Superlotação e transporte sucateado foram alguns dos pontos abordados por quem utiliza o transporte público de Campo Grande durante audiência pública nesta quarta-feira (25), reunião realizada na Câmara Municipal de Campo Grande, com participação dos usuários diretamente da Praça Ary Coelho.
Dezenas de cidadãos descreveram problemas recorrentes enfrentados no dia a dia, como superlotação dos ônibus, ausência de linhas que atendam adequadamente os bairros, falta de higiene nos veículos e dificuldades de acessibilidade, especialmente para pessoas com deficiência. Elevadores quebrados e ausência de estrutura adequada foram algumas das queixas registradas por esse público.
Moradora das Moreninhas, Marina Anunciação da Silva criticou a qualidade do transporte coletivo. “Pagamos caro para andar desconfortável. Os ônibus atrasam e nos fins de semana não há linha expressa”, afirmou. Do distrito de Anhanduí, Sonia Rodrigues relatou a superlotação como um dos principais obstáculos. “Venho e volto em pé todos os dias. Faltam mais ônibus para o distrito”, pontuou.
Andreia Maria Silva Lopes, do Jardim Los Angeles, disse que a precariedade do serviço compromete seu trabalho. “Pego a linha 116 todos os dias, mas o ônibus não passa, quebra ou está tão lotado que segue direto. O pouco de dignidade que temos, perdemos no transporte público”.
O vereador Maicon Nogueira, membro da CPI, destacou que os depoimentos colhidos serão incluídos no relatório final da comissão. “Hoje ouvimos testemunhos que evidenciam um serviço caro e precário. Vamos buscar respostas e soluções de médio e longo prazo”, afirmou. Para a vereadora Luiza Ribeiro, a audiência foi essencial para dar voz aos principais afetados. “Falamos com quem mais importa: os usuários. Suas falas serão incorporadas à investigação”, disse.
Já o presidente da Câmara, vereador Epaminondas Neto, o Papy, ressaltou a importância da escuta pública em espaços distintos. “É uma CPI aberta à população, tanto na Casa quanto na praça. Isso reforça a transparência e o compromisso da Câmara com a fiscalização do consórcio e das agências reguladoras”, declarou. Segundo ele, o relatório final trará propostas como a exigência da renovação da frota e a criação de um plano de mobilidade urbana que priorize o transporte coletivo no tráfego da cidade.
A CPI foi instaurada para investigar falhas na operação do Consórcio Guaicurus e a atuação dos órgãos de fiscalização. A expectativa é de que o relatório final aponte caminhos para reestruturar o transporte coletivo de Campo Grande, oferecendo à população um serviço mais digno, acessível e eficiente.
*Com assessoria


