Cidades

FRAUDE E PROPINA

Ministério Público enquadra empresa de André Patrola na Lei Anticorrupção

Contratos com a Prefeitura de Campo Grande, mantidos mesmo após denúncias de corrupção em 2023, poderão ser suspensos; Promotoria do Patrimônio Público quer ressarcimento do dinheiro desviado e responsabilização dos envolvidos

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A Promotoria de Proteção ao Patrimônio Público de Campo Grande ingressou com ação civil pública contra as empresas André L. dos Santos Eireli e Engenex Serviços e Construções Eireli, ambas fornecedoras do município, por integrarem um esquema de corrupção que envolveria fraude em licitações, pagamento de propina a servidores da prefeitura e desvio de recursos do município por meio de medições fraudulentas em contratos de manutenção de vias não pavimentadas.

Os promotores de Justiça Humberto Lapa Ferri e Adriano Lobo Vieira de Rezende se baseiam na Lei Anticorrupção para enquadrar duas das empresas do conglomerado do empresário André Patrola. O valor reclamado na ação civil pública passa dos R$ 7 milhões e poderá ter de ser devolvido ao erário.

A empresa que leva o nome de seu proprietário e a Engenex, de Edcarlos Jesus Silva, caso punidas na ação civil pública de responsabilização de pessoa jurídica, poderão receber multa de até 20% do faturamento bruto da empresa, perda dos bens conquistados mediante práticas de corrupção, suspensão ou interdição de suas atividades e proibição de receber incentivos ou contratar com o poder público por até cinco anos após uma eventual condenação.

As investigações conduzidas pela 31ª Promotoria do Patrimônio Público e Social indicam que o empresário André Luiz dos Santos, conhecido como André Patrola, liderava um consórcio informal de empresas que simulavam concorrência em licitações públicas. O objetivo era garantir que a empresa de Patrola saísse vencedora, mesmo sem capacidade técnica ou intenção de executar os serviços contratados.

O esquema de André Patrola começou na administração de Marquinhos Trad, em 2017, segundo a denúncia.

A empresa André L. dos Santos mantém contratos com a gestão de Adriane Lopes (PP) até os dias atuais. A Engenex, que pertence a Edcarlos – que comanda outras duas empresas de locação de máquinas, mas é suspeito de ser um dos laranjas de Patrola –, entrou na administração municipal em 2017 e permaneceu até o ano passado, quando a prefeita já era Adriane Lopes.

O esquema

Conforme a denúncia, as fraudes vão desde a manipulação de propostas de licitação até a apresentação de notas fiscais e relatórios de serviços nunca executados. Os servidores da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), segundo os promotores, em materiais analisados no bojo da Operação Cascalhos de Areia – desencadeada em 2023 –, não tiveram o cuidado de disfarçar as fraudes nas medições.

No período compreendido entre janeiro de 2019 e março de 2023, foram encontradas nada menos que 869 fotos repetidas para justificar serviços nunca executados. “Ou seja, as mesmas fotos que deveriam comprovar a execução dos serviços estavam em mais de um boletim de medição diverso”, argumentam os promotores, que, inclusive, demonstram na denúncia que as mesmas imagens da Rua da Conquista, no Jardim Noroeste, foram usadas para justificar pagamentos às empreiteiras em duas ocasiões diferentes: em novembro de 2019 e em março de 2020.

Segundo os promotores de Justiça, para viabilizar os desvios de recursos públicos, os empresários contavam com uma rede de servidores municipais, especialmente os ligados à Sisep, que validava medições fraudulentas e atestava a execução fictícia dos contratos.

Entre os servidores apontados como beneficiários de propina estão nomes do alto escalão da Sisep à época, como o ex-secretário Rudi Fiorese e o superintendente Mehdi Talayeh, além de engenheiros e técnicos responsáveis pelo controle e a fiscalização dos contratos.

O servidor da Sisep Mehdi Talayeh, inclusive, morava em uma residência alugada pela esposa de André Patrola, que é corretora de imóveis. Segundo o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), ele recebeu propina por meio da venda de gado superfaturado, em que o empreiteiro pagou valor acima do mercado pelos animais para embutir na transação o valor da propina.

Lei Anticorrupção

As empresas e seus representantes devem ser enquadrados na Lei Anticorrupção (Lei nº 12.846/2013), que prevê responsabilização objetiva das pessoas jurídicas por atos lesivos à administração pública, além de punições cíveis e administrativas, como multa de até 20% do faturamento bruto, proibição de contratar com o poder público e publicação da decisão condenatória em meios de comunicação de grande circulação.

Os servidores envolvidos e os empreiteiros já foram denunciados, e alguns deles são réus, como André Patrola, pela prática de crimes como corrupção passiva, fraude à licitação, entre outros.

Contrato prorrogado

Mesmo após denúncias e investigações, o contrato foi prorrogado ao menos 11 vezes, revelando falhas graves nos mecanismos de controle interno da prefeitura e a persistência do esquema por vários anos.

Atualmente, a empresa de Patrola mantém dois contratos ativos com o município e continua sendo a responsável pela manutenção das vias não pavimentadas da região Prosa. O valor do contrato, que era de pouco mais de R$ 4,5 milhões por ano em 2017, agora passa dos R$ 6 milhões anuais.

A ação do MPMS busca não apenas a responsabilização dos envolvidos, mas também a reparação dos danos causados ao erário e o fortalecimento da integridade nos contratos públicos.

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Cidades

Veículos batem de frente e três pessoas da mesma família morrem na BR-267

Motorista de um Virtus tentou fazer uma ultrapassagem, quando colidiu de frente com um Corolla; todas as vítimas estavam no veículo atingido

16/12/2025 18h36

Veículos bateram de frente e três pessoas da mesma família morreram

Veículos bateram de frente e três pessoas da mesma família morreram Foto: Divulgação / PRF

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Três pessoas morreram em um acidente envolvendo dois carros de passeio, na manhã desta terça-feira (16), na BR-267, em Nova Alvorada do Sul. O acidente aconteceu durante uma tentativa de ultrapassagem.

De acordo com informações da PRF, um veículo Toyota Corolla, com placas de São Miguel de Guaporé (RO), seguia no sentido Nova Alvorada do Sul a Distrito de Casa Verde, enquanto um Virtus, com placas de Três Lagoas, seguida no sentido contrário.

Na altura do km 177, os veículos bateram de frente. Segundo testemunhas, o Virtus teria tentado fazer uma ultrapassagem e acabou colidindo com o Corolla.

Com o impacto da batida, duas passageiras no Corolla, de 55 e 73 anos, morreram na hora. Um outro passageiro, de 74 anos, chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu posteriormente no hospital. O motorista, de 53 anos, não teve ferimentos graves.

Conforme informações, as vítimas eram a esposa, pai e mãe do motorista.

No Virtus estavam o condutor e um passageiro, de 42 e 37 anos, respectivamente. Ambos tiveram lesões consideradas leves e foram encaminhados ao hospital em Nova Andradina, mas não correm risco de morte.

Ainda segundo a PRF, foi realizado o teste do bafômetro nos motoristas, com resultado negativo para alcoolemia em ambos.

Informações preliminares são de que a família que estava no Corolla saiu de Rondônia para visitar familiares no interior de São Paulo.

Durante os trabalhos de resgate e perícia, parte da pista ficou interditada. As causas do acidente serão investigadas pela Polícia Civil.

Outro acidente com duas mortes

Na madrugada desta terça-feira (16), outro acidente deixou duas pessoas mortas e três feridas, na BR-158, em Três Lagoas.

Conforme reportagem do Correio do Estado, Fernanda Taina Costa da Silva, de 28 anos, conduzia um Fiat Palio, e Fernando Marconi Ramos, de 27 anos, trabalhava como moto-entregador. Ambos colidiram em ua região conhecida como anel viário Samir Tomé.

No Palio conduzido, além da motorista estavam três crianças, de 9 anos, 5 anos e nove meses, que tiveram de ser levadas ao Hospital Regional, mas o estado de saúde de todas era considerado estável. As três estavam no banco traseiro e as duas maiores estavam conscientes e orientadas.

Imagens divulgadas pelo site 24hnewsms mostram que a motocicleta atingiu a parte frontal do veículo e o piloto acabou sendo jogado sobre o para-brisa, do lado da condutora.

Embora não haja testemunhas, os policiais que atenderam à ocorrência constataram sinais de frenagem da moto, que a moto seguia pelo anel viário no sentido ao shopping Três Lagoas, quando foi atingida frontalmente pelo carro, que teria invadido a pista contrária por motivos ainda ignorados. 

 

Cabe recurso

Jogo do bicho: deputado Neno Razuk é condenado a 15 anos de prisão

Condenação foi proferida  pela 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul

16/12/2025 17h45

Deputado estadual Neno Razuk (PL)

Deputado estadual Neno Razuk (PL) Foto: Wagner Guimarães / Alems

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O deputado estadual Roberto Razuk Filho, conhecido como Neno Razuk (PL), foi condenado a 15 anos e 7 meses de prisão, apontado como o "cabeça" de um grupo criminoso para tomar o controle do jogo do bicho em Campo Grande. A condenação foi proferida  pela 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) nesta segunda-feira (15) e sentencia outras 11 pessoas. 

Conforme os autos do processo que corre em segredo de Justiça, os réus tentaram anular a condenação sob pedindo a nulidade das investigações. Em resposta ao Correio do Estado, André Borges, advogado de defesa do deputado, disse que irá recorrer da sentença. "Defesa certamente recorrerá; processo está longe de encerrar; Neno confia na decisão final da justiça", declarou. 

Condenações 

  • Carlito Gonçalves Miranda 10 anos, 9 meses e 24 dias de reclusão, em regime fechado; Não tem o direito de recorrer em liberar e segue sendo procurado;
  • Diogo Francisco 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;   
  • Edilson Rodrigues Ferreira 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade; 
  • Gilberto Luis dos Santos 16 anos, 4 meses e 29 dias de reclusão, em regime fechado; permanecerá preso;
  • José Eduardo Abduladah 4 anos e 1 mês de reclusão, em regime fechado; permanecerá em prisão domiciliar;
  • Júlio Cezar Ferreira dos Santos 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Manoel José Ribeiro 13 anos, 7 meses e 1 dia de reclusão, em regime fechado; permanecerá preso;
  • Mateus Aquino Júnior 11 anos e 7 meses de reclusão, em regime fechado; não terá o direito de recorrer em liberdade e segue sendo procurado;
  • Roberto Razuk Filho 15 anos, 7 meses e 15 dias de reclusão, em regime fechado; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Taygor Ivan Moretto Pelissari 4 anos, 11 meses e 15 dias de reclisão, em regime fechado; não terá o direito de recorrer em liberdade e segue sendo procurado; 
  • Valnir Queiroz Martinelli 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Wilson Souza Goulart 4 anos, 2 meses e 22 dias de reclusão, no semiaberto; terá o direito de recorrer em liberdade; 

Buscas

Em novembro deste ano, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), apreendeu mais de R$ 300 mil durante a operação deflagrada contra alvos ligados à família Razuk. A ação, realizada em conjunto com o Batalhão de Choque da Polícia Militar, também resultou na prisão de três familiares do deputado estadual Neno Razuk. 

Foram detidos o pai do parlamentar, Roberto Razuk, e os irmãos Rafael Razuk e Jorge Razuk. Segundo informações, além do montante em dinheiro, equipes recolheram armas, munições e máquinas supostamente usadas para registrar apostas do jogo do bicho.

Os materiais foram apreendidos durante o cumprimento dos 20 mandados de prisão preventiva e 27 de busca e apreensão executados  em Campo Grande, Dourados, Corumbá, Maracaju e Ponta Porã, além de endereços no Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul.

Em Dourados, viaturas foram vistas logo cedo em bairros como Jardim Água Boa e Vila Planalto. A residência de Roberto Razuk foi um dos principais pontos de ação, onde agentes recolheram malotes.

Outro alvo da operação é Sérgio Donizete Balthazar, empresário e aliado político, proprietário da Criativa Technology Ltda., que no início deste ano ingressou no Tribunal de Justiça com mandado de segurança para tentar suspender a licitação da Lotesul, estimada em mais de R$ 50 milhões.

Também aparecem entre os alvos o escritório de Rhiad Abdulahad e Marco Aurélio Horta, conhecido como "Marquinho", chefe de gabinete de Neno Razuk e funcionário da família há cerca de 20 anos.

A família Razuk, já foi alvo de apurações relacionadas ao jogo do bicho em Mato Grosso do Sul. A ação é tratada pelo Ministério Público como uma nova fase dessas investigações.

FASES

Em outubro de 2023, antes das fases da Successione, a Polícia Civil fez uma apreensão de 700 máquinas da contravenção, semelhantes a máquinas de cartão utilizadas diariamente em qualquer comércio, sendo facilmente confundidas.

As prisões foram desencadeadas a partir da deflagração das fases da Operação Successione, que começou no dia 5 de dezembro de 2023. Na ocasião, foram cumpridos 10 mandados de prisão e 13 mandados de busca e apreensão. Foi nesta fase que os ex-assessores parlamentares de Neno Razuk foram pegos.

Duas semanas depois, no dia 20 de dezembro, foi deflagrada a segunda fase da operação, com o cumprimento de 12 mandados de prisão e 4 de busca e apreensão. Ela foi realizada após investigações do Gaeco apontarem que a organização criminosa continuou na prática do jogo do bicho, além de concluírem que policiais militares também atuavam nesta atividade.

No dia 3 de janeiro do ano passado, chegou a vez da terceira fase da operação, com mais dois envolvidos presos pela contravenção na Capital.

A disputa pelo controle do jogo ilegal em Campo Grande se intensificou após a prisão de Jamil Name e Jamilzinho, durante a Operação Omertá, em 2019, que eram apontados pelas autoridades como os donos do jogo do bicho em Mato Grosso do Sul. 

Quatro anos depois, Jamil Name Filho foi condenado a 23 anos de reclusão, após um julgamento de três dias.

O termo italiano "Successione"  que dá nome a operação, é uma referência a disputa pela sucessão do jogo bicho em Campo Grande após a operação Omertá. A decisão desta terça-feira cabe recurso. 

**Colaborou Felipe Machado

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