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"Pantanal está fechado para balanço", declara governador, que estuda nova lei

Após discussões com diversos setores ambientais e produtores, MS resolveu suspender novas autorizações de desmatamento

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Em coletiva de imprensa realizada ontem, o governador do Estado, Eduardo Riedel (PSDB), informou que o Pantanal Sul-Mato-Grossense vai ficar “fechado para balanço” pelos próximos meses. A afirmação diz respeito à suspensão de novas licenças de desmatamento no bioma, canceladas desde a semana passada. 

Um novo decreto, que será publicado amanhã, vai suspender por tempo indeterminado as novas licenças de desmatamento, mas não influenciará as autorizações já emitidas. 

“As que foram emitidas [licenças de supressão], foram emitidas. Eu não posso retroagir no tempo, caçar uma licença que o próprio Estado emitiu”, comentou o governador. 
A nova publicação, também não trará especificações de quanto será permitido desmatar no Pantanal. 

Há uma divergência entre o Decreto Estadual n° 14.273, assinado pelo ex-governador Reinaldo Azambuja em 2015, que permitia desmatamento de até 60% da vegetação nativa (não arbórea) e de até 50% das árvores das áreas de fazendas, e o que a Embrapa aponta em nota técnica, a supressão de até 35% da vegetação nativa. 

De acordo com o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, desde janeiro, há discussões a respeito do desmatamento no Pantanal, mas o tema atualmente está sendo debatido amplamente com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). 

“Nós queríamos ser ouvidos, dado que o decreto é legal, estruturado e não tem nenhum problema. Então, fizemos um acordo com o Conama, vai sair uma portaria do Ministério do Meio Ambiente com o governo, criando esse grupo de trabalho para que a gente faça a lei”, comentou Verruck. 

O secretário também afirmou que será feito o estudo sugerido pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) para avaliar o impacto do desmatamento ao longo dos anos no Pantanal e para saber o que o bioma ainda pode suportar. 

“Um bioma que tem 85% preservado, qual é o nível de suporte desse bioma? Essa é a pergunta que vale milhões. Por isso que agora vão ser reunido todos os estudos e teses sobre o Pantanal, para chegar a um acordo e levar para a Assembleia [Legislativa]”, disse Jaime Verruck. 

O MPMS divulgou um inquérito que solicitava a suspensão imediata de novas concessões de desmatamento emitidas pelo Instituto de Meio Ambiente de MS (Imasul), o que foi atendido pelo governo estadual, mas outra recomendação feita no mesmo inquérito, a de embargo de monoculturas no Pantanal, ainda não foi totalmente atendida.

SOJA NO PANTANAL

Segundo Eduardo Riedel, há atualmente 2.458 hectares de monocultura de soja no Pantanal, totalizando 0,02% de todo o território do bioma. O governador ainda comentou que o cultivo é a única atividade agrícola no bioma, fora a bovinocultura de corte e leite. 

No entanto, de acordo com o levantamento preliminar feito pelo Núcleo de Geotecnologias (Nugeo) do MPMS, há aproximadamente 18.599 hectares de atividades de monocultura de grãos e silvicultura, que é o plantio de florestas de eucalipto, no Pantanal.

O plantio de eucalipto não necessita de licenciamento ambiental, o que, segundo o MPMS, é contrário à legislação federal e à resolução do Conama. 

Já o governador aponta que não há necessidade de licenciamento ambiental para o cultivo de soja, tanto em Mato Grosso do Sul quanto no Brasil. Mesmo assim, Riedel afirma que a discussão da soja no Pantanal estará nos estudos de impactos que serão feitos e no novo decreto. 

“É uma discussão que tem de ser feita, é uma atividade que está em dois pontos específicos, muito concentrada na borda da divisa do bioma e em uma incursão para dentro, em algumas áreas específicas”, relatou Eduardo Riedel. 

Parte dessas plantações de soja, de acordo do relatório da ONG SOS Pantanal, está no Pantanal de Aquidauana, onde são aproximadamente 260 hectares, e também em uma área de 317 hectares no município de Coxim.

O plantio dessas monoculturas no Pantanal preocupa especialistas e o MPMS, em razão do alto risco de poluição e degradação do solo. O inquérito aberto pelo MPMS pedia o embargo imediato das monoculturas no local. 

O biólogo, mestre em Ecologia e Conservação e professor da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) Kwok Chiu Cheung disse ao Correio do Estado que o licenciamento ambiental é extremamente importante, pois “protege os ambientes naturais de atividades poluidoras e nocivas às espécies naturais e às populações humanas”. 

O professor alerta que as monoculturas conferem risco para o Pantanal porque alteram o ambiente em que são implantadas, o que mudaria as características que fazem do Pantanal um ecossistema único e raro. 

“A diversidade de espécies vegetais e animais, somada aos regimes de inundação, o torna [Pantanal] muito importante para a humanidade. De certa forma, esse ecossistema convive historicamente com a pecuária, mas as monoculturas são bem conhecidas por alterarem completamente as condições naturais, tanto da flora e fauna quanto dos solos. Dessa forma, sim, representam um risco iminente ao Pantanal”, explicou Kwok Chiu Cheung. 

Segundo ele, as monoculturas também agravam o impacto no ambiente natural, causando mudanças significativas na estrutura física e química dos solos, que, somadas ao uso de pesticidas e agroquímicos, comuns em muitas dessas atividades, são extremamente prejudiciais à vida, inclusive a humana.

DIVERGÊNCIAS

As divergências seguem, não apenas nos decretos, mas também nas falas dos representantes de órgãos e entidades presentes no Pantanal. Enquanto o deputado estadual Gerson Claro (PP) diz que a questão é antagônica, que é preciso buscar o consenso – quando isso não for possível, atender o interesse público –, a federal Camila Jara (PT) discorda.

“Hoje, um dos principais agravantes da nossa desigualdade social são as questões ambientais. Nesse sentido, eu não entendo essa pauta como antagônica.

Nós já temos evolução tecnológica o suficiente que nos garante aumentar a nossa produção, que consegue pensar o desenvolvimento social por meio do desenvolvimento sustentável”, pontuou Camila Jara. 

Guilherme Bumlai, presente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), comenta que é necessário pensar no social, no econômico e no sustentável para discutir a temática, além de também acreditar que maiores restrições na legislação podem causar problemas.

“Nós precisamos ser maduros na discussão, entender que o Pantanal não é só preservação. As fazendas têm de ser viáveis economicamente”, aponta.

O presidente da Acrissul também levanta um questionamento a respeito do produtor não receber economicamente pela preservação ambiental.

“Muito se fala em sustentabilidade, muito se fala em sequestro de carbono, mas, que eu saiba, nenhum produtor do Pantanal recebe esse dinheiro, esse recurso”, revela.

Em um tom mais apaziguador, o diretor de Relações Institucionais do Instituto SOS Pantanal, Leonardo Gomes, relata que a identidade do pantaneiro está diretamente ligada à conservação do bioma.

Ainda, que pautas atuais como sobre a existência do Fundo da Amazônia, por exemplo, também caberia em um futuro “Fundo do Pantanal”, mas que é necessária uma legislação para que isso se inicie.

Cidades

Projeto de lei quer converter multas de trânsito em doação de sangue e medula

Infrator que optar pela doação não pagará multa, mas outras sanções podem ser mantidas, como pontos na CNH

19/12/2025 18h00

Multas leves de trânsito poderão ser convertidas em doação voluntária de sangue ou medula

Multas leves de trânsito poderão ser convertidas em doação voluntária de sangue ou medula Foto: Arquivo

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Um projeto de lei protocolado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems) propõe converter multas aplicadas no trânsito, relativas a infrações de natureza leve, em doação voluntária de sangue ou medula óssea. Como a Casa está em recesso, a matéria tramitará no ano que vem.

Conforme a proposta, de autoria do deputado estadual Junior Mochi, a conversão do pagamento das multas em doação de sangue ou medula teria caráter alternativo e facultativo, não constituindo direito subjetivo do infrator, e deverá ser expressamente requerida pelo interessado, nos termos de posterior regulamentação.

Ainda conforme o projeto, a conversão da multa em doação somente será admitida quando:

  • a infração for de natureza leve, nos termos do Código de Trânsito Brasileiro;
  • não houver reincidência da mesma infração no período de 12 meses;
  • a multa não decorrer de infração que tenha colocado em risco a segurança viária, a vida ou a integridade física de terceiros;
  • a doação seja realizada em hemocentros públicos ou privados conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS), ou em instituições oficialmente reconhecidas;
  • haja aptidão médica do doador, conforme critérios técnicos estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

Cada doação de sangue corresponderá a conversão de uma multa de trânsito, assim como a inscrição no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).

Caso o doador seja compatível com alguma pessoa precisando de transplante e faça a doação efetiva da medula óssea, poderá ser convertida até duas multas de trânsito.

A comprovação da doação ou da inscrição no Redome será realizada mediante apresentação de documento oficial emitido pela instituição responsável, observado o prazo e os procedimentos definidos em regulamento

O projeto veda a compensação parcial da multa, bem como a conversão de penalidades acessórias, como suspensão ou cassação do direito de dirigir.

A conversão será apenas relacionada ao pagamento da multa, mas não exime o infrator das demais obrigações legais decorrentes da infração de trânsito, inclusive quanto ao registro de pontos na Carteira
Nacional de Habilitação (CNH), quando aplicável.

O Poder Executivo poderá celebrar convênios e parcerias com municípios, hemocentros e instituições de saúde, com vistas à operacionalização da lei, caso seja aprovada e sancionada.

Objetivos

Na justificativa do projeto, o deputado afirma que o objetivo é conciliar o caráter educativo das sanções
administrativas de trânsito com políticas públicas de incentivo à doação voluntária de sangue e de medula óssea, "práticas essenciais à manutenção da vida e à efetividade do Sistema Único de Saúde".

"A proposta não elimina a penalidade, mas a ressignifica, convertendo-a em uma ação de relevante interesse social, capaz de estimular a solidariedade, a cidadania e a responsabilidade coletiva. Trata-se de medida alinhada aos princípios da dignidade da pessoa humana, da função social das sanções administrativas e da eficiência das políticas públicas, diz a justificativa.

Em caso de aprovação e sanção, a adesão pelos municípios será facultativa, preservando o pacto federativo.

"Ressalte-se que a iniciativa respeita a autonomia municipal e o Código de Trânsito Brasileiro, limitando-se às infrações leves e excluindo aquelas que representem risco à segurança viária. A adesão pelos Municípios é facultativa, preservando-se o pacto federativo", conclui o texto.

Campo Grande

Investigada por desvio recebeu R$ 1,7 milhão para iluminar "Cidade do Natal"

Construtora JCL venceu licitação há dois meses e será responsável pela decoração natalina da Capital

19/12/2025 17h50

Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Investigada em operação que apura suspeitas de fraudes em licitações e contratos de iluminação pública em Campo Grande, a Construtora JCL Ltda. venceu há dois meses a disputa para iluminar a decoração natalina da Capital neste ano, orçamento de R$ 1,7 milhão.

Conforme o Portal da Transparência, a empresa será responsável por fornecer, instalar e desinstalar a decoração natalina na Capital, contrato firmado no dia 17 de novembro e que expira no dia 15 de fevereiro. 

Conforme o edital, a iluminação abarca trechos da Rua 14 de Julho, Avenida Afonso Pena local de apresentações culturais, gastronomia e lazer. Para a decoração natalina está prevista a instalação de mangueiras luminosas de led branco quente (âmbar), verde e azuis pelas avenidas Afonso Pena, Duque de Caxias e Mato Grosso.

Na 14 de Julho, a decoração possui flâmulas natalinas, bolas metálicas iluminadas, árvores naturais de porte médio, árvores em formato de cone, anjo iluminado e pórticos metálicos.

As luzes foram acesas no dia 1º de dezembro deste ano, com desligamento previsto para o dia 15 de janeiro de 2026, datas que, conforme contrato, podem ser adiadas ou antecipadas.

De acordo com a prefeitura, a iluminação decorativa natalina tem como objetivo "trazer o espírito natalino para as ruas, praças e avenidas da Capital, aliando beleza, lazer e sentimento de pertencimento urbano".

Iluminação natalina

A Praça Ary Coelho também foi decorada com os portais de entrada até o coreto, além de iluminação nas árvores naturais.

Complementam a decoração em outras vias estrelas dos mais variados tamanhos, árvores de arabesco, cometas, botas, bicicletas, pirâmides e pórticos, entre outros.

Além dessas, receberão decoração as rotatórias da Ceará com Joaquim Murtinho; Duque de Caxias com a Entrada da Nova Campo Grande; da João Arinos com Pedrossian; Três Barras com Marques de Lavradio; Consul Assaf Trad com Zulmira Borba; Gury Marques na rotatória da Coca-Cola; Filinto Muller no Lago do Amor; dentre outras. A iluminação compreende ainda o Paço Municipal.

 

Contradição

A assinatura do contrato entre a prefeitura e a construtora contraria uma lei sancionada pelo próprio Executivo em agosto deste ano, que detinha o objetivo reduzir gastos e otimizar recursos públicos.

A Lei 7.464/25, sancionada em 4 de agosto, previa que a iluminação e ornamentação natalina em espaços públicos fosse patrocionada por empresas privadas, sem custos para a Prefeitura.

Conforme a lei, as empresas interessadas em iluminar a "Cidade do Natal" em troca, poderiam divulgar suas marcas nos locais iluminados. O programa "Natal de Luz", inserido na lei, tem vigência anual, entre 1º de novembro e 10 de janeiro. 

*Colaborou João Pedro Flores

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