Cidades

INQUÉRITO CIVIL

Lixo: MPMS apura irregularidades no contrato milionário de Naviraí

A Prefeitura Municipal firmou contrato de R$ 2.541.650,00 com a empresa Oca Ambiental Ltda. para a coleta de recicláveis do município

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O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), por meio da 2ª Promotoria de Justiça de Naviraí, instaurou o Inquérito Civil nº 06.2024.00000593-0 para apurar supostas irregularidades na contratação e execução de serviços relativos a resíduos sólidos no município.
 
Em agosto do ano passado, a Prefeitura de Naviraí firmou contrato de R$ 2.541.650,00 com a empresa Oca Ambiental Ltda. para a coleta de recicláveis do município. O extrato do termo de serviço foi publicado na edição do Diário Oficial da Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul (Assomasul)
 
Conforme a ata, a empresa ficaria responsável pela coleta, tratamento e destinação final de resíduos sólidos não perigosos pelo período de um ano, a contar do dia 22 de agosto de 2023 a 22 de agosto deste ano. Porém, em março deste ano, a Prefeitura de Naviraí alterou contrato com empresa, elevando os serviços para R$ 2.689.150,00.

O valor do reajuste foi de R$ 147.500,00, correspondente ao acréscimo do percentual de 25%, perfazendo o valor global do contrato em R$ 2.689.150,00. O montante corresponde a 50 contêineres com caminhões a serem transportados. Além disso, o contrato foi prorrogado até o fim deste ano.

Denúncia

Entretanto, a Câmara Municipal de Naviraí encaminhou ao MPMS o Ofício nº 368/ 2023, dando conta de supostas irregularidades e possíveis ilegalidades na gestão pública municipal e na execução de serviços por empresa particular contratada para o tratamento de resíduos sólidos, notadamente no que se refere à ausência de cumprimento de itens contratados.
 
A Casa de Leis cobrou a averiguação dos fatos narrados a fim de constatar eventual fraude ou direcionamento do processo licitatório, assim como possível sobrepreço ou superfaturamento na execução do contrato ou seu parcial descumprimento, consoante as definições da Lei nº 14.133/ 2021.
 
A promotora de Justiça Fernanda Proença de Azambuja lembrou que “o Artigo 11 do referido diploma legal dispõe que os processos licitatórios devem assegurar a seleção da proposta apta a gerar o resultado de contratação mais vantajoso para a Administração Pública, inclusive no que se refere ao ciclo de vida do objeto, bem como evitar contratações com sobrepreço ou com preços manifestamente inexequíveis e superfaturamento na execução dos contratos”.
 
Ainda de acordo com ela, a Lei de Licitações prevê de forma expressa a necessidade de fiel execução do contrato pelas partes (art. 115) e que eventual inexecução será de responsabilidade da parte que lhe causou (art. 120). 
 
“Nos termos do artigo 89, §2º da Lei nº 14.133/ 2021, os contratos deverão estabelecer com clareza e precisão as condições para sua execução, expressas em cláusulas que definam os direitos, as obrigações e as responsabilidades das partes, ao passo que, conforme relatado no ofício que 
ensejou a presente instauração, haveria suposto descumprimento na execução de itens do contrato nº 549/ 2017”, destacou.
 
Dessa forma, após a apuração realizada pela 2ª Promotoria de Justiça, não foi possível afastar de forma inequívoca as alegadas irregularidades e ilegalidades, sendo imprescindível a cabal apuração dos fatos. “Resolve INSTAURAR, nos moldes do artigo 23, caput, da Resolução nº 015/ 2007, alterada pela Resolução nº 13/ 2008, o presente INQUÉRITO CIVIL n° 06.2024.00000593-0, tendo como requerido à Prefeitura de Naviraí”, trouxe a decisão.
 
Nesse sentido, o MPMS nomeou para secretariar os trabalhos um técnico designado para atuar nesta Promotoria e, na ausência deste, a Assessora Jurídica da Promotoria, independentemente de compromisso, e objetivando a perfeita apuração dos fatos.
 
Além disso, o órgão fiscalizador lembrou que a recusa, o retardamento ou a omissão no fornecimento dos dados solicitados pode configurar crime (art. 101 da Lei da Ação Civil Pública). 
 
A promotora de Justiça ainda oficiou o Ministério Público Federal (MPF), com as cautelas de praxe, solicitando que, no prazo de 15 dias úteis, informe quais foram as providências adotadas em razão do recebimento do Ofício nº 368/ 2023, em 30 de outubro de 2023, encaminhado pelo presidente da Câmara Municipal de Naviraí, dando conta de supostas irregularidades envolvendo recursos públicos de origem federal na gestão do aterro sanitário municipal.

A empresa

Com sede em Dourados (MS), a Oca Ambiental é especializada em gestão ambiental e atua desde 2010 na prestação de serviços técnicos de gerenciamento, fornecimento de equipamentos, acondicionamento, coleta, tratamento e destinação final de resíduos em Mato Grosso do Sul.

Segundo o site da empresa, como política ambiental, todas as atividades são pautadas pela gestão integrada de resíduos sólidos, aplicabilidade da logística reversa e minimização da geração, através da segregação e aplicação de tecnologias para redução, reutilização e reciclagem.

A empresa é cadastrada e licenciada como transportadora, armazenadora temporária e destinadora de resíduos. Além disso, ainda conforme o site, está adequada ao conjunto jurídico e técnico de exigências ambientais no desenvolvimento das suas atividades.

A Oca Ambiental também informa que tem 300 contratos ativos, incluindo os maiores geradores de resíduos de Mato Grosso do Sul, inclusive os grandes exportadores do agronegócio, todos submetidos a uma intensa fiscalização pelos órgãos competentes.

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Deu 'piriri'

Estrangeiro é preso após passar mal e expelir cápsulas de drogas

O motorista do ônibus de viagem acionou policiais ambientais, alertando que um passageiro estava passando mal

23/09/2024 18h00

Divulgação PMA

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Um estrangeiro passou mal no banheiro de um ônibus de viagem e terminou preso ao ser flagrado expelindo cápsulas de cocaína.

A prisão ocorreu no último sábado (21). Segundo a Polícia Militar Ambiental (PMA), o motorista do ônibus pediu ajuda em um posto deles, localizado em Miranda.

De acordo com o que informou o motorista aos policiais ambientais, o passageiro estava vomitando cápsulas e, ao irem verificar a situação, constataram que se tratava de cápsulas de cocaína.

Ainda, segundo a PMA, com ele foram encontradas diversas cápsulas comumente usadas para o transporte do entorpecente. Diante da situação, o homem foi encaminhado ao hospital.

Até a última atualização recebida, ele havia expelido 86 cápsulas e não soube informar a quantidade precisa de entorpecentes que acabou engolindo. O estrangeiro segue internado, recebendo os cuidados médicos até que elimine todas as cápsulas.

O homem foi preso em flagrante e, quando receber alta, seguirá para a autoridade competente. A operação contou com a parceria da polícia militar.

A PMA não informou de onde o ônibus saiu e qual seria o destino.

Divulgação PMA

“A operação reforça o comprometimento da Polícia Militar em coibir o tráfico de drogas na região, especialmente no transporte internacional e interestadual, além de demonstrar a eficácia das ações conjuntas entre as unidades da corporação.”

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Investigação

Testemunhas relatam que adolescente indígena ingeriu álcool antes de cair de moto

De acordo com as investigações, o jovem indígena foi a uma festa em Antônio João acompanhado de dois amigos, quando perdeu o controle da motocicleta e caiu.

23/09/2024 17h40

Local onde o  adolescente indigena morreu; polícia investiga o caso.

Local onde o adolescente indigena morreu; polícia investiga o caso. Divulgação/ PMMS

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Adolescente Fred Souza Garcete, de 16 anos, encontrado morto na manhã desta segunda-feira (23), na MS-384, próximo a Terra Indígena Ñanderu Marangatu, consumiu bebida alcoólica com amigos, minutos antes do acidente, segundo informações da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). 

De acordo com a Sejusp, o adolescente da aldeia guarani-kaiowá resolveu ir até a Festa do Tomate com mais três amigos, quando ingeriram uma grande quantidade de bebida alcoólica no local. 

Segundo testemunhas que presenciaram o acidente, no retorno para aldeia em determinado trecho entre as cidades de Antônio João e Bela Vista, próximo a Terra Indígena Ñanderu Marangatu, o jovem pilotava o veículo com mais dois amigos na garupa, quando perdeu a direção da motocicleta, ocasionando a queda. 

Com o impacto da queda, o adolescente morreu no local. Um dos amigos do jovem retornou à aldeia para pedir socorro, e as autoridades foram acionadas.

Equipes da Polícia Militar e da Polícia Civil foram acionadas no local, juntamente com a Polícia Científica para realização da perícia no local. 

O caso está em investigação na Delegacia de Polícia de Antônio João. 

 

Adolescente indígena é encontrado morto

Identificado como Fred Molina, de 16 anos, o adolescente foi encontrado morto na manhã desta segunda-feira (23), na MS-384, próximo ao município de Antônio João, a 207 quilômetros de Campo Grande. De acordo com as informações iniciais, foram encontrados no local indícios de um possível acidente de trânsito, mas o caso será investigado pela Polícia Civil.

Segundo informações apuradas pelo Correio do Estado, o jovem guiava uma motocicleta com uma pessoa na garupa quando, ao passar próximo à Terra Indígena Ñanderu Marangatu, caiu do veículo. A vítima morreu no local, e o passageiro seguiu até a aldeia com a motocicleta.

De acordo com a Polícia Civil, foram encontradas marcas de borracha no braço da vítima. Em conversas com líderes indígenas, acredita-se que o adolescente tenha sido atropelado, mas não descartam outras possibilidades, por causa da tensão entre indígenas e produtores rurais. 

Além da Polícia Civil, equipes da perícia técnica estiveram no local e iniciaram as investigações para determinar as causas da morte do adolescente indígena.


Área de conflito 

Na madrugada da última quarta-feira (19), na Terra Indígena Ñanderu Marangatu, o indígena Neri Guarani Kaiowá, foi morto com um tiro na cabeça, após conflitos com os agentes do Batalhão de Choque por disputa de terras.  

A morte de Neri aumentou ainda mais a tensão entre os indígenas que lutam por suas terras, governo de Mato Grosso do Sul e o governo federal. 

O conflito na região teria tomado proporções maiores desde o dia 12, quando equipes da Polícia Militar (PM) chegaram à região da disputa por terras.

Conforme o Cimi, no dia 12, três indígenas já haviam sido baleados na mesma terra indígena. Uma delas, Juliana Gomes, está hospitalizada em Ponta Porã após levar um tiro no joelho. A segunda ferida foi a irmã dela e o terceiro, um jovem – ambos levaram tiros de bala de borracha.

A morte do indígena teria acontecido durante a madrugada, em confronto na retomada indígena da Fazenda Barra. Ainda de acordo com o Cimi, a Força Nacional de Segurança Pública não estava presente.

Informações do Cimi afirmam que a PM arrastou o corpo de Neri para um pedaço de mata, o que teria revoltado os indígenas, que passaram a avançar para o local em que o corpo foi levado. 

“Novos confrontos se estabeleceram, mas os policiais seguiram com a decisão de afastar o corpo dos guarani-kaiowá”, diz trecho de nota do Cimi.

A TI Ñande Ru Marangatu foi declarada como de posse dos povos originários pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em 2002 e homologada por meio de decreto presidencial em 2005, mas esse processo foi judicializado no mesmo ano e se encontra paralisado até hoje.


Polícia alega que indígena estava armado 

Em nota à imprensa, o Batalhão de Choque alegou que o indígena Guarani Kaiowá Neri Ramos da Silva, de 23 anos, estava armado no momento do conflito. Ainda conforme a nota, o indígena tinha diversas passagens pela polícia por roubo e latrocínio. 

Uma dessas ocorrências teria sido em 2015, no próprio município de Antônio João, quando a vítima de latrocinio foi morta com um tiro na cabeça, segundo a PM.

Sobre o conflito que terminou com a morte do indígena na quarta-feira, o Choque informou que equipes foram acionadas na Terra Indígena Ñanderu Marangatu, localizada na Fazenda Barra, na região de fronteira com o Paraguai, com denúncia de que havia um confronto na região.

Em nota divulgada nas redes sociais, o Choque afirma que, na tentativa de dispersar o tumulto, um dos indígenas que estava escondido na vegetação atirou em direção às forças de segurança e atingiu o escudo protetor da tropa de um dos policiais.

Os agentes de segurança reagiram e atiraram em direção a mata, atingindo o indígena na cabeça.

Ainda segundo o Batalhão de Choque, durante a confecção do boletim de ocorrência, foi constatado que o indígena Neri tinha as passagens pela polícia.

O corpo do indígena Guarani Kaiowá foi encaminhado ao IML (Instituto Médico Legal), onde será periciado por peritos federais que vieram de Brasília para investigar o caso.

Vale lembrar que a mais recente escalada de violência contra os povos originários de Mato Grosso do Sul começou no último dia 12, quando os indígenas realizaram uma ação para retomar a propriedade onde hoje está localizada a Fazenda Barra. Na ocasião, três pessoas ficaram feridas, como o Correio do Estado acompanhou.

OUTRAS MORTES

A cidade de Antônio João já foi palco de diversos conflitos de terra, e o primeiro deles matou um dos nomes mais famosos entre os indígenas. Em novembro de 1983, Marçal de Souza foi assassinado com cinco tiros na aldeia Campestre, na casa onde residia

Liderança indígena em ascensão, antes de morrer, Marçal de Souza teria dito que era uma pessoa marcada para morrer.
Marçal de Souza chegou a ir à Organização das Nações Unidas (ONU) para relatar o drama dos guarani-kaiowá em Mato Grosso do Sul. Em 1980, ele fez um discurso para o papa São João Paulo II, em Manaus (AM), durante sua visita ao Brasil. 

A segunda morte na região ocorreu em 2005. A liderança guarani-kaiowá Dorvalino Rocha foi morto no dia 24 de dezembro daquele ano.

Segundo o Cimi, Dorvalino foi morto por um funcionário da empresa Gaspem, que fazia a segurança das fazendas Fronteira, Cedro e Morro Alto, localizadas no município de Antônio João, sobrepostas à TI Ñande Ru Marangatu, a qual Dorvalino pertencia. 

O vigilante da empresa, João Carlos Gimenez Brites, confessou que alvejou o indígena com dois tiros, tendo o primeiro o atingido o pé e o segundo, o peito. Ele foi a júri popular e condenado a 16 anos de prisão, no ano passado. 

Foi a primeira vez que um assassino de liderança indígena guarani-kaiowá, em um conflito de terras em Mato Grosso do Sul, foi condenado por homicídio.

A terceira morte ocorreu 10 anos depois, em 2015. Simião Vilhalva levou um tiro na cabeça durante conflito na região, no dia 29 de agosto daquele ano, em áreas retomadas também na TI Ñande Ru Marangatu.

 

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