De janeiro a julho deste ano, uma criança e quatro adolescentes morreram em Campo Grande, vítimas de homicídio doloso. Esse número representa 7,24% dos casos de homicídio na Capital, que somam 69 até o momento, segundo a transparência da Secretaria de Estado de Segurança e Justiça Pública (Sejusp). Desde 2017, quando quatro crianças e oito adolescentes morreram no decorrer do ano, o índice não ultrapassava os 7%.
Há sete anos atrás, 12 crianças e adolescentes foram vítimas de homicídio doloso, isso significa 7,94% dos casos totais, que fecharam o ano em 151 mortes. Nos anos seguintes, os índices foram diminuindo, e em 2021 atingiu a menor taxa dos últimos anos, de 1,61% dos casos totais de homicídio doloso, com a morte de uma criança e um adolescente durante todo o ano.
CENTRO INTEGRADO
Prometido no ano passado, após a repercussão do caso da menina Sophia, que foi morta após uma série de violências sofridas, o Centro Integrado de Atendimento à Criança e ao Adolescente ainda não saiu do papel.
Em janeiro, o governo do Estado recebeu da União, a doação de um terreno de quase 6 mil metros quadrados, em frente a Casa da Mulher Brasileira em Campo Grande, para que a unidade especializada no atendimento de crianças e adolescentes fosse construída no local.
Segundo publicação do governo do Estado, na ocasião foi realizada a assinatura do contrato de doação dos imóveis da União ao Estado, para que pudesse começar as demais etapas. A autorização da doação do imóvel foi publicada no Diário Oficial da União em dezembro de 2023.
No entanto, até o momento a Sejusp, que será a responsável pela gestão do local, relatou em nota que a equipe de engenharia da secretaria está fazendo adequações no projeto, e a Secretaria de Estado de Administração (SAD) está “providenciando a transferência do terreno da União para o Governo de Mato Grosso do Sul”.
Além disso, a pasta afirma ainda que “em seguida será elaborada uma planilha de custo, a partir daí a Agesul fará a licitação. O valor da obra é estimado em R$7,5 milhões e a previsão é de que o Centro de Atendimento seja entregue ainda no atual governo”.
No início do ano, o governo publicou uma matéria informando que a obra já teria recursos destinados e projetos concluídos, recebendo investimentos de aproximadamente R$7 milhões.
Na época, o secretário adjunto da Sejusp, coronel Ary Carlos Barbosa, chegou a falar que estavam dando um “grande passo”, os governos estadual e federal, na construção do Centro.
Ainda segundo publicado em janeiro pelo governo, o “centro deverá seguir os moldes da Casa da Mulher Brasileira, com atendimentos por triagem, apoio psicossocial, registro de ocorrências, exames de corpo de delito e encaminhamentos imediatos das vítimas de violência para os órgãos de proteção quando necessário”.

CASOS
Enquanto o Centro Integrado de Atendimento à Criança e ao Adolescente em Campo Grande não tem prazo para início da construção, a Capital segue com casos de mortes de crianças e adolescentes.
Em fevereiro deste ano, um bebê de dois anos e meio morreu na Santa Casa, após passar 20 dias em coma, vítima de violência, e os suspeitos são a mãe e o padrasto. Na época, os dois responsáveis pela criança tentaram alegar à polícia que o menino tinha sido vítima de um acidente, mas após perícias feitas na casa dos investigados, essa hipótese foi descartada.
O caso foi no dia 23 de janeiro, quando a mãe e o padrasto chamaram socorro após o bebê desmaiar e afirmaram que o menino tinha caído na rua, onde estavam. Entretanto, mudaram de versão algumas vezes no decorrer do tempo que a criança era atendida. Ele teve trauma na cabeça, acúmulo de líquido, lesões no pulmão e fígado, hematomas no abdômen e escoriações na perna.
Sophia de Jesus O’campo, foi um caso que chamou atenção dos campo-grandenses e de autoridades. A menina de dois anos, chegou sem vida a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), levada pela mãe, que é uma das acusadas de ter matado a criança.
Além de Stephanie de Jesus da Silva, o padrasto da menina, Christian Campoçano Leitheim, também responde pelo crime. O julgamento dos dois deveria ter ocorrido em março deste ano, mas foi retirado de pauta após pedidos de apelações das defesas dos réus.Eles são acusados de homicídio empregado por maneira cruel e motivo fútil. Christian responderá ainda por estupro e Stephanie por omissão.
Saiba
Até julho deste ano, Mato Grosso do Sul registrou duas mortes de crianças, oito de adolescentes e 203 casos de homicídio doloso no total.