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Peritos da PF da Capital desenvolvem sistema que detecta arquivo suspeito em computador de pedófilos

Peritos da PF da Capital desenvolvem sistema que detecta arquivo suspeito em computador de pedófilos

VÂNYA SANTOS

24/10/2014 - 13h30
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A mudança no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em novembro de 2008, foi o que motivou os peritos criminais federais de Campo Grande, Pedro Eleutério e Mateus Polastro, a criarem o NuDetective. Trata-se de uma ferramenta para auxiliar o trabalho da polícia na busca por fotos e vídeos em computadores de pessoas suspeitas de envolvimento com o crime de pedofilia.  A ferramenta já foi disponibilizada, gratuitamente, para vários países, como Argentina, Suécia, Polônia e Áustria.

Por conta da alteração no Estatuto, passou a ser tipificado como crime a posse de arquivos de pornografa infantil. A equipe policial então se viu diante de uma situação em que tinha apenas o tempo do cumprimento do mandado judicial para buscar arquivos no computador do suspeito, que pudessem configurar o flagrante delito.

“A gente sentiu na pele porque passava horas procurando e nem sempre conseguia olhar todos os arquivos do computador”, explicou Pedro, contanto que ele e o Mateus tiveram a ideia de criar o programa para facilitar o trabalho.

Pedro é engenheiro da computação e Mateus é bacharel em Ciência da Computação, ambos com mestrado na área. Os dois então elaboraram o projeto, programaram e desenvolveram o sistema sozinhos. Tudo era feito fora do horário de trabalho, incluindo, Nos finais de semana.

NuDetective
A primeira versão do NuDetective ficou pronta em 2010, após 6 meses de desenvolvimento no tempo livre dos peritos. Atualmente, o programa está na versão de número três e a novidade é que agora ele também detecta vídeos suspeitos e não apenas fotos.

Pedro explicou que normalmente os policiais levam a ferramenta num CD ou pen drive. O sistema não é instalado no computador do suspeito para preservar os dados da pessoa contra quem está sendo cumprida a ordem judicial.



Sistema NuDetective foi desenvolvido para otimizar o trabalho da Polícia Federal

Ainda conforme o engenheiro, o policial retira o disco rígido do computador, onde ficam os dados, o coloca num bloqueador de escrita e conecta no computador da polícia para rodar o programa que faz a varredura.

Técnicas
O trabalho de busca utiliza quatro técnicas principais e distintas. A primeira é bem simples, conforme descrição dos especialistas, e consiste na análise de nomes dos arquivos. “Essa técnica é boa porque quando a pessoa baixa o arquivo e salva no computador, o nome que fica armazenado na máquina é o que o pedófilo usou na busca na internet. Se ele não renomeou, a técnica encontra o arquivo”, contou Pedro.

Já o perito Mateus explicou que a segunda técnica chama-se análise de hash, que é como se fosse uma impressão digital do arquivo. “A Polícia Federal tem uma lista de todos os arquivos de pornografia infantil conhecidos e já apreendidos”, ressaltou, comentando que nesta etapa procura-se por arquivos previamente elencados.

Até esta etapa o sistema não trás nada de novo e os diferenciais do NuDetective foram guardados para as técnicas de número três e quatro.

A terceira técnica é a análise de imagem. “Toda vez que o sistema encontra uma imagem, ele analisa o conteúdo para detectar se tem ou não nudez humana”, explicou Mateus.

Já a quarta e última técnica foi digna de reconhecimento e premiação nacional. Consiste na análise de vídeo. “O vídeo é uma sequência de imagens. A gente fez uma série de experimentos e desenvolveu uma fórmula em que o sistema analisa uma amostragens dos quadros, que compõe o vídeo e, se detectar um percentual mínimo de 65% de nudez humana, o material é considerado suspeito. O número de 65% vale apenas para casos de vídeo de pornografia infantil e chegamos a esse dado com base em experimentos, em testes”, justificou o engenheiro Pedro, explicando que o desenvolvimento dessa última técnica contou com apoio da Polícia Federal.

Credibilidade
A cada técnica que Pedro e Mateus desenvolvem, eles tentam publicar um artigo científico para dar maior credibilidade ao trabalho.

A ferramenta ajuda a filtrar e facilita o trabalho do perito, que irá analisar o material considerado suspeito, é gratuito e já foi disponibilizado para várias instituições públicas de todo o Brasil, como Ministério Público, Polícia Civil e Instituto de Criminalística. A Polícia Federal de todos os estados utilizam o sistema, que é de uso restrito das entidades de cunho investigativo.​

A cada técnica que os especialistas desenvolvem, eles tentam publicar um artigo científico

O NuDetective foi disponibilizado ainda para países que demonstraram interesse, como: Argentina, Paraguai, Nova Zelândia, Áustria, Polônia e Suécia.

De acordo com Pedro, mais de 70% dos institutos, que solicitaram a ferramenta usaram em casos reais e mais de 70% conseguiram encontrar arquivos suspeitos.

Prêmio
Por conta da técnica que analisa vídeos, Pedro e Mateus receberam em setembro o Prêmio Destaque Forense. O trabalho dos peritos que tem o título de “Rápida Identificação de Pornografia Infantil em Vídeos Digitais” foi julgado no biênio 2012/2013, na categoria de Melhor Artigo Científico em Ciências Forense.



Peritos federais receberam prêmio na categoria Melhor Artigo Científico em Ciências Forense

Ainda em setembro, os especialistas apresentaram o NuDetective em Buenos Aires e, neste mês, na Coria do Sul, durante o Encontro Mundial de Peritos, que acontece a cada três anos.



Em 2010, Pedro e Matheus estiveram em Bilbao apresentando o NuDetective

Cidades

STF: Gilmar e Dino votam para derrubar lei que validou marco temporal

Decano do STF também votou para estabelecer um prazo de dez anos para o governo federal

15/12/2025 13h35

Ministro Gilmar Mendes

Ministro Gilmar Mendes Andressa Anholete/STF

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O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta segunda-feira, 15, no plenário virtual, para reafirmar a decisão do plenário que declarou inconstitucional a tese do marco temporal, que limita a demarcação de terras indígenas. Ele foi acompanhado por Flávio Dino.

O decano do STF também votou para estabelecer um prazo de dez anos para o governo federal concluir todos os processos de demarcação pendentes.

"Passados mais de 35 anos da promulgação da Constituição Federal, parece-me que já transcorreu lapso suficiente para amadurecimento definitivo da questão, de modo que não há mais como remediar a solução desse problema, cabendo, dessa forma, ao Poder Executivo o devido equacionamento da matéria e finalização dos procedimentos demarcatórios em prazo razoável, porém peremptório", defendeu.

O julgamento no plenário virtual fica aberto até a próxima quinta-feira, 18, para os ministros juntarem os votos na plataforma online. Se houver pedido de vista (mais tempo de análise) ou de destaque (transferência do processo ao plenário presencial), a votação é interrompida.

A tese do marco temporal estabelece que povos indígenas só podem reivindicar terras que ocupavam em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal.

Em 2023, em uma decisão histórica, por 9 votos a 2, o STF derrubou a interpretação e definiu que o direito das comunidades a territórios que tradicionalmente ocupavam não depende de uma data fixa.

O tema voltou ao tribunal porque, logo em seguida, o Congresso aprovou um projeto de lei para restringir as demarcações com base no marco temporal. O presidente Lula vetou o texto, mas os vetos foram derrubados pelo Legislativo.

Em paralelo, o Senado provou um projeto de emenda à Constituição (PEC) no mesmo sentido. Com isso, os senadores buscam incluir o critério de demarcação na Constituição. O texto seguiu para análise da Câmara.

Em seu voto, Gilmar Mendes reafirmou a decisão do STF. O ministro afirmou que o tribunal "não pode se esquivar de sua missão constitucional" e, em um aceno ao Congresso, defendeu que a atuação da Corte não pode "ser considerada como afronta ao Poder Legislativo".

"A análise do Supremo Tribunal Federal, no exercício do controle de constitucionalidade, equivale à prevalência da Constituição sobre os poderes constituídos quando estes atuam em descompasso com os limites impostos pela própria Lei Maior e pelo papel contramajoritário das Cortes Constitucionais, no caso o direito natural à própria existência dos indígenas, na medida em que a imposição de determinado limite temporal distante no tempo equivale à vulneração de seu status protetivo constitucional", argumentou o ministro.

O decano ressaltou que a lei é desproporcional e gera insegurança jurídica ao impor um marco temporal de forma retroativa, atingindo comunidades que não dispõem de documentação formal de ocupação.

"Nossa sociedade não pode conviver com chagas abertas séculos atrás que ainda dependem de solução nos dias de hoje, demandando espírito público, republicano e humano de todos os cidadãos brasileiros (indígenas e não indígenas) e principalmente de todos os Poderes para compreender que precisamos escolher outras salvaguardas mínimas para conduzir o debate sobre o conflito no campo", diz outro trecho do voto.

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TRANSPORTE PÚBLICO

Prefeitura nega que esteja devendo Consórcio Guaicurus

O encontro, convocado para esclarecer a situação financeira entre o município e a concessionária do transporte coletivo, ocorreu sem a presença da prefeita Adriane Lopes

15/12/2025 12h30

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo FOTO: Divulgação

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Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta segunda-feira (15), no plenarinho da Prefeitura de Campo Grande, representantes da administração municipal afirmaram que o Executivo não possui qualquer dívida com o Consórcio Guaicurus. 

O encontro, convocado para esclarecer a situação financeira entre o município e a concessionária do transporte coletivo, ocorreu sem a presença da prefeita Adriane Lopes, que delegou a fala a integrantes de sua equipe.

A coletiva também foi marcada por restrições à imprensa, equipes de diversos veículos, entre eles o Correio do Estado, foram barradas de acompanhar o pronunciamento logo ao chegar no local. 

Apesar disso, a reportagem teve acesso a áudios da entrevista, nos quais aparecem as declarações de Otávio Figueiró, diretor-executivo da Agereg; Ulysses Rocha, chefe de gabinete da Prefeitura; e Cecília Saad Cruz Rizkallah, procuradora-geral do Município, que reforçaram a versão oficial de que não há débitos pendentes com o consórcio.

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo e, em alguns casos, de forma antecipada. De acordo com Figueiró, apenas em 2025 o município transferiu mais de R$ 35 milhões ao consórcio, somando subsídios, vale-transporte e pagamentos de gratuidades. 

“Um contrato que hoje tem 197 ônibus com a idade acima da média que não deveriam estar circulando na cidade de Campo Grande, inclusive já tem duas multas preparadas pela agência de regulação. A agência de regulação aplicou uma multa de R$ 12 milhões e eles, no outro dia, contrataram o seguro. O que comprova que não é somente a falta de dinheiro”, afirmou.

Durante a coletiva, os representantes do município ressaltaram que, na semana passada, a prefeita Adriane Lopes autorizou a antecipação de cerca de R$ 3 milhões referentes a subsídios e valores que só venceriam ao longo do mês de dezembro. A medida teve como objetivo garantir fluxo de caixa ao consórcio para o pagamento dos salários dos trabalhadores e impedir a paralisação do serviço.

“Esse pagamento ainda não estava vencido e foi antecipado dentro do limite legal”, disse o diretor-executivo. Conforme a explicação apresentada, o valor máximo permitido por lei para repasses neste período, de aproximadamente R$ 19,5 milhões, já foi integralmente transferido ao consórcio, não havendo pendências financeiras por parte do município.

A administração municipal também destacou que a paralisação ocorreu apesar de decisão judicial que estabelece regras para greves em serviços essenciais. A procuradora-geral do Município explicou que há determinação para manutenção mínima de 70% da frota em circulação, com reforço nos horários de pico, o que não teria sido cumprido. “A paralisação total caracteriza abusividade”, afirmou.

Diante do descumprimento, a Agência de Regulação (Agereg) notificou o consórcio e iniciou os trâmites para aplicação de multa. Segundo Figueiró, a penalidade já estava em fase de formalização e deveria ser entregue ainda nesta segunda-feira. A Procuradoria-Geral do Município também informou que atua no processo judicial e acompanha audiência marcada para esta terça-feira (16).

Questionados sobre um possível rompimento contratual, os representantes do Executivo afirmaram que a medida exige cautela e não pode ser adotada de forma imediata. Cecília e Figueiró explicaram que há etapas administrativas e jurídicas a serem cumpridas, incluindo notificações, prazos de defesa e análise técnica, além da necessidade de garantir a continuidade do serviço.

Por fim, a Prefeitura reiterou que a prioridade é restabelecer o transporte coletivo. “O município cumpriu suas obrigações financeiras. O consórcio, como empresa privada regulada, também precisa cumprir com as suas responsabilidades perante a população”, declararam.

Segundo dados apresentados, a paralisação afetou cerca de 110 mil usuários do sistema e aproximadamente mil trabalhadores do transporte coletivo.

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