Condenado em 1ª instância pelo juiz federal Odilon de Oliveira, em 2014, por tráfico internacional de drogas, Jorge Rafaat, morto na noite de ontem (15) durante tiroteio em Pedro Juan Caballero, vivia livremente no Paraguai porque as autoridades do país vizinho não encontraram provas que pudessem incriminá-lo. O pistoleiro suspeito de ter manuseado a arma antiaérea que matou o narcotraficante está com lesões graves em hospital paraguaio.
Segundo Odilon, a prisão de Rafaat foi decretada pela primeira vez em 2003, ele ficou preso por três anos e em 2014 foi condenado pelo crime de tráfico internacional de drogas. Vários bens dele, que era considerado o “Rei do Tráfico”, inclusive, foram sequestrados.
Rafaat estava livre porque conseguiu na Justiça brasileira habeas corpus e desde então vivia no Paraguai, onde nenhuma investigação existia contra ele.
Titular da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), Luis Rojas disse ao jornal paraguaio ABC Color que Jorge Rafaat era acompanhado pelas autoridades, mas nenhuma prova que o ligasse com o tráfico de drogas foi encontrada.
“Não tinha mandado ou no Brasil ou no Paraguai. Ele podia mover-se livremente. Quem é acusado não significa que há uma investigação em curso. É um processo diferente. Nós não tivemos nenhuma evidência conclusiva ainda”, disse Luis.
PISTOLEIRO
Dos cerca de 70 pistoleiros que participaram do tiroteio na noite de ontem, oito já foram presos. Um deles, o responsável por operar a arma antiaérea de onde saíram os tiros que mataram Rafaat, está internado em hospital de Pedro Juan, com lesões graves nas mãos.
Segundo a imprensa paraguaia, o homem seria integrante do Comando Vermelho, facção que pode ter organizado a emboscada contra o narcotraficante. Integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) também são suspeitos de terem participado dos ataques.
Durante o tiroteio e depois da morte do narcotraficante, tanques do Exército Brasileiro foram vistos transitando na fronteira, mas segundo o Comando Militar do Oeste, não houve nenhuma ação por conta dos ataques no país vizinho.
O deslocamento dos blindados se deu por conta de logística da Operação Ágata, que é realizada na fronteira desde terça-feira. Ainda segundo o CMO, se fosse necessária a intervenção do Exército, qualquer ação teria de ter autorização do comando em Brasília e ações só poderiam ser feitas em solo brasileiro.
ATAQUE
O assassinato dele ocorreu em Pedro Juan Caballero. O criminoso foi cercado por pistoleiros em seu carro blindado e mesmo fortemente armado e cercado por guardiões, não se livrou da morte nem mesmo com todo o aparato de segurança.
De acordo com informações do site paraguaio ABC Color, o ataque é atribuído ao ''barão da droga'' Chimenes Jarvis Pavão, em parceria com a organização criminosa do Brasil Primeiro Comando da Capital (PCC).
Tiroteio começou durante a noite de ontem e se estendeu até a madrugada desta quinta-feira. Segundo o noticiário, foram cerca de quatro horas de enfrentamentos entre duas facções na disputa pelo território do tráfico de drogas. O cenário, conforme relatos, era de terror. Tanques do Exército Brasileiro, que estava na região por conta da Operação Ágata, e Paraguaio, além de policiais dos dois países, foram mobilizados e até a fronteira teria sido fechada.
Segundo o ABC Color, depois de cessado os tiros, dois estabelecimentos comerciais foram incendiados. Por volta das 4h30 de hoje, loja de nome "Pneus Porã" e outro comércio foram, simultaneamente, tomados por fogo. Um dos pontos seria de propriedade do traficante morto Jorge Rafaat. Bombeiros combateram as chamas.
No contexto da guerra do narcotráfico, sete pessoas teriam sido presas. A polícia ainda não divulgou oficialmente a quantidade de mortos e feridos. O velório de Rafaat acontece na manhã de hoje, em Ponta Porã, e a segurança é reforçada por policiais militares.


