Bastou aproximadamente 1h de chuva para que moradores de algumas regiões de Campo Grande se deparassem com problemas crônicos da cidade.
Iniciada por volta das 13h, a tempestade trouxe grande volume de água, que atingiu áreas da região central, além dos bairros Pioneiros, Universitário, e adjacências, inundando, em instantes, ruas e avenidas da Capital.
Na tarde desta quinta-feira (20), uma estudante de 21 anos precisou ser socorrida pelo Corpo de Bombeiros após o veículo em que estava "ficar preso" pelas chuvas.
Por volta de 13h20, uma árvore estava ao longo da Avenida Fábio Zahran, próximo ao Assaí Atacadista. No momento em que a equipe de reportagem esteve no local, o trânsito fluía lentamente, uma vez que tronco, galhos e paus tomavam grande parte da via pública.
Por volta das 13h40, a vendedora Marta Silva, de 48, estava preocupada com parte do telhado de sua casa, atingido por pedaços de uma árvore que também foi derrubada pela força das chuvas.
Moradora da região há sete anos, ela foi surpreendida pela queda da árvore em frente de sua casa, o que, segundo a vendedora, aconteceu em menos de cinco minutos.
"Saí cerca de cinco minutos pra levar minha filha na escola, fui caminhando mesmo, e quando cheguei, a arvore já tinha caído, cheia de rachaduras, parte em cima do meu telhado", disse a campo-grandense, que paga cerca de R$ 1,2 mil de aluguel.
Ela disse que a situação vivida nesta tarde, infelizmente, é algo corriqueiro, uma vez que ela já havia dito que A moradora havia antecipado que a árvore cederia. Perguntada, destacou que a Prefeitura de Campo Grande cobrou cerca de R$ 500 para podá-la.
"Não tenho o dinheiro. Eles cobram R$ 500. Faz tempo que eu tô nessa luta, já pedi, expliquei, porque a árvore, já estava inclinada. É uma árvore perigosa, não é como se eu quisesse retirá-la", disse.
Com o celular em mãos, o gaúcho Itacir Bonetto, de 68 anos, presidente de um centro espírita, estava no meio da Rua Alexandre Faráh, enquanto filmava outra árvore que havia sido derrubada pelas chuvas.
Em Campo Grande há mais de 20 anos, ele disse que a queda da árvore era algo já esperado por quem vive na região. Segundo Bonetto, em dias chuvosos, quem passa por ali, diz que os fios de alta tensão levam energia para a árvore e causam choque elétricos em algumas pessoas.
"Muita gente diz que em dias chuvosos assim, já sentiram choques elétricos ao encostarem ou mesmo passarem perto dessas árvores aqui da rua. Os moradores daí não estão no momento, com toda certeza ficarão surpresos quando chegarem em casa", disse.
Prefeitura
Em entrevista ao Correio do Estado, o secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos de Campo Grande, Marcelo Miglioli, disse que as equipes do município já estão nas ruas.
"Primeiramente, nossas equipes juntamente com a Defesa Civil, atua nos ponto mais críticos de queda de árvores ou alagamentos, depois, vamos para pontos. Mas já estamos monitorando", afirmou.
'Ilhada"
Na rua Portuguesa, bairro Pioneiros, a estudante do curso de Direito, Ana Júlia Miranda, de 21 anos, ficou ilhada pelas chuvas desta tarde. Ela tentava voltar para casa, quando foi surpreeendida pelas águas do Córrego Bandeira, que transbordaram e invadiram a via pública. A jovem precisou ser resgatada pelo Corpo de Bombeiros por volta das 14h40.
"Trabalho lá no centro, saí de lá e vim para casa. Eu acreditei que era só uma poça de água, igual na Costa e Silva, que dá pra passar, mas meu carro afogou e não ligava mais. Começou a encher muito rápido, foi até a altura do vidro, eu não conseguia sair do carro", explicou a estudante.
Ela diz que durante os momentos de desespero, ainda tentou descer do carro para empurrá-lo, mas que quando abriu a porta, já não conseguia mais sair devido a altura da água.
"Quem me ajudou a sair pelo porta-malas foi o Thiago, um civil que tava aqui perto. Ele abriu o porta-malas e me tirou lá com muita calma. Mas o carro tava mexendo muito, achei que ia descer pelo barranco que tinha atrás.", destacou.
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Clima e tempo
Conforme informações do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), nesta quarta-feira, as temperaturas chegaram a 34,4°C, mas com a chuva e o tempo fresco, os números baixaram 7°C, marcando 26,9°C. Já os ventos a tendência era de fraco a moderado.
Ainda de acordo com o Inmet, Campo Grande deve registrar mínimas de 20°C até 35°C nas máximas.
Segundo o meteorologista Natalio Abrahão, choveu cerca de 41 mm na região central da cidade; 30 mm na região do Shopping Norte Sul, com ventos que chegaram aos 51km/h. Abrahao destacou que apesar das fortes chuvas, a tarde registrou apenas 50% do volume esperado para as próximas horas.
*Colaborou Alicia Miyashiro
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