Cidades

SAÚDE

Médico desviou R$ 3,4 milhões do Hospital Regional, que enfrenta caos

Unidade custa R$ 30 milhões por mês, mas tem pouca efetividade e muita reclamação dos pacientes

Continue lendo...

“A higienização é péssima”, disse uma dona de casa, de 52 anos, que preferiu não ter a identidade revelada, e estava com a neta de 2 anos desde às 8h de ontem (3) no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian (HR).

Por mês a unidade consome R$ 30 milhões dos cofres do Estado, mesmo assim o local apresenta pouca resolutividade para os pacientes. No inícido da tarde, por volta das 14h quando falou com a reportagem ela disse que voltaria para Três Lagoas, onde mora. “Tem um fraldário, mas a higiene é ruim. A gente já passa muito tempo aqui, deveria ser melhor cuidado”, disse ela, que estava se referindo também a demora do atendimento.

“Para que marcam uma consulta para às 8h, se o médico só vai chegar às 11h, porque foi isso que aconteceu. Eu cheguei e me falaram que a pediatria era só a tarde. Se marcam para um horário, o médico deveria estar aqui, né?”, indagou ela, que contou que durante a espera também ouviu de várias pessoas que o atendimento é ruim. 

O relato da dona de casa, que acompanha a neta nas consultas com o pediatra, é o mesmo de diversos pacientes e familiares de pessoas internadas no hospital. Os problemas de estrutura, com profissionais, falta de mantimentos, equipamentos e recursos são comuns.

Em meio a todo esse “caos” que acompanha a unidade há vários anos, o Ministério Público Federal (MPF/MS), aceitou a denúncia contra o médico cardiologista Mércule Pedro Paulista, 48 anos, e mais quatro empresários pelo desvio de R$ 3,494 milhões do HR provenientes de recursos federais, com fraude em licitações e favorecimento.

Além de Mércule, os empresários Pablo Augusto de Souza e Figueiredo, 46, da Amplimed Distribuidora de Produtos Hospitalares, Klaus de Vasconcelos Rodrigues, 48, e Ramon Costa e Costa, 31 da CAT Stent Distribuidora de Produtos Hospitalares e Emerson Jansen de Vasconcelos, 47, da Vasconmed Comércio de Produtos Hospitalares, também foram denunciados. 

INVESTIGAÇÃO

Em 2017, um inquérito policial foi instaurado para a apuração de possíveis crimes ocorridos no âmbito do HR e do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS), envolvendo a aquisição de produtos na área de hemodinâmica.

A investigação comprovou um esquema de contratações diretas e procedimentos licitatórios destinados à aquisição de produtos para os hospitais, em favor da Amplimed, que pertence à Pablo. 

A máquina de hemodinâmica que estava no HR era da empresa Funjicon, que teve o contrato encerrado em 2013. Mas em 2016, o médico pediu a urgência na compra do equipamento, mesmo sem ter feito nada em relação ao problema nos outros anos.

Para esconder o esquema, duas empresas apresentaram propostas, a Vascomed e CAT Stent. Ambas têm ligação indireta com a Amplimed - Klaus é o contador da Amplimed e Pablo e sua esposa são sócios da CAT. Além disso, Ramon é funcionário de Klaus em seu escritório de contabilidade.

Além do equipamento, foi pedido também produtos, como cateteres, introdutores e stents, da Amplimed sem licitação e com preços acima do mercado. “Embora Mércule tenha apontado urgência apenas no tocante à substituição da máquina de hemodinâmica, o termo de referência que instruiu a solicitação de contratação emergencial, elaborado por ele e pelo servidor Rehder dos Santos Batista, indevidamente previu também a aquisição de produtos de hemodinâmica (como cateteres, introdutores e stents), o que deveria ser objeto de processo licitatório próprio”, diz o documento. 

Ambos, Mércule e Pablo são amigos há quase uma década, como reconhecido por eles. Segundo a denúncia, o médico ganhou vantagens, como passagens aéreas e hospedagens, para beneficiar a empresa de Figueiredo. Mércule e sua esposa também foram fiadores de Pablo e de sua mulher na locação do imóvel comercial em que funciona a filial da referida empresa.

Os denunciados terão que indenizar o dano causado no valor de R$ 4,534 milhões, acrescido de juros e correção monetária - taxa SELIC - incidentes a partir da data do prejuízo.

CENTRO DE PROBLEMAS

Enquanto o médico, que tinha o cargo de chefe do setor de hemodinâmica do HR, desviava o dinheiro, que teria acontecido entre 2016 e 2017, pacientes esperavam na fila para realização de cirurgias, por falta de equipamentos ou materiais.

Os sucessivos problemas enfrentados pelo hospital, gerido pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) incluem falta de alimentação  para pacientes - e quando oferecida, muitas vezes ruim e de má qualidade -, também há relatos de falta de  remédios e produtos hospitalares, entre outras situações.

A atual diretoria do HR assumiu em 9 de janeiro de 2019. Em 28 de fevereiro de 2019, foi publicado decreto que institui o plano de Ação Emergencial, com objetivo de regularizar os estoques de medicamentos, de insumos e dos demais materiais necessários ao atendimento dos pacientes usuários deste hospital. 

Segundo assessoria, após a publicação do plano de Ação Emergencial, a diretoria administrativa da unidade realizou levantamento averiguando as necessidades de cada setor. Com isso foi realizado diagnóstico da situação.

Reportagem publicada pelo Correio do Estado no dia 30 de agosto mostrou que relatório feito por técnicos do hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, apontou que o HRMS tem estrutura organizacional fraca e infraestrutura deficiente.

O diretor-presidente do HR, Márcio de Souza Pereira, disse na época que há necessidade de novas parcerias e adequações em setores.

TRAGÉDIA

Dois motociclistas morrem na semana do Natal em Campo Grande

Ambos foram socorridos e encaminhados a Santa Casa, mas, não resistiram aos ferimentos e faleceram

23/12/2025 08h15

Santa Casa de Campo Grande, maior hospital de MS

Santa Casa de Campo Grande, maior hospital de MS Gerson Oliveira

Continue Lendo...

João Vitor Moraes Romeiro, de 27 anos e Tiago Duarte de Lima, de 38 anos morreram em acidente de moto, na tarde desta segunda-feira (22), em duas avenidas movimentadas de Campo Grande.

João Vitor faleceu na avenida Guaicurus, Jardim Nashville, na Capital.

De acordo com o boletim de ocorrência, o rapaz trafegava pela avenida em uma Yamaha Fazer, quando perdeu o controle da direção, bateu na traseira de uma Ford Ranger e caiu no asfalto. Em seguida, foi atropelado por um caminhão-tanque.

Ele foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e encaminhado a Santa Casa, mas, não resistiu aos ferimentos e faleceu no local.

Tiago faleceu na avenida Bandeirantes, bairro Guanandi, próximo ao Terminal Bandeirantes, na Capital.

Segundo o boletim de ocorrência, Tiago trafegava em uma Honda CG Fan, pela avenida Bandeirantes, sentido bairro-centro, quando colidiu na traseira de uma Ford F-350. Após a colisão, a moto colidiu em outra moto, quando Tiago foi arremessado ao solo.

Ele foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros (CBMMS) e encaminhado a Santa Casa, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu no centro cirúrgico.

Os acidentes fatais ocorreram dois dias antes do Natal.

ACIDENTES FATAIS

Acidente de trânsito é uma das principais causas de morte em todo o mundo.

Acidente de carro, moto, bicicleta ou atropelamento, em ruas, avenidas ou rodovias, são tragédias que acontecem toda semana em Mato Grosso do Sul.

As principais causas são excesso de velocidade, falha em ceder a passagem, dirigir sob efeito de álcool, distrações, sonolência e condições climáticas adversas, como chuva forte.

Dados divulgados pela Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) apontam que 58 pessoas morreram no trânsito, entre 1º de janeiro e 28 de novembro de 2025, em Campo Grande. Desse número, 43 são motociclistas, 12 são pedestres, 2 são condutores e 1 passageiro.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) traz algumas orientações ao condutor no trânsito. Confira:

  • Não dirija caso consuma bebida alcoólica
  • Não dirija cansado ou com sono
  • Use cinto de segurança
  • Respeite a sinalização
  • Respeite o limite de velocidade da via
  • Porte documentos oficiais com fotos, os quais devem estar quitados
  • Realize revisão do carro: pneus, limpadores de para-brisa, freios, nível de óleo, bateria, lâmpadas, lanterna e extintor

 

CRISE FINANCEIRA

Enquanto atrasa salários, Santa Casa de Campo Grande paga juros milionários

Ao todo, o hospital gastou R$ 6.458.416,67 por mês e R$ 212.331,51 por dia somente com empréstimos no ano passado

23/12/2025 08h00

Greve santa casa

Greve santa casa Marcelo Victor/Correio do Estado

Continue Lendo...

A Santa Casa de Campo Grande deve solicitar novo empréstimo milionário nos próximos dias para quitar o 13º salário atrasado dos profissionais de enfermagem, limpeza e copa que iniciaram paralisação de 30% do efetivo por alegarem que a “enfermagem não é trabalho escravo”.

Em meio a uma crise e prejuízo ao atendimento, o hospital já enfrenta dívida altíssima com bancos e só de juros paga mais de R$ 6 milhões ao mês.

Em entrevista coletiva na manhã de ontem, Alir Terra, presidente do hospital, confirmou que a instituição está há três meses tentando contrair um novo empréstimo com os bancos. “Nós estamos em tratativa há mais de três meses para conseguir um empréstimo para fazer esse pagamento”, afirma a presidente.

Caso se confirme, este seria o segundo empréstimo milionário da Santa Casa este ano, mais especificamente nos últimos 60 dias.

Na primeira semana de novembro, o hospital disse ao Correio do Estado que precisou ir ao banco pegar R$ 5 milhões para ajudar a quitar uma das cinco folhas salariais que estava em atraso, com os 400 médicos da categoria pessoa jurídica (PJ), dívida que ainda soma cerca de R$ 30 milhões.

Somando este último empréstimo com o apresentado no balanço financeiro do exercício do ano passado, a instituição ainda teria que pagar R$ 261.916.856,00 por causa de empréstimos e financiamentos. Além disso, os juros também preocupam, já que foram responsáveis por R$ 45.342.425,00 com bancos e fornecedores somente em 2024.

De acordo com o fluxo de caixa do hospital, divulgado publicamente pela Santa Casa, a instituição pagou R$ 15.158.396,70 em salários e ordenados aos funcionários celetistas em novembro. Logo, o novo empréstimo deve girar em torno deste valor, para que o 13º atrasado seja pago e, assim, voltar com os atendimentos de maneira normal.

Greve santa casa

HISTÓRICO

Nos últimos seis anos, os empréstimos da Santa Casa totalizaram R$ 321,2 milhões, sem considerar os R$ 5 milhões contraídos este ano. O maior deles foi feito em janeiro de 2024, quando a entidade pegou R$ 248 milhões na Caixa Econômica Federal (com taxa de juros mensal de 1,36%), quantia que foi utilizada para amortizar outros dois empréstimos que foram feitos anteriormente.

Porém, o último empréstimo anunciado oficialmente pelo hospital foi realizado um mês depois, em fevereiro do ano passado, quando pegou R$ 8 milhões com o banco Daycoval – com juros mensal de 1,56% –, empréstimo com prazo de quitação em até cinco anos (60 meses).

Ao todo, a Santa Casa gastou R$ 6.458.416,67 por mês e R$ 212.331,51 por dia somente com empréstimos no ano passado. Ainda em 2024, acerca de juros incorridos sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), a instituição arcou com R$ 17.359.633,00, enquanto R$ 4.327.607,00 foram para juros sobre tributos.

Por outro lado, a instituição obteve uma reversão de R$ 4.791.534,00 em juros, multas e encargos por causa da adesão a um edital de transação da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), que permitiu descontos de até 70% em dívidas inscritas na dívida ativa da União.

De acordo com os fluxos de caixa mensais publicados pela entidade, de janeiro a novembro deste ano, foram pagos R$ 35.020.180,71 de empréstimos e financiamentos, que seriam somente os juros cobrados pelos bancos, os quais são entre 1,21% e 2,93% de taxa por mês.

No ano passado, a Santa Casa fechou com um deficit de R$ 98,4 milhões, ao contrário do que havia apresentado em 2023, quando encerrou com superavit de R$ 27,5 milhões.

Segundo o demonstrativo financeiro da instituição, essa inversão foi impulsionada pelas despesas operacionais que dobraram e pelo patrimônio líquido negativo que aumentou quase R$ 100 milhões.

GREVE PARCIAL

Até o momento, os serviços afetados pela paralisação dos funcionários são: consultas eletivas, cirurgias eletivas, enfermaria, pronto-socorro e unidade de terapia intensiva (UTI), limpeza (higienização de centros cirúrgicos, consultórios, banheiros e corredores), lavanderia (acúmulo de roupas utilizadas em cirurgias ou exames) e cozinha.

Greve santa casaFuncionários da Santa Casa fizeram manifestação ontem pedindo o pagamento do 13º salário - Foto: Marcelo Victor

Na sexta-feira, a instituição já havia informado que não tinha precisão de quando seria pago o benefício aos servidores. Segundo afirma o hospital, o atraso ocorreria porque o governo do Estado não iria realizar o repasse integral da 13ª parcela, avaliado em R$ 14 milhões, que geralmente é passado este mês.

Segundo a entidade, para este ano, o valor seria transferido em três parcelas, com cada uma sendo depositada em janeiro, fevereiro e março de 2026.

Esse repasse extra não está previsto em contrato, mas faz parte de um acordo do Executivo estadual com todos os hospitais filantrópicos do Estado, por meio da Federação das Santas Casas, Hospitais e Instituições Filantrópicas e Beneficentes de Mato Grosso do Sul (Fehbesul).

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) confirmou que vem realizando um pagamento extra aos hospitais filantrópicos do Estado nos últimos anos, a fim de auxiliá-los nos custos e no cumprimento de suas obrigações. Porém, destaca que está em dia com suas obrigações e que, este ano, já repassou mais de R$ 25 milhões em recursos oriundos da bancada federal ao hospital.

À reportagem, o Município também se posicionou diante da situação. “A Prefeitura de Campo Grande está rigorosamente em dia com todos os repasses financeiros de sua responsabilidade destinados à Santa Casa. Desde o início deste ano, vem, inclusive, realizando aportes extras de R$ 1 milhão mensal”.

O Correio do Estado também entrou em contato com Ronaldo de Souza, Superintendente Estadual do Ministério da Saúde em Mato Grosso do Sul.

“A questão salarial é entre a instituição e os funcionários. União, estado e município não são responsáveis por salários ou complementações imprevistos na legislação”, disse.

O responsável pelo Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de Mato Grosso do Sul (Siems), Lázaro Santana, também foi contatado pela reportagem. Mas, até o fechamento desta edição, não houve retorno.

*SAIBA

De acordo com a Lei federal nº 4.090/1962, o 13º salário pode ser pago em duas parcelas: uma até o dia 30 de novembro e outra até o dia 20 de dezembro, sem atrasos.

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).