Cidades

Meio Ambiente

Ong ambientalista é denunciada por grilagem de terras no Pantanal

Ecotrópica teria "engolido" cerca de 5 mil hectares da União e de um fazendeiro para obtenção de títulos ambientais, vendidos a R$ 2 mil por hectare

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Denúncia protocolada em dezembro do ano passado no Ministério Público Federal (MPF) e no Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul (MPE-MS) aponta a existência de um suposto esquema de grilagem de terras públicas e privadas no Pantanal feita por uma ong ambientalista que estaria usando estes documentos para obter faturamentos milionários com a venda dos chamados Títulos de Cota de Reserva Ambiental. 

O autor da denúncia é o empresário e proprietário rural Bruno Teixeira Canabrava, sócio da empresa paulista Miller Foods Distribuição e Importação de Alimentos e proprietário da Fazenda São Gonçalo do Amolar, um imóvel a mais de 150 quilômetros ao norte de Corumbá, na região da Serra do Amolar. 

De acordo com esta denúncia, a ONG Econtrópica (Fundação de Apoio à Vida nos Trópicos), que tem sede em Mato Grosso, “engoliu” em torno de 5 mil hectares de terras privadas e da União para serem incorporadas pelas fazendas Penha e Acurizal, pertencentes à Ecotrópica.

Segundo o ambientalista e advogado Nelson Araújo Filho, que assina o documento encaminhado ao Ministério Público, nesta nova forma de grilagem de terras não existem cercas nem ocupação das áreas. 

Ela consiste, segundo o advogado, na obtenção de documentos de georeferenciamento emitidos pelo Incra e depois na obtenção de títulos ambientais, que são emitidos pelo Imasul. Estes títulos, por sua vez, são vendidos para produtores rurais de outras regiões do país. 

Produtores que desmataram acima do permitido “compram” reservas ambientais no Pantanal, por exemplo, e com isso ficam livres da obrigação de reflorestarem suas terras.

A proposta, segundo Nelson Araújo, é fantástica, uma vez que garante a preservação do Pantanal. Porém, diz ele, tem gente se aproveitando disso para “ganhar muito dinheiro”.

Curiosamente, Nelson Araújo também tentou ganhar dinheiro com a prática, antes de fazer a denúncia, e entrar na disputa.

De acordo com o advogado, a Ecotrópica estaria vendendo estes títulos por cerca de R$ 2 mil por hectare.

Então, acredita ele, somente com a grilagem dos cinco mil hectares que ele acredita ter descoberto naquela região da Serra do Amolar a ong pode ter faturado cerca de R$ 10 milhões ilegalmente na venda dos títulos de terras que não lhe pertencem. 

Naquela região do Pantanal a Ecotrópica é proprietária de cerca de 27 mil hectares, segundo o advogado. Porém, nem tudo é passível de venda de títulos ambientais, uma vez que em áreas alagáveis não se consegue a emissão destes títulos. 

Ainda de acordo com o advogado, a Ecotrópica estaria vendendo estes títulos pela metade daquilo que realmente valem, prejudicando outros proprietários de imóveis da região que também preservam suas fazendas no Pantanal. E é exatamente por conta disso que o fazendeiro Bruno Canabrava está fazendo a denúncia.

INCRA E IMSAUL

As denúncias protocoladas no MPE e no MPF, acompanhadas de pedidos de explicações, também foram encaminhadas ao Incra e ao Imasul, que, respectivamente, emitem as certidões de georefenciamento e os títulos. Sem estes dois órgãos públicos, diz Nelson Araújo, o negócio não seria possível. 

A suspeita é de que haja algum tipo de conivência nestas instituições, uma vez que o Incra tem todos os registros de terras públicas e privadas do Pantanal e não iria cometer erros grosseiros como os que aconteceram neste caso, diz o advogado. 

Indagado se grilagem parecida pode estar ocorrendo em outras regiões do Pantanal, Nelson Araújo não quis ser taxativo. Porém, não descartou a possibilidade de estes 5 mil hectares que ele diz ter descoberto serem apenas a ponta de um grande iceberg.

O Instituto do Homem Pantaneiro (IHP) é um dos principais controladores de uma espécie de corredor ecológico com cerca de 530 mil hectares no Pantanal. 

OUTRO LADO

A Ecotrópica e o Instituto Homem Pantaneiro procuraram o Correio do Estado após a publicação da reportagem, baseada no teor da denúncia feita pelo advogado autodeclarado ambientalista. 

"O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) apenas faz a gestão das áreas da Ecotrópica e desconhece qualquer denúncia contra a organização não-governamental. Ao contrário, sabe que a reputação da Ecotrópica é ser pautada pela lisura", afirma. 

Um interlocutor ligado à preservação do Pantanal em Corumbá também disse, em resposta à denúncia, que as alegadas terras devolutas da União não existem, e que também não há grilagem alguma, e até mesmo lembrou o rigor de organismos internacionais para certificar o mercado de crédito de carbono.

Ele também lembrou que Nelson é ligado a outra ONG: o instituto Agwa, que não tem a mesma projção do IHP no País e fora dele.  

O IHP enviou a seguinte nota ao Correio do Estado: 

Nota Instituto Homem Pantaneiro (IHP):

Em resposta à publicação veiculada no site Correio do Estado deste dia 20/01/2025, o Instituto Homem Pantaneiro reforça que desconhece fatos apontados na suposta denúncia. Reforça que as menções do IHP e do nome de seu diretor-presidente nessa suposta denúncia são infundadas. Ainda, destacamos que o IHP é uma instituição com mais de 20 anos de atuação e que tem reconhecimento local, nacional e internacional sobre suas atividades para a conservação do Pantanal, bem como respeito às legislações vigentes.

Sobre a ligação do IHP com a Ecotrópica - Fundação de Apoio à Vida nos Trópicos, as duas instituições são parceiras. O IHP, por contrato regulamentado, faz a gestão de áreas pertencentes à Ecotrópica para promover pesquisa científica e conservação. Temos a segurança e confiança sobre a lisura do trabalho desenvolvido para a conservação do Pantanal a partir do empenho diário de técnicos e pesquisadores.

 

Já para a Ecotrópica, a denúncia é caluniosa. Veja a nota: 

Nota Ecotrópica:

Tomamos conhecimento, através do Jornal Correio do Estado, na manhã desta segunda-feira (20/01), de uma suposta denúncia protocolada junto ao MPMS e MPF envolvendo a Ecotrópica Fundação de Apoio à Vida nos Trópicos. Essa suposta denúncia refere que teríamos realizado “grilagem” de terras públicas e privadas no Pantanal, para, supostamente, obter faturamentos milionários com a venda de Títulos de Cota de Reserva Ambiental.

Primeiro, vale destacar que a Ecotrópica é uma fundação privada, proprietária de mais de 70 mil hectares, tanto no Pantanal do Mato Grosso quanto do Mato Grosso do Sul, com a única e exclusiva finalidade de promover estudos de preservação da fauna e flora pantaneiras, tendo atuado de forma intensa no combate a incêndios e na preservação desse bioma único, vivendo exclusivamente de doações e receitas diversas incentivadas de pesquisas ambientais, sem qualquer exploração das áreas que servem exclusivamente para conservação.

Todas nossas áreas são absolutamente documentadas, registradas, sendo, em sua grande maioria, áreas consideradas e reconhecidas como Áreas de Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN, com aval e reconhecimento pelos órgãos federais (Instituto Chico Mendes,  IBAMA e INCRA) e estaduais (IMASUL no Mato Grosso do Sul), sendo de nossa propriedade há mais de três décadas.

A denúncia, se é que existe efetivamente, é caluniosa e parte de pessoas sem qualquer credibilidade perante os pantaneiros. Os denunciantes, que respondem ou já responderam por processos judiciais, nunca construíram ou ajudaram na preservação do Pantanal, mas acreditam que podem parecer como defensores da moral e da lei, mesmo desprovidos de qualquer moral ou autoridade, em clara e absoluta perseguição invejosa e desprovida de qualquer razoabilidade.

Aguardemos as investigações, sendo certo que a Ecotrópica está e sempre estará à disposição das autoridades competentes, como sempre esteve, para qualquer esclarecimento necessário para a preservação do Pantanal e afastar caluniadores.

Assessoria de Comunicação Ecotrópica - Fundação de Apoio à Vida nos Trópicos

 

Atualizado às 17h38, para acréscimo das versões dos citados nas denúncias

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Trilha de Hermes

Operação investiga grupo criminoso que matou informante da polícia

O homem identificado como colaborador policial era Aldevan Pontes de Jesus, de 32 anos, que se encontrava sob monitoramento eletrônico

04/12/2025 17h45

A Polícia Civil apreendeu armas, munições, veículos de alto valor, aparelhos celulares e R$ 8 mil em espécie

A Polícia Civil apreendeu armas, munições, veículos de alto valor, aparelhos celulares e R$ 8 mil em espécie Divulgação: Polícia Civil

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A Operação Trilha de Hermes, deflagrada pela Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Fronteira (DEFRON) e da Delegacia Regional (DRP) de Naviraí, investiga a morte de Aldevan Pontes de Jesus, de 32 anos, que era monitorado com tornozeleira eletrônica. O homem foi identificado por um grupo criminoso como sendo um informante da polícia.

Por este motivo, Aldevan foi sequestrado pela quadrilha e possivelmente morto, de acordo com a Polícia Civil, perdendo o sinal de seu equipamento na área rural de Itaquiraí, de onde partiram as investigações.

A DEFRON e a DRP de Naviraí identificaram uma estrutura organizacional criminosa armada, com estruturada cadeia de comando e divisão de tarefas. As prisões temporárias e a busca domiciliar em desfavor dos suspeitos ocorreram durante a terça (2) e quarta-feira (3).

A Operação Trilha de Hermes resultou no cumprimento de cinco mandados de prisão temporária, duas prisões em flagrante, além da apreensão de veículos de alto valor, armas, munições, dinheiro em espécie e diversos outros objetos.

A quadrilha criminosa é investigada pelos crimes de homicídio, ocultação de cadáver, sequestro, lavagem de dinheiro e organização criminosa armada. As investigações prosseguem para apuração de outros envolvidos e para localização de ativos financeiros que o grupo criminoso auferiu durante sua atividade ilícita.

Balanço

No primeiro dia, foram realizados o cumprimento de cinco mandados de prisão temporária e o cumprimento de 12 mandados de busca domiciliar. A operação ocorreu nas cidade de Itaquiraí, Naviraí e Porto Velho (RO), onde um dos alvos estava no momento da operação.  Duas pessoas foram presas em flagrante pelo crime de posse de arma de fogo e de munições. 
 
Já na quarta-feira, foram realizadas diligências em áreas rurais, com o cumprimento do mandado de prisão de um dos alvos que se mantém foragido. As autoridade utilizaram os meios de locomoção fluvial e aéreo para esta etapa da operação, com apoio do Coordenadoria Geral de Policiamento Aéreo (CGPA).
 
Ao todo, a operação resultou no cumprimento da prisão de sete pessoas, entre elas os três líderes do grupo, apreensão de armas, munições, seis veículos de alto valor, dez celulares, R$ 8 mil em espécie e documentos a serem analisados.

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Cidades

Polícia barra contrabando na entrada de Campo Grande

Ação compõe a Operação Protetor das Divisas e das Fronteiras

04/12/2025 17h30

Foto: Divulgação / Policia Civil

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A Policia Civil por meio do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Dracco) interceptou 4 caixas grandes de óculos, 2 pneus de caminhão, bolas de pneus e 12 caixas de cigarros, fiscalização realizada na  Avenida Gunter Hans, saída para Sidrolândia na manhã desta quarta-feira (3).  

A ação compõe a Operação Protetor das Divisas e das Fronteiras e combate ao contrabando e descaminho no Estado, mercadoria encontrada em uma Fiat/Doblo. 
O material apreendido foi encaminhado diretamente à sede da Polícia Federal de Campo Grande.Dois indivíduos foram conduzidos em flagrante.

A ação faz parte da 3ª etapa da Rede Nacional de Enfrentamento das Organizações Criminosas (Renorcrim), iniciativa nacional de enfrentamento ao crime organizado.

Em todo o país, a organização e preparação da operação envolve ao menos 18 ações estratégicas, que abrangeram desde o encaminhamento de demandas originadas na reunião de alinhamento até a preparação de sistemas e o treinamento de usuários.

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