Cidades

julgamento

Jamil Name Filho é condenado a 23 anos de prisão pela execução de estudante

Tribunal do Júri considerou Jamilzinho culpado pelo crime de homicídio qualificado e por posse ilegal de arma de fogo

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Jamil Name Filho, o Jamilzinho, de 46 anos, na noite de ontem foi condenado a 23 anos e 6 meses de prisão pelo crime de homicídio qualificado e posse ilegal de arma de fogo, a serem cumpridos inicialmente em regime fechado, pela morte do acadêmico de Direito Matheus Coutinho Xavier, no dia 9 de abril de 2019, em Campo Grande. Foram 20 anos pelo assassinato e 3 anos e 6 meses pelas armas.

Já o ex-guarda municipal Marcelo Rios, de 46 anos, foi condenado a 23 anos de prisão pelos crimes de homicídio qualificado, receptação de carro roubado e posse ilegal de arma de fogo. O terceiro réu, o ex-policial-civil Vladenilson Daniel Olmedo, de 63 anos, recebeu a pena de 21 anos e 6 meses de prisão pelo homicídio de Matheus e pela posse ilegal de arma de fogo.

A sentença dos réus começou a ser lida a partir das 23h02min de quarta-feira, dois dias depois do início 
do julgamento na 1ª Vara do Tribunal do Júri, na segunda-feira.

Com esse resultado, os jurados concordaram com a tese do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) de que Jamilzinho foi o mandante do atentado que resultou na morte de Matheus Xavier.
Com mais essa pena, Jamilzinho agora é condenado a 46 anos e 10 meses de prisão. Ele já foi considerado culpado por outros três crimes.

Segundo advogado ouvido pela reportagem, o chefe de uma milícia armada, segundo investigação do MPMS, poderá ser posto em liberdade após cumprir um sexto da pena, porém, caso ele tenha mandado de prisão preventiva por outros crimes ainda não julgados quando esse prazo para progressão de pena chegar, ele poderá continuar na cadeia por mais tempo.

Após o anúncio da sentença, a defesa dos três réus afirmou que recorrerá do resultado do julgamento.
Ao fim do julgamento, o juiz Aluízio Pereira dos Santos falou sobre seu trabalho: “Na vocação do juiz de Direito, gosto muito da área criminal. Me sinto orgulhoso por representar os interesses da sociedade. Valeu o trabalho”.

Para o MPMS, a condenação põe fim a um ciclo de quatro décadas em que o grupo comandado pelo pai de Jamilzinho, Jamil Name, determinava a morte dos desafetos da organização sem nunca ser incomodado pelas autoridades.

Jamil Name morreu em junho de 2021 em decorrência da Covid-19. Quando adoeceu, ele estava encarcerado no presídio federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.

SENTENÇAS

Jamil Name Filho, o Jamilzinho, foi condenado a 20 anos de prisão pelo homicídio duplamente qualificado: o motivo torpe e o emprego de recursos que dificultaram a defesa da vítima.

Ainda, foi condenado por posse ilegal de arma de fogo (um fuzil AK-47, de calibre 7,62) a 3 anos e 6 meses de prisão, além de pagamento de 60 dias-multa, que representam 1/15 do salário mínimo à época do crime.

Vladenilson, que além de policial também trabalhava para a família Name, foi condenado a 18 anos pela morte do rapaz, por ter atuado como intermediário do crime. Foi ele que fez o monitoramento para a tocaia em frente a casa de Paulo Xavier.

Vlad, como é conhecido no meio policial, também foi condenado a 3 anos e 6 meses pelo porte do fuzil que matou o rapaz. Ele e o ex-guarda municipal de Campo Grande Marcelo Rios fizeram a logística do assassinato, repassando o armamento para os executores: Juanil Miranda Lima, que não foi mais visto desde que a organização dos Name desconfiou que estava sendo monitorada pela Polícia Civil, e José Moreira Freire, o Zezinho, pistoleiro que morreu em troca de tiros com a polícia no Rio Grande do Norte.

Vlad e Jamilzinho foram absolvidos de outra acusação feita pelo Ministério Público nesse mesmo processo: a receptação de um Chevrolet Onix, o qual foi usado pelos executores de Matheus Xavier. O veículo foi encontrado queimado em 11 de abril de 2019, dia seguinte ao assassinato.

Já Marcelo Rios não foi absolvido de nada, mas ainda assim teve sua pena menor que a de Jamilzinho: ele pegou 18 anos por homicídio duplamente qualificado, mais 1 ano e 6 meses por receptação e outros 3 anos por posse ilegal de arma de fogo.

OPERAÇÃO OMERTÀ

Investigações conduzidas inicialmente pela Polícia Civil, que resultaram na Operação Omertà, em setembro de 2019, e depois em inquérito no MPMS, acusaram Jamilzinho de ter sido o mandante do crime e os dois comparsas como seus intermediadores, ou seja, responsáveis pela contratação de uma dupla de pistoleiros.

Pelas apurações descritas em um processo de 15 mil páginas, Jamilzinho pediu aos cúmplices para matarem um de seus desafetos, o capitão reformado da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul Paulo Roberto Teixeira Xavier, conhecido como PX. 

Em depoimento, Jamilzinho disse ter conhecido Xavier, que também era seu segurança, há quase 15 anos. 
Os dois teriam se afastado por influência de uma briga entre Jamilzinho e o advogado Antônio Augusto de Souza Coelho, com quem se desentendeu em uma negociação acerca da compra de uma fazenda, situada aos arredores de Jardim.

PX, na interpretação de Jamilzinho, teria “traído” o patrão ao ficar do lado do advogado, e não dele.
Conforme o promotor Douglas Oldegardo, a dívida que provocou o atrito entre a família Name e o advogado era da ordem de R$ 30 milhões.

Por causa dessa dívida, a família Name teria procurado Paulo Xavier para que ele desse a localização do advogado. Quando o capitão reformado da PM não ajudou, segundo a Promotoria, ele teria se tornado o alvo do grupo criminoso. 

No dia 9 de abril de 2019, dois pistoleiros foram à casa de PX, no Bairro Jardim Bela Vista, em Campo Grande. 

Assim que a caminhonete saiu da garagem do militar, a dupla disparou tiros de fuzil contra o motorista. Ocorre que o filho de PX era quem conduzia o veículo.

“Quero agradecer do picolezeiro ao governador”

Após o juiz Aluízio Pereira dos Santos anunciar a condenação dos réus Jamil Name Filho, Marcelo Rios e Vladenilson Daniel Olmedo pela morte do estudante de Direito Matheus Coutinho Xavier, o pai da vítima, Paulo Xavier, o PX, usou a conhecida frase de Jamilzinho para agradecer as pessoas que ajudaram de alguma forma no resultado do julgamento.

“De uma forma geral, [quero] agradecer do ‘picolezeiro ao governador’ por essa vitória da Justiça, por essa vitória do estado de Mato Grosso do Sul. A partir dessas condenações, com certeza virão outras, e outras pessoas que foram vítimas dessa milícia, desse grupamento armado que há 40 anos retirava o poder de decisão da sociedade, que fazia o que queria e não acontecia nada [deverão denunciar]”, pediu PX.

Paulo Xavier parafraseou Jamilzinho, que em mensagem de texto afirmou que promoveria “a maior matança da história de MS, de picolezeiro a governador”.

PX também lembrou que, apesar de ter ficado feliz com o resultado do julgamento, a sentença não mudará o fato de o estudante ter sido assassinado.

“Não vai trazer o meu filho de volta, mas é um passo dado para poder acalmar a alma do meu filho, que morreu há quatro anos. Mas o que eu tenho a fazer é parabenizar, porque nessa batalha, que foi de picolezeiro a governador, trabalharam muitos anônimos, muitos não aparecendo”, declarou Xavier, também agradecendo às forças de segurança que atuaram no caso.

A mãe de Matheus, a advogada Cristiane de Almeida Coutinho, que atuou no julgamento como assistente de acusação, não quis falar muito ao fim do dia. Ela se limitou a dizer que o filho “está em paz”. (Daiany Albuquerque e Judson Marinho)

MATO GROSSO DO SUL

Evento Federal marca inauguração do aeródromo de Inocência

Lançamento da pedra fundamental da indústria de celulose da Arauco trouxe representantes do Governo e políticos federais para o interior do Estado com uso do novo 'aeroporto'

09/04/2025 12h44

Aeródromo fica no quilômetro 02 da rodovia MS-240, em Inocência

Aeródromo fica no quilômetro 02 da rodovia MS-240, em Inocência Reprodução/Arquivo/Agesul

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Com execução de obras previstas até meados deste ano, o aeródromo de Inocência parece já ter sido inaugurado na manhã desta quarta-feira (09), com a chegada de aeronaves para o lançamento da pedra fundamental da indústria de celulose da Arauco no município. 

A inauguração do aeródromo no quilômetro 02 da rodovia MS-240 em Inocência, na manhã de hoje (09), foi parte da agenda do Governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel.

Contando com a presença do presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, o evento, longe cerca de 337 quilômetros de Campo Grande, Capital de Mato Grosso do Sul, trouxe para o interior do Estado representantes de diversos setores e políticos locais. 

Entre esses nomes cabe destacar a vinda da ministra três-lagoense, Simone Tebet (Planejamento e Orçamento do Brasil), e da senadora ex-ministra da agricultura, Tereza Cristina, que foi quem revelou para MS a "boa notícia". 

Para além das informações a respeito do novo empreendimento da gigante chilena, foram apresentados também alguns andamentos locais, indicando que o aeródromo em Inocência já está em operação. 

Tereza Cristina lembrou que o município está prestes a receber uma quantidade de trabalhadores maior que própria população de Inocência, o que reflete em desafios para áreas como a Saúde, "dor do crescimento" essa que segundo a senadora pode ser minimizada. 

"Essa dor do crescimento vai ser minimizada, já está tomando aí umas pirinazinhas, hoje já inauguramos a pista de aeródromo de Inocência", disse. 

Relembre

Recentemente houve aditivo no contrato para Implantação de PPD, taxiway, cerca operacional e pátio para o aeródromo de Inocência, 18% mais caro graças a ajustes em quantidades e demais serviços. 

Conforme repassado pela Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos de Mato Grosso do Sul (Agesul), se deu para que serviços de drenagem e regularização da faixa de pista fossem devidamente custeados. 

A Agesul apontou ainda a execução de técnica de plantio no aeródromo, conhecida como "hidrossemeadura", uma espécie de "grama líquida" que mistura  água, fertilizantes e outros componentes em solos de superfície inclinada (os taludes), como forma de prevenir erosões. 

Em valores absolutos, a execução inicialmente prevista para custar R$16 milhões saltou para R$19 milhões com o aumento de 18% no valor do contrato, um acréscimo de R$ 2.931.608,81 para a empresa Avance Construtora. 

A obra desse aeroporto em Inocência teve início em meados 2024, servindo para a fábrica de R$ 28 bi da Arauco  e, quando estava com cerca de 15% de execução em junho do ano passado, tinha entrega prevista até junho/julho deste 2025. 

Entre as aeronaves que devem usufruir do novo aeródromo aparece o avião turbo-hélice modelo ATR 72-600, da empresa Imetame, que chamou a atenção no Aeroporto Internacional de Campo Grande por trazer dezenas de trabalhadores que iriam para a fábrica de celulose de Ribas do Rio Pardo.

Além disso, cabe destacar que o Governo do Estado confirmou mais recentemente até mesmo a  “execução do sistema de sinalização noturna” no novo aeródromo da cidade, ao preço de R$ 3.138.037,95. 


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INTERIOR

Alojamentos da fábrica da Arauco consomem 300% mais energia que toda Inocência

Diretor-presidente da Energisa considera "um crescimento muito grande num tempo muito pequeno", mas afirma que consumo não deve afetar o fornecimento ao município

09/04/2025 11h59

Fábrica está prevista para entrar em operação ao fim de 2027

Fábrica está prevista para entrar em operação ao fim de 2027 Reprodução

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Durante evento para lançamento da pedra fundamental da fábrica de celulose da empresa Arauco, que acontece hoje (09) longe cerca de 337 km de Campo Grande, o diretor-presidente da Energisa revelou que somente os alojamentos locais já consomem mais energia que todo o município de Inocência. 

Conforme revelado por Paulo Roberto dos Santos, diretor-presidente da Energisa MS, ainda que a fábrica esteja prevista para entrar em operação ao fim de 2027, os alojamentos em Inocência já consomem 300% mais energia que todo o município. 

"Inocência hoje, consome 2.5 megawatts de energia. Só os alojamentos já estão consumindo cerca de 10 megawatts", afirmou Paulo Roberto. 

Parte do projeto Sucuriú, que empregará cerca de 6 mil pessoas nas unidades florestal, fábrica e operações de logística, a expectativa antes disso é a capacitação e geração de mais de 14 mil oportunidades de trabalho durante as obras. 

Porém, apesar de indicar que comportar esse grande crescimento em um curto espaço de tempo é o maior dos desafios, ele é claro em destacar que o consumo não deve necessariamente refletir no fornecimento de energia para Inocência. 

Segundo o diretor-presidente da Energisa, a previsão repassada pela fábrica é uma estimativa de consumo que deve chegar a 140 mil durante o período de construção, o que Paulo considera "um crescimento muito grande num tempo muito pequeno". 

"Eu acho que o grande desafio é a dor do crescimento, é suportar tudo isso com muito investimento, com muita força, com muito engajamento. A gente triplicou praticamente o número de equipes que estão trabalhando aqui", disse Paulo dos Santos. 

A fábrica

Com capacidade de produção prevista em torno de 3,5 milhões de toneladas de fibra curta de celulose ao ano, cerca de 400 mil hectares de eucaliptos já foram ou serão plantados no entorno da fábrica. 

Às margens do rio Sucuriú, é prevista ainda uma produção de eletricidade em larga escala e em um ciclo fecdoihado (completo), com capacidade de geração superior a 400 megawatts (MW) e aproximadamente 200 MW destinados à demanda de consumo interno.

"Iremos gerar 400 megawatts de energia limpa dos quais pouco mais de 200 MW serão comercializados no país nacional, contribuindo com a descarbonização da matriz energética do país brasileiro", expôs o  Chief Executive Officer (CEO ou diretor-executivo, na tradução livre) da Arauco Brasil. 

Atualmente Mato Grosso do Sul abriga três fábricas de celulose em atividade: a primeira, da Suzano, opera desde 2009 em Três Lagoas. Na mesma cidade, a Eldorado, do grupo J&F, funciona desde 2012, enquanto a terceira pertence à Suzano e fica em Ribas do Rio Pardo. 

E, além do projeto da Arauco em Inocência, existem estudos para instalação de uma quinta unidade, desta vez em Água Clara, que deve ser erguida pela Bracell, o que apesar do acordo de confidencialidade, foi também confirmada hoje (09) pelo diretor da Energisa. 

"A próxima da lista aqui é a Bracell, que deve acontecer lá em Bataguassu. Estamos conversando há um ano e meio", complementa.  

Chilena, a Arauco atua no Brasil desde 2022, nos segmentos Florestal e de Madeiras, com cinco unidades industriais brasileiras, sendo a de Inocência a primeira fábrica de celulose branqueada a sair do papel.
**(Colaborou Glaucea Vaccari) 

 

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