total caracteriza abusividade”, afirmou.

Diante do descumprimento, a Agência de Regulação (Agereg) notificou o consórcio e iniciou os trâmites para aplicação de multa. Segundo Figueiró, a penalidade já estava em fase de formalização e deveria ser entregue ainda nesta segunda-feira. A Procuradoria-Geral do Município também informou que atua no processo judicial e acompanha audiência marcada para esta terça-feira (16).

Questionados sobre um possível rompimento contratual, os representantes do Executivo afirmaram que a medida exige cautela e não pode ser adotada de forma imediata. Cecília e Figueiró explicaram que há etapas administrativas e jurídicas a serem cumpridas, incluindo notificações, prazos de defesa e análise técnica, além da necessidade de garantir a continuidade do serviço.

Por fim, a Prefeitura reiterou que a prioridade é restabelecer o transporte coletivo. “O município cumpriu suas obrigações financeiras. O consórcio, como empresa privada regulada, também precisa cumprir com as suas responsabilidades perante a população”, declararam.

Segundo dados apresentados, a paralisação afetou cerca de 110 mil usuários do sistema e aproximadamente mil trabalhadores do transporte coletivo.

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).