Cidades

riquezas naturais e minerais

Multa milionária após incêndio dá origem a "teorias conspiratórias" sobre a Serra do Amolar

Dono de pousada foi multado em R$ 9,6 milhões e depois disso registrou BO na polícia dizendo que está sendo alvo de uma espécie de conspiração

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A multa de R$ 9,6 milhões imposta pela Polícia Militar Ambiental ao dono da pousada Dois Corações, Roberto Carlos Conceição de Arruda, por supostamente ter iniciado um incêndio que destruiu 1,2 mil hectares na região da Serra do Amolar, no final de janeiro, trouxe à tona uma espécie de “guerra” entre Ongs ambientalistas e uma série de “teorias conspiratórias” sobre aquela região do Pantanal. 

Entre as teorias estão o suposto interesse em dominar as terras da região para faturar com a venda de créditos de carbono, supostos incêndios criminosos provocados por Ongs para conseguir ajuda internacional e, principalmente, apropriar-se das terras para uma futura exploração das riquezas minerais da Serra do Amolar. 

Conforme a versão oficial e reproduzida uma série de vezes nas redes sociais do Instituto do Homem Pantaneiro (IHP), o fogo que provocou a “multa da discórdia” começou no dia 27 de janeiro na propriedade de Roberto Carlos, uma área de 142 hectares às margens do Rio Paraguai e no pé da Serra do Amolar. 

No dia 5 de fevereiro, a PMA divulgou nota informando que, com base em imagens de satélite e georeferenciamento, ele havia sido multado em R$ 9,6 milhões por ter provocado o incêndio. 

No dia 14 de fevereiro, porém, Roberto Carlos procurou a Polícia Civil em Corumbá para registrar Boletim de Ocorrência denunciando que estava sendo alvo de calúnia. “Afirma o comunicante/vítima que o Instituto do Homem Pantaneiro, através do Coronel Rabelo, seria o responsável por o acusar de colocar fogo na região de preservação”, diz trecho do BO. 

Também ressalta “que foi estipulada a ele uma multa exorbitante no valor de aproximadamente R$ 9.700.000,00, como se o comunicante/vítima fosse pecuarista, o que não procede, uma vez que é apenas ribeirinho, sabe apenas assinar o primeiro nome, sendo analfabeto”. 

Em entrevista por telefone, Roberto Carlos também reclamou do fato de ter sido “taxado” de  empresário pela Polícia Militar Ambiental, sendo que cria em torno de 35 bovinos e tem uma pousada com dois quartos, nos quais consegue abrigar, no máximo, seis pessoas. A pousada fica a cerca de três horas de barco de Corumbá, rio acima.

Ao aplicar a multa, a PMA escreveu que ele teria colocado fogo para renovar a pastagem. Roberto Carlos, que tem 51 anos, e nega ter dado início ao incêndio, diz que nasceu naquele local e nunca morou em outro. Que “ganhou” a escritura das terras do Incra e tem conhecimento suficiente para saber que em janeiro não se coloca fogo para limpar pastagem. 

“Se eu quisesse fazer isso, teria feito em agosto ou setembro, época em que o fogo realmente serve para esse fim. Além disso, aqui é tudo aberto, tem pasto para milhares de bois e eu só tenho 35 vacas e bezerros. Não faz o menor sentido eu colocar fogo, ainda mais nesta época do ano”, afirmou  à reportagem do Correio do Estado. 

Se o fogo realmente começou no local onde a PMA e o IHP dizem (em um baceiro a cerca de 400 metros da pousada), ele acredita que possa ter sido provocado por isqueiros que estavam capturando iscas na região naqueles dias, vésperas de reabertura do pesque e solte no Rio Paraguai.

Indagado sobre os possíveis motivos que teriam levado o Instituto do Homem Pantaneiro (IHP) e o Coronel Rabelo (PM aposentado) a fazerem a denúncia, ele acredita que seja porque o IHP quer “tomar minhas terras e assim ganhar dinheiro com a venda de créditos de carbono. Ao longo de 150 quilômetros do Rio Paraguai quase já não existe mais ribeirinho. Tomaram as terras de todo mundo”, afirma. 

Ele acredita que a multa exorbitante tenha sido “encomendada” para inviabilizar sua permanência no local. “Já falei mais de uma vez, não vendo minhas terras, só sei tirar meu sustento daqui. Se eu tiver que ir para a cidade, vou morrer de fome”. 

Em meio a essa disputa, o “empresário” que é dono de uma pousada com seis vagas conseguiu até um advogado voluntário, Nelson Araújo Filho, para tentar derrubar a cobrança da multa pelo Imasul (Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul).

Pousada multada fica no pé de um dos morros da Serra do Amolar, mas o proprietário nega que tenha causado incêndio no final de janeiro

Em sua argumentação, o advogado indaga sobre as razões que levaram as autoridades ambientais a ignorarem o fato de um incêndio em 25 de setembro de 2020 ter começado “distante 30 metros da sede do IHP, nos Novos Dourados, o qual consumiu entre 500 mil e 1 milhão de hectares”. A denúncia de que o fogo teria começado naquele local também consta do BO registrado na Polícia Civil no dia 14 de fevereiro.

E é nestes seguidos incêndios no Pantanal que reside outra suposta "teoria conspiratória". Segundo Roberto Carlos, “é muito estranho que estes incêndios que estão destruindo o Pantanal tenham aumento justamente ao longo do mesmo período em que determinadas Ongs estão ganhando força. Você sabe que sem tragédia, Ong não ganha dinheiro internacional. Ong não cuida do Pantanal, quem cuida e preserva é gente igual eu, minha família, os outros ribeirinhos e os fazendeiros que há séculos ganham a vida aqui”, desabafa. 

O incêndio que deu origem à “multa da discórdia” foi combatido por cerca de duas dezenas de homens dos bombeiros e brigadistas do IHP e de moradores da região que receberam treinamento para atuarem como brigadistas. Até aeronaves do Governo do Estado foram mobilizadas para controlar o fogo. 

Incialmente o IHP chegou a divulgar que cerca de 5 mil hectares haviam sido destruídos, mas a multa emitida pela PMA e anexada a um inquérito instaurado na semana passada pelo Ministério Público Estadual  (8/03) evidencia que foram pouco mais de 1,2 mil hectares. O MPE quer descobrir se o dono da pousada foi ou não o resposável pelo incêndio. 

RIQUEZAS MINERAIS

Mas a teoria mais intrigante em meio a esta troca de acusações é o suposto interesse pelos minérios da Serra do Amolar, apontada por uma fonte que pediu anonimato ao Correio do Estado. De acordo com esta fonte, as terras do Seu Beto, como é conhecido o dono da pousada que levou multa de quase dez milhões, estão em local chave e que seria fundamental para uma possível exploração e embarque de minérios no Rio Paraguai. 

“A Serra do Amolar recebeu essa denominação pela presença abundante de uma pedra muito dura e escura, capaz de amolar facas, enxadas e machados. É minério de ferro”, a frase entre aspas faz parte de uma publicação do site da Ong ambientalista Ecoa, que tem uma espécie de base de estudos próximo à pousada do senho Beto. 

Ainda conforme esta mesma publicação “em 1937, passou por lá o alemão Otto Willi Ulrich, a serviço do governo britânico. Suas pesquisas apontaram a presença de minério de ferro com pureza de 56%.” Este alemão teria escrito um livro que “traz o desenho de um mapa com todos o morros da Serra do Amolar. O pesquisador apontou as seguintes porcentagens de peso nos metais encontrados: ferro, 56,3%; manganês, 10,6%; Titanoxydo, 2,2%; cromo, 1%; e Estanho, 0,15%”. 

E, inicialmente, segundo a publicação do Ecoa, estes minérios interessavam ao empresário Eike Batista, que é filho de Eliezer Batista, uma espécie de “pai da mineração brasileira”, pois em diferentes períodos comandou a Vale do Rio Doce e foi ministro de Minas e Energia antes e durante o regime militar. Foi ele o principal responsável pela identificação das reservas minerais brasileiras, inclusive as de Corumbá. 

E, conforme publicação do Ecoa,  “em decadência econômico-financeira, Eike está se desfazendo dos seus negócios. Para não perder o controle sobre a reserva, arrendou a propriedade, com opção de compra, para o IHP (Instituto Homem Pantaneiro), que tem como diretor-presidente o coronel reformado Ângelo Rabelo, o “xerife” do Pantanal".  Rabelo trabalhou para a EBX durante dois anos como consultor de riscos ambientais”. 

A Serra do Amolar está localizada na fronteira do Brasil com a Bolívia, entre Cáceres (MT) e Corumbá (MS). É bem maior que as morrarias que estão sendo exploradas há décadas em Corumbá. Só no ano passado foram retiradas em torno de 8 milhões de toneladas de minério destas morrariras A  altitude da Serra do Amolar chega a mil metros e os morros se estendem ao longo de 80 quilômetros.

A reportagem do Correio do Estado procurou o IHP na sexta-feira da semana passada (8), mas não obteve retorno oficial do Instituto. Informalmente, porém, pessoas ligadas ao Instituto deram a entender que o senhor Beto é ligado à Ong Ecoa e que a venda de créditos de carbono não tem qualquer relação com uma possível compra ou posse de qualquer propriedade na região e que o Instituto não compra terras. 

COM A PALAVRA O IHP

Nesta terça-feira (12) a assessoria do IHP enviou nota ao Correio do Estado dizendo:

"Considerando inverdades publicadas na imprensa e vinculações sobre teorias não fundamentadas que contribuem negativamente para ações de conservação e desenvolvimento sustentável no Pantanal. O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) esclarece:

- O IHP atua diretamente para prevenir e combater incêndios florestais na região do Alto Pantanal, em área que forma corredor de biodiversidade, tanto com a atuação ao longo de todo o ano com a Brigada Alto Pantanal, bem como com o monitoramento por meio de câmeras, usando inteligência artificial, a partir do sistema Pantera, para detecção de focos de fumaça. Não responde ao IHP o papel de denúncia ou realização de fiscalização.

- Cabe informar que as autoridades possuem sistemas de geotecnologias operacionais para identificar origem e tamanho da área de incêndios florestais.

- Projetos que envolvem crédito de carbono são desenvolvidos em áreas particulares e envolvem parcerias entre setor de pesquisa e proprietários de terras. O IHP possui um projeto certificado de crédito de carbono no Pantanal e seu papel nesse processo é desenvolver a pesquisa para identificar mensurações de conservação. Além disso, tem a parceria de proprietários e é desenvolvido em Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPNs). Atendendo às especificidades técnicas necessárias e viabilidade econômica, qualquer proprietário que tiver interesse pode integrar projeto de carbono que seja executado pelo IHP ou outra instituição ou empresa. Qualquer projeto precisa passar por certificação para garantir sua comercialização."


 

Julgamento

Caso Sophia: Justiça nega pedido e mãe e padrasto serão julgados juntos

Stephanie de Jesus da Silva e Christian Campoçano Leitheim serão julgados nos dias 21 e 22 de novembro

08/10/2024 12h20

Na última audiência do caso Sophia, mãe e padrasto, acusados de assassinar e violentar a menina, ficaram em silêncio no interrogatório.

Na última audiência do caso Sophia, mãe e padrasto, acusados de assassinar e violentar a menina, ficaram em silêncio no interrogatório. Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A Justiça negou o pedido dos advogados de defesa da ré Stephanie de Jesus da Silva, mãe de Sophia de Jesus Ocampo, de ser julgada separada do ex-parceiro e padrasto da criança, Christian Campoçano Leitheim.

Além disso, adiantou a data do júri, que agora acontecerá nos dias 21 e 22 de novembro.

Sophia de Jesus Ocampo morreu no dia 26 de janeiro de 2023, aos 2 anos, vítima de uma série de violências sofridas na casa onde morava com a mãe e o padrasto. Stephanie e Chirstian foram presos no dia seguinte em que foi constatada a morte, visto que as autoridades interpretaram que as violências estavam diretamente associadas aos dois.

Inicialmente, o júri popular estava marcado para acontecer nos dias 12, 13 e 14 de março. No entanto, após um recurso dos advogados de defesa, foi adiado em quase oito meses. O caso, que aconteceu em Campo Grande, chocou todo o estado e teve repercussão nacional, deverá ser finalmente "concluído" em novembro, 1 ano e 10 meses após o crime.

Stephanie de Jesus da Silva responde por homicídio doloso e omissão por motivo fútil, meio cruel, contra menor de 14 anos e está sendo assistida pela Defensoria Pública. Christian Campoçano Leitheim foi denunciado pela promotoria de justiça por homicídio triplamente qualificado por motivo fútil, meio cruel e contra menor de 14 anos, e estupro de vulnerável.

Relembre o caso

No dia 26 de janeiro de 2023, Stephanie de Jesus da Silva, de 25 anos, levou a pequena Sophia de Jesus Ocampo para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Coronel Antonino, em Campo Grande. As enfermeiras que realizaram o primeiro atendimento constataram que a menina já apresentava rigidez cadavérica quando chegou à unidade. 

Posteriormente, a perícia constatou que a criança havia morrido 7 horas antes de chegar à UPA. O laudo necroscópico do Instituto de Medicina e Odontologia Legal (Imol) indicou que Sophia morreu por um traumatismo na coluna causado por agressão física. Além das diversas lesões no corpo, a criança apresentava, ainda, sinais de estupro.

Conforme noticiado anteriormente pelo Correio do Estadomensagens trocadas entre a mãe de Sophia e o padrasto indicam que a dupla já sabia que a menina estava morta.

No diálogo que aconteceu naquele dia, por meio de um aplicativo de mensagens, Christian e Stephanie discutiam o que diriam para justificar o falecimento da criança. 

“Eu não tenho condições de cuidar de filhos. [...] Eu te avisei que sua vida ia ficar pior comigo, mas você não acreditou”, disse Christian Leitheim à mãe de Sophia. 

Na mesma conversa, o homem ainda ameaça tirar a própria vida após Stephanie o informar que Sophia está morta. As mensagens foram trocadas quando a mãe da menina estava na Unidade de Pronto Atendimento.

“Tô saindo. Não vou levar o celular e nem identidade para, quando me acharem, demorar para reconhecer ainda. Desculpa, Stephanie, vou sair da sua vida”, disse o padrasto em uma das mensagens. 

Ainda de acordo com o documento a que o Correio do Estado teve acesso, logo após dar a notícia da morte da criança, Stephanie conta que exames constataram que Sophia tinha sido estuprada. Esse fato foi relatado pela mãe à polícia quando prestou os primeiros esclarecimentos e confirmado por meio de laudo necroscópico.

“Disseram que ela foi estuprada”, disse Stephanie, ao que Christian respondeu: “Nunca. Isso é porque não sabem o que aconteceu com ela e querem culpar alguém. Sei que você não vai acreditar em mim”. 

O padrasto completou: “Se você achar que é verdade, pode me mandar preso, pode fazer o que quiser”

Durante o diálogo, ele ainda deixa a entender que não teria sido a primeira vez que Sophia havia sofrido algum tipo de agressão, já que ele disse para a mãe “inventar qualquer coisa” que justificasse os hematomas.

“Fala que se machucou no escorregador do parquinho, igual da outra vez”, sugeriu. 

Em dois anos e sete meses de vida, Sophia já havia passado por pelo menos 30 atendimentos nas unidades de saúde.

Primeira audiência

primeira audiência de instrução - um ato processual que serve, principalmente, para colher todas as provas das partes e depoimentos das testemunhas - do "Caso Sophia" foi realizada no dia 17 de abril.

Foram ouvidas seis testemunhas: o pai biológico da vítima, um investigador de Polícia Judiciária, pai e mãe de Stephanie, e uma ex-namorada de Christian.

Apesar de não prestar depoimento, o padrasto da vítima se recusou a comparecer à primeira audiência.

Avô e avó maternos de Sophia, pais de Stephanie de Jesus da Silva, foram os primeiros a serem ouvidos.

Silva explicou que não era muito próximo de sua filha, já que se divorciou da mãe de Stephanie há 21 anos. Segundo ele, a filha sempre reclamou da ausência dos pais. Apesar de não haver tanta proximidade, o homem afirmou já ter visto hematomas na criança, mas nunca imaginou que Sophia era espancada. 

O avô da vítima ainda acrescentou que ele e a avó da menina já tinham medo da Sophia ser estuprada, porque desde que Stephanie havia passado a morar com Christian a casa "vivia cheia de homens".

A mãe de Stephanie, Delziene da Silva de Jesus, relatou que a filha se afastou depois de ter conhecido Christian, e que chegou a proibi-la de entrar na residência do casal.

"Depois que ela conheceu o Christian mudou por completo. Ela se afastou de mim porque não gostava que eu interferia, ela me proibiu de entrar na casa dela".

Por conta do contato reduzido, Delzirene afirmou não ter conseguido notar os sinais de violência, e só constatou as agressões quando viu o laudo médico. 

Stephanie procurou pela mãe no dia em que Sophia morreu. "Eu fui recebendo mensagens de que a Sophia estava passando mal, e recebi uma foto da menina dormindo. Sthephanie informou que iria esperar para levar a menina para o UPA", afirmou a testemunha.

Chegando à Unidade, Stephanie ligou para sua mãe para informar que Sophia estava morta. Delzirene acredita que Stephanie foi conivente com a violência sofrida pela criança.

"Por conta das mensagens que ela foi me mandando durante o dia, por conta da enfermeira relatar que Sophia estava há mais de quatro horas morta, não tinha como ela não saber que ela estava morta", disse. "Nas mensagens ela estava com a voz apavorada, de uma forma diferenciada. Ela estava chorando quando me mandou um áudio falando que a Sophia tinha morrido", concluiu Delziene.

Além dos avós, foram ouvidos o pai biológico de Sophia, um investigador e a ex-namorada de Cristian, que já tem medida protetiva contra ele por violência doméstica.

Andressa Fernandes, a ex-namorada, foi ouvida como informante. Ela teve um casamento de dois anos com Christian, com quem tem um filho. No depoimento, afirmou que Christian sempre bateu nela e no filho do casal

Em uma ocasião, Andressa foi chamada para limpar a casa em que Sophia morava com Stephanie e Christian, e relatou que o ambiente era extremamente sujo. A testemunha ainda confirmou que os tutores eram agressivos com a criança.

"Eu sei dizer que as poucas coisas que eu presenciei foi que eles eram agressivos com a Sophia".

Nesse dia, a mulher afirmou não ter dito nada a ninguém por medo de que Christian agredisse o filho.

Em entrevista concedida ao Correio do Estado após a primeira audiência, a advogada Janice Andrade, que representa o pai de Sophia, Jean Carlos Ocampo, e seu marido, Igor de Andrade, afirmou que um dos depoimentos mais esclarecedores foi o de Andressa, porque ele trouxe à tona o caráter agressivo de Christian.

Christian Campoçano Leitheim foi denunciado pela promotoria de justiça por homicídio triplamente qualificado por motivo fútil, meio cruel, contra menor de 14 anos, e estupro de vulnerável. Stephanie de Jesus da Silva deve responder por homicídio doloso e omissão por motivo fútil, meio cruel, contra menor de 14 anos e está sendo assistida pela Defensoria Pública. 

Segunda Audiência

A segunda audiência para ouvir testemunhas no processo que trata da morte da menina Sophia foi suspensa após uma confusão generalizada entre os advogados de defesa de Christian Leitheim, padrasto de Sophia e o juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri, Carlos Alberto Garcete. 

Antes da suspensão, cinco testemunhas tiveram tempo de ser ouvidas. A primeira foi a vizinha do casal, que relatou que os dois agrediam os cachorros, e que as crianças choravam muito.

Ela confirmou ainda que a casa era suja e mantida em péssimas condições. Além disso, afirmou que não reparava se a casa costumava receber muitas pessoas de fora, mas que seu pai, que frequenta um bar nos arredores, já havia comentado sobre a movimentação na residência.

"Meu pai disse que às vezes eles amanheciam, e entravam muitos homens na casa", afirmou.

No dia da morte de Sophia, Elisângela viu o momento em que Stephanie saiu com a menina para a Unidade de Pronto Atendimento, e disse durante a audiência que havia pensado que Sophia estava "desfalecida" no colo da mãe.

A segunda testemunha ouvida nesta tarde, Lauricéia Amaral de Carvalho, atua como agente de saúde na região em que Sophia morava com a mãe. Durante o depoimento, afirmou que quando esteve na casa não conseguiu notar se as crianças eram agredidas, já que apenas a filha de Christian com Stephanie estava no local.

"Eu passei dia 11 de janeiro, era uma área nova. O Christian estava em casa, fiz o cadastro, mas ele não encontrou as carteirinhas de vacinação. Apenas a filha dos dois estava em casa", afirmou.

Outro vizinho do casal, Ronaldo Correa, afirmou que morou ao lado da família por cinco meses, mas que não se recorda de brigas entre o casal. Além disso, pontuou que "de vez em quando" havia festa na residência.

Testemunhas de defesa

A quarta testemunha a depôr nesta tarde foi uma colega de trabalho da mãe de Sophia. Micauani Amorim, gerente da loja onde Stephanie trabalhava, disse que a mulher costumava faltar, alegando que levaria a menina no posto. Inclusive, essa foi a justificativa apresentada quando faltou no dia da morte da Sophia.

"Antes da morte da Sophia, a Stephanie era tranquila e parecia uma pessoa sem problemas. Antes dela começar a faltar era a melhor vendedora da loja", afirmou.

Micauani explicou que mantinha apenas relações profissionais com Stephanie, mas que já havia presenciado agressões à Sophia em uma ocasião.

A última testemunha que conseguiu finalizar seu depoimento foi a melhor amiga de Stephanie, e madrinha de Sophia. Ela afirmou que antes da mulher conhecer Chritian ela era outras pessoa.

A amiga afirmou ainda que depois que Stephanie mudou de casa se afastou da amiga, e aparentava estar infeliz.

Respondendo aos questionamentos do juiz, ela afirmou que Stephanie não mataria a Sophia, mas alegou que a mãe teria sido omissa ao ignorar as marcas e hematomas no corpo da criança.

Essa testemunha acha que o Christian poderia ter matado e abusado da Sophia, mas também acredita que outra pessoa poderia ter feito, já que a casa vivia cheia de homens.

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AFOGAMENTO

Mulher de 26 anos morre afogada no Rio Aquidauana, em Piraputanga

Vítima estava às margens do rio se refrescando com sua família, próximo a um restaurante frequentado por turistas, quando se afogou

08/10/2024 12h00

Rio Aquidauana, em Piraputanga (MS)

Rio Aquidauana, em Piraputanga (MS) DIVULGAÇÃO/Governo de MS

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Mulher, de 26 anos, morreu após se afogar no Rio Aquidauana, na tarde deste domingo (6), no distrito de Piraputanga, a 123 quilômetros de Campo Grande.

Conforme apurado pela mídia local, a vítima estava às margens do rio se refrescando com sua família, próximo a um restaurante frequentado por turistas, quando se afogou.

Neste momento, o companheiro da mulher tinha ido ao carro guardar os pertences da família. Quando voltou, viu que tinha um homem, do outro lado do rio, acenando que alguém estava se afogando.

O rapaz entrou na água para salvar a esposa, mas ela já estava inconsciente. Com ajuda de outros banhistas e um barco, conseguiram levá-la até a margem do rio.

O Corpo de Bombeiros Militar (CBMMS) foi acionado e a moça foi encaminhada ao pronto socorro de Aquidauana, que fica a cerca de 30 quilômetros do local do acidente.

Mas, ela não resistiu e faleceu no local. O caso foi registrado como “Morte a Esclarecer” na Delegacia de Polícia Civil.

Em 1º de outubro de 2024, o Rio Aquidauana foi palco de outra morte por afogamento. Homem de 45 anos se desequilibrou enquanto pilotava um barco, caiu no Rio Aquidauana, se afogou e morreu.

O acidente aconteceu às 5h, mas o corpo só foi encontrado pelo Corpo de Bombeiros (CBMMS) às 9h30min.

Calor, que atinge o Estado nos últimos dias, têm feito sul-mato-grossenses a frequentarem meios aquosos com maior frequência.

Balneários, piscinas, clubes, rios, cachoeiras, lagos e córregos têm sido o refúgio da população para se refrescar neste calorão.

Onda de calor favorece acidentes, mortes e desaparecimentos por afogamento nas épocas mais quentes do ano. Por isso, é importante tomar cuidados. 

CUIDADOS

De acordo com o Corpo de Bombeiros, dezenas de atitudes podem evitar tragédias em banhos de mar, rio, piscina, cachoeira, córregos, riachos e lagoas. Veja:

  • Procure um local conhecido por você ou por outra pessoa, desde que ela o acompanhe
  • Não ultrapasse faixas e placas de avisos
  • Não entre em locais onde há avisos de perigo de morte ou em águas poluídas
  • Não tente salvar uma pessoa afogada, caso não saiba nadar, sempre acione o Corpo de Bombeiros
  • Procure sempre local onde existe a presença de guarda-vidas, ou o Corpo de Bombeiros
  • Evite nadar sozinho
  • Não tome bebida alcoólica antes de entrar na água
  • Não se afaste da margem
  • Nade longe de pedras e estacas
  • Não salte de locais elevados para dentro da água
  • Prefira lançar flutuadores para salvar pessoas ao invés da ação corpo a corpo
  • Identifique nas proximidades a existência do salva-vidas e permaneça próximo a ele
  • Evite brincadeiras de mau gosto, como caldos, trotes, saltos e de empurrar
  • Acate as orientações dos Bombeiros ou dos Salva-vidas
  • Não abuse se aventurando perigosamente
  • Não deixe as crianças sozinhas em meios aquosos
  • Não deixe brinquedos ou materiais dentro da piscina, pois atraem a atenção de crianças
  • Não deixe baldes ou bacias com água ao alcance de crianças e sempre deixe a tampa da privada fechada
  • Obedeça sinalizações próximos à margem de rios
  • Mantenha a calma e o pulmão sempre cheio de ar, pois ele funcionará como uma boia
  • Caso esteja em um rio, tentar jogar as pernas para frente, de forma a proteger a cabeça
  • Mantenha calma: a própria correnteza do rio, em algum momento, o levará até a margem
  • Tente agarrar algum galho de árvore que esteja flutuando
  • Evite navegar com carga em excesso
  • Só entre na embarcação usando coletes salva-vidas
  • Somente conduza embarcações se for habilitado para tal

Com informações do site O Pantaneiro * 

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