Após conversas na semana do trabalhador, as entidades e grupos organizados em busca da reforma agrária em Mato Grosso do Sul negociaram termos e acordaram a retirada dos manifestantes da ocupação em Campo Grande, o que permitirá a retomada dos atendimentos na sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) já na próxima segunda-feira (05).
As manifestações do chamado Abril Vermelho começaram no final de semana do dia 26 e se estenderam até o dia primeiro de maio, com ocupações de imóvel rural, manifestação em rodovias e ocupação das Superintendências do MDA e do INCRA em Mato Grosso do Sul.
Conforme repassado pela superintendência local do Incra, a decisão de deixar a sede do Instituto vai de encontro com a organização dos manifestantes de se prepararem para o encontro em Brasília, nas próximas semanas, com audiência marcada para o dia 19 de maio.
Como adiantado pelo Correio do Estado antes do feriado do Dia do Trabalho, os bloqueios feitos por esses manifestantes buscavam chamar atenção das agendas do ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, e do presidente do Incra, César Fernando.
Eles alegam ações insuficientes, por parte do atual governo, para atender as categorias de trabalhadores e trabalhadoras rurais sem terra, pedindo por ampliação e aceleração da política de reforma agrária em Mato Grosso do Sul
Relembre
Nas primeiras horas da manhã de 30 de abril era levantada o último ato de manifestação, que em Campo Grande se refletiu no bloqueio de trecho da rodovia BR-163m, na saída da Capital para São Paulo.
Cabe apontar que a pauta dos "sem terra" é considerada pelos seus integrantes como uma "luta unitária", envolvendo não somente o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra - apesar da maior popularidade desse grupo-, mas ainda a União Geral (UGT) e Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e as Ligas Camponesas e Urbanas do País (LCU-BR), por exemplo, entre outras.
No mesmo dia que os manifestantes ergueram esse ponto de bloqueio, durante agenda para lançamento da plataforma MS Qualifica Digital, Eduardo Riedel afirmou ser contra o fechamento e que não deixaria os entraves nas negociações entre os "sem terra" e o Governo Federal impactar a vida dos demais sul-mato-grossenses.
Na manhã do sábado (26 de abril), um grupo com cerca de trezentos integrantes das famílias do MST começaram uma ampliação do Acampamento Esperança, localizado à beira da rodovia MS-379, onde cerca de 270 famílias vivem há cerca de dois anos.
Com a movimentação de sábado houve cerco policial ao acampamento na primeira noite de ocupação, com o grupo acuado ao serem vigiado por drones e visitado por agentes, que diziam que a partir de domingo (27) haveria ação de desocupação, tendo dois trechos de acesso pela rodovia bloqueados.
Imagens feitas do local da ocupação, que circulam pelas redes sociais, mostravam ônibus da Polícia Militar junto de caminhões, viaturas e escavadeiras que trancaram o acesso da rodovia.
Na manhã de domingo, equipes da Polícia Militar, Tropa de Choque e Departamento de Operações Especiais da Fronteira (DOF) começaram a ação de despejo, que terminou no uso de disparos de bombas de efeito moral.
A negociação aconteceu após chegada de integrantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que ajudaram a apaziguar os ânimos. Segundo o Governo Federal, a área é alvo de negociação com a empresa proprietária, com o intuito de destinar a terra improdutiva há mais de uma década para a Reforma Agrária.


