Cidades

INSEGURANÇA

Invasões a imóveis desocupados se tornam recorrentes em Campo Grande

Casas e salões comerciais para aluguel ou venda viram alvo da ocupação de usuários de drogas

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A movimentação dos usuários de drogas já prejudica o mercado imobiliário de compra e aluguel, em Campo Grande. À espera de um comprador para a sua casa, no Bairro Ramez Tebet, a auxiliar de saúde bucal Silvana Pereira teve de lidar com a ocupação da residência por dependentes químicos, um transtorno cada vez mais frequente no município.  

Ao Correio do Estado, Pereira relatou que foi avisada por vizinhos de que sua propriedade havia sido invadida.  

“No dia 1º de abril, eu fiquei sabendo que o imóvel foi invadido e que uma família já estava instalada no local. No dia seguinte, fui até a casa para conversar com os invasores, que alegaram que compraram a casa de terceiros, e, ao questionar sobre quem seria o vendedor, não conseguiram me fornecer nem mesmo um nome”, relatou.  

De acordo com Pereira, após não ter sucesso em resolver a invasão de forma amigável, ela recorreu à polícia, no dia 5 de abril, para registrar um boletim de ocorrência. Na delegacia, a auxiliar de saúde bucal descobriu que o homem que invadiu a sua propriedade havia sido liberado da prisão 15 dias antes do ocorrido.  

“Ele tinha várias passagens e, entre os crimes, invasão a imóveis era recorrente. Eu só consegui de fato a reintegração de posse em 2  junho”, afirmou Pereira.

Segundo o artigo 150 do Código Penal, “entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências gera pena de detenção, de um a três meses, ou multa’’.

Conforme Pereira, os dois meses de transtorno pela invasão ainda perduram. “Os invasores fizeram ligações clandestinas de água e luz, mais um prejuízo que ficou para nós em uma casa que estava pronta para a venda”, disse.  

Para coibir novas invasões, um parente de Pereira reside e cuida do imóvel enquanto ele não é comercializado. O caso da residência da auxiliar de saúde bucal não é um caso isolado.  

Na Avenida das Bandeiras, na Vila Carvalho, comerciantes relatam que um imóvel que está à venda foi invadido por usuários de drogas há mais de um ano e causa diversos prejuízos na região.

O empresário Eurico Clemente, 71 anos, relatou que os usuários de drogas já depredaram o que era possível na residência, localizada perto de seu comércio.  

“O pessoal que invadiu já vendeu absolutamente tudo o que era viável, acabaram com a casa e tomaram posse de vez. Todos os dias, pela manhã, chegam novas pessoas para usar ou vender as substâncias”, disse. Segundo Clemente, em um ano e meio, sua empresa foi assaltada seis vezes.  

“No meu comércio, o padrão de energia já foi roubado seis vezes em um ano e meio. Antes, eles levavam os fios de cobre, agora eles furtam os fios e todo o relógio de energia junto. Não adianta chamar a polícia, enquanto ainda estamos tentando fazer o boletim de ocorrência, os usuários de drogas já estão soltos. Não tem lei para esse pessoal”, desabafou.

ALTERNATIVAS

A corretora de imóveis Fabiana Reis orientou que, para coibir as invasões aos imóveis, que estão cada vez mais recorrentes, o ideal é que, se o local está para venda, que ele seja disponibilizado para aluguel.  

“Percebemos que isso acontece com frequência em imóveis no Centro e nos bairros mais afastados. Orientamos que os proprietários coloquem para locação, para gerar renda e para que a residência ou o ponto comercial não fique à mercê de invasões”, disse.  

Atuando na área de monitoramento há mais de 10 anos, Liosmar Almeida relata que a procura pelos serviços de vigilância aumentou muito nos últimos meses. Em alguns casos, os proprietários optam, inclusive, por custear a presença de um vigilante por 24 horas no imóvel.  

“As invasões atingem todas as áreas da cidade, e em alguns imóveis colocamos pessoas 24 horas para coibir as ações de furto e ocupação. Eu acredito que a tendência é de aumento desse tipo de crime, a polícia não consegue combater na mesma proporção que os casos acontecem”, afirmou.  

Almeida relatou ainda que, além das invasões, os usuários de drogas costumam depredar e vender tudo o que for possível dos imóveis.  

“Em algumas residências e espaços comerciais que começamos a cuidar, notamos que toda a fiação foi furtada e que houve ligações clandestinas de água e luz. Em alguns espaços, levaram até mesmo a cerca elétrica. O pior, na minha opinião, é quem recepta e compra esses materiais roubados”, pontuou.  

Conforme Almeida, o serviço de monitoramento pode variar de R$ 4 mil a R$ 8 mil. “Isso varia de acordo com o serviço que prestamos. Para cuidar de uma grande área, com a nossa equipe visitando o local todos os dias, cobramos por volta de R$ 4 mil. Se eu preciso instalar um vigilante para ficar 24 horas no imóvel, o preço já vai para R$ 8 mil”, comentou.  

MOTIVAÇÕES

O secretário municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana, Luís Eduardo Costa, pontuou que há várias possibilidades para este aumento de crime na Capital.

“É um fenômeno social com muitas possibilidades, passamos por uma pandemia, temos mais pessoas na rua e, infelizmente, quando existe uma casa ou comércio abandonado, tem sempre a possibilidade de invasão”, salientou.  

O titular da Semadur frisou ainda que a prefeitura da Capital tem lidado de forma recorrente com invasões a áreas públicas.  

ACOLHIMENTO

Conforme a Secretaria Municipal de Assistência Social (SAS), as equipes de abordagem percorrem todos os dias a região central, principalmente nas imediações da antiga rodoviária. O objetivo preliminar é estabelecer vínculos com os usuários.  

A SAS ressalta ainda que apenas as pessoas que aceitam o acolhimento são encaminhadas para receber a ajuda necessária. Conforme a secretaria, no caso das pessoas que fazem uso de alguma substância psicoativa, elas são levadas, caso seja de sua vontade, para uma das 11 comunidades terapêuticas, trabalho realizado em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos (SDHU).

SAIBA

Segundo o artigo 150 do Código Penal, “entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências gera pena de detenção de um a três meses, ou multa’’.

atraso nas chuvas

Nível do Rio Paraguai começa a subir e traz alento à mineração

Nos últimos 12 dias subiu 24 centímetros na régua de Ladário, mas ainda está longe de alcançar o nível ideal para o transporte de minérios

20/12/2025 18h30

Parte dos embarques de minérios é feita próximo da área urbana de Ladário, mas o volume maior ocorre em Porto Esperança

Parte dos embarques de minérios é feita próximo da área urbana de Ladário, mas o volume maior ocorre em Porto Esperança

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Depois de chegar a 3,31 metros na régua de Ladário no dia 16 de julho, o nível do Rio Paraguai estava baixando ininterruptamente até o dia 8 de dezembro, quando atingiu a mínima de apenas 24 centímetros. Depois disso, começou a subir, mas tardiamente. No ano passado ele começou a subir quase dois meses mais cedo.

E, apesar de até agora as chuvas terem sido escassas na região norte de Mato Grosso do Sul e no sul de Mato Grosso, o nível do rio está melhorando nos últimos 12 dias e neste sábado amanheceu  em 54 centímetros. O nível ainda está longe do necessário, mas já traz alívio para o setor de transporte de minérios, que está praticamente parado faz dois meses. 

Nos dez primeiros meses do ano foram escoados, segundo dados da Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq), 7,6 milhões de toneldas de minérios pela hidrovias, batendo todos os recordes de movimentação. Incluindo grãos e outros produtos, o volume transportado pelo Rio Paraguai chega a 8,2 milhões de toneladas em dez meses de 2025.

Em 2023, que até então era o melhor ano do setor, o volume de minérios havia chegado a 5,6 milhões de toneladas nos dez primeiros meses do ano. Naquele ano, porém, havia muito mais água no rio e o pico da cheia chegou a 4,24 metros. Depois que ultrapassa os quatro metros em Ladário o rio começa a transbordar e a alagar a planície pantaneira.

No ano passado, quando atingiu seu pior nível da história, com 69 centímetros abaixo de zero na régua de Ladário, as chuvas fortes chegaram mais cedo e o Rio Paraguai começou a subir já a partir do dia 17 de outubro. 

Por conta disso, no dia 20 de dezembro já estava em 94 centímetros, o que é 40 centímetros acima do nível em que amanheceu neste sábado (20). Estas chuvas logo no início da temporada, em setembro do ano passado, foram fundamentais para que o transporte de minérios fosse retomado logo no começo de 2025.

O cenário, porém, será diferente no começo de 2026. Sem as dragagens que estão previstas no projeto de concessão da hidrovia, o nível ideal para o transporte é acima de 1,5 metro. Porém, as barcaças ainda descem pela hidrovia, com volume menor, até que o rio tenha em torno de um metro na régua de Ladário. 

E, como até agora os rios subiram pouco na região sul de Mato Grosso, a pespectiva é de que o nível em Ladário só chegue a 1,5 metro depois de janeiro, atrapalhando o transporte de minérios no primeiro mês do ano. Em janeiro de 2025, por exemplo, foram despachadas 521 mil toneladas de produtos. No final do mês o rio já estava em 1,34 metro. 

O nível se manteve acima de um metro até o dia 20 de outubro deste ano. No dia primeiro daquele mês ainda estava em 1,79 metro, mas recuou rapidamente e no final do mês estava em apenas 66 centímetros. Mesmo assim, segundo a Antaq, ainda foram despachadas 678 mil toneladas de minérios, o que equivale ao volome de cerca de 14 mil carretas bi-trem somente em outubro. 

TRIBUTÁRIOS IMPORTANTES

Embora os rios Miranda e Aquidauana desemboquem no Rio Paraguai abaixo da régua de Ladário, a água destes dois tributários é fundamental para melhorar a navegabilidade. E, esta semana foi a primeira vez que ambos superaram a marca dos quatro metros, segundo dados do Imasul. 

Na sexta-feira (19), em Aquidauana, o rio com o mesmo nome da cidade alcançou 4,56 metros, o que ainda é 1,5 metro abaixo do nível de alerta. Somente quando supera os 7,3 metros é que entre em situação de emergência. Ou seja, já se passaram quase quatro meses do período de chuvas e o Aquidauana não encheu nenhuma vez. 

Situação parecida ocorreu com o Miranda. Após as chuvas do começo da última semana, ele chegou a 4,48 metros na régua instalada próximo à cidade de Miranda. Ele também só entra em situação de emergência depois que ultrapassa os 7 metros, o que não aconteceu nenhuma vez na atual temporada de chuvas. 

O Rio Coxim, por sua vez, chegou a entrar em nível de alerta ao longo da última semana, ultrapassando os quatro metros. Mas, depois de alcançar 4,16 metros começou a baixar. Somente depois que ultrapassa os cinco metros é que se considera que ele encheu. 

O Rio Piquiri, na divisa com Mato Grosso, que entra em situação de emergência somente depois que ultrapassa os 5,8 metros, estava em apenas 2,12 metros nesta sexta-feira, apesar das chuvas que atingiram a região ao longo da semana. 


 

INCERTEZAS

Gigante da celulose recua e engaveta projeto de R$ 15 bilhões em MS

No fim de novembro a Eldorado informou que ampliaria o plantio de eucaliptos em 2026 de olho da duplicação da fábrica. Agora, porém, diz que esse aumento não sairá do papel

20/12/2025 16h50

A Eldorado, dos irmãos Batista, funciona em Três Lagoas desde 2012 e existe a previsão de que sua capacidade aumente em 100%

A Eldorado, dos irmãos Batista, funciona em Três Lagoas desde 2012 e existe a previsão de que sua capacidade aumente em 100%

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Depois de anunciar, no final de novembro, que a partir do próximo ano pretendia ampliar de 25 mil para até 50 mil hectares o plantio anual de eculiptos na região de leste de Mato Grosso do Sul, a indústria de celulose Eldorado deixou claro nesta semana que engavetou, pelo menos por enquanto, o projeto de expansão. 

Com o recuou, a empresa, que produz em torno de 1,8 milhão de toneladas de celulose por ano, deixa claro que está adiando a prometida duplicação de capacidade de produção da Eldorado, o que demandaria investimentos da ordem de R$ 15 bilhões US$ 3 bilhões), conforme anunciado em abril do ano passado pelos irmãos Joesley e Wessley Batista, donos da empresa. 

Em entrevista ao site AGFeed, especiliazado em agronegócio, o diretor florestal da Eldorado, Germano Vieira, afirmou que a empresa tem atualmente 305 mil hectares de pantações de eucaliptos na região, mas precisa de apenas dois terços disso para abastecer a fábrica. 

Ou seja, a empresa tem em torno de 100 mil hectares de eucaliptos sobrando e este excedente está sendo vendido ou permutado com a Bracell e a Suzano, que opera duas fábricas do setor na região, em Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo. 

Então, caso o comando da Eldorado decida desengavetar repentinamente o projeto da duplicação,  já existe um excedente que seria capaz de abastecer a segunda unidade no período inicial, mesmo que não ocorra o início do plantio extra a partir de 2026, explicou Germano Vieira.

Atualmente são colhidos em torno de 25 mil hectares por ano para abastecer a indústria e o mesmo tanto é replantado, fazendo um giro para que sempre haja florestas "maduras".

São necessários, em média, sete anos para que a planta chegue ao estágio de corte e por conta disso havia a programação de começar o plantio agora (2026) para que houvesse matéria-prima suficiente quando a ampliação da fábrica estivesse concluída. Em três anos é possível fazer a ampliação da indústria, acredita Germando Vieira.  

Uma das explicações para o recuo, segundo a reportagem do AGFeed, é que a Eldorado ainda têm uma série de ajustes financeiros a serem feitos depois que os irmãos Batista conseguiram, em maio deste ano, fechar um acordo e colocar fim a batalha judicial com a Paper Excellence.

Para retomarem o controle total da Eldorado, que funciona em Três Lagoas desde 2012 e havia sido vendida parcialmente em 2017, eles se comprometeram a pagar US$ 2,640 bilhões à canadense Paper, que detinha pouco mais de 49% das ações do complexo industrial.  

Para duplicar a produção, segundo Germando Vieira, serão necessários 450 mil hecteres de florestas. Para chegar a esse montante, a empresa teria que arrendar mais 150 mil hecteres, o que demandaria um investimento da ordem de R$ 180 milhões anuais, já que o arrendamento custa em torno de R$ 1,2 mil por ano por hectare. 

Além disso, somente para o plantio de 25 mil hectares anuais a mais, conforme chegou a ser anunciado, seriam necessários em torno de R$ 220 milhões extras no setor florestal por ano, uma vez que o custo do plantio está na casa dos R$ 8,7 mil por hectare. E isso sem contabilizar os custos com o combate a pragas e combate a incêndios, entre outros. 

No final de novembro, Carlos Justo, gerente-geral florestal da Eldorado, chegou a informar ao site The AgriBiz que 15 mil hectares já haviam sido arrendados para dar início à ampliação do plantiu a partir do próximo ano. 

Preços da celulose

Embora Germano Vieira diga que a demanda mundial por celulose cresça em torno de um milhão de toneladas por ano e por conta disso a Eldorado mantem viva a promessa da duplicação, a empresa pisou no freio em meio à queda nos preços mundiais e ao aumento da oferta. 

Neste ano, o faturamento das três fábricas de Mato Grosso do Sul literalmente despencou. Por conta da ativação da unidade de Ribas do Rio Pardo, que tem capacidade de até 2,55 milhões de toneladas por ano, as exportações de Mato Grosso do Sul aumentaram em 57% nos dez primeiros meses de 2025, passando de 3,71 milhões de toneladas para 5,84 milhões de toneladas. 

Porém, o faturamento cresceu apenas 25,6%, subindo de U$ 2,121 bilhões para U$ 2,665 bilhões. No ano passado, quando a cotação da celulose já não estava nos melhores patamares, o valor médio da tonelada rendeu 570 dólares aos cofres das três indústrias. Neste ano, porém, elas tiveram rendimento médio de apenas 456 dólares, o que representa queda de 20%. 

Em decorrência desta queda nos preços, as indústrias deixaram de faturar em torno de 666 milhões de dólares, ou algo em torno de R$ 3,6 bilhões na moeda local, nos dez primeiros meses deste ano. 

Por conta disso, a Suzano, concorrente da Eldorado, chegou a emitir um alerta no começo de novembro dizendo que os preços internacionais estavam "completamete insustentáveis" e por isso estava reduzindo sua produção em cerca de 3,5%. 

O alerta da Suzano foi feito durante a prestação de contas relativa aos resultados do terceiro trimestre da empresa. E, segundo Leonardo Grimaldi, diretor do negócio de celulose da Suzano, a situação é crítica e “o setor está sangrando há meses”. 

Mas, apresar deste cenário de apreensão, investimentos da ordem de R$ 25 bilhões estão a todo vapor em Inocência, onde a chilena Arauco está instalando uma fábrica que terá capacidade para colocar 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano a partir do final de 2027. 

Outra empresa, a Bracell, pretende começar, em fevereiro do próximo ano, em Batagussu, as obras de uma fábrica que terá capacidade para 1,8 milhão de toneladas por ano. Os investimentos previstos são da ordem de R$ 16 bilhões. 


 

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