Cidades

QUEIMADAS

No Pantanal, boi também é "bombeiro"

Sem o gado, fogo se alastra pelo bioma, como tem ocorrido neste ano em áreas inóspitas

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A grande incidência de focos de calor no Pantanal, a maioria concentrada em Corumbá, é decorrente de uma sequência de fatores, como estiagem prolongada, baixa umidade relativa do ar – de 90% até 15% em algumas regiões –, queima criminosa e fenômenos naturais. 

A retirada do gado de áreas de reservas, onde a vegetação se acumula, é uma das principais causas de grandes incêndios, como os que estão ocorrendo agora, gerando uma situação crítica.

Segundo pesquisas, o fogo ocorre no Pantanal desde a sua formação, há milhares de anos, antes da chegada do homem. 

Agravou-se nas últimas décadas com o desmatamento no planalto, mudanças climáticas, descaracterização ambiental da veia hidrológica que sustenta a bacia.

É comum o fogo surgir em campos improdutivos e alagados – como ocorre atualmente –, onde a massa orgânica acumulada torna-se combustível de alta combustão, queimando no subsolo.

“O Pantanal queima desde o período Pleistoceno, não adianta o governo proibir, vai queimar sempre. O que precisamos é ocupar essas áreas vazias com o boi, que é o nosso ‘bombeiro’”, afirma o pantaneiro Armando Lacerda. Ele frisa que em alguns países, como Espanha, já se usam ovinos como pastejadores para reduzir incêndios em parques. “Depois de tanta destruição, adotou-se no Parque das Emas o que era considerado uma heresia: a queima controlada”.

Terras abandonadas

Enquanto se discute a sua origem, o fogo se alastra pela planície pantaneira

A Polícia Militar Ambiental investiga as causas, quando se sabe que o ribeirinho faz queimas sem controle para fazer sua roça ou abrir caminho na vegetação densa para catar iscas ou mel selvagem, atiçando esse material orgânico, geralmente na beira dos rios. 

O produtor rural também é acusado de queima criminosa, mas o Sindicato Rural de Corumbá contesta.

“O pantaneiro está dando suporte aos órgãos de combate aos incêndios cedendo seus maquinários”, diz o presidente Luciano Leite. 

“Hoje, fazemos parte do comitê de controle de incêndios e posso assegurar que, por tradição, não queimamos porque essa prática reduz ainda mais a falta de alimentação para o gado na seca. A queima descontrolada está ocorrendo onde não tem pecuária. Por que não queima na Nhecolândia?”, questiona.

O dirigente ruralista argumenta que a incidência de focos de calor ocorre anualmente nas antigas fazendas de gado, as quais foram inundadas após a grande cheia de 1974. 

Estas propriedades foram abandonadas, transformando-se em uma servidão, e somam mais de 500 mil hectares somente em Corumbá, que detém 65% do Pantanal. 

Surgido na pré-turfa, fogo queima sem chamas

A vivência secular do pantaneiro ensinou que no Pantanal se combate fogo com o boi, que se adaptou à região inóspita, assim como o homem. 

Depois de muitos questionamentos e incredulidade, pesquisadores da Embrapa Pantanal, com sede em Corumbá, adicionaram a suas teses: o pastoreio do ruminante reduz a grande quantidade de fitomassa e liteira que se acumula ao longo do tempo e favorece a propagação do fogo em campos inundáveis.

“A grande concentração dos focos de calor está em áreas de alta inundação, como a borda do Rio Paraguai próximo de Corumbá, de difícil controle. Fato que mostra a importância do gado quando bem manejado para reduzir estes incêndios”, afirma a agrônoma e meteorologista Balbina Soriano.

A terminologia “boi bombeiro” foi criada pelo catedrático em biologia Arnildo Pott, que se aposentou na Embrapa e hoje é professor na Universidade Federal (UFMS). 

Para ele, tirar o gado (por lei) dos parques e RPPNs (Reserva Particular do Patrimônio Natural), que somam mais de 500 mil hectares no bioma, foi um grande erro. 

“O Pantaneiro já sabia: o capim sobe e vem o fogo, ao contrário quando o boi foi introduzido no ecossistema sem destruí-lo”, afirma.

Pott, hoje aos 74 anos, também questiona as táticas de combate aos focos de incêndios que brotam do subsolo, das áreas de inundação, de onde surgem as fumaças brancas que aparecem nos noticiários alarmantes da TV. 

O lançamento aéreo de água nestes tipos de incêndio, segundo ele, não é o mais eficaz porque é pouco líquido para muito fogo em grande área. “Água de avião molha só por cima, o fogo continua queimando na base e reacende”, diz.

Na avaliação do pesquisador, o combate nestas condições deve ser mecânico, usando como estratégia a formação de aceiros (contrafogo) e brigadistas preparados para combater eventuais chamas que ressurgem nos arbustos. 

“Essa vegetação é como isqueiro, queima por baixo, sem chama. As árvores secas são para-raios”, explica. Para o pantaneiro Armando Lacerda, jogar água nestes incêndios aumenta a reação química; não apaga, mas atiça o fogo. 

 
 

ACIDENTE

Motoqueiro é arremessado após furar semáforo na Afonso Pena

Condutor da moto de 25 anos colidiu com um Ônix e sofreu ferimentos leves, enquanto o motorista do carro estava acompanhado da sogra e iam viajar para Sonora

14/11/2024 14h00

Moto e carro que colidiram na manhã desta quinta-feira (14) na Afonso Pena

Moto e carro que colidiram na manhã desta quinta-feira (14) na Afonso Pena Foto: Nathalia Alcântara / Midiamax

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Uma moto colidiu com um carro após tentar furar sinal vermelho na Avenida Afonso Pena e o motoqueiro chegou a ser arremessado, sofrendo ferimentos na região da perna. O acidente aconteceu na manhã desta quinta-feira (14).

Segundo informações, o caso aconteceu às 6h30 da manhã, no cruzamento entre a Avenida Afonso Pena com a Rua Padre João Crippa, na Capital, quando o motoqueiro de 25 anos tentou passar no sinal fechado e bateu com um Ônix, que era ocupado por duas pessoas, o motorista e sua sogra.

Ambos estavam indo comprar um pneu, para depois partirem em viagem rumo à Sonora, cidade a 361 km de Campo Grande. Com a forte colisão, o motoqueiro foi arremessado na avenida por seis metros e populares que estavam no local acionaram o Corpo de Bombeiros.

Foi constatada uma luxação no tornozelo do rapaz de 25 anos, então os militares o levaram para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Já ambos que estavam no Ônix não sofreram ferimentos e passaram ileso pelo acidente.

Perigo constante

A Avenida Afonso Pena é a via mais perigosa de Campo Grande. De janeiro a julho deste ano a via concentrou 334 sinistros dos 7.025 acidentes registrados em toda a cidade neste período. A Capital teve um pequeno aumento em relação ao número de acidentes sem vítimas, em comparação com o mesmo período do ano passado. 

Os dados são do Batalhão de Polícia Militar de Trânsito (BPMTran) e do Gabinete de Gestão Integrado de Trânsito (GGIT) e foram repassados ao Correio do Estado pela Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran).

De acordo com os registros da Agetran, a Afonso Pena comporta quase 5% do total de acidentes que ocorrem em Campo Grande. Este ano, inclusive, houve um pequeno aumento de colisões na via, em relação com o mesmo período do ano passado, quando foram registrados 325 sinistros.

No ranking das vias mais perigosas também estão a Avenida Mato Grosso, em segundo lugar com 164 acidentes, seguida da Avenida Duque de Caxias com 139, Gury Marques com 132 e Ernesto Geisel com 120.

Em um comparativo com 2023, no mesmo período, apenas a Afonso Pena segue na mesma posição, como via mais perigosa. No ano passado, o ranking era formado por: Duque de Caxias em segundo; Mato Grosso em terceiro, Ernesto Geisel em quarto e Guaicurus na quinta colocação. Em todas elas houve uma redução no total de sinistros registrados entre 2023 e 2024.

Infrações

Segundo o portal de dados do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS), Campo Grande soma 413.730 infrações cometidas somente neste ano, quase o dobro do que o registrado em 2023 inteiro e uma média de quase 38 mil infrações por mês.

Dessas penalidades, 43,36% são consideradas médias, 25,94% graves, 21,50% gravissíma e os outros 8,31% não classificadas (NIC). Ao todo, Mato Grosso do Sul registrou 664.310 infrações no ano, maior do que o registrado anualmente de 2015 a 2023.

*Colaborou Daiany Albuquerque

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PONTA PORÃ

TJ aumenta penas de delegados do 'balcão' desmantelado em delegacia do interior de MS

Acusados sabiam e tinham vantagens em esquemas onde escrivães e policiais vendiam drogas apreendidas

14/11/2024 12h57

Esquema foi desmantelado após policiais civis da 2.ª DP de Ponta Porã cobraram para restituir carreta às vítimas

Esquema foi desmantelado após policiais civis da 2.ª DP de Ponta Porã cobraram para restituir carreta às vítimas Reprodução

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Delegados, bem como outros policiais, ligados ao esquema que montou um "balcão de negócios" em delegacia do interior de Mato Grosso do Sul em 2022, tiveram suas penas ampliadas na última semana e o Ministério Público do Estado celebra os frutos de um trabalho "bem feito".

Passados mais de dois anos desde a operação do Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado, batizada de "Codicia", os nomes de Patrick Linares e Rodrigo Blonkowski voltaram à borbulhar na mídia cerca de 30 meses após serem alvos do Gaeco. 

Vale lembrar que, em 25 de abril de 2022 a "Operação Codicia" buscava desmantelar esse esquema que envolvia desde cobrança de propina por parte dos policiais, para liberação de veículos à vítimas, até mesmo venda das drogas que eram apreendidas pela 2ª Delegacia de Polícia Civil de Ponta Porã. 

Em celebração, o Ministério Público detalha o esquema, dizendo que os agentes de segurança transformaram a "maior delegacia civil de Ponta Porã" como um verdadeiro balcão de negócio, lembrando que a unidade chegou a suspender atendimento ao público na operação durante as buscas e prisão de boa parte do efetivo. 

A sentença de primeiro grau foi reformada há uma semana, por desembargadores da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, que acataram recurso ministerial para condenar à prisão dois delegados que passaram pela chefia de delegacias de Ponta Porã.

Enquanto um dos delegados já acumulava duas determinações de perda de cargo e passa, agora, a ter uma pena de mais de 15 anos - ambos com regime fechado -, o outro detentor do cargo mais alto investigado pela "Codicia" tem prisão definida de oito anos e cinco meses. 

Relembre

Sendo outros dois policiais foram sentenciados a 4 anos e 3 meses de reclusão, as apuerações do Gaeco convenceram o Judiciário não só das práticas criminosas, como a "vista grossa" à corrupção generalizada dos comandados, além de considerar "pior ainda" os delegados saírem beneficiados diretamente no esquema. 

Pelo menos desde maio de 2021 -, quando alguns policiais civis da 2ª Delegacia de Polícia Civil de Ponta Porã cobraram "pix" para só depois fazer a restituição de uma carreta às respecitvas vítimas - as investigações se debruçaram sobre a possibilidade de esquema na unidade. 

Durante 10 meses as investigações apontaram para essas ações criminosas, que envolviam tanto policiais aponsentados como da ativa, usando a delegacia para obter vantagens patrimoniais indevidas, principalmente na gestão de veículos apreendidos. 

Importante ressaltar que a região de atuação da 2ª DP é uma das principais portas de entrada para o tráfico de entorpecentes no Brasil, devido a facilidade de entrada e saída entre Ponta Porã e a cidade paraguaia de Pedro Juan Cabalejo.

Quanto ao tráfico de drogas que acontecia na delegacia, as investigações mostram que os entorpecentes eram retirados do depósito da delegacia por um escrivão, depois repassada para outros policiais comparsas para ser comercializada.

 

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