Cidades

ALERTA COVID

Com hospitais lotados, governo do Estado tenta conseguir mais 60 leitos de UTI para tratar pacientes com Covid-19

Negociação vem logo depois do Ministério da Saúde aceitar "estender a mão" ao estado

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Como resultado da lotação nos hospitais, a secretaria de Saúde do estado (SES) está tentando conseguir uma ampliação de mais 60 leitos de UTIs Covid para Campo Grande.

A negociação já está sendo feita há uma semana, desde que o senador Nelson Trad (PSD) intermediou uma reunião de autoridades da Capital com o Ministério da Saúde.

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O secretário da SES, Geraldo Resende, irá retornar à Brasília, ainda nesta semana, para dar continuidade às tratativas. O objetivo é começar tentando abrir espaço para mais 20 leitos de UTIs Covid no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul.

Em parceria com a gestão do Município, outros 10 leitos irão para a Santa Casa de Campo Grande. Em relação as unidades particulares, o Hospital do Pênfigo receberá 20 leitos, já que foi o único que se mostrou apto à ampliação.

Para finalizar a conta, a secretaria tenta concluir uma conversa com o Hospital Universitário (HU), que não está mais entre os hospitais contratualizados com o Município, para atender pacientes Covid ou ficar na retaguarda para acolher internados por outras doenças.

A unidade fecharia o pedido, recebendo 10 leitos de UTI.

De acordo com Resende, a medida de ampliação está sendo tratada devido ao aumento expressivo no número de casos registrados na última quinzena.

Desde o dia 15 de novembro, Mato Grosso do Sul contabilizou 10.674 novos casos da Covid-19.

Se o comparativo for feito apenas com os últimos 7 dias, no início da 48ª semana epidemiológica, o número de internações era de 291, hoje (30) ele está em 450.

Além dos números assustadores, a proximidade com o feriado do Natal e do Ano Novo preocupa as autoridades em Saúde.

Ainda segundo o secretário, mesmo se tratando de uma data comemorativa importante, os cuidados não podem ser deixados de lado.

"De nada vale [os novos leitos], se não tivermos medidas restritivas mais intensas. Com a chegada das festas de final de ano, as pessoas querem se aglomerar, mas este Natal vai ser diferente. É importante as pessoas colocarem isso na cabeça sob pena de termos muitas lágrimas no final do ano”, completou.

Pecuária

China inicia investigação que pode limitar importação de carne para proteger produção local

Medida foi tomada a pedido de associações da pecuária chinesa, que alegaram efeitos prejudiciais na produção local em razão das importações

27/12/2024 23h00

A carne bovina representa 11% da pauta de exportações de MS

A carne bovina representa 11% da pauta de exportações de MS Agência Brasil

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O Ministério do Comércio da China anunciou nesta sexta-feira (27), em comunicado, o início de uma investigação sobre as importações de carne bovina, que pode resultar na adoção de ações para proteger a produção local, reduzindo as compras.

A medida foi motivada por um pedido formal de várias associações da pecuária chinesa, que alegaram um aumento significativo nas importações nos últimos anos e efeitos prejudiciais à indústria nacional.

De acordo com o comunicado oficial, as importações de carne bovina cresceram 64,93% entre 2019 e 2023 e mais que dobraram (106,28%) no primeiro semestre de 2024 em relação a igual período de 2019. O mercado doméstico viu sua participação cair, com as importações representando 43,87% da produção total no período analisado, ante 24,87% em 2019.

As associações afirmam que o aumento nas importações está diretamente ligado aos prejuízos sofridos pelos produtores chineses. Após análise preliminar, o Ministério do Comércio considerou que as evidências apresentadas atendem aos requisitos legais para a abertura da investigação.

A apuração abrange o período de 1º de janeiro de 2019 a 30 de junho de 2024 e poderá incluir questionários e audiências com partes interessadas. As entidades afetadas têm até 20 dias para se registrar e apresentar comentários ou informações adicionais.

A previsão é de que o processo seja concluído em até oito meses, com possibilidade de prorrogação em casos excepcionais.

A medida pode resultar na implementação de salvaguardas para limitar ou tarifar as importações, com o objetivo de proteger a indústria local. A China é o principal destino da carne bovina brasileira, tendo comprado 1.212.721 toneladas de janeiro a novembro deste ano, alta de 11,1% ante igual período de 2023.

A receita no período cresceu 3,7%, para US$ 5,424 bilhões. A participação chinesa no total exportado de carne bovina de janeiro a novembro representou 41,1% do volume total comercializado pelo país com o exterior e 45,1% considerando as receitas.

Cidades

Desastres climáticos aumentaram 250% nos últimos quatro anos no país

Estudo analisou temperatura média do ar e da superfície oceânica

27/12/2024 20h00

Desastres climáticos aumentaram 250% nos últimos quatro anos no país

Desastres climáticos aumentaram 250% nos últimos quatro anos no país Marcelo Camargo/Agência Brasil

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Os desastres climáticos no Brasil aumentaram 250% nos últimos quatro anos (2020–2023), em comparação com os registros da década de 1990, revela estudo lançado pela Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica – coordenada pelo Programa Maré de Ciência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em parceria com a Fundação Grupo Boticário.

O estudo, que usou dados públicos extraídos do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID) do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, considerando o período de 1991 a 2023, também analisou dados de temperatura média do ar e da superfície oceânica dos últimos 32 anos, com base em informações da agência europeia Copernicus, obtidos por meio da plataforma Climate Reanalyzer.

Segundo os pesquisadores, para cada aumento de 0,1°C na temperatura média global do ar, ocorreram mais 360 desastres climáticos no Brasil. No oceano, para cada aumento de 0,1°C na temperatura média global da superfície oceânica, foram registrados mais 584 eventos extremos no país.

“Quando os dados de 2024 forem consolidados, haverá a confirmação da escalada de desastres climáticos nos anos mais recentes. O levantamento aponta que foram registrados 6.523 desastres climáticos em municípios brasileiros na década de 1990, enquanto, no período de 2020–2023, foram registrados 16.306 eventos”, dizem os pesquisadores.

Segundo o levantamento, o Brasil teve 64.280 desastres climáticos desde 1990, e há aumento, em média, de 100 registros por ano. Nos primeiros dez anos monitorados, foram 725 registros por ano. De 2000 a 2009, 1.892 registros anuais; de 2010 a 2019, 2.254 registros anuais e, nos últimos quatro anos (2020 a 2023), já são 4.077 registros por ano.

O professor Ronaldo Christofoletti, do Instituto do Mar da Unifesp, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza e um dos coordenadores do estudo, disse que o objetivo do levantamento é contribuir para que a sociedade conheça, debata e pense em soluções, incentivando a tomada de decisão e as mudanças de comportamento necessárias, tanto em nível individual quanto institucional, para reduzir os impactos climáticos e garantir um futuro sustentável para o Brasil.

O estudo mostrou ainda que 5.117 municípios brasileiros reportaram danos causados por desastres climáticos entre 1991 e 2023, representando 92% dos municípios do país. As principais ocorrências foram secas (50% dos registros), seguidas por inundações, enxurradas e enchentes (27%) e tempestades (19%).

Oceano

Desde março de 2023, o oceano teve aumento de temperaturas de cerca de 0,3°C a 0,5°C, fenômeno que tem agravado eventos extremos, como furacões e inundações, afetando milhões de pessoas e impactando profundamente os ecossistemas. Entre os exemplos, estão as inundações no Rio Grande do Sul e as secas no Centro-Oeste, em 2024. Christofoletti destacou que o oceano é fundamental para a regulação climática global e que seu aquecimento contínuo evidencia os impactos crescentes da crise climática no sistema terrestre.

“Isso é muito preocupante, considerando que, ao longo dos últimos 40 anos, o oceano aqueceu cerca de 0,6°C. Esse aquecimento abrupto e prolongado ameaça o equilíbrio de um sistema que cobre 70% do planeta. O oceano, nesse nível de aquecimento, intensifica os eventos climáticos extremos que impactam diretamente milhões de pessoas”, disse.

Quando analisadas as consequências econômicas e sociais, o cenário indicou que, entre 1995 e 2023, os prejuízos econômicos no Brasil atingiram R$ 547,2 bilhões. Nos primeiros quatro anos da década de 2020, as perdas somaram R$ 188,7 bilhões, 80% do total registrado em toda a década anterior (2010–2019) e corresponde a 0,5% do PIB nacional acumulado nos últimos quatro anos.

As projeções baseadas no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e na taxa atual de registros de desastres, mostram que os números podem aumentar nas próximas décadas. No cenário mais otimista, até o final do século, no qual as metas do Acordo de Paris para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C sejam cumpridas, o Brasil poderá registrar até 128.604 desastres climáticos entre 2024 e 2050, o dobro do total observado nas últimas três décadas. No cenário mais pessimista, no qual o aquecimento do planeta ultrapassa 4°C, o número de desastres pode chegar a quase 600 mil ocorrências até 2100, nove vezes o registrado entre 1991 e 2023.

Conforme o estudo, mesmo no menor cenário, o Brasil pode sofrer um impacto de R$ 1,61 trilhão até 2050. Se o cenário pessimista se concretizar, os custos poderão ultrapassar R$ 8,2 trilhões até o final do século, 15 vezes o total observado nas últimas décadas.

Para a pesquisadora envolvida no estudo e gerente de projetos da Fundação Grupo Boticário, Janaína Bumbeer, apesar das projeções negativas, ainda há tempo para agir. Segundo Janaína, além de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, é essencial buscar a resiliência das comunidades e a adaptação às novas condições climáticas.

“Nesse sentido, as soluções baseadas na natureza são ferramentas eficazes para fortalecer a resiliência de cidades costeiras, enfrentando desafios ambientais, sociais e econômicos de forma integrada. A recuperação de manguezais e dunas, por exemplo, está entre as soluções verde-azuis, que promovem a adaptação ao ambiente urbano e costeiro, aumentando a resiliência contra eventos climáticos extremos e construindo cidades mais saudáveis e sustentáveis”, afirmou.

A pesquisadora ressaltou que o aumento da temperatura global, além de ampliar os eventos extremos, provoca o aumento nos custos de energia e alimentos, a escassez hídrica e o aumento de doenças relacionadas ao calor, como a dengue. “A hora de agir é agora. Com esforços globais coordenados e eficientes, podemos fortalecer a resiliência da natureza e da humanidade, construindo um futuro mais sustentável e seguro para todos.”

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