Cidades

DECISÃO

Juiz arquiva investigação de 'abuso religioso' contra prefeita e vice de Campo Grande

Juiz eleitoral julgou improcedentes os pedidos da ação de investigação judicial eleitoral e manifestou pelo arquivamento

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Mais recente, uma investigação de suposto abuso de poder econômico a partir do viés religioso na época de campanha, contra Adriane Lopes e Camilla Nascimento - atuais prefeita e vice de Campo Grande - foi arquivada por decisão judicial do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul (TRE-MS). 

Assinada pelo Juiz Eleitoral, Ariovaldo Nantes Corrêa, a decisão foi manifestada em cima da ação de investigação requerida pelos partidos Social Democrata Cristão (DC) e diretório municipal do Democrático Trabalhista (PDT).

Algumas das alegações, trazidas na petição inicial com cerca de 140 páginas, elencaram supostos:  

  1. Abuso de poder econômico a partir do viés religioso
  2. Formação de rede de campanha dentro de igrejas
  3. Cooptação de pastores como cabos eleitorais 
  4. Nomeação de líderes em cargos públicos com altos salários, etc. 

Entretanto, o juiz eleitoral julgou improcedentes os pedidos da ação de investigação judicial eleitoral e, decorrido o prazo para eventual recurso, manifestou posteriormente pelo arquivamento. 

"Em razão da aparente prática do crime de compra de votos, determino que sejam extraídas cópias de peças destes autos (inicial, documentos que acompanham a inicial, termo de assentada da audiência de instrução com os depoimentos das testemunhas e petição do MP em alegações finais) e encaminhadas para a autoridade policial a fim de apuração dos fatos", complementou a decisão do juiz. 

Entenda

Conforme alegação, Adriane Lopes tinha presença constante em cultos religiosos, onde seria autorizada pelos líderes a falar com os fiéis, "influenciando indiretamente na autodeterminação dos indivíduos". 

Além disso, os requerentes indicam que Adriane e Camilla, ainda durante a corrida eleitoral de 2024, teriam usado de um enredo de "bem contra o mal", além do suposto empenho de recursos estatais para angariar apoio e estruturar eventos em templos religiosos. 

Dos templos, foram apontadas ações sistemáticas em todas as subsedes da Igreja Assembleia de Deus
Missões, bem como o evento na "Aliançados Arena", contando com a presença da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que discursou pautas da direita e declarou apoio à Adriane. 

Além da atual prefeita e vice, subiram ao palco do evento à época: 

  • Michelle Bolsonaro
  • Senadora Damares Alves 
  • Senadora Tereza Cristina
  • Mônica Riedel (primeira-dama de MS)
  • Ana Portela (presidente PL municipal)
  • Ângela Amaral (PL Mulher) 
  • Celina Leão (vice-governadora do Distrito Federal)

Quanto aos supostos "votos comprados", a acusação apontava que valores entre R$ 50 e R$ 100 eram oferecidos aos eleitores, que poderiam receber ainda mais caso fossem às reuniões; adesivagens, etc. 

Em defesa preliminar, Adriane e Camilla ressaltam que todos os líderes religiosos apoiaram candidatos de sua preferência no campo político, sendo que pastores também teriam apoiado a candidatura de Rose Modesto. 

Nesse ponto equiparam inclusive que, enquanto a atual prefeita possui cerca de duas décadas de vivência religiosa, enquanto a concorrente à época já seria missionária da igreja Evangélica Nosso Senhor Jesus Cristo há 32 anos.

Conforme a defesa, Adriane sempre teve laços e participações em cultos, portanto a aproximação de pastores não seria para fins de frutos eleitoreiros. 

Ainda que Adriane e Camilla apontem a petição inicial como "inepta", pela falta de previsão legal para figurar abuso religioso, a decisão do juiz esclarece que tal preliminar não merece acolhimento, pois: 

"Embora o artigo 22 da LC nº 64/1990, de fato, não faça referência nominal à cassação do registro ou inelegibilidade do candidato por abuso de poder religioso, é certo que os requerentes sustentam que o viés religioso serviu de mero instrumento para que o abuso de poder econômico fosse perpetrado e, como é cediço, tal caso de abuso encontra amparo na legislação de regência e possibilita o ajuizamento da ação sob este fundamento"

Segundo juiz após exame dos autos, o alegado abuso de poder econômico a partir de viés religioso não fica demonstrado, pois as participações em culto, por si só, não teriam surtido efeito e, consequentemente, desequilibrado o pleito. 

Das suspeitas em cima do dia na Aliançados Arena, foi confirmado que tal ação não teve fim religioso apesar do ponto servir de encontro para a comunidade religiosa, já que documentos comprovam o aluguel do espaço para evento político. 

 

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Paralisação

Pilotos e comissários podem entrar em greve a partir de 1º de janeiro

Categoria vai votar proposta salarial para decidir sobre paralisação

24/12/2025 21h00

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

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Os aeronautas – pilotos, copilotos, comissários e demais empregados que trabalham a bordo das aeronaves de voos regulares comerciais – poderão entrar em greve nacional a partir de 1º de janeiro. A decisão, no entanto, ainda depende do resultado de duas assembleias da categoria.

De acordo com o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), uma nova proposta salarial – apresentada nesta terça-feira (23) em audiência no Tribunal Superior do Trabalho (TST) – será avaliada em assembleia online, com votação entre os dias 26 e 28. Caso seja recusada, está marcada uma nova assembleia, presencial, na capital paulista, no dia 29, a qual poderá deflagrar a paralisação a partir do primeiro dia de 2026.

De acordo com o Tribunal Superior do Trabalho (TST), a nova proposta foi construída “em conjunto” pelas partes, com ganho real de 0,5% e recomposição da inflação calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), o que resultaria em aumento salarial de 4,68%. A proposta prevê também reajuste do vale-alimentação em 8% e demais itens.

“Se essa proposta for rejeitada, será mantida a assembleia [do dia 29] para que a greve ocorra já no dia primeiro de janeiro. É importante essa ressalva, para que a categoria entenda: nós estamos prontos para greve. Nós estamos organizados, teremos todos os esclarecimentos na assembleia do dia 29. Mas nós fomos chamados para uma nova negociação [no TST, nesta terça-feira], viemos de muito boa fé e temos uma nova proposta para deliberar com a categoria”, disse o presidente do SNA, Tiago Rosa, em transmissão ao vivo com a categoria, no início da noite desta terça-feira (23).

O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea) foi procurado, mas ainda não se manifestou.

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Impasse

Médicos celetistas ficam de fora em acordo sobre 13° com a Santa Casa

Profissionais que atual em regime de carteira assinada ainda não firmaram acordo sobre vencimentos previstos

24/12/2025 17h00

Santa Casa de Campo Grande afirma gastar mais em atendimentos do que recebe pelo SUS

Santa Casa de Campo Grande afirma gastar mais em atendimentos do que recebe pelo SUS Gerson Oliveira

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A Santa Casa de Campo Grande firmou acordo com sindicatos que representam profissionais da enfermagem, limpeza, radiologia e farmácia para o pagamento do 13º salário, encerrando uma paralisação parcial que afetou serviços essenciais na semana do Natal, no entanto, os médicos celetistas da instituição, que trabalham sob regime CLT, ficaram de fora do entendimento e, até o momento, não receberam proposta formal para quitação do benefício, o que mantém o impasse com previsão incerta sobre os pagamentos. 

Na manhã desta quarta-feira (24), véspera de Natal, o hospital anunciou que chegou a um consenso com o Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem do Estado de Mato Grosso do Sul (Siems), Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de MS (Sintesaúde), Sindicato dos Técnicos e Tecnólogos em Radiologia de MS (Sinterms) e Sindicato dos Farmacêuticos do Estado de MS (Sinfarms). Pelo acordo, 50% do 13º salário foi pago ainda nesta quarta-feira, e o restante deverá ser quitado até o dia 10 de janeiro do próximo ano.

Segundo a direção do hospital, a segunda parcela será paga com recursos da 13ª parcela repassada pelo Governo do Estado aos hospitais filantrópicos de Mato Grosso do Sul, verba que, conforme destacado, não está prevista em contrato. Com a aceitação da proposta pelas categorias envolvidas, a paralisação parcial dos trabalhadores chegou oficialmente ao fim.

Apesar disso, os médicos celetistas não foram incluídos no chamado “acordão”. De acordo com o Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul (Sinmed-MS), a instituição não apresentou qualquer proposta concreta para a categoria. Ainda assim, os profissionais decidiram não deflagrar greve neste momento, para evitar prejuízos aos serviços essenciais prestados à população.

Diante da ausência de pagamento, o Sinmed-MS ingressou na Justiça na última terça-feira (23) com pedido de liminar para que a Santa Casa seja obrigada a quitar integralmente o 13º salário em até 48 horas. Além disso, o sindicato pede indenização por danos morais no valor de R$ 500 mil, a ser revertida ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

No mesmo dia, o sindicato também divulgou nota à imprensa acusando a Santa Casa de praticar lockout, quando o empregador, deliberadamente, cria condições para pressionar os trabalhadores a entrar em greve, com o objetivo de gerar pressão sobre o poder público. Segundo o Sinmed-MS, os ofícios enviados pelo hospital à categoria só chegaram após o sindicato convocar uma assembleia, realizada na noite de segunda-feira (22), para discutir o atraso no pagamento do 13º.

Na assembleia, os médicos analisaram uma proposta apresentada pela instituição que previa o parcelamento do benefício apenas a partir de janeiro de 2026, sem juros ou correção monetária pelos atrasos. A sugestão foi rejeitada pela categoria, que decidiu manter as atividades, mas buscar medidas judiciais para garantir seus direitos trabalhistas.

Além da liminar, o Sinmed-MS pede a responsabilização dos gestores da Santa Casa e a realização de uma audiência de conciliação para resolver o impasse. “Nunca vimos esse tipo de atitude na história da Santa Casa. O problema da falta de pagamentos e do 13º salário é de responsabilidade exclusiva deles como empregadores. Eles nos chamaram apenas um dia antes do vencimento do prazo para dizer que não pagariam, demonstrando total falta de gestão e de respeito com os médicos celetistas”, afirmou o presidente do sindicato, Marcelo Santana nesta semana.

O acordo firmado com as demais categorias encerrou uma greve que durou cerca de dois dias e impactou diretamente a população campo-grandense em plena semana de festas natalinas. Aproximadamente 30% dos profissionais das áreas de enfermagem, limpeza e copa cruzaram os braços, comprometendo consultas e cirurgias eletivas, atendimentos em enfermarias, pronto-socorro e UTI, além de serviços de apoio como higienização, lavanderia e cozinha.

Essa foi a segunda paralisação em serviços essenciais registrada em Campo Grande em menos de uma semana. Na semana anterior, motoristas do transporte coletivo ficaram quatro dias em greve devido a atrasos salariais, situação resolvida apenas após audiência de conciliação realizada na tarde de quinta-feira (18).

Colaborou Felipe Machado**

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