Cidades

Investigações

Ligada ao PCC, quadrilha arrombava
bancos e instruía comparsas por vídeos

Grupo desarticulado pelo Garras era organizado em três núcleos

RENAN NUCCI

22/03/2018 - 10h55
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A Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Bancos, Assaltos e Sequestros (Garras) desmantelou quadrilha de arrombadores de caixas eletrônicos que agia em Campo Grande, cidades da região e também no Mato Grosso. O grupo era chefiado por dois internos do Estabelecimento Penal de Segurança Máxima Jair Ferreira de Carvalho, no Jardim Noroeste, que passavam as coordenadas aos comparsas e até mesmo vídeos de instrução pelo WhatsApp.

Durante coletiva de imprensa nesta manhã, o delegado João Paulo Sartori afirmou que pelo menos dez pessoas estão envolvidas no esquema que contava com três núcleos: chefia, execução e apoio. Na liderança estavam Cleberson Nunes Pires Arcanjo, de 39 anos, e Melrison da Silva, 31, ambos condenados com passagens por roubo e furto, presos e responsáveis pela organização. Graças às técnicas passadas por eles, os demais arrombavam as agências usando serras e maçarico.

O segundo núcleo era dos executores, composto por Weliton Felipe dos Santos Silva, 21, um dos seis criminosos expulsos recentemente do Paraguai, Tiago Rodrigo da Silva, 35, envolvido em execução de John Hudson dos Santos Marques, de 27 anos, ocorrida na Capital, Yatewith Oliveira Farias, 20, Caique Carlos Neves Braga, foragido, e Gilberto Costa Nascimento, também foragido. 

Por fim, o grupo de apoio contava com três mulheres identificadas como Janaína Andrade de Souza, 29, Jhecylli dos Santos, 20, e Renata Alchanjo Rodrigues, 36, responsáveis por serviço de apoio, como comprar e armazenar as ferramentas. Em imagens de câmeras de segurança, foram identificadas que algumas delas também desligavam a energia das unidades financeiras, para desativar o alarme.

Sartori explicou que a organização tinha conexões com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). "Alguns dos envolvidos já estavam presos, outros foram presos em investigação de homicídio e os demais, como as três mulheres, foram presos em ação do Garras na madrugada de terça-feira", explicou.

CRIMES

Indícios apontam que o grupo participou da tentativa de arrombamento em agência do Sicredi na Avenida Bandeirantes e dos Correios na Avenida Eduardo Elias Zahran, além de tentativa nos Correios de Sidrolândia e Bataguassu. "Por enquanto, sabemos que tiveram sucesso apenas no Banco do Brasil das Moreninhas, de onde levaram cerca de R$ 150 mil", explicou Sartori. Eles também podem estar envolvidos em mais 30 casos registrados nos últimos anos em Mato Grosso do Sul.

Durante a prisão, os policiais encontraram nos celulares dos autores diversas imagens de arrombamentos, incluindo vídeos (veja abaixo) com instruções de como bular a segurança, utilizando uma capa laminada para "driblar" os sensores dos alarmes, além de métodos precisos de corte. "Eles compartilhavam o conhecimento com os comparsas, fazendo o recrutamento e depois os treinando como um tipo de curso à distância".

ENVOLVIMENTO

À imprensa, Renata disse que não tem ligação com o crime organizado e que foi enganada. Uma desconhecida teria deixado as ferramentas na casa dela por três dias, após contato por WhatsApp. "Ela pegou meu número com outra pessoa, pediu minha localização e foi lá em casa deixar os materiais. Eu nem estava lá, foi outra pessoa que recebeu. Eu sou trabalhadora e nunca me meti com isso, meu erro foi me envolver com gente errada", se justificou.

Cleber, um dos líderes do esquema, assumiu a responsabilidade e disse que todos os envolvidos, assim como ele, deveriam pagar por seus atos, mas quem não tinha nada a ver, como as mulheres, deveria ser liberado. "Elas não deveriam estar aqui, não têm nada a ver, são laranjas. A Renata mesmo, eu a conheci por aplicativo de celular, disse que era empresário do ramo da construção civil e que precisa de guardar as ferramentas, e ela acreditou".

Cidades

Projeto de lei quer converter multas de trânsito em doação de sangue e medula

Infrator que optar pela doação não pagará multa, mas outras sanções podem ser mantidas, como pontos na CNH

19/12/2025 18h00

Multas leves de trânsito poderão ser convertidas em doação voluntária de sangue ou medula

Multas leves de trânsito poderão ser convertidas em doação voluntária de sangue ou medula Foto: Arquivo

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Um projeto de lei protocolado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems) propõe converter multas aplicadas no trânsito, relativas a infrações de natureza leve, em doação voluntária de sangue ou medula óssea. Como a Casa está em recesso, a matéria tramitará no ano que vem.

Conforme a proposta, de autoria do deputado estadual Junior Mochi, a conversão do pagamento das multas em doação de sangue ou medula teria caráter alternativo e facultativo, não constituindo direito subjetivo do infrator, e deverá ser expressamente requerida pelo interessado, nos termos de posterior regulamentação.

Ainda conforme o projeto, a conversão da multa em doação somente será admitida quando:

  • a infração for de natureza leve, nos termos do Código de Trânsito Brasileiro;
  • não houver reincidência da mesma infração no período de 12 meses;
  • a multa não decorrer de infração que tenha colocado em risco a segurança viária, a vida ou a integridade física de terceiros;
  • a doação seja realizada em hemocentros públicos ou privados conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS), ou em instituições oficialmente reconhecidas;
  • haja aptidão médica do doador, conforme critérios técnicos estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

Cada doação de sangue corresponderá a conversão de uma multa de trânsito, assim como a inscrição no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).

Caso o doador seja compatível com alguma pessoa precisando de transplante e faça a doação efetiva da medula óssea, poderá ser convertida até duas multas de trânsito.

A comprovação da doação ou da inscrição no Redome será realizada mediante apresentação de documento oficial emitido pela instituição responsável, observado o prazo e os procedimentos definidos em regulamento

O projeto veda a compensação parcial da multa, bem como a conversão de penalidades acessórias, como suspensão ou cassação do direito de dirigir.

A conversão será apenas relacionada ao pagamento da multa, mas não exime o infrator das demais obrigações legais decorrentes da infração de trânsito, inclusive quanto ao registro de pontos na Carteira
Nacional de Habilitação (CNH), quando aplicável.

O Poder Executivo poderá celebrar convênios e parcerias com municípios, hemocentros e instituições de saúde, com vistas à operacionalização da lei, caso seja aprovada e sancionada.

Objetivos

Na justificativa do projeto, o deputado afirma que o objetivo é conciliar o caráter educativo das sanções
administrativas de trânsito com políticas públicas de incentivo à doação voluntária de sangue e de medula óssea, "práticas essenciais à manutenção da vida e à efetividade do Sistema Único de Saúde".

"A proposta não elimina a penalidade, mas a ressignifica, convertendo-a em uma ação de relevante interesse social, capaz de estimular a solidariedade, a cidadania e a responsabilidade coletiva. Trata-se de medida alinhada aos princípios da dignidade da pessoa humana, da função social das sanções administrativas e da eficiência das políticas públicas, diz a justificativa.

Em caso de aprovação e sanção, a adesão pelos municípios será facultativa, preservando o pacto federativo.

"Ressalte-se que a iniciativa respeita a autonomia municipal e o Código de Trânsito Brasileiro, limitando-se às infrações leves e excluindo aquelas que representem risco à segurança viária. A adesão pelos Municípios é facultativa, preservando-se o pacto federativo", conclui o texto.

Campo Grande

Investigada por desvio recebeu R$ 1,7 milhão para iluminar "Cidade do Natal"

Construtora JCL venceu licitação há dois meses e será responsável pela decoração natalina da Capital

19/12/2025 17h50

Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Investigada em operação que apura suspeitas de fraudes em licitações e contratos de iluminação pública em Campo Grande, a Construtora JCL Ltda. venceu há dois meses a disputa para iluminar a decoração natalina da Capital neste ano, orçamento de R$ 1,7 milhão.

Conforme o Portal da Transparência, a empresa será responsável por fornecer, instalar e desinstalar a decoração natalina na Capital, contrato firmado no dia 17 de novembro e que expira no dia 15 de fevereiro. 

Conforme o edital, a iluminação abarca trechos da Rua 14 de Julho, Avenida Afonso Pena local de apresentações culturais, gastronomia e lazer. Para a decoração natalina está prevista a instalação de mangueiras luminosas de led branco quente (âmbar), verde e azuis pelas avenidas Afonso Pena, Duque de Caxias e Mato Grosso.

Na 14 de Julho, a decoração possui flâmulas natalinas, bolas metálicas iluminadas, árvores naturais de porte médio, árvores em formato de cone, anjo iluminado e pórticos metálicos.

As luzes foram acesas no dia 1º de dezembro deste ano, com desligamento previsto para o dia 15 de janeiro de 2026, datas que, conforme contrato, podem ser adiadas ou antecipadas.

De acordo com a prefeitura, a iluminação decorativa natalina tem como objetivo "trazer o espírito natalino para as ruas, praças e avenidas da Capital, aliando beleza, lazer e sentimento de pertencimento urbano".

Iluminação natalina

A Praça Ary Coelho também foi decorada com os portais de entrada até o coreto, além de iluminação nas árvores naturais.

Complementam a decoração em outras vias estrelas dos mais variados tamanhos, árvores de arabesco, cometas, botas, bicicletas, pirâmides e pórticos, entre outros.

Além dessas, receberão decoração as rotatórias da Ceará com Joaquim Murtinho; Duque de Caxias com a Entrada da Nova Campo Grande; da João Arinos com Pedrossian; Três Barras com Marques de Lavradio; Consul Assaf Trad com Zulmira Borba; Gury Marques na rotatória da Coca-Cola; Filinto Muller no Lago do Amor; dentre outras. A iluminação compreende ainda o Paço Municipal.

 

Contradição

A assinatura do contrato entre a prefeitura e a construtora contraria uma lei sancionada pelo próprio Executivo em agosto deste ano, que detinha o objetivo reduzir gastos e otimizar recursos públicos.

A Lei 7.464/25, sancionada em 4 de agosto, previa que a iluminação e ornamentação natalina em espaços públicos fosse patrocionada por empresas privadas, sem custos para a Prefeitura.

Conforme a lei, as empresas interessadas em iluminar a "Cidade do Natal" em troca, poderiam divulgar suas marcas nos locais iluminados. O programa "Natal de Luz", inserido na lei, tem vigência anual, entre 1º de novembro e 10 de janeiro. 

*Colaborou João Pedro Flores

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