Após quatro dias de greve, a greve dos motoristas de ônibus foi suspensa na tarde desta quinta-feira (18) e os ônibus voltaram a circular. A antecipação do repasse, anunciada pelo Governo do Estado durante a manhã, caiu na conta e a suspensão da greve foi decidida nesta tarde, em audiência no Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região (TRT24).
"Com a garantia de pagamento, sabendo que todos os trabalhadores vão receber e era isso que a gente esperava, a greve vai ser suspensa", disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Urbano de Campo Grande (STTU-CG), Demétrio Freitas.
Pela manhã, o Governo de Mato Grosso do Sul antecipou, a pedido da Prefeitura Municipal de Campo Grande (PMCG), o repasse referente as gratuidades dos estudantes da Rede Estadual de Ensino (REE-MS) ao Consórcio Guaicurus.
Este valor seria destinado para pagamento dos salários dos motoristas que estão atrasados.
À tarde, na audiência realizada no TRT24, onde foi homologado o acordo e decidido pela suspensão da greve.
"Foi depositado o valor que estava atrasado, de novembro, e garantiram que amanhã, ou se der tempo ainda hoje, o pagamento das outras verbas, 13º mais o vale. Com essa garantia de pagamento, vou convocar todos os trabalhadores. Aqueles que ainda tem horário, para que se retorne ao trabalho imediatamente, e amanhã volta à normalidade desde a manhã", disse Demétrio.
Os ônibus começaram a sair da garagem por volta das 18h. Isto porque os motoristas foram convocados para retornar ao trabalho e precisaram se deslocar de suas residências até as garagens.
"A gente espera que vários carros estejam rodando no período da noite, mas amanhã será normal, a partir das 5h", disse Demétrio.
Com relação à multa diária de R$ 200 mil por dia de descumprimento da ordem judicial que determinou o retorno dos motoristas ao trabalho, Demétrio informou que será discutida no processo. O Ministério Público pediu que ela seja revista, mas ainda não há decisão se ela será retirada ou não.
No entanto, os motoristas terão descontados do salário os dias em que ficaram parados.
A cabeleireira Nena Nakamura, de 70 anos, comemorou o retorno dos ônibus. Ela estava esperando o coletivo em frente a Praça Ary Coelho, logo após saber sobre o fim da greve.
"A gente depende do ônibus, tava gastando todo dia para ir e para voltar, porque a gente não pode deixar de trabalhar", disse, afirmando que pagou cerca de R$ 100 em transporte por aplicativo durante os dias de greve.
Greve
A greve dos motoristas de ônibus de Campo Grande começou na segunda-feira (18), por falta de pagamento dos motoristas.
Themis de Oliveira, diretor-presidente do Consórcio Guaicurus, afirmou que não tinha recursos financeiros em caixa para efetuar o pagamento do restante da folha salarial de novembro, que deveria ter sido quitada integralmente no quinto dia útil deste mês.
Além disso, Themis informou que seria necessário cerca de R$ 1,3 milhão para que isso acontecesse, montante que a empresa não teria no momento, sob alegação de inadimplência no repasse mensal contratualizado com o poder público municipal.
Em contrapartida, a Prefeitura de Campo Grande, representada na audiência pela procuradora-geral do Município, Cecília Saad Cruz Rizkallah, e o diretor-executivo da Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg), Otávio Gomes Figueiró, disse que os repasses por parte da Capital estão em dia.
Além disso, a administração municipal reforçou que o Estado, que também contribui com uma parcela do convênio, estaria em débito com o que foi acordado na concessão, com uma dívida que soma cerca de R$ 4,8 milhões, referente a quatro meses não pagos, quase quatro vezes mais que o necessário para pagar o que a empresa deve aos funcionários.
Em audiência realizada no TRF24 na terça-feira, o desembargador anunciou a majoração da multa diária para R$ 200 mil (na segunda-feira o valor era de R$ 20 mil e foi aumentado para R$ 100 mil ontem) em caso de descumprimento da ordem judicial.
Após a audiência, os motoristas e o sindicato se reuniram em frente ao TRT24 e, novamente, decidiram por manter 100% da paralisação, mantendo a posição de retomada das atividades somente em caso de pagamento da folha salarial.
Hoje, o governo antecipou o repasse de R$ 8 milhões, que seria pago em janeiro de 2026, mas foi adiantado para dezembro de 2025 para resolver a crise financeira do transporte coletivo na Capital.
Com isso, em nova audiência, a categoria decidiu pela suspensão da greve.
* Colaborou Laura Brasil


