Neste ano, o Pantanal sul-mato-grossense já foi atingido por milhares de queimadas – e a estimativa é de que 21,6% de seu território no Estado tenham sido devastados pelo fogo. De acordo com dados do Corpo de Bombeiros, no início do segundo semestre os incêndios na região destruíram cerca de 2,5 milhões de hectares e, agora, os focos que tiveram início no fim do mês passado já chegaram a 139.700 hectares.
Ao todo, 147 pessoas trabalham na região para conter as chamas e mais 35, vindas do Corpo de Bombeiros de Brasília (DF), devem começar a atuar nesta quarta-feira. Eles já estiveram no Estado este ano para combater focos de incêndio na região. O grupo de Brasília atuou por 11 dias nas queimadas no local.
Além dos bombeiros de Mato Grosso do Sul e do Distrito Federal, brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), homens do Exército Brasileiro, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal e funcionários da fazenda BR-PEC atuam no combate.
RISCOS
Mato Grosso do Sul tem 65% do território total do Pantanal (18.781.800 hectares), o que corresponde a pouco mais de 12 milhões de hectares. Desse valor, 2,6 milhões já foi devastado pelo fogo neste ano: apenas em Corumbá, cidade que concentra a maior parte do bioma, foram registrados 5.879 focos de incêndio até a segunda-feira, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
A maior dificuldade encontrada pelos bombeiros de Mato Grosso do Sul é chegar até o local das queimadas, já que a corporação do Estado não possui todos os equipamentos necessários – como aviões para levar a equipe e também para transportar água.
Por conta disso, a corporação tem contado com a ajuda de colegas de outros estados, como Mato Grosso e Distrito Federal, que chegaram a disponibilizar bombeiros e aviões para a região.
Até o fim de semana passado, um avião Air Tractor do Mato Grosso ajudou a combater as chamas no Pantanal, mas retornou para o estado de origem porque a aeronave atingiu o limite de horas de voo e precisou de manutenção. Entretanto, outro avião do mesmo modelo, vindo de Brasília, chegou para auxiliar os bombeiros. Duas aeronaves semelhantes foram disponibilizadas pelo ICMBio.
AUMENTO DE CASOS
Este ano, o Estado já registrou aumento de 515% no número de focos de incêndio, conforme o Inpe. Até a segunda-feira, foram 11.005 focos registrados no Estado contra 2.134 focos de 1º de janeiro até o dia 4 de novembro do ano passado.
Só nos primeiros quatro dias deste mês, são 736 focos registrados em Mato Grosso do Sul, que lidera o ranking dos estados brasileiros com mais queimadas em novembro. O segundo colocado é o Pará, que tem parte da Floresta Amazônica, com 671 focos.
Apenas na segunda-feira, foram registrados 360 focos de incêndio ativos no Estado. Desses, 181 em Corumbá, 101 em Miranda, 31 em Aquidauana e 28 em Porto Murtinho, cidades que têm parte do bioma em seu território. Entre as 10 cidades brasileiras com maior número de focos de incêndio neste ano, duas são de Mato Grosso do Sul. Corumbá lidera o ranking do Inpe, com 5.879 focos, já Porto Murtinho vem na 10ª colocação, com 1.451.
Um desses focos, em Miranda – a 208 km de Campo Grande –, chegou perto da rodovia BR-262 durante a noite de segunda-feira. O Corpo de Bombeiros e a PRF atuaram na região para conter as chamas e controlar o trânsito.
De acordo com os bombeiros, o fogo virou no sentido da rodovia durante a noite, por volta das 19h. Equipes da PRF sinalizaram a pista para controlar o fluxo, mas o trânsito não precisou ser interrompido porque as chamas não chegaram a alcançar a pista – apenas a fumaça dificultou a visibilidade. Conforme a PRF, o fogo se estendeu por uma faixa de 8 km ao longo da rodovia.
Duas equipes de combate a incêndio dos bombeiros, com a ajuda de um caminhão-pipa, atuaram durante toda a noite para evitar a propagação do fogo no local.