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Mãe e irmãs de universitário morto em PE sofrem ameaça

Mãe e irmãs de universitário morto em PE sofrem ameaça

RECIFE

09/02/2010 - 08h43
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A Polícia Civil de Pernambuco ouviu ontem as três irmãs e a mãe do estudante de biomedicina da Universidade Federal de Pernambuco Alcides do Nascimento Lins, de 22 anos, morto na noite do último sábado no bairro da Torre, zona oeste do Recife. O rapaz foi enterrado domingo. As quatro estão sob a proteção da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco, depois de afirmarem ter sido ameaçadas de morte. Alcides, que estudou durante toda a vida em escolas públicas e vinha de família muito humilde, ganhou notoriedade na mídia nacional depois de passar em primeiro lugar no vestibular da UFPE, em 2007. Filho de uma catadora de lixo, o jovem iria se formar no final deste ano e já planejava iniciar um mestrado. Informações preliminares da secretaria dão conta de que o rapaz teria sido assassinado durante uma tentativa de acerto de contas entre traficantes. Em depoimento, a mãe de Alcides, Maria Luiza Ferreira do Nascimento, de 44 anos, confirmou as declarações dadas horas após o crime. Muito abalada e vestindo o jaleco que o filho usava no estágio, no Hemocentro de Pernambuco, ela informou que dois rapazes armados bateram em sua porta, por volta das 23h de sábado, à procura de dois jovens da comunidade, identificados como Tiago e Saúba. Ainda segundo Maria Luiza, os assassinos acusaram Alcides de ser um dos rapazes procurados. Mesmo após terem negado que o estudante era um dos criminosos, os acusados atiraram duas vezes contra a cabeça de Alcides. Bastante nervosa, a mãe do rapaz disse ainda que ela e a família corriam risco de morte porque os assassinos estariam com medo de ser descobertos em função da divulgação do caso. Minutos antes de morrer, Alcides havia concluído um trabalho para a faculdade e se preparava para ir dormir. “Fomos avisadas por alguns vizinhos de que eles estavam indo matar a gente. Tive que sair de casa com minhas filhas, no meio da madrugada. Eu não tenho mais vida, porque eles me levaram o que eu tinha de mais importante, meu filho, meu orgulho, mas eu tenho que proteger as minhas filhas desses assassinos”, desabafou Maria Luíza na saída do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), onde prestou depoimento por mais de três horas. De acordo com fontes policiais, apesar das informações iniciais, dadas por alguns vizinhos, de que os assassinos poderiam ser jovens da comunidade onde a vítima morava, esta possibilidade está praticamente descartada. “A linha de investigação que ganhou força após o depoimento da família é a de que os assassinos seriam integrantes de uma quadrilha rival à dos rapazes identificados como Tiago e Saúba, que seriam conhecidos por envolvimento no tráfico e estariam jurados de morte. Ao que tudo indica, um deles, o Tiago, estaria na casa ao lado da de Alcides na hora do crime”, revelou a fonte. Revolta A comunidade onde Alcides morava está revoltada. Amigos da faculdade e do estágio estão chocados. O reitor da Universidade Federal de Pernambuco, Amaro Lins – que, desde o ingresso de Alcides na faculdade, mantinha contato com o rapaz, a quem admirava – afirmou que a instituição estará “ao lado da família”. “Alcides era um ser humano extraordinário. Não era só um bom aluno, um ótimo estagiário. Era um exemplo de superação para todos nós, que muitas vezes, diante de dificuldades mínimas, desistimos de nossos sonhos. Ele tinha um brilho no olhar que chamava a atenção de quem cruzasse seu caminho. A dor é imensa”, declarou. Uma das irmãs de Alcides foi aprovada para o curso de Farmácia da UFPE.

Cidades

STF: Gilmar e Dino votam para derrubar lei que validou marco temporal

Decano do STF também votou para estabelecer um prazo de dez anos para o governo federal

15/12/2025 13h35

Ministro Gilmar Mendes

Ministro Gilmar Mendes Andressa Anholete/STF

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O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta segunda-feira, 15, no plenário virtual, para reafirmar a decisão do plenário que declarou inconstitucional a tese do marco temporal, que limita a demarcação de terras indígenas. Ele foi acompanhado por Flávio Dino.

O decano do STF também votou para estabelecer um prazo de dez anos para o governo federal concluir todos os processos de demarcação pendentes.

"Passados mais de 35 anos da promulgação da Constituição Federal, parece-me que já transcorreu lapso suficiente para amadurecimento definitivo da questão, de modo que não há mais como remediar a solução desse problema, cabendo, dessa forma, ao Poder Executivo o devido equacionamento da matéria e finalização dos procedimentos demarcatórios em prazo razoável, porém peremptório", defendeu.

O julgamento no plenário virtual fica aberto até a próxima quinta-feira, 18, para os ministros juntarem os votos na plataforma online. Se houver pedido de vista (mais tempo de análise) ou de destaque (transferência do processo ao plenário presencial), a votação é interrompida.

A tese do marco temporal estabelece que povos indígenas só podem reivindicar terras que ocupavam em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal.

Em 2023, em uma decisão histórica, por 9 votos a 2, o STF derrubou a interpretação e definiu que o direito das comunidades a territórios que tradicionalmente ocupavam não depende de uma data fixa.

O tema voltou ao tribunal porque, logo em seguida, o Congresso aprovou um projeto de lei para restringir as demarcações com base no marco temporal. O presidente Lula vetou o texto, mas os vetos foram derrubados pelo Legislativo.

Em paralelo, o Senado provou um projeto de emenda à Constituição (PEC) no mesmo sentido. Com isso, os senadores buscam incluir o critério de demarcação na Constituição. O texto seguiu para análise da Câmara.

Em seu voto, Gilmar Mendes reafirmou a decisão do STF. O ministro afirmou que o tribunal "não pode se esquivar de sua missão constitucional" e, em um aceno ao Congresso, defendeu que a atuação da Corte não pode "ser considerada como afronta ao Poder Legislativo".

"A análise do Supremo Tribunal Federal, no exercício do controle de constitucionalidade, equivale à prevalência da Constituição sobre os poderes constituídos quando estes atuam em descompasso com os limites impostos pela própria Lei Maior e pelo papel contramajoritário das Cortes Constitucionais, no caso o direito natural à própria existência dos indígenas, na medida em que a imposição de determinado limite temporal distante no tempo equivale à vulneração de seu status protetivo constitucional", argumentou o ministro.

O decano ressaltou que a lei é desproporcional e gera insegurança jurídica ao impor um marco temporal de forma retroativa, atingindo comunidades que não dispõem de documentação formal de ocupação.

"Nossa sociedade não pode conviver com chagas abertas séculos atrás que ainda dependem de solução nos dias de hoje, demandando espírito público, republicano e humano de todos os cidadãos brasileiros (indígenas e não indígenas) e principalmente de todos os Poderes para compreender que precisamos escolher outras salvaguardas mínimas para conduzir o debate sobre o conflito no campo", diz outro trecho do voto.

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TRANSPORTE PÚBLICO

Prefeitura nega que esteja devendo Consórcio Guaicurus

O encontro, convocado para esclarecer a situação financeira entre o município e a concessionária do transporte coletivo, ocorreu sem a presença da prefeita Adriane Lopes

15/12/2025 12h30

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo FOTO: Divulgação

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Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta segunda-feira (15), no plenarinho da Prefeitura de Campo Grande, representantes da administração municipal afirmaram que o Executivo não possui qualquer dívida com o Consórcio Guaicurus. 

O encontro, convocado para esclarecer a situação financeira entre o município e a concessionária do transporte coletivo, ocorreu sem a presença da prefeita Adriane Lopes, que delegou a fala a integrantes de sua equipe.

A coletiva também foi marcada por restrições à imprensa, equipes de diversos veículos, entre eles o Correio do Estado, foram barradas de acompanhar o pronunciamento logo ao chegar no local. 

Apesar disso, a reportagem teve acesso a áudios da entrevista, nos quais aparecem as declarações de Otávio Figueiró, diretor-executivo da Agereg; Ulysses Rocha, chefe de gabinete da Prefeitura; e Cecília Saad Cruz Rizkallah, procuradora-geral do Município, que reforçaram a versão oficial de que não há débitos pendentes com o consórcio.

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo e, em alguns casos, de forma antecipada. De acordo com Figueiró, apenas em 2025 o município transferiu mais de R$ 35 milhões ao consórcio, somando subsídios, vale-transporte e pagamentos de gratuidades. 

“Um contrato que hoje tem 197 ônibus com a idade acima da média que não deveriam estar circulando na cidade de Campo Grande, inclusive já tem duas multas preparadas pela agência de regulação. A agência de regulação aplicou uma multa de R$ 12 milhões e eles, no outro dia, contrataram o seguro. O que comprova que não é somente a falta de dinheiro”, afirmou.

Durante a coletiva, os representantes do município ressaltaram que, na semana passada, a prefeita Adriane Lopes autorizou a antecipação de cerca de R$ 3 milhões referentes a subsídios e valores que só venceriam ao longo do mês de dezembro. A medida teve como objetivo garantir fluxo de caixa ao consórcio para o pagamento dos salários dos trabalhadores e impedir a paralisação do serviço.

“Esse pagamento ainda não estava vencido e foi antecipado dentro do limite legal”, disse o diretor-executivo. Conforme a explicação apresentada, o valor máximo permitido por lei para repasses neste período, de aproximadamente R$ 19,5 milhões, já foi integralmente transferido ao consórcio, não havendo pendências financeiras por parte do município.

A administração municipal também destacou que a paralisação ocorreu apesar de decisão judicial que estabelece regras para greves em serviços essenciais. A procuradora-geral do Município explicou que há determinação para manutenção mínima de 70% da frota em circulação, com reforço nos horários de pico, o que não teria sido cumprido. “A paralisação total caracteriza abusividade”, afirmou.

Diante do descumprimento, a Agência de Regulação (Agereg) notificou o consórcio e iniciou os trâmites para aplicação de multa. Segundo Figueiró, a penalidade já estava em fase de formalização e deveria ser entregue ainda nesta segunda-feira. A Procuradoria-Geral do Município também informou que atua no processo judicial e acompanha audiência marcada para esta terça-feira (16).

Questionados sobre um possível rompimento contratual, os representantes do Executivo afirmaram que a medida exige cautela e não pode ser adotada de forma imediata. Cecília e Figueiró explicaram que há etapas administrativas e jurídicas a serem cumpridas, incluindo notificações, prazos de defesa e análise técnica, além da necessidade de garantir a continuidade do serviço.

Por fim, a Prefeitura reiterou que a prioridade é restabelecer o transporte coletivo. “O município cumpriu suas obrigações financeiras. O consórcio, como empresa privada regulada, também precisa cumprir com as suas responsabilidades perante a população”, declararam.

Segundo dados apresentados, a paralisação afetou cerca de 110 mil usuários do sistema e aproximadamente mil trabalhadores do transporte coletivo.

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