Cidades

ULTIMA RATIO

MPMS quer devolução de fazenda tomada em possível venda de sentença

Imóvel no Pantanal, mantido com acusados de estelionato por decisão de desembargadores, agora pode voltar para a vítima

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Se, na esfera cível, a venda possivelmente fraudulenta de uma fazenda de 5,9 mil hectares em Corumbá foi validada pelo Poder Judiciário, que manteve a posse da propriedade em nome do casal Lydio de Souza Rodrigues e Neiva Rodrigues Torres, mesmo diante de evidência de golpe no vendedor, o pecuarista Ricardo Preira Cavassa, na esfera criminal, a resolução – em que o casal é acusado de estelionato – do caso parece estar tomando caminho
distinto.

O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) estabeleceu como condição para livrar o casal de uma possível condenação o desfazimento do negócio feito, segundo a Promotoria, mediante fraude.

A aquisição da Fazenda Vai Quem Quer, localizada no Pantanal da Nhecolândia, em Corumbá, e avaliada em R$ 15 milhões, foi validada em julgamento proferido pelos desembargadores investigados na Operação Ultima Ratio, da Polícia Federal (PF), que apura um esquema de venda de sentenças na mais alta Corte da Justiça de Mato Grosso do Sul.

A atuação conjunta dos desembargadores – todos eles afastados de suas funções pelo Supremo Tribunal Federal (STF) – foi flagrada no conteúdo das mensagens do telefone celular do desembargador Sideni Soncini Pimentel. 

Nas conversas, Sideni Pimentel indica uma atuação conjunta com outros dois desembargadores, Alexandre Bastos e Vladimir Abreu, para manter a Fazenda Vai Quem Quer com o casal acusado na esfera criminal de aplicar um golpe no vendedor da propriedade, o pecuarista e empresário Ricardo Pereira Cavassa .

A promotora responsável pelo caso, Suzi Lúcia Silvestre da Cruz D’Ángelo, estabeleceu condições para Lydio e Neiva escaparem da condenação criminal pela prática de estelionato na compra da fazenda, como comparecer todos os meses à Justiça para informar suas atividades, comunicar o juízo em caso de eventual mudança de endereço e, a mais importante das condições, o compromisso de rescindir o negócio da compra da fazenda, que ainda não foi transferida para o nome do casal, que mantém apenas a posse da propriedade graças à decisão suspeita dos três desembargadores na área cível.

A proposta, segundo a promotora de Justiça, é para reparar os danos a Ricardo Cavassa.
A resolução do caso está próxima. O juiz da 1ª Vara Criminal de Campo Grande, Roberto Ferreira Filho, marcou audiência entre as partes no dia 29 de setembro, para o oferecimento da proposta do MPMS de supensão condicional do processo, medida em que o acusado pelo crime se livra das acusações e evita uma condenação à prisão e a perda do réu primário, caso aceite o acordo proposto.

Caso o negócio seja desfeito, o casal retoma a propriedade transferida a Ricardo Cavassa, no Vale do Ribeira, em São Paulo (SP).

Na transação envolvendo as duas propriedades, Lydio e Neiva omitiram uma série de vícios e falsificaram certidões para enganar o pecuarista.

Os vícios da fazenda localizada no município de Iguape (SP) eram penhoras, multas ambientais não pagas e áreas embargadas, o que inviabilizaria a fruição da propriedade.

Além disso, as quatro fazendas, que deveriam totalizar 2 mil hectares, tinham, na verdade, apenas 1,67 mil hectares. O golpe foi descoberto após a assinatura do contrato, em que os vendedores usaram documentos falsos para encobrir os vícios das fazendas.

O GOLPE

Cavassa entrou na Justiça para rescindir o contrato de permuta das fazendas após descobrir que os imóveis recebidos em troca tinham diversos gravames ocultos. Na esfera cível, em primeira instância, ele venceu a ação e obteve a reintegração de posse. 

No entanto, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) reformou a sentença e deu ganho de causa ao casal Lydio e Neiva Rodrigues, validando o contrato e rejeitando os argumentos de Cavassa.

A Polícia Federal, no âmbito da Operação Ultima Ratio, encontrou indícios de que a decisão no TJMS foi manipulada. 

Em mensagens apreendidas no celular do desembargador Sideni Soncini Pimentel, ele orienta seu assessor a elaborar um voto divergente do relator Alexandre Bastos, mesmo antes de o voto ter sido apresentado oficialmente. 

O conteúdo das mensagens aponta intenção de alterar o resultado favorável a Cavassa e impedir a rescisão contratual.

A suspeita ganhou força quando se constatou que o desembargador Alexandre Bastos mudou seu posicionamento. Inicialmente, conforme minuta encontrada no celular de Pimentel, Bastos reconhecia vícios no contrato, mas no voto oficial mudou sua posição e sustentou que Cavassa não poderia cobrar providências da outra parte naquele momento, argumento que levou ao indeferimento da ação.

Paralelamente, os vendedores da fazenda, Lydio e Neiva, venderam parte do imóvel ao próprio advogado antes mesmo da decisão judicial definitiva. O contrato de venda previa o pagamento condicionado à vitória na apelação.

A PF vê nesse ato um indício de que os envolvidos tinham conhecimento prévio do desfecho judicial, o que reforça a tese de que houve negociação da sentença no Tribunal.

Este foi um dos casos que levou a PF a solicitar ao STF a abertura de ação penal contra sete desembargadores acusados de envolvimento em venda de decisões judiciais, cinco dos quais estavam na ativa no TJMS.

Apesar da gravidade das acusações, não houve indiciamento formal dos desembargadores, por causa do foro privilegiado. O processo tramita sob relatoria do ministro Cristiano Zanin, do STF, e apenas um dos desembargadores investigados segue no cargo, enquanto os demais estão afastados.

Há a expectativa de que a Procuradoria-Geral da República se manifeste em breve nos autos. Essa manifestação poderia ser uma denúncia (o início de um processo criminal) ou pedidos de arquivamento e de mais digilências.

As investigações da Operação Ultima Ratio continuam.

SAIBA

Os quatro desembargadores que foram alvo de operação que investigou a venda de sentenças no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) continuam afastados do cargo, por decisão do STF.

Decisão do ministro Cristiano Zanin prorrogou, em abril deste ano, a decisão anterior, de outubro de 2024. Continuam fora do TJMS Sideni Soncini Pimentel, Vladimir Abreu da Silva, Marcos José de Brito Rodrigues e Alexandre Bastos.

(OBS: Reportagem alterada para correção do nome da vítima: Ricardo Pereira Cavassa)

Atenção

Ciclone intenso vindo do Sul pode provocar tempestades e ventos de mais de 100 km/h em MS

Ciclone atinge a região Sul, mas os efeitos devem ser sentidos em MS e em outros estados da região Centro-Oeste e Sudeste

07/12/2025 10h03

As previsões são de chuva para a semana

As previsões são de chuva para a semana FOTO: Paulo Ribas/Correio do Estado

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A chegada de um novo ciclone chegando na região Sul do Brasil deve trazer tempestades e ventos fortes para Mato Grosso do Sul ao longo desta semana. 

Segundo o meteorologista do Metsul, Luiz Fernando Nachtigall, um centro de baixa pressão extremamente profundo, não costumeiro para a região, com valores de pressão atmosférica observados em ciclones tropicais no Hemisfério Norte e em ciclones extratropicais poderosos mais ao Sul do continente, vai avançar para o Sul do Brasil ainda no começo da semana. 

“A atmosfera extremamente aquecida, com valores ao redor e acima de 40ºC, associada aos valores de baixa pressão atmosférica é uma combinação explosiva e de altíssimo risco de tempo severo. Vários estados serão afetados na primeira metade da semana com uma grande onda de tempestades que afetará o Sul e estados do Centro-Oeste e do Sudeste no final da segunda e durante a terça-feira”, afirmou o meteorologista. 

As previsões são de chuva para a semanaCiclone atinge a região Sul, mas os efeitos devem ser sentidos em MS / Fonte: Metsul

As chuvas, embora irregulares, devem ser de valor excessivo, podendo acumular volumes de 100 milímetros a 200 milímetros em setores isolados. 

O Rio Grande do Sul deve ser o mais afetado pela condição, porém, os efeitos devem atingir Mato Grosso do Sul ao longo da semana, até a quinta-feira. Também são esperados vendavais intensos com rajadas acima de 100 km/h em todas as áreas afetadas. 

“Desenha-se, portanto, uma sequência de dias de altíssimo risco meteorológico entre a segunda e a quinta-feira, quando o ciclone começará a se afastar. Leve muito a sério o que está vindo”, alertou Luiz Fernando. 

Como o Correio do Estado já havia adiantado, as condições meteorológicas esperadas para a nova semana são de chuvas intensas e alívio no calorão. 

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia, Mato Grosso do Sul está, novamente, em alerta de perigo para chuvas intensas, especialmente na metade norte do Estado. 

Na segunda-feira (8), é esperado um aumento de nuvens ao longo do dia, que favorece a formação de chuvas em várias regiões do Estado. 

Em algumas localidades, são esperados acumulados significativos, que podem ultrapassar os 40 milímetros em 24 horas. 

A formação de um sistema de baixa pressão atmosférica, junto com a passagem de cavados, cria um ambiente favorável para a ocorrência de tempestades, que podem vir acompanhadas de raios, rajadas de vento e possível queda de granizo. 

Como o tempo pode mudar rapidamente, o Cemtec recomenda que a população fique atenta aos alertas emitidos pelos órgãos oficiais, como a Defesa Civil. 

A ocorrência das chuvas deve aliviar o calor, já que as máximas não devem ultrapassar os 32ºC em todo o Estado, e as mínimas variam entre 21ºC e 25ºC. 

Em Campo Grande, a máxima esperada para a segunda-feira é de 27ºC. 

Eventualmente, são esperadas rajadas de vento entre 60 e 80 km/h, podendo acontecer, em pontos isolados, rajadas superiores a 80 km/h. 

São esperadas chuvas durante todos os dias da semana, com alertas pontuais de tempestade em pontos isolados do Estado. 
 

PMA

Pescador quebra Piracema e é multado em R$ 33 mil por Pintado de 21 kg em MS

A PMA abordou o homem durante fiscalização na região de Dourados

07/12/2025 08h15

Peixe foi apreendido pela PMA

Peixe foi apreendido pela PMA Reprodução

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Um motorista foi multado em mais de R$33 mil na última sexta-feira (5) em Dourados, a 226 quilômetros de Campo Grande, por estar transportando um peixe de espécie proibida durante a Piracema. 

Segundo o 2º Batalhão da Polícia Militar Ambiental (MS), o condutor foi abordado pela equipe perto da ponte do Rio Dourado, na MS-156, ao ser flagrado em alta velocidade. 

Durante a fiscalização, o homem admitiu estar carregando um peixe da espécie pintado de 21 quilos e de 1,40m, pescado dois dias antes no Rio Dourado. Segundo ele, a pesca estava guardada na casa de um amigo e ele teria voltado para buscá-la. 

Os policiais se dirigiram até a residência indicada pelo motorista. O morador negou ter armazenado o animal, mas a equipe encontrou sangue, cheiro forte no freezer e indícios de que o peixe teria sido guardado ali. 

Com as evidências, o morador admitiu que teria guardado o animal para o autor. 

De acordo com a PMA, o caso configura infração ambiental por pesca durante o período da Piracema e pelo transporte e armazenamento irregular do pescado, conforme a Lei Federal nº 9.605/98, o Decreto Federal nº 6.514/2008 e o Decreto Estadual nº 15.166/2019.

O pescador recebeu multas de R$ 18.420,00 pela pesca de em R$ 15.420,00 pelo transporte e conservação irregulares do peixe, totalizando R$ 33.840,00, além de um auto de infração pelo armazenamento ilegal do animal. 

A Polícia Militar Ambiental reforça que é ilegal a prática da pesca durante o período da Piracema pois é época essencial para a reprodução das espécies nativas. Assim, as equipes continuarão intensificando as fiscalizações. 

Piracema

Piracema iniciou no dia 5 de novembro nos rios de Mato Grosso do Sul. Com isso, qualquer tipo de pesca (pesque e solte, amadora e profissional) está proibida até 28 de fevereiro de 2026, bem como o transporte de pescados.

A pesca continua permitida para ribeirinhos – que precisam do peixe para se alimentar – na quantidade necessária para o consumo do dia, não sendo permitido estocar. Neste caso, é permitido pescar com varas em barrancos.

A Piracema é o período de reprodução dos peixes, em que os animais completam seu ciclo de vida sem interferência da ação do homem. O termo tem origem da língua tupi e significa “migração de peixes rio acima”, conforme o Dicionário Michaelis.

O objetivo é combater a pesca ilegal e predatória para que os peixes possam subir os rios para se reproduzirem.

Operação Piracema, da Polícia Militar Ambiental (PMA), fiscalizará rios de todo o Estado, em pontos georreferenciados identificados como áreas de maior incidência de pesca ilegal, realizando:

  • bloqueios terrestres e aquáticos
  • vistorias em estabelecimentos comerciais
  • verificações de estoque declarado de pescado
  • operações noturnas e diurnas em locais estratégicos

A Operação Piracema conta com o emprego do Sistema de Gerenciamento da Informação Ambiental (SIGIA), ferramenta tecnológica que permite o mapeamento e monitoramento em tempo real das ações fiscalizatórias. O sistema possibilita análise georreferenciada, coleta de dados e apoio à tomada de decisões estratégicas.

CRIME

Pescar durante a piracema é crime ambiental inafiançável. Portanto, quem desrespeitar a regra será autuado, multado, conduzido até uma Delegacia de Polícia e responder por processo administrativo e criminal. Além disso, pescados, barcos e apetrechos serão apreendidos.

Quem for flagrado praticando pesca predatória, durante o período de defeso, está sujeito à prisão em flagrante e à aplicação das seguintes penalidades:

  • multas de R$ 700,00 a R$ 100.000,00, acrescidas de R$ 20,00 por quilo ou fração do pescado apreendido;
  • apreensão de petrechos, embarcações, veículos e demais materiais utilizados na prática ilegal;
  • pena de detenção de um a três anos, conforme o artigo 34 da Lei de Crimes Ambientais.

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