Devido ao aumento no número de queimadas e focos de calor no Pantanal de Mato Grosso do Sul em decorrência da falta de chuva e índices baixos de umidade do ar, o Governo do Estado decretou estado de emergência e vai solicitar apoio do Governo Federal para combater pontos de incêndio. O decreto emergêncial será publicado na edição de amanhã do Diário Oficial do Estado. Só na região do Pantanal, equipes do Corpo de Bombeiros estão sobrevoando os dez pontos de incêndio além de equipes fazendo o combate por terra.
O pedido de emergência foi divulgado nesta quarta-feira pelo secretário de Meio Ambiente do Estado Jaime Verruck durante reunião com a Defesa Civil do Estado, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar Ambiental e especialista em meteorologia do Governo do Estado.
De acordo com o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, o pedido de aeronaves e equipamento do Exército Brasileiro foi feito hoje às 7h ao Ministério da Integração Regional . "Fizemos o pedido de apoio de aeronaves para incêndios em proporções maiores, e que também a gente tenha o apoio do Exercito, não é usar o soldado para combater, mas principalmente o equipamento que eles tem, há uma disponibilidade de helicóptero, e pra isso precisamos decretar estado de emergência e pedir autorização do Governo Federal. A ideia é que a gente aumente o numero de pessoas atuando ao combate de incêndio e alertando a população que precisamos diminuir o número de focos, é uma questão fundamental, para que no curto espaço de tempo a gente domine o fogo e não tanto impacto na saúde, meio-ambiente, fauna, flora e na economia", disse.
Desde janeiro até agosto, foram registrados 5.126 ocorrências de incêndio no Estado, sendo delas, 2.913 só na Capital, e para intensificar o combate aos focos de incêndio, o Corpo de Bombeiros modificou a escala do efetivo e mais de 50 militares estão distribuidos em equipes especializadas para conter os focos de incêndio.
Ao todo, são 200 profissionais que atuam em ocorrências do cotidiano e desde julho deste ano, conforme o Chefe do Estado Maior Geral, coronel Edison Zanlucas, o efetivo está trabalhando dobrado nas ocorrências. "O reforço já está ocorrendo desde julho, nós já fizemos uma escala de guarnições de combate ao incêndio florestal específica, a gente se antecipou em relação a esse reforço, é uma escala extra que nós executamos para todos os militares que normalmente estariam na folga", disse.
Para o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de MS (Famasul), Maurício Sato, os impactos na agricultura do estado estão voltados mais as ondas de calor. "O impacto imediato que nós temos está menos vinculado ao fogo e mais vinculado a falta de chuva, nós temos automaticamente com essa baixa umidade do ar, uma demora maior para a implantação da nossa safra de soja que a partir do dia 15 de setembro já estaria permitida, essa falta de umidade leva essa condição que nós teriamos de aproveitar melhor o período de plantio e automaticamente leva a condição da nossa safrinha de 2020 fora do nosso período de plantação", explicou.
De acordo com a especialista em meteorologia do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de MS (Cemtec) Franciane Rodrigues, nos próximos dias há expectativa de chuva é abaixo da média esperada nas regiões sudoeste e sul do estado. Para outubro a previsão é do mesmo cenário com pouca chuvas. A esperança só está em novembro quando deverá chover de forma regular. "A massa de ar seco segue atuando em todo o Estado isso faz com que as condições meteorológicas não sejam favoráveis ao longo de setembro e também expectativa muito baixa em outubro. As chuvas em setembro devem ficar abaixo da média e também outubro expectativa abaixo da média, então todo esse período é bastante crítico e requer bastante atenção em relação a essa massa de ar seco que deve continuar por pelo menos setembro e outubro", explicou.
FORA DO CONTROLE
Relatório da Sala de Situação Integrada, divulgado nesta terça-feira (10) pela Coordenadoria de Defesa Civil de Mato Grosso do Sul (Cedec/MS), aponta que mais de 1 milhão de hectares de vegetação foi destruída pelas queimadas no Estado, no período de 1º de agosto a nove de setembro deste ano. Os focos de calor continuam intensos, devido a prolongada estiagem, com maior concentração no Pantanal e na Serra da Bodoquena.
Sem previsão de chuvas para os próximos 15 dias, a Cedec/MS lançou um alerta de onda de calor para todo o Estado e avalia a recomendação de situação de emergência em algumas regiões, cuja medida, decretada pelo município, poderá garantir ajuda financeira do governo federal para combate aos incêndios florestais. O coordenador da Cedec, tenente-coronel Fábio Catarinelli, informou que uma situação de emergência pode ter o apoio de aeronaves.
O volume de área acumulada queimada pelo fogo nos últimos 40 dias foi divulgado pelo Ibama (Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que coordenada o Programa PrevFogo, por meio de um gráfico de estimativa, totalizando 1.027.041,20 hectares. No período, foram registrados 3.304 focos, sendo a maioria no Pantanal, entre os municípios de Corumbá e Porto Murtinho. Nas últimas 48 horas, foram 397 focos nesta região.
“A Sala de Situação continua monitorando todo o Estado, atualizando dados e atuando em alerta permanente com os demais órgãos envolvidos e os municípios, com emprego e remanejando de equipes do Corpo de Bombeiros em apoio ao PrevFogo”, informou Catarinelli.
FOGO EM ALDEIAS INDÍGENAS
A Sala de Situação Integrada, da qual participam vários órgãos de segurança e ambientais, dentre os quais a Semagro (secretaria estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) volta a se reunir na próxima sexta-feira (13). O último boletim divulgado reforça o alerta de onda de calor, com previsão de temperatura 5% acima da média para esta semana na maioria dos municípios.
As ações de combate das brigadas do PrevFogo, com o apoio do Corpo de Bombeiros, se concentram nas aldeias São João e Alves de Barros, na Reserva Indígena Kadiwéu (Serra da Bodoquena), com 30 homens, e no Porto Morrinho, Passo do Lontra, margens da BR-262 e Estrada-Parque (Corumbá), também com 30 brigadistas. Com o apoio de uma equipe de Brasília, as brigadas indígenas de Aquidauana atuam em incêndios nas aldeias Limão Verde, Ipegue eTaunay.
*Matéria editada às 12h27 para acréscimo de informações