Era para ser um dia normal de trabalho a Ricardo Mariano Vargas, 26 anos, no prédio residencial onde trabalha como porteiro na Rua Quinze de Novembro, região central de Campo Grande. Era por volta das 15h45, enquanto atendia telefones e controlava acessos, esse honrado trabalhador local levou um susto, um dos maiores de sua vida, com o impacto da queda de um banco de helicóptero bem ali, na frente do seu local de trabalho.
"Parecia uma explosão. Fiquei assustado. Só depois fomos reparar o que ocorreu", explicou Vargas.
Pode soar exagero, mas o susto foi mesmo dos grandes. Uma comerciante vizinha foi a primeira a chegar, ainda respirando ofegante. Em minutos o número de pessoas cresceu. Telefones celulares são sacados, imagens feitas. Redes sociais. Não demora até que surjam as explicações.
O banco, na verdade, é um encosto pequeno de aeronaves do tipo. Por telefone ao Portal Correio do Estado, a Polícia Militar assumiu ser a dona do acessório. Em sua versão, realizavam voos baixos na região, sem explicar os motivos. Estavam a 100 metros quando a força do vento soltou o velcro e empurrou o encosto.
Coincidentemente, o helicóptero fora usado pelo próprio governador do Estado, Reinaldo Azambuja (PSDB), para dar tempo de acompanhar duas agendas públicas suas nesta tarde. A primeira às 14h, quando inaugurou o estande de tiro da própria PM, no Santa Mônica, bairro que já fica na zona rural da região oeste, e depois às 16h, na entrega de equipamentos na Academia da Polícia Civil, no Parque dos Poderes, região leste da Capital. Ou seja, dois extremos da cidade. Segundo a PM, a aeronave tinha acabado de deixar o mandatário estadual no segundo compromisso.
Para a sorte da corporação (e por que não do próprio governador), o tal encosto, leve e pequeno (pesa menos de um quilo e pode ser seguro com apenas uma mão), caiu seco na calçada, sem atingir algo ou alguém.
"Felizmente", diz Vargas, fazendo o sinal da cruz com as mãos de forma acelerada. Sobrou a melhor das experiências. A de contar histórias. "Nunca aconteceu algo assim comigo antes e acho que nunca mais vai voltar a acontecer. Certamente será o assunto por vários dias", brincou.
O assédio repentino assusta o nobre trabalhador, morador do Coophasul, região norte de Campo Grande, casado, pai e, ao que tudo indica, funcionário dedicado. Menos de cinco minutos de conversa e a porta de acesso do prédio nos é mostrada. Não pode ter distrações em suas funções. Está certo Vargas, que volta sua atenção aos monitores internos, mas antes aceita posar com a insólita lembrança, que a PM promete resgatar até o fim do dia. Restarão mesmo os retratos de um dia pouco usual na vida do porteiro.
Piloto do helicópetro da Polícia Militar, o tenente-coronel Rosalino Gimenez Filho, informou que a peça de espuma que caiu no Centro de Campo Grande, soltou-se da aeronave durante ronda naquela região da cidade. Minutos antes, Gimenzes havia transportado o governador (veja acima).
“O governador não estava na aeronave, até porque quando levamos alguma autoridade, a porta fica fechada”, afirmou o piloto. Segundo Gimenez, as portas estavam abertas durante o voo, uma “ronda de rotina”, disse o PM, ressaltando que dificilmente a peça machucaria alguém gravemente. “É uma peça leve, de espuma”, justificou.
O velcro do banco, vilão apontado pela PM: força do vento desprendeu a peça (Foto: Rafael Ribeiro/Correio do Estado)


