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Herói japonês da 2ª Guerra foi 'descoberto' pela reportagem do Correio do Estado

Herói japonês da 2ª Guerra foi 'descoberto' pela reportagem do Correio do Estado

DA REDAÇÃO

17/01/2014 - 18h00
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Hiroo Onoda, soldado imperial japonês que se escondeu em uma selva por quase 30 anos após o fim da 2ª Guerra Mundial para evitar a rendição, morreu nessa quinta-feira, em Tóquio, aos 91 anos.

Após o fim da guerra, antes de voltar a seu país, Onoda morou um tempo em uma fazenda, em Terenos (MS). Na época, a equipe de reportagem do Correio do Estado 'descobriu' o herói japonês.

Um dos jornalistas que entrevistou Hiroo Onoda, Montezuma Cruz escreveu, ano passado, um relato sobre a entrevista para o site Gente de Opinião. Leia abaixo:

"Onoda sai da floresta filipina e vira fazendeiro em Mato Grosso"

Quando Hiroo Onoda foi persuadido a voltar para o Japão, onde o receberam como herói em 1974, seu irmão Tadao o aguardava em São Paulo. Três anos depois de abandonar a Ilha de Lubang, nas Filipinas, onde ficara 30 anos sem saber que a Segunda Guerra Mundial havia acabado, o ex-tenente do Exército e agente secreto Serviço Secreto Japonês voltava à vida civil, tornando-se proprietário de 520 hectares em Terenos, a 53 quilômetros de Campo Grande (MS), onde criaria bois.

Vivíamos no velho Mato Grosso, ainda não dividido. Com a ajuda dos intérpretes Eiji e Massuki Kanezaki, eu e os colegas Hordonês Echeverría e Fausto Brites fomos recebidos por ele na casa construída de peroba, com oito cômodos, quadros nas paredes e área espaçosa, no cerrado, perto da rodovia BR-262. “O Japão pensou que eu havia morrido”, foram suas palavras iniciais para o Correio do Estado.

Onoda, faixa preta em kendô e jogador de beisebol, mostrava-nos um exemplar do livro dele, No surrender My thirty-year war (“Nada de rendição – Meus 30 anos de Guerra”), um tantô (punhal de lâmina de ferro, afiada), uma caixa com “santos da Índia”, um troféu de reconhecimento do governo dos Estados Unidos e cópias de reportagens de jornais a seu respeito.

Diante de nós, um homem com 53 anos que, após o ataque americano ao Sul da China, ignorava o final da guerra e se refugiava na floresta, a 140 quilômetros de Manila, de onde caminhava também para uma região montanhosa a 600m de altitude, dormia no chão e, quando chovia, abrigava-se numa choça de madeira nativa construída com a ajuda de outros refugiados. Comiam bananas com casca, coco, jaca, mandioca, goiaba e outras frutas.

A vida de Onoda foi repleta de aventuras. Ele e os companheiros saqueavam pequenas aldeias em Lubang, abatiam bovinos, geralmente de pouco peso. A carne rendia o suficiente para o abastecimento durante um ano. Quando era impossível capturar bezerros e vacas, eles caçavam búfalos e cavalos, preparando carne seca.

Os companheiros foram embora em 1954, restando apenas Onoda, Akatsu, Kozuka e Shimada. Depois, Onoda ficaria sozinho durante um ano e meio, como se fosse um náufrago. Imagine-se a situação do jovem estudante do curso científico em Wakayama que ingressara no Exército aos 20 anos e três anos depois galgava o posto de tenente, logo recebendo a missão de agente secreto.

Para os irmãos dele, Toshio, Tadao, Chie, Shigeo e Ai, ele teria morrido. Ao constatar, por meio de uma carta recebida de familiares, entregue por um desconhecido, que a guerra de fato acabara há muito tempo, Aktasu partia em 1971 para o Japão, enquanto Shimada e Kozuka morriam fuzilados ao tentarem abandonar a ilha, depois de alcançar a costa.

Onoda furtara um aparelho de rádio de uma patrulha costeira filipina e conseguia orientar-se pela posição da lua. Sintonizava rádios da Austrália, Coreia, China, Moscou e Japão.

“Nunca me senti só, não tinha medo de nada, medo para quê?”, relatava-nos. O fuzil guardado por três décadas ele entregaria ao então presidente das Filipinas, Ferdinando Marcos, em 1972. “Sem que o povo de Manila soubesse, voei para lá de helicóptero e depois do ato de rendição, ganhei uma passagem de avião para Tóquio”.

Antes de ir morar em sua fazenda, em Terenos, onde ainda passou um tempo sozinho, Onoda conhecia São Paulo, Santos e Rio de Janeiro. Frequentava associações de imigrantes e se reunia com pecuaristas em Presidente Prudente.

Em dois de maio de 1976, depois de ter 70 pretendentes, Onoda casou-se no religioso com a professora de cerimônias de casa de chá Machie Onuki, então com 38 anos, recém-chegada ao Brasil e recomendada por um superior dele.

A cerimônia celebrada pelo padre Inácio Takeuchi, em São Paulo, contou com a presença de representantes do governo japonês, do então governador paulista, Laudo Natel, e do então deputado Diogo Nomura. Foi documentada por repórteres e cinegrafistas do Canal 8, TV Fuji, e Canal 1, NHK, e do jornal Nihon Hoso Kiokai, órgão oficial nipônico. Em Campo Grande ele fez a união civil, em cerimônia no Cartório Santos Pereira, cujas fotos o jornalista Fausto Brites guarda como lembrança.

NOTA

Quinze anos depois do "furo" do Correio do Estado, a TV Globo "descobriu" Onoda em Mato Grosso do Sul.

"Gancho"

Detran-MS suspendeu quase 20 mil habilitações em 2025

Do total, cerca de 14 mil condutores foram suspensos por excesso de pontos na CNH

22/12/2025 18h00

Foto: Arquivo / Correio do Estado

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O Detran suspendeu quase 20 mil Carteiras Nacionais de Habilitação (CNHs) em Mato Grosso do Sul ao longo de 2025. As penalidades foram aplicadas a motoristas que ultrapassaram o limite de pontos ou cometeram infrações que resultam em suspensão imediata do direito de dirigir.

Do total, cerca de 14 mil condutores foram suspensos por excesso de pontos na CNH, quando o motorista atinge 40, 30 ou 20 pontos em um período de 12 meses, conforme a quantidade de infrações gravíssimas, outros 5.565 motoristas perderam o direito de dirigir por suspensão direta, aplicada em casos como conduzir o veículo em velocidade superior a 50% do limite permitido, entre outras infrações previstas em lei.

Todos os 19.565 motoristas foram afastados temporariamente das vias e obrigados a realizar o Curso de Reciclagem, exigido para recuperar a habilitação.

Infrações 

Até 16 de dezembro de 2025, o estado registrou 976.157 infrações de trânsito. O excesso de velocidade respondeu por 44,06% das autuações, somando casos de até 20%, de 20% a 50% e acima de 50% do limite permitido.

Outras infrações mais recorrentes em 2025 foram avançar sinal vermelho ou parada obrigatória, não usar cinto de segurança e uso de celular ao volante. Mais de 4.500 motoristas também foram penalizados por recusar o teste do bafômetro.

Cassação

Ao longo dos últimos 12 meses, 2.735 condutores tiveram a CNH cassada por reincidência, principalmente por continuarem dirigindo mesmo após a suspensão. A cassação impede o motorista de dirigir por um período mais longo e exige novo processo de habilitação.

O número de recursos administrativos apresentados de forma digital também aumentou. Em 2025, foram registrados 3.862 recursos online, crescimento de 16% em relação ao ano anterior. Em 2022, foram 1.032 recursos digitais; em 2023, 1.247; e em 2024, 3.227.

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Os serviços podem ser acessados pelo Portal de Serviços, aplicativo Meu Detran MS e atendimento via WhatsApp.

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PARALISAÇÃO

Prefeitura e Governo Estadual afirmam que repasses à Santa Casa estão em dia

Além da verba repassada pelo convênio entre Município, Estado e Governo Federal, o Executivo alega que aporta R$ 1 milhão extra, por mês, pagos desde o início do ano

22/12/2025 17h30

Os profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa reivindicam pelo pagamento do 13º salário

Os profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa reivindicam pelo pagamento do 13º salário Marcelo Victor / Correio do Estado

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A Prefeitura Municipal de Campo Grande emitiu nota, durante a tarde desta segunda-feira (22), para afirmar que os repasses financeiros estão em dia com o Hospital Santa Casa. Além disso, também relata que aporta, mensalmente, R$ 1 milhão extra à instituição.

Atualmente, a Santa Casa recebe R$ 392,4 milhões por ano (R$ 32,7 milhões por mês) do convênio entre Governo Federal, Prefeitura de Campo Grande e Governo do Estado para atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS).

Confira a nota do Município:

"A Prefeitura de Campo Grande está rigorosamente em dia com todos os repasses financeiros de sua responsabilidade destinados à Santa Casa. Desde o início deste ano vem, inclusive, realizando aportes extras de R$ 1 milhão mensais.

Diante do cenário de greve, o Executivo tem adotado todas as medidas possíveis para colaborar com a instituição neste momento, mantendo diálogo permanente, buscando alternativas que contribuam para a regularidade dos atendimentos e a mitigação de impactos à população".

Além da Prefeitura, o Governo do Estado também se manisfestou sobre os recursos repassados ao hospital. Através da Secretaria Estadual de Saúde (SES) negou estar em débito com a Santa Casa e, por isso, não pode ser responsabilizado pelo pagamento do 13º salário aos servidores. 

Em nota, a Secretaria também afirmou que vem realizando um pagamento extra aos hospitais filantrópicos do Estado nos últimos anos, a fim de auxiliá-los nos custos e no cumprimento de suas obrigações. 

Além disso, a pasta afirmou que todos os pagamentos destinados à Santa Casa são feitos ao Município de Campo Grande, sempre no quinto dia útil. 

O balanço divulgado pela SES mostrou que, de janeiro a outubro de 2025, foram repassados R$ 90,7 milhões, distribuídos em R$ 9,07 milhões mensais. Na parcela referente aos mês de novembro, houve um acréscimo de R$ 516.515, o que elevou o repasse mensal ao hospital para R$ 9,59 milhões. 

“O Estado está integralmente em dia com suas obrigações. Cabe destacar que, além dos repasses obrigatórios, em 2025 o governo estadual já destinou mais R$ 25 milhões em recursos oriundos da bancada federal para atender a Santa Casa de Campo Grande”, ressaltou a nota da SES.

Greve

A paralisação das atividades dos profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa nesta segunda-feira (22) foi motivada pela falta de pagamento do 13º salário. 

O movimento afeta, até o momento, 30% dos serviços oferecidos no hospital, resultando em 1.200 funcionários “de braços cruzados”, entre profissionais do atendimento (consultas eletivas, cirurgias eletivas, enfermaria, pronto socorro, UTI, etc), limpeza (higienização de centros cirúrgicos, consultórios, banheiros, corredores, etc), lavanderia (acúmulo de roupas utilizadas em cirurgias ou exames) e cozinha (copa).

Na última sexta-feira (20), a Santa Casa alegou que não tinha dinheiro para o pagamento do benefício aos servidores, e propôs o parcelamento do 13º salário em três vezes, em janeiro, fevereiro e março. 

No entanto, a proposta não foi aceita pelos profissionais, que foram às ruas pedindo pelo pagamento integral do salário, em parcela única. 

De acordo com a Lei nº 4.090/1962, o 13º pode ser pago em duas parcelas: uma até o dia 30 de novembro e outra até o dia 20 de dezembro, sem atrasos.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Enfermagem, Lázaro Santana, explicou que a movimentação não se trata de uma greve, mas sim, de uma paralisação, e que os serviços estarão funcionando em períodos. 

“Nós não estamos de greve, estamos fazendo paralisações por período. A gente só vai voltar a hora que o dinheiro estiver na conta. Qualquer 30% que você tira da assistência, isso pode gerar uma morosidade, não uma desassistência, mas uma morosidade no atendimento”, explicou ao Correio do Estado. 

Segundo Santana, Estado e Município dizem que os pagamentos estão em dia.

“Ninguém sabe quem está certo, porque o governo fala que está fazendo tudo em dia, o município também, e a Santa Casa fala que não. Só que toda essa falta de comunicação, esse consenso que eles não chegam nunca gera esse tipo de problema, porque hoje nós estamos reivindicando ao pagamento do décimo, mas durante todo o ano paralisamos também cobrando o pagamento do salário do mês. Isso gera um transtorno muito grande. O que a Santa Casa alega é que ela depende de reajuste de melhorias no contrato para poder honrar o compromisso”.

 

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