Cidades

VENDA DE SENTENÇAS

Lobista preso em MT fez negócio milionário com advogado de MS

Andreson de Oliveira Gonçalves foi detido ontem (25), em Cuiabá, por determinação do ministro do STF Cristiano Zanin em apuração sobre o Tribunal de Justiça de MT

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O lobista Andreson de Oliveira Gonçalves foi preso ontem, em Cuiabá (MT), a pedido do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin em investigação que trata sobre suposta prática de venda de sentenças no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT).

Gonçalves também foi alvo de operação semelhante em Mato Grosso do Sul. Aqui no Estado, ele teria fortes relações com o advogado Félix Jayme, a quem fez transferência milionária.

Gonçalves, segundo a Polícia Federal (PF), atuava na venda de influências sobre ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), além de negociar decisões antecipadas de processos.

De acordo com relatório da PF que baseou a Operação Ultima Ratio, que investiga a possível venda de sentença no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), mesmo morando em Mato Grosso, Gonçalves tinha relação recorrente com o advogado Félix Jayme, de Campo Grande, apontado como um dos operadores do suposto esquema.

A quebra de sigilo bancário mostrou que, em 2017, a empresa de Gonçalves fez vários depósitos para o advogado da Capital, com valores altos.

Entre os dias 27 de março e 27 de julho daquele ano, a empresa Florais Transportes, sediada em Cuiabá, transferiu R$ 1.130.000.00 para Félix Jayme, e grande parte desse valor foi sacado em espécie, conforme a PF.

“Em pesquisas aos sítios dos tribunais de Justiça de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul, não foram identificadas ações judiciais da empresa Florais Transportes em que apareça o nome de Félix Jayme Nunes da Cunha como patrono.

Em pesquisas na rede mundial de computadores, não se identificou vínculo aparente entre Andreson e Félix, tampouco ligação do empresário com o meio político. [...] Não foi possível criar uma hipótese plausível que justificasse a transferência de elevados montantes de recursos financeiros de Florais Transportes para Félix Jayme Nunes da Cunha”, diz trecho do documento.

Em outro trecho, a PF diz ter encontrado nas conversas de WhatsApp entre Gonçalves e Félix Jayme indícios de que houvesse “articulação e influência visando a decisão favorável” em processo que tramitava no STJ, em que o advogado, inclusive, trata o lobista como “seu correspondente em Brasília”. 

“Em arquivo datado de 21/3/2016, Andreson atualiza Félix sobre o andamento de determinado Recurso Especial. Andreson alega que teria passado a semana esperando por uma resposta, a qual viria somente na semana seguinte, e acrescenta: ‘Aquele resp que vc [sic] me passo [sic]. O dr. Silvano avia [sic] me passado já que está com ministro Humberto. Mais falo que a pessoa só tinha [R$] 290 mil para pagar. Isso aqui é café’”, mostra trecho.

*Saiba

Em Mato Grosso do Sul, a Operação Ultima Ratio, deflagrada em outubro, mirou desembargadores do TJMS e advogados que estariam envolvidos em suposta rede de compra e venda de sentenças. Além deles, a PF diz que Gonçalves era o principal operador do grupo e atuava como intermediário, obtendo informações privilegiadas sobre decisões não publicadas.  

“Salvo melhor juízo, as frases proferidas levam a crer que Gonçalves estaria insinuando que a quantia de R$ 290.000,00 seria considerada irrisória para o pagamento de propina.

Entretanto, frente às informações disponíveis até o momento, não foi possível identificar qual o processo relacionado a essa parte do diálogo nem quem possam ser os servidores públicos envolvidos, sendo que a referência ao ministro Humberto não é indício de qualquer tipo de atuação criminosa de tal autoridade”, completou o documento.

Gonçalves também foi pego em troca de conversas com o desembargador do TJMS Marcos Brito, um dos alvos da operação de outubro e que foi afastado do cargo durante as investigações. Segundo a PF, há indícios de que o lobista teria relação próxima ao magistrado.

Mato Grosso 

A prisão de Gonçalves, por determinação do ministro Cristiano Zanin, ocorreu no âmbito da Operação Sisamnes, que apura suposto esquema de venda de sentenças no TJMT.

A operação de ontem também mirou assessores de ministros do STJ, incluindo chefes de gabinete de ministros, porém, não existe confirmação de que algum membro da Corte esteja sendo investigado.

Assim como em Mato Grosso do Sul, as investigações mostram que Gonçalves se apresentava como advogado, embora não tenha registro na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Sua esposa, porém, é advogada e ele, seguidas vezes, fala em seu nome, como mostra a investigação da PF. A investigação ganhou força após o assassinato do advogado Roberto Zampieri, ocorrido no fim do ano passado, em Cuiabá, quando o celular da vítima foi apreendido pelo Ministério Público.

Durante a apuração do crime, foram encontrados diálogos comprometedores nos quais Zampieri, conhecido por sua atuação no TJMT, trocava informações com Gonçalves sobre a venda de decisões judiciais.

Os diálogos indicam que o lobista compartilhava minutas antecipadas de decisões do STJ e mencionava ter influência direta sobre assessores dos ministros, como Gallotti e Og Fernandes. (Colaborou Neri Kaspary)

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MATO GROSSO DO SUL

Evento Federal marca inauguração do aeródromo de Inocência

Lançamento da pedra fundamental da indústria de celulose da Arauco trouxe representantes do Governo e políticos federais para o interior do Estado com uso do novo 'aeroporto'

09/04/2025 12h44

Aeródromo fica no quilômetro 02 da rodovia MS-240, em Inocência

Aeródromo fica no quilômetro 02 da rodovia MS-240, em Inocência Reprodução/Arquivo/Agesul

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Com execução de obras previstas até meados deste ano, o aeródromo de Inocência parece já ter sido inaugurado na manhã desta quarta-feira (09), com a chegada de aeronaves para o lançamento da pedra fundamental da indústria de celulose da Arauco no município. 

A inauguração do aeródromo no quilômetro 02 da rodovia MS-240 em Inocência, na manhã de hoje (09), foi parte da agenda do Governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel.

Contando com a presença do presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, o evento, longe cerca de 337 quilômetros de Campo Grande, Capital de Mato Grosso do Sul, trouxe para o interior do Estado representantes de diversos setores e políticos locais. 

Entre esses nomes cabe destacar a vinda da ministra três-lagoense, Simone Tebet (Planejamento e Orçamento do Brasil), e da senadora ex-ministra da agricultura, Tereza Cristina, que foi quem revelou para MS a "boa notícia". 

Para além das informações a respeito do novo empreendimento da gigante chilena, foram apresentados também alguns andamentos locais, indicando que o aeródromo em Inocência já está em operação. 

Tereza Cristina lembrou que o município está prestes a receber uma quantidade de trabalhadores maior que própria população de Inocência, o que reflete em desafios para áreas como a Saúde, "dor do crescimento" essa que segundo a senadora pode ser minimizada. 

"Essa dor do crescimento vai ser minimizada, já está tomando aí umas pirinazinhas, hoje já inauguramos a pista de aeródromo de Inocência", disse. 

Relembre

Recentemente houve aditivo no contrato para Implantação de PPD, taxiway, cerca operacional e pátio para o aeródromo de Inocência, 18% mais caro graças a ajustes em quantidades e demais serviços. 

Conforme repassado pela Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos de Mato Grosso do Sul (Agesul), se deu para que serviços de drenagem e regularização da faixa de pista fossem devidamente custeados. 

A Agesul apontou ainda a execução de técnica de plantio no aeródromo, conhecida como "hidrossemeadura", uma espécie de "grama líquida" que mistura  água, fertilizantes e outros componentes em solos de superfície inclinada (os taludes), como forma de prevenir erosões. 

Em valores absolutos, a execução inicialmente prevista para custar R$16 milhões saltou para R$19 milhões com o aumento de 18% no valor do contrato, um acréscimo de R$ 2.931.608,81 para a empresa Avance Construtora. 

A obra desse aeroporto em Inocência teve início em meados 2024, servindo para a fábrica de R$ 28 bi da Arauco  e, quando estava com cerca de 15% de execução em junho do ano passado, tinha entrega prevista até junho/julho deste 2025. 

Entre as aeronaves que devem usufruir do novo aeródromo aparece o avião turbo-hélice modelo ATR 72-600, da empresa Imetame, que chamou a atenção no Aeroporto Internacional de Campo Grande por trazer dezenas de trabalhadores que iriam para a fábrica de celulose de Ribas do Rio Pardo.

Além disso, cabe destacar que o Governo do Estado confirmou mais recentemente até mesmo a  “execução do sistema de sinalização noturna” no novo aeródromo da cidade, ao preço de R$ 3.138.037,95. 


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INTERIOR

Alojamentos da fábrica da Arauco consomem 300% mais energia que toda Inocência

Diretor-presidente da Energisa considera "um crescimento muito grande num tempo muito pequeno", mas afirma que consumo não deve afetar o fornecimento ao município

09/04/2025 11h59

Fábrica está prevista para entrar em operação ao fim de 2027

Fábrica está prevista para entrar em operação ao fim de 2027 Reprodução

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Durante evento para lançamento da pedra fundamental da fábrica de celulose da empresa Arauco, que acontece hoje (09) longe cerca de 337 km de Campo Grande, o diretor-presidente da Energisa revelou que somente os alojamentos locais já consomem mais energia que todo o município de Inocência. 

Conforme revelado por Paulo Roberto dos Santos, diretor-presidente da Energisa MS, ainda que a fábrica esteja prevista para entrar em operação ao fim de 2027, os alojamentos em Inocência já consomem 300% mais energia que todo o município. 

"Inocência hoje, consome 2.5 megawatts de energia. Só os alojamentos já estão consumindo cerca de 10 megawatts", afirmou Paulo Roberto. 

Parte do projeto Sucuriú, que empregará cerca de 6 mil pessoas nas unidades florestal, fábrica e operações de logística, a expectativa antes disso é a capacitação e geração de mais de 14 mil oportunidades de trabalho durante as obras. 

Porém, apesar de indicar que comportar esse grande crescimento em um curto espaço de tempo é o maior dos desafios, ele é claro em destacar que o consumo não deve necessariamente refletir no fornecimento de energia para Inocência. 

Segundo o diretor-presidente da Energisa, a previsão repassada pela fábrica é uma estimativa de consumo que deve chegar a 140 mil durante o período de construção, o que Paulo considera "um crescimento muito grande num tempo muito pequeno". 

"Eu acho que o grande desafio é a dor do crescimento, é suportar tudo isso com muito investimento, com muita força, com muito engajamento. A gente triplicou praticamente o número de equipes que estão trabalhando aqui", disse Paulo dos Santos. 

A fábrica

Com capacidade de produção prevista em torno de 3,5 milhões de toneladas de fibra curta de celulose ao ano, cerca de 400 mil hectares de eucaliptos já foram ou serão plantados no entorno da fábrica. 

Às margens do rio Sucuriú, é prevista ainda uma produção de eletricidade em larga escala e em um ciclo fecdoihado (completo), com capacidade de geração superior a 400 megawatts (MW) e aproximadamente 200 MW destinados à demanda de consumo interno.

"Iremos gerar 400 megawatts de energia limpa dos quais pouco mais de 200 MW serão comercializados no país nacional, contribuindo com a descarbonização da matriz energética do país brasileiro", expôs o  Chief Executive Officer (CEO ou diretor-executivo, na tradução livre) da Arauco Brasil. 

Atualmente Mato Grosso do Sul abriga três fábricas de celulose em atividade: a primeira, da Suzano, opera desde 2009 em Três Lagoas. Na mesma cidade, a Eldorado, do grupo J&F, funciona desde 2012, enquanto a terceira pertence à Suzano e fica em Ribas do Rio Pardo. 

E, além do projeto da Arauco em Inocência, existem estudos para instalação de uma quinta unidade, desta vez em Água Clara, que deve ser erguida pela Bracell, o que apesar do acordo de confidencialidade, foi também confirmada hoje (09) pelo diretor da Energisa. 

"A próxima da lista aqui é a Bracell, que deve acontecer lá em Bataguassu. Estamos conversando há um ano e meio", complementa.  

Chilena, a Arauco atua no Brasil desde 2022, nos segmentos Florestal e de Madeiras, com cinco unidades industriais brasileiras, sendo a de Inocência a primeira fábrica de celulose branqueada a sair do papel.
**(Colaborou Glaucea Vaccari) 

 

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