Cidades

demora

Presidente da Câmara promete 'demitir' escritório ligado a "medalhões"

Recomendação do MPMS para que a Câmara "demita" o escritório da filha de desembargador e da mulher do presidente da Assembleia Legislativa saiu dia 16 de julho

Continue lendo...

Exatos 17 dias depois de receber a recomendação do Ministério Público estadual para rompa o contrato com o escritório  Bastos, Claro & Duailibi Advogados Associados, o presidente da Câmara de Vereadores de Campo Grande, o vereador Papy (PSDB) ainda mantém a filha do desembargador Alexandre Bastos e a esposa do presidente da Assembleia Legislativa, Gerson Claro, na folha de pagamento da casa de leis. 

A exigência foi publicada no diário oficial do Ministério Público no dia 16 de julho. O presidente da Câmara prometeu atender à recomendação, mas alega que está esperando a notificação oficial para cumprir a “determinação” do promotor Humberto Lapa Ferri. 

A recomendação da promotoria foi publicada justamente no primeiro dia do recesso da Casa de Leis. “As férias” de meio do ano acabaram no quinta-feira (31), mas somente na próxima terça-feira (5) é que os vereadores retomam os trabalhos em uma sessão pública. Caso tivesse rompido o contrato no dia da publicação do MPMS, a Câmara teria economizado pelo menos R$ 13 mil. 

O promotor entendeu que não há justificativas legais para que o escritório fosse contratado sem licitação, já que as atividades descritas no contrato poderiam ser desempenhadas por qualquer um dos cinco advogados que já atuam na Câmara. 

O escritório foi contratado por R$ 300 mil anuais, o que equivale a R$ 25 mil por mês. A contratação veio com reajuste de 100% sobre o valor anterior. Entre 2022 e 2024, o valor anual era R$ 150 mil, ou R$ 12,5 mil mensais. 

Entre os sócios do escritório estão a advogada Camila Cavalcante Bastos, filha do desembargador Alexandre Bastos, e a esposa do presidente da Assembleia Legislativa, Katia Regina Bernardo Claro.

O pai de Camila, o desembargador Alexandre Bastos, está afastado do Tribunal de Justiça desde 24 de outubro do ano passado, por conta da operação Ultima Ratio. Ele, segundo investigação da Polícia Federal, é suspeito de envolvimento em um esquema de venda de sentenças judiciais no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Além dele, outros três desembargadores seguem afastados.

Parte destas suspeitas é justamente relativa à contratação do escritório da filha por prefeituras e câmaras de vereadores. A própria advogada Camila Bastos foi alvo da investigação da Polícia Federal.

Mas, apesar do escândalo, o vereador Papy renovou o contrato e concedeu o aumento sob o argumento de que se tratava de escritório especializado em “assessoria jurídica relativa ao Direito Público, de natureza complexa, em licitações e contratos, bem como assessoria jurídica em todos os atos relacionados ao Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul e aos interesses da Câmara Municipal atinentes ao artigo 168 da Constituição de 1988”. 

Para o promotor Lapa Ferri, contudo, “claramente não há natureza singular do serviço a ser prestado, pois como já decidido: "a natureza singular refere-se ao objeto do contrato, ao serviço a ser prestado, que deve escapar à rotina do órgão contratante e da própria estrutura de advocacia pública que o atende. Não basta, portanto, que o profissional seja dotado de notória especialização, exigindo-se, igualmente, que a atividade envolva complexidades que tornem necessária a peculiar expertise”. 

Além disso, o promotor destacou na publicação do dia 16 de julho que “faz parte da rotina dos operadores de direito dos entes públicos a atuação em procedimentos colocados à apreciação, como as licitações, contratos e àqueles ligados aos órgãos de controle externo, seja o Ministério Público ou mesmo o Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul, assim como as questões afetas aos repasses orçamentários, não havendo nisso, por si só, complexidade que revele a necessidade da contratação com inexigibilidade de licitação, sem que haja qualquer definição da complexidade envolvida”.

E, antes de dizer que vai recorrer à Justiça caso o presidente da câmara não romper o contrato, Lapa Ferri diz que “os documentos colacionados ao inquérito civil, notadamente o próprio objeto de contratação, traduz que a contratação do escritório de advocacia para prestação de serviços genéricos, de natureza continuada, os quais estão abarcados no cotidiano de atuação da Procuradoria Geral do Câmara, não configura a inviabilidade de competição que permita a contratação direta, e sim na evidência de necessária estruturação da Procuradoria Geral da Casa de Leis do Município de Campo Grande”. 

E, mesmo depois da demissão das “celebridades”, o comando da Câmara ainda corre o risco de ser acionado judicialmente para que os valores pagos até agora sejam devolvidos aos cofres públicos. 

MEDALHÕES

Originalmente,  o escritório pertencia a Alexandre Bastos e ao deputado Gerson Claro, entre outros sócios. Mas, quando assumiram cargos públicos, repassaram o comando às familiares. Porém, conforme a investigação da Ultima Ratio, boa parcela do dinheiro faturado pelo escritório continuava indo para a conta pessoal do desembargador.

Isso, segundo a Polícia Federal, seria indício de que o magistrado, que chegou ao TJ nomeado pelo governador Reinaldo Azambuja em dezembro de 2016, continuava sendo uma espécie de sócio oculto do escritório, que conquistou notoriedade por conta da facilidade com que obtinha vitórias no Tribunal de Justiça, segundo a PF.

 

processo administrativo

Empreiteras processadas por megacartel tocam obras milionárias em MS

Cade abriu processo e apontou 16 empreiteiras que estariam manipulando licitações de obras rodoviárias. Duas delas assinaram contratos de R$ 247 milhões em MS neste ano

12/12/2025 13h15

Apontada como líder do cartel, a empreitera LCM toca obra de recapeamento de R$ 108 milhões na MS-436, no norte de MS

Apontada como líder do cartel, a empreitera LCM toca obra de recapeamento de R$ 108 milhões na MS-436, no norte de MS

Continue Lendo...

Na quarta-feira (10), o  Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) publicou lista de 16 empreiteiras que viraram alvo de processo administrativo por formação de um suposto cartel para manipular licitações de obras rodoviárias e duas delas firmaram contrados de quase R$ 200 milhões com o Governo de Mato Grosso do Sul somente em 2025.

O Tribunal de Contas da União identificou um conjunto de empresas com atuação suspeita em licitações públicas para obras e serviços de engenharia realizados em nível federal, regional e municipal entre 2016 e 2024. Somente de 2021 a 2024, o valor desses contratos somou R$ 10 bilhões, segundo reportagem do UOL.

Uma delas, a LCM Construção e Comércio, apontada como principal responsável pela formação deste suposto megacartel, toca o recapeamento de 50 dos 111 quilômetros da MS-436, rodovia que liga Camapuã a Figueirão, na região norte de Mato Grosso do Sul.

A obra está com cerca de 35% dos trabalhos concluídos e a empresa vai faturar pelo menos R$ 108 milhões. O contrato inicial, assinado em fevereiro deste ano, previa R$ 101 milhões pelo recapeamento da rodovia que está sendo reconstruída após 12 anos de uso e está recebendo um investimento da ordem de R$ 240 milhões. Os outros 61 quilômetros estão a cargo da empreiteira paulista Vale do Rio Novo.

Além disso, a empreiteira LCM também tem contratos ativos da ordem de R$ 47 milhões para manutenção de quase 300 quilômetros das rodovias BR-262 e BR-158 em Mato Grosso do Sul. Estes contratos, porém, foram firmados com o DNIT.

A outra empresa que aparece na lista do Cade é a Ética Construtora, que em agosto deste ano venceu licitação de R$ 90,55 milhões para implantação de 31 quilômetros de asfalto na MS-245, no município de Bandeirantes, na região central de Mato Grosso do Sul.

A disputa atraiu dez empreiteira e mesmo assim o deságio sobre o preço máximo foi de apenas 1%. O teto estipulado no edital da Agesul era de R$ 91.470.493,63. Mas, depois da “disputa”, a Ética Construtora ficou em primeiro lugar ao oferecer um desconto pouco superior a R$ 915 mil. 

As duas obras (MS-436 e MS-245) estão sendo bancadas pelo empréstido de R$ 2,3 bilhões concedido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao Governo de Mato Grosso do Sul.  

A Ética Construtora é antiga conhecida do Governo do Estado, pois há anos é contratada anualmente pela Agesul para fazer a manutenção de cerca de 580 quilômetros de estradas na regional de Costa Rica. 

Ela também participou de outras licitações do pacote de obras bancadas com recursos do BNDES e que foram lançadas ao longo deste ano, assim como as outras nove que se inscreveram para a obra da MS-245. Porém, nos outros certames não chegou entrar na disputa financeira. 

SÉRIE DE TENTATIVAS

Uma terceira empreiteira que aparece na lista do Cade divulgada na quarta-feira, a Ethos Engenharia de Infraestrutura, também ensaiou a entrada no setor de obras públicas de Mato Grosso do Sul, mas desistiu no meio do caminho. 

A Ethos participou de pelo menos três licitações para recapeamento das rodovias MS-295 e MS-156, no sul do Estado, concluídas pela Agesul no segundo semestre deste ano. 

Em todas a empreiteira chegou à fase da disputa de preços, mas em nenhuma fez proposta para redução do valor máximo estipulado pela Agesul. Estas três obras também fazem parte do pacote de obras do BNDES. 

Conforme informações do UOL, o Cade abriu processo administrativo contra as 16 empresas e 15 pessoas físicas suspeitas de terem manipula licitações que somam  R$ 10 bilhões em contratos do DNIT entre 2021 a 2024. Isso equivale um terço de todas as licitações do órgão no período. Só com o DNIT em Mato Grosso do Sul são quase R$ 250 milhões em contratos firmados com a LCM.

A apuração indica que as empresas investigadas firmavam contratos entre si para redistribuir internamente os serviços após vencerem licitações — o que fere a Lei de Licitações. 

Quando uma das empresas do grupo era declarada vencedora, a execução era repassada a outra empresa do cartel por meio de Sociedades em Conta de Participação (SCPs). A investigação também analisa possíveis danos ao erário, já que combinações de preços entre participantes tendem a inflar custos e levar o poder público a pagar mais caro pelos serviços.

Essas SCPs — instrumentos legais para permitir investimentos sem tornar o sócio público — vinham sendo utilizadas, segundo o Cade, para ceder até 99% do valor da obra, ocultando o verdadeiro executor. 

A prática também permitia que o cartel definisse, entre suas dezenas de empresas espalhadas pelo país, qual delas seria responsável por cada obra, desde que uma tivesse vencido o certame. O Cade divulgou o nome de 16 empreiteiras, mas a investigação aponta que seriam pelo menos 35. 

Segundo o UOL, no centro da investigação está a LCM Construção e Comércio S.A., empresa mineira que desde 2015 assinou R$ 17,4 bilhões em contratos com o governo federal. 

De acordo com documentos apreendidos na sede da companhia em uma operação conjunta do Cade e da CGU (Controladoria-Geral da União) no fim do ano passado, a construtora é apontada como líder do grupo e responsável por coordenar um esquema de repasses internos de obras por meio de subcontratações consideradas irregulares.

A LCM, de acordo com a investigação, mantém mais de 200 SCPs como forma de estruturar esses repasses, além de participar como sócia oculta em outras companhias.

Segundo o Cade, foram identificadas estratégias como propostas de cobertura — em que empresas apresentam lances sem intenção de vencer, com erros propositais — e desistências combinadas durante pregões e concorrências. A Ethos, por exemplo, desistiu no meio do caminho dos três certames que participou neste ano em Mato Grosso do Sul.

Quem são os envolvidos?

As empresas citadas no processo do Cade são: BRA Construtora, CCL (Construtora Centro Leste), Construto Losângulo, Terrayama, Enpa Engenharia e Parceira, Ethos Engenharia de Infraestrutura, Ética Construtora, HWN Engenharia, Ibiza Construtora, LCM Construção e Comércio, MA Engenharia, Minas Pará, MTSul, Pavidez, Pavienge e TWS Indústria e Comércio.

Além da investigação no Cade, o proprietário da LCM, Luiz Otávio Fontes Junqueira, é investigado pela Polícia Federal por suspeita de fraude em dois pregões do Dnit no Amapá, que somam R$ 35 milhões. O empresário foi alvo de busca e apreensão em julho deste ano.

A apuração do caso pelo Cade — órgao ligado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública que tem como função garantir a livre concorrência no país — teve início com uma denúncia feita pelo TCU (Tribunal de Contas da União).

 

INTERIOR

Indígenas tomam anel viário em MS em bloqueio contra o Marco Temporal

Com a iminência das celebrações e recesso de fim de ano, que no Judiciário, por exemplo, começa no próximo dia 20, a votação dos ministros do STF ficou somente para 2026

12/12/2025 12h58

Com a rodovia fechada em ambos os sentidos, os povos indígenas usaram pedaços de troncos e materiais de descarte para realizar o bloqueio que teria começado por volta de 14h50 ontem (11). 

Com a rodovia fechada em ambos os sentidos, os povos indígenas usaram pedaços de troncos e materiais de descarte para realizar o bloqueio que teria começado por volta de 14h50 ontem (11).  Reprodução/DouradosNews/ClaraMedeiros

Continue Lendo...

Nesta sexta-feira (12), o trecho da rodovia MS-156 amanheceu bloqueado por indígenas que protestam em Mato Grosso do Sul contra o Marco Temporal, tomando trecho do Anel Viário que fica distante aproximadamente 231 quilômetros de Campo Grande. 

Toda essa movimentação teve início no fim da tarde de ontem (11), após o tema do Marco Temporal voltar a ocupar espaço de discussão entre o debate de nível nacional, com o fim das sustentações orais de quatro casos sobre o assunto no Supremo Tribunal Federal (STF). 

Aqui cabe ressaltar que, com a iminência das celebrações e recesso de fim de ano, que no Judiciário, por exemplo, começa no próximo dia 20, a votação dos ministros do STF ficou somente para 2026. 

Conforme apurado pelos portais locais, a mobilização não se desfez durante o período noturno, com o trecho da rodovia amanhecendo bloqueado também nesta sexta-feira (12), como confirmado in loco pelo Dourados News, com equipes da Polícia Militar Rodoviária mantendo equipes no local para organizar o fluxo de veículos. 

Entenda

Com a rodovia fechada em ambos os sentidos, os povos indígenas usaram pedaços de troncos e materiais de descarte para realizar o bloqueio que teria começado por volta de 14h50 ontem (11). 

Segundo repassado pelos agentes de segurança pública local, na figura do tenente Rodrigo Froes Galuci, como não há qualquer previsão de quando a pista será, de fato, liberada pelos  manifestantes, há um redirecionamento para quem precisa passar pelo trajeto. 

Trecho que leva em direção à cidade universitária, aos campus das universidades Estadual de Mato Grosso do Sul e Federal da Grande Dourados (UEMS e UFGD), aqueles caminhões que chegam pela MS-156 são redirecionados até a BR-463. 

Importante frisar que, apesar do início do bloqueio ainda ontem (11), houve uma liberação para a passagem de carretas na noite de quinta-feira, porém o desmanche do bloqueio fica condicionado ao grupo receber alguma mensagem em retorno vinda de Brasília. 

Esse grupo reivindica a posse de uma área de retomada onde, atualmente, vivem aproximadamente 300 famílias, com o pedido pela terra sendo feito há quase uma década.   

 

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).