Cidades

PRIME

Irmãos traficantes queriam exportar cocaína de Motinha para a Europa

Terceiro grupo investigado em operações da Polícia Federal trabalhava em meio a núcleo familiar e queria expandir negócios

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Os irmãos Marcel Martins Silva e Valter Ulisses Martins, segundo a Polícia Federal, seriam os comandantes da terceira quadrilha envolvida com o tráfico de cocaína e que foram alvos de operações na semana passada.

Conforme a investigação, os dois teriam como fornecedor o traficante Antônio Joaquim Mota, conhecido como “Motinha”, e tinham a pretenção de expandir os negócios, com envio da droga para a Europa.

Segundo apurado pela PF, o grupo exportava cocaína da fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai para Curitiba (PR), cidades de Santa Catarina, Rio de Janeiro (RJ) e o  municípios do Rio Grande do Sul, porém, o objetivo já era de ampliar esses mercados.

A quadrilha foi alvo da Operação Prime, que foi deflagrama em conjunto com a Sordidum, na semana passada, porque uma dependia da outra, já que havia relações entre os líderes dos grupos criminosos.

“Os principais investigados da Operação Prime são dois irmãos, um deles, o irmão mais velho, tem empresa na cidade de Dourados, e desde que ele obteve liberdade em outra operação começou a lavar o dinheiro que estava oculto em nome de outras pessoas. E o irmão mais novo dele assumiu essa função de responsável pela logística do tráfego”, contou o delegado Lucas Vilela, coordenador das operações realizadas na semana passada.

O irmão mais novo seria Valter Ulisses Martins, que segundo aponta a Polícia Federal, era quem tinha contato com fornecedores de cocaína peruanos, bolivianos e com Motinha.

“O principal investidor da Operação Prime tinha uma chácara, uma propriedade de luxo na região de Pedro Juan Caballero, e ele vendeu a chácara para esse traficante [Motinha]. E o pagamento foi num edifício situado em Jandira (SP). Então, por conta dessa negociação, eles precisaram formalizar um contrato em que havia a menção do nome das partes. Por conta desses contratos a gente acabou confirmando a identidade dos envolvidos”, explicou o delegado.

Entre os negócios que supostamente eram usados pelos irmãos para lavar o dinheiro do tráfico está  a loja Primeira Linha Acabamentos, que foi um dos locais alvos da operação na semana passada.

Conforme apuração da PF, por meio dessas empresas, o irmão mais velho fazia a junção entre o dinheiro lícito recebido pelos empreendimentos que eles tinham, com o do tráfico de drogas.

“O terceiro grupo havia essa divisão de tarefas, o irmão mais velho ocupava a função de empresário, responsável pela lavagem, e aí ele fazia uma mescla de capitais lícitos. Ele têm empresas que funcionavam de fato, e aí ele, no ato de funcionamento dessas delas, ele inseria na contabilidade esses valores de origem ilícita, e ele utilizava esse valores para aquisição de bens”, detalhou Vilela.

A PF estima que, apenas com os dados que haviam sido apurados na investigação antes da operação, o patrimônio da quadrilha seja superior a R$ 50 milhões no Brasil e no Paraguai.

Além das empresas de fachada, o grupo, assim como os outros dois, usavam doleiros paraguaios

EUROPA

Apesar de ter uma operação para grandes regiões no Brasil, a Polícia Federal identificou que um dos próximos passos do grupo seria levar a cocaína, entre elas a fornecida por Motinha, para países europeus.

“A gente encontrou conversas do irmão mais novo, do terceiro grupo, em que ele buscava expandir o negócio. Ele falava de procurar ações de importes e fazer essa distribuição para o mercado europeu, que em tese é o que realmente dá dinheiro. Mas aparentemente essas conversas estavam em uma fase embrionária ainda”, relatou o delegado.

Entre as conversas, o delegado relata que o irmão falava em encontrar “canais de escoamento” para a droga, para que ela pudesse chegar até a Europa.

OPERAÇÃO ENIGMA

Os irmãos já haviam sido investigados em outra oportunidade, mas pela Polícia Federal do Paraná. Em 2017 eles foram alvos da Operação Enigma, que mirou organização criminosa suspeita de enviar cerca de 200 quilos de crack e cocaína do Paraguai para Curitiba (PR) mensalmente. 

Por conta desta ação, Marcel chegou a ficar preso e foi condenado a 8 anos e 7 meses de reclusão por lavagem de dinheiro e 15 anos, 11 meses e 10 dias pelo crime de tráfico internacional de intorpecentes.

Ao longo das investigações que motivaram a operação de 2017, foram aprendidos cerca de 400 quilos de droga. Ao todo, 28 pessoas foram presas pela ação da PF do Paraná.

Além de Mato Grosso do Sul e cidades doe Paraná, foram cumpridos mandados em Santa Catarina e São Paulo. 

Foi após essa prisão que Marcel teria tomado a postura de empresário, e deixado a logística do tráfico de drogas para o irmão.

A operação da semana pasada, Marcel foi novamente preso, entretanto, Valter Ulisses não foi encontrado, segundo a PF ele estava em Pedro Juan Caballero e teria conseguido fugir.

MOTINHA

Em junho do ano passado, Antônio Joaquim Mota, conhecido como Motinha, foi alvo da Operação Magnus Dominus (Todo Poderoso, em latim), referência a outro apelido do líder do grupo criminoso, que se autointitula “Dom”, uma referência a Dom Corleone, do filme “O Poderoso Chefão”.

Motinha deveria ter sido preso naquela oportunidade, porém, a Polícia Federal, que realizou a ação em parceria com a polícia paraguaia, acredita que houve vazamento de informações sobre a ação e o megatraficante fugiu de helicóptero de sua fazenda no lado paraguaio.

A organização que já atuou no contrabando de cigarros, aparelhos eletrônicos e agora se especializou no tráfico internacional de drogas. A PF constatou que o grupo possui grande poder bélico, com coletes balísticos, drones, óculos de visão noturna, granadas e armamento de grosso calibre.

Na operação desta semana, Motinha estava entre os alvos, porém, o mandado não foi cumprido porque não se sabe a localização do traficante.

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LOA

Poderes ignoram crise e projetam gastança de era das 'vacas gordas'

Executivo prevê alta de 2,9% nas receitas, mas a Assembleia, TJ, MPE, TCE e Defensoria estimam alta de 7,9% nos gastos

16/12/2025 12h15

Em ano eleitoral, dentre as cinco instituições, o maior aumento de gastos está previsto na Assembleia Legislativa de MS

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Em meio ao cenário de corte de gastos por conta da queda na arrecadação de tributos, a Lei Orçamentária Anual (LOA) do Governo do Estado publicada no diário oficial desta terça-feira revela que os chamados Poderes estão longe de qualquer crise.

Prova disso é que seus orçamentos para o próximo ano cresceram 7,9%. Enquanto isso, a estimativa de crescimento geral de receitas do Executivo, responsável pelos repasses a estes órgãos públicos, teve acréscimo de apenas 2,9%. 

Na LOA do ano passado o Governo do Estado estimava despesas e receitas da ordem R$ 26,402 bilhões. Para o próximo ano, a expectativa é de que o montante passe para R$ 27,190 bilhões. O crescimento de 2,9% fica está abaixo do índice oficial da inflação dos últimos 12 meses, que é de 4,46%. Ou seja, em valores reais orçamento de 2026 está menor que o deste ano. 

Ao mesmo tempo,  a Assembleia Legislativa, o Tribunal de Contas, o Tribunal de Justiça, o Ministério Público e a Defensoria Pública fizeram orçamentos prevendo aumento médio de 7,9% em seus duodécimos, que passarão de um máximo de R$ 3,353 bilhões para R$ 3,620 bilhões. 

Os mais afoitos para aumentarem seus gastos foram os deputados, que passaram de um orçamento R$ 520.202.200,00 para R$ 567.574.000,00, o que representa aumento de 9%, ou mais que o dobro da inflação dos últimos  12 meses. 

A Defensoria Pública, que historicamente se dizia  o "primo pobre" dos poderes, aparece em segundo lugar neste ranking de aumento na gastança. Sua proposta orçamentária teve um acréscimo de 8,6%, saltando de R$ 347.325.900,00 para R$ 377.319.900,00. 

Logo em seguida aparece o Ministério Público, que tem a atribuição legal de fiscalizar a legalidade e a moralidade dos gastos públicos, com aumento de 8,3% na previsão de gastos. O orçamento anual subiu de R$ 705.520.700,00 R$ 767.151.800,00. 

O Tribunal de Justiça, o mais caro de todos, simplesmente acrescentou R$ 100 milhões e está elevando seu orçamento dos atuais  R$ 1.364.912.200,00 para R$ 1.464.780.100,00, o que equivale a um acréscimo de 7,3%.

Por último, mas também com um índice mais de 100% acima do percentual do Executivo, aparece o Tribunal de Contas, que está elevando em 6,9% seu orçamento, que passa de R$ 415.307.900,00 para R$ 444.019.300,00. 

Praticamente 90% destes valores são destinados ao pagamento de salários e justamente por conta dos generosos repasses do Executivo é que existem os supersalários, principalmente no Tribunal de Justiça, no Ministério Público e no Tribunal de Contas. 

CORTE DE GASTOS

E, ao mesmo tempo em que os aumentos de orçamento nos Poderes apontam para a criação de novos benefícios salariais, o Executivo deixa claro que está prevendo uma espécie de arrocho. 

Na LOA publicada no fim do ano passado, a administração central destinou R$ 14.159.962.800,00 para despesas com pessoal e encargos. Para o próximo ano, estão sendo destinados R$ 12.986.205.400,00,  o que representa redução de 8,3%. 

Situação parecida está prevista no que se refere às despesas com custeio, que devem recuar de R$ 7,69 bilhões para R$ 6,37 bilhões. Despesas com custeio envolvem, entre outros, gastos com combustíveis, energia, água e material de consumo nas diferentes secretarias. 

Mas, em ano eleitoral, os repasses aos deputados para as chamadas emendas parlamentares terão um generoso aumento, de 33%. O orçamento do ano passado previu R$ 72 milhões. Agora, serão R$ 96 milhões. Isso significa que cada deputado terá R$ 4 milhões para agradar suas bases eleitorais. Em 2025 este valor foi de R$ 3 milhões. 

 

FISCALIZAÇÃO

Em meio a crise, TCE faz pente fino em postos de saúde

Fiscalização do Tribunal de Contas começou nesta terça-feira (16) por unidade do Guanandi e vai avaliar 74 UBS e unidades de saúde da família em Campo Grande

16/12/2025 11h45

Ao todo, 74 unidades de saúde da Capital serão avaliadas ao longo da ação

Ao todo, 74 unidades de saúde da Capital serão avaliadas ao longo da ação Marcelo Victor

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Em meio às reclamações da população e denúncias de desabastecimento de medicamentos, o Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul (TCE-MS) iniciou, na manhã desta terça-feira (16), mais uma etapa da II Fiscalização Ordenada da Atenção Primária à Saúde nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Saúde da Família de Campo Grande. A primeira unidade visitada foi a UBS Dona Neta, localizada no bairro Guanandi.

Ao todo, 74 unidades de saúde da Capital serão avaliadas ao longo da ação, que integra o calendário anual de fiscalizações do órgão e ocorre em um momento considerado sensível para a rede pública municipal de saúde.

Equipes formadas por auditores do TCE-MS percorrem as unidades para inspeção física, registros fotográficos, análise documental, entrevistas com servidores e usuários, além da aplicação de questionários técnicos.

Segundo o Tribunal, o objetivo é levantar um diagnóstico situacional detalhado das unidades, identificar falhas e apontar oportunidades de melhoria, como a elaboração de planos de ação que garantam atendimento mais eficiente à população.

A Atenção Primária à Saúde é considerada a principal porta de entrada dos usuários no Sistema Único de Saúde (SUS) e responde, em média, por cerca de 80% das demandas de saúde da população, resolvendo diretamente os casos ou encaminhando para níveis mais especializados de atendimento.

De acordo com o chefe de fiscalização de saúde do TCE-MS, Haroldo Oliveira Souza, a escolha pela atenção primária não é aleatória. “A nossa estratégia foi começar pela atenção primária porque ela impacta diretamente a população. É o primeiro contato que as pessoas têm com o SUS e onde muitos problemas podem ser resolvidos de forma mais rápida”, explicou.

Ele destacou ainda que a fiscalização em Campo Grande representa a etapa final de um trabalho iniciado ao longo do ano em municípios do interior do Estado. “Nós somos divididos por regiões de atuação e a Capital fecha esse ciclo de fiscalizações em 2025”, afirmou.

Infraestrutura, medicamentos e recursos 

Durante as visitas, os auditores seguem uma metodologia baseada em critérios da Política Nacional de Atenção Básica. Entre os principais pontos avaliados estão a infraestrutura das unidades, a distribuição e o acondicionamento de medicamentos, a disponibilidade de recursos humanos, além de itens como atendimento à gestante, imunização, equipamentos, informações aos usuários e fluxo assistencial.

A fiscalização funciona como um checklist. “O auditor confere item por item. Se algo não estiver de acordo com os critérios, isso vira um achado de auditoria”, explicou Haroldo. Esses achados são consolidados em um relatório que será encaminhado ao conselheiro relator, responsável por definir as providências, que podem incluir recomendações, orientações e até sanções.

A ação também foi impulsionada por denúncias recentes de desabastecimento de medicamentos em unidades da Capital, amplamente divulgadas por entidades médicas e pela imprensa.

“Dentro da nossa teoria do controle externo, a oportunidade é um fator importante. Nós já tínhamos a metodologia pronta, mas, diante das notícias sobre desabastecimento e da crise aparente na saúde de Campo Grande, decidimos ampliar e concluir esse trabalho agora, para colaborar com a solução do problema”, afirmou o chefe de fiscalização.

População cobra fiscalização

Para o TCE-MS, a iniciativa atende a uma demanda direta da sociedade. Segundo a diretora de controle externo do TCE-MS, Valéria Saes Cominale, que participa da ação, a saúde pública foi apontada como uma das principais áreas que a população deseja ver fiscalizada.

“Quase 50% da população, em consultas do nosso Plano Anual de Fiscalização Participativa, clamou por fiscalizações na área da saúde. Diante das denúncias e do que temos observado nas nossas matrizes de risco, ficou claro que Campo Grande precisava entrar nesse circuito de auditorias”, explicou.

Ela reforçou que o impacto da fiscalização é direto na vida dos usuários. “Avaliamos desde a estrutura física até a forma como a população é recepcionada. O cidadão tem direito a um bom serviço público, e é dever do Tribunal fiscalizar como esse serviço está sendo prestado.”

Na prática, os problemas apontados pelo Tribunal refletem o dia a dia de quem depende da rede básica. A doméstica Sueli Moreira de Oliveira, que buscava atendimento em uma unidade da Capital, relatou dificuldades para conseguir consulta médica.

“É a terceira vez que eu tento. Vim ontem e hoje de novo. Cheguei hoje às 5h30 da manhã e estou esperando até agora, sem saber que horas vou ser atendida”, contou. Segundo ela, a falta de médicos e a demora no atendimento acabam gerando prejuízos financeiros. “A gente perde o dia de serviço, paga Uber para vir e ainda corre o risco de ter o salário descontado.”

Apesar das dificuldades, ela avalia positivamente a fiscalização. “Eu acho excelente. Não só na saúde, mas em todo o Estado. Se levarem a sério, vai dar resultado. Não é possível passar ano após ano e continuar faltando medicamento.”

Além de Sueli, quem também estava aguardando um médico é a dona de casa, Edivânia Rodrigues dos Santos, que contou estar esperando antes das 6h um encaixe para sua filha, de acordo com ela, o médico havia saído para outro atendimento. 

"Não sei que horas ele chega, conversei com outra senhora que já tentou a consulta também e ela saiu 15h da tarde, eu não posso esperar até esse horário, é a primeira que estamos precisando", disse.

Maria da Silva também estava presente e afirmou que nem sempre consegue retirar o medicamento que precisa. “Não é qualquer remédio que tem. Alguns a gente consegue, outros não e aí todo mês tem que sair do nosso bolso né.”

Interior já revelou falhas graves

A primeira etapa da II Fiscalização Ordenada da Atenção Primária à Saúde ocorreu em municípios do interior, como Jaraguari, Rio Negro, Bandeirantes, São Gabriel do Oeste, Camapuã, Rochedo, Corguinho e Rio Verde de Mato Grosso. Ao todo, 40 unidades foram avaliadas por 12 auditores.

Entre os principais problemas identificados estavam a ausência de médicos no momento da fiscalização, precariedade na infraestrutura, falta de alvarás sanitários e do Corpo de Bombeiros, armazenamento inadequado de medicamentos, uso de geladeiras domésticas para imunização, equipamentos inoperantes e ausência de canais formais para reclamações dos usuários.

Agora, a expectativa é que o diagnóstico em Campo Grande sirva como base para correções imediatas e para o monitoramento contínuo das unidades, garantindo que a Atenção Primária cumpra seu papel de prevenir doenças, evitar a sobrecarga dos hospitais e assegurar atendimento digno à população.

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