Cidades

ENTREVISTA

'Policial é policial 24 horas, mesmo de folga', diz secretário de Justiça e Segurança Pública

'Policial é policial 24 horas, mesmo de folga', diz secretário de Justiça e Segurança Pública

THIAGO GOMES

26/01/2014 - 18h00
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Desde 2007 atuando como Secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, o delegado da Polícia Federal aposentado, Wantuir Francisco Brasil Jacini, tem um olhar mais abrangente e experiente sobre a área. Nesta entrevista ele aborda a conduta policial, a atuação sobre o crime organizado, estratégias e reaparelhamento.

CORREIO PERGUNTA Em 2013, a Polícia Militar, em especial, se notabilizou por ter enfrentado criminosos à bala em ao menos quatro situações distintas, que culminaram com mortes. Em um dos episódios, dois jovens morreram numa lotérica. Qual a sua avaliação sobre essas circunstâncias?

Cabe à polícia proteger o direito natural do homem, o direito à vida, à propriedade e à liberdade. Isso não significa que o policial tenha que colocar a sua vida em risco, ao contrário, a própria lei diz que o policial pode usar a energia necessária e esse uso necessário para frear e impedir uma ação criminosa está, inclusive, entre as excludentes de criminalidade. No caso citado, a ocasião foi esta. Os policiais agiram no estrito cumprimento do dever legal e dentro da proteção da vida e da propriedade de terceiros. Evidentemente que ninguém quer que o policial, para cumprir a sua missão, seja atingido por tiros dos criminosos, como eles fazem quase que diariamente Brasil afora. A imprensa tem noticiado vários assaltos, nos quais as pessoas, mesmo sem reagir, são agredidas e até vitimadas por infratores. Imagine quando eles se defrontam com policiais! É óbvio que vão atirar no policial, visto que a figura dele, seja militar ou civil, representa para aquele criminoso a pessoa que irá prendê-lo. Então, em todas as ocasiões que essa situação ocorreu os policiais agiram no estrito cumprimento do dever legal. É importante salientar que em todos estes casos, a Secretaria de Segurança Pública instaura um procedimento, por meio das corregedorias, a fim de esclarecer as circunstâncias do ocorrido. Caso constatado o excesso ou desvio de conduta, o policial irá responder, mas no exemplo acima, não foi o caso.

O senhor não concorda que se esses policiais estivessem com pistolas de choque Teaser, por exemplo, poderiam ter evitado mortes?

Falar sim ou não?! A pistola teaser é considerada um armamento menos letal, de baixo potencial ofensivo, e ela é considerada uma segunda arma. Ora, se um criminoso está portando uma arma de fogo e aponta para o policial, ele tem, no mínimo, o dever de defender a sua vida, e responder aquela injusta agressão com a arma de munição real que ele dispõe, e não com a teaser, que deveria ser utilizada no caso de o criminoso não estar portando arma de fogo, por exemplo, uma arma branca. A teaser é para ser utilizada nessas condições.

Até que ponto premiar policiais por resultados dessa natureza, com homenagens e promoções, não incentiva à violência?

Não vejo dessa maneira. Até porque o policial é policial 24 horas, mesmo de folga. Em todas essas ocorrências foram instaurados procedimentos para verificar se a ação policial se deu no estrito cumprimento do dever legal e se foi uma ação além do dever. São considerados casos além do dever quando, em determinada situação, o policial se apresenta em desvantagem, e ao invés de adotar uma postura defensiva, ele age proativamente, por meio de uma ação ofensiva, em defesa da vida e patrimônio de terceiros, arriscando a sua integridade física. Nestes casos, é justo ter sua conduta reconhecida, seja por meio de homenagens e até promoção.

Em 2013, o crime organizado praticamente tomou conta do noticiário com assassinatos e ações pontuais tanto na fronteira como em Campo Grande. Como o Estado vai responder a esses ataques, já que até o momento muitos dos crimes continuam impunes. Caso de Paulo Magalhães, cujo mandante, como toda a sociedade sabe, continua livre?

O crime organizado, o próprio nome já diz, planeja as suas ações para que não venham a ser descobertas, tanto na fronteira como em qualquer outro local. O Estado de Mato Grosso do Sul tem histórico de atuação do crime organizado porque faz fronteira com países produtores de droga, característica que faz com que o crime organizado se estabeleça nessas áreas, tanto do lado brasileiro, como do lado paraguaio ou boliviano. E dessa região, a fim de dar suporte às suas ações, articulam e determinam o cometimento dos chamados crimes conexos, que são os homicídios, roubos, sequestros, extorsões. A polícia, com base na inteligência policial, tem esclarecido muitos e muitos fatos dessa natureza. Os crimes que recentemente aconteceram na fronteira, como por exemplo, invasão de delegacia e posto da Polícia Militar, já estamos com a quadrilha desarticulada e seus autores presos, e para obter este resultado, inclusive contamos com a ação conjunta com a Polícia Federal e a colaboração da polícia paraguaia.  Com relação aos homicídios, o Estado tem um índice de resolutividade da ordem de 65%, mais do dobro do considerado média nacional, que não chega a 30%. Existem casos, considerados mais complexos, que demoram um pouco mais para serem esclarecidos. No caso específico, está em andamento a investigação, acompanhada passo a passo pelo Ministério Público Estadual. Por estar em andamento não pode haver comentários por parte da SEJUSP. 

Em 2013, igualmente na região de fronteira, ocorreram os maiores ataques a agências bancárias e bancos eletrônicos, repassando a sensação de que as cidades fronteiriças estão reféns dos criminosos. Qual a resposta que o Estado terá para tanta violência?

A Estratégia Nacional de Segurança Pública nas Fronteiras prevê a participação do governo federal, do governo estadual e dos municípios. Do governo federal, a participação se dá por meio de operações especiais coordenadas e executadas pelo Gabinete de Gestão Integrada de Fronteiras (GGIFRON), que já coordenou, nestes dois anos de atuação, mais de 40 ações em toda a faixa de fronteira, realizou operações integradas com as polícias estadual, federais e com as forças armadas e também, dentro da Enafron, a segurança pública participa de operações em conjunto com as forças armadas, as operações Ágatas, que são coordenadas pelo Ministério da Defesa. Ainda no âmbito da Enafron, o governo federal está aportando recursos para reaparelhar as polícias, e cabe ao Estado, como contrapartida, realizar concursos, que já estão em andamento, a fim de reforçar o efetivo policial na faixa de fronteira. Temos em andamento concursos públicos para a Polícia Militar, Polícia Civil, Coordenadoria Geral de Perícias, Corpo de Bombeiros, Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário e Superintendência de Assistência Socioeducativa. Todas as instituições receberão reforço que se destinam às cidades gêmeas, às cidades lindeiras e à faixa de fronteira, neste caso 31 cidades receberão recursos. Além disso, o Departamento de Operações de Fronteira (DOF) também receberá mais recursos, não só de efetivo, como também novas viaturas. Toda a frota do DOF está sendo substituída por viaturas novas. É importante destacar que o departamento, hoje, serve de paradigma para uma mudança da doutrina de policiamento de fronteira, que ao longo de 26 anos de existência desenvolveu a atuação por meio do policiamento itinerante, com base na inteligência policial, apresentando grandes resultados. Por isso, consideramos o DOF como mais uma ferramenta que está sendo ampliada para melhorar o enfrentamento dessa criminalidade na fronteira. É bom que se diga que as instituições contam com um efetivo significativo. A PM dispõe de seis batalhões na faixa de fronteira, a PC com 57 delegacias. Agora, saliento que a responsabilidade sobre o policiamento de fronteira é compartilhada e não exclusiva do Estado de MS. Cabe também às polícias federal e rodoviária federal realizar este trabalho, e naturalmente, o governo federal reforçará essas polícias para dar o enfrentamento com mais efetividade na região. A região fronteiriça é uma área de difícil atuação, servida por estradas federais, estaduais, municipais e trilheiros, e nela vive uma população aproximada de um milhão e quinhentas mil pessoas, somando as populações das cidades brasileiras, com as cidades paraguaias e bolivianas, que são as cidades gêmeas e que se interligam entre si.

A situação da superlotação dos presídios é uma realidade dramática no Estado. O que tem sido feito para amenizar ou solucionar o problema?

A hiperlotação dos presídios é uma questão nacional, todos os 27 estados brasileiros enfrentam essa realidade. Como o Estado de Mato Grosso do Sul realiza um grande serviço para o Brasil, porque nós custodiamos aqui presos de mais de 20 estados que vêm até MS buscar drogas e são presos pelas instituições policiais, demonstrando mais uma vez a eficiência das polícias. Eles ficam presos aqui, contribuindo para o aumento da nossa população carcerária. Nós ficamos com os presos, a investigação, os inquéritos e processos, porém muitos desses crimes são crimes federais, onde seus autores deveriam cumprir suas penas em unidades federais de segurança média, administrados pelo governo federal e não são, permanecem nas unidades penais estaduais, custeadas pelo Estado. Temos uma média de mil presos federais. Recentemente assinamos um convênio com o governo federal, que prevê a construção de três novos presídios na região da Gameleira em Campo Grande. Essas novas unidades vão propiciar 1,4 mil novas vagas, e com certeza irá diminuir essa problemática. Além destes, estão sendo construídos outros quatro presídios: um semiaberto para quinhentas vagas em Dourados; uma unidade de regime fechado em Rio Brilhante, com cem vagas; um semiaberto em Amambai, também com cem vagas e a ampliação do Estabelecimento Penal de Corumbá, com mais cem vagas.

O que a população pode esperar da Segurança Pública em 2014?

Neste ano estaremos recebendo mais recursos para o reaparelhamento. Serão entregues mais de 200 viaturas, adquiridas mais de mil pistolas, dois mil computadores, munição e realizados novos cursos de capacitação. As licitações para aquisição dos itens estão em andamento; em alguns casos, os contratos já foram assinados e as empresas ganhadoras das licitações estão em fase de entrega, o que deve acontecer entre os meses de fevereiro e março. Também em março, início de abril, incorporaremos os 1.341 novos servidores. Esse aumento de efetivo, somado ao reaparelhamento, acrescido à capacitação e à inteligência policial, com certeza influenciará em uma redução da criminalidade no Estado.
 

PARALISAÇÃO

Prefeitura e Governo Estadual afirmam que repasses à Santa Casa estão em dia

Além da verba repassada pelo convênio entre Município, Estado e Governo Federal, o Executivo alega que aporta R$ 1 milhão extra, por mês, pagos desde o início do ano

22/12/2025 17h30

Os profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa reivindicam pelo pagamento do 13º salário

Os profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa reivindicam pelo pagamento do 13º salário Marcelo Victor / Correio do Estado

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A Prefeitura Municipal de Campo Grande emitiu nota, durante a tarde desta segunda-feira (22), para afirmar que os repasses financeiros estão em dia com o Hospital Santa Casa. Além disso, também relata que aporta, mensalmente, R$ 1 milhão extra à instituição.

Atualmente, a Santa Casa recebe R$ 392,4 milhões por ano (R$ 32,7 milhões por mês) do convênio entre Governo Federal, Prefeitura de Campo Grande e Governo do Estado para atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS).

Confira a nota do Município:

"A Prefeitura de Campo Grande está rigorosamente em dia com todos os repasses financeiros de sua responsabilidade destinados à Santa Casa. Desde o início deste ano vem, inclusive, realizando aportes extras de R$ 1 milhão mensais.

Diante do cenário de greve, o Executivo tem adotado todas as medidas possíveis para colaborar com a instituição neste momento, mantendo diálogo permanente, buscando alternativas que contribuam para a regularidade dos atendimentos e a mitigação de impactos à população".

Além da Prefeitura, o Governo do Estado também se manisfestou sobre os recursos repassados ao hospital. Através da Secretaria Estadual de Saúde (SES) negou estar em débito com a Santa Casa e, por isso, não pode ser responsabilizado pelo pagamento do 13º salário aos servidores. 

Em nota, a Secretaria também afirmou que vem realizando um pagamento extra aos hospitais filantrópicos do Estado nos últimos anos, a fim de auxiliá-los nos custos e no cumprimento de suas obrigações. 

Além disso, a pasta afirmou que todos os pagamentos destinados à Santa Casa são feitos ao Município de Campo Grande, sempre no quinto dia útil. 

O balanço divulgado pela SES mostrou que, de janeiro a outubro de 2025, foram repassados R$ 90,7 milhões, distribuídos em R$ 9,07 milhões mensais. Na parcela referente aos mês de novembro, houve um acréscimo de R$ 516.515, o que elevou o repasse mensal ao hospital para R$ 9,59 milhões. 

“O Estado está integralmente em dia com suas obrigações. Cabe destacar que, além dos repasses obrigatórios, em 2025 o governo estadual já destinou mais R$ 25 milhões em recursos oriundos da bancada federal para atender a Santa Casa de Campo Grande”, ressaltou a nota da SES.

Greve

A paralisação das atividades dos profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa nesta segunda-feira (22) foi motivada pela falta de pagamento do 13º salário. 

O movimento afeta, até o momento, 30% dos serviços oferecidos no hospital, resultando em 1.200 funcionários “de braços cruzados”, entre profissionais do atendimento (consultas eletivas, cirurgias eletivas, enfermaria, pronto socorro, UTI, etc), limpeza (higienização de centros cirúrgicos, consultórios, banheiros, corredores, etc), lavanderia (acúmulo de roupas utilizadas em cirurgias ou exames) e cozinha (copa).

Na última sexta-feira (20), a Santa Casa alegou que não tinha dinheiro para o pagamento do benefício aos servidores, e propôs o parcelamento do 13º salário em três vezes, em janeiro, fevereiro e março. 

No entanto, a proposta não foi aceita pelos profissionais, que foram às ruas pedindo pelo pagamento integral do salário, em parcela única. 

De acordo com a Lei nº 4.090/1962, o 13º pode ser pago em duas parcelas: uma até o dia 30 de novembro e outra até o dia 20 de dezembro, sem atrasos.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Enfermagem, Lázaro Santana, explicou que a movimentação não se trata de uma greve, mas sim, de uma paralisação, e que os serviços estarão funcionando em períodos. 

“Nós não estamos de greve, estamos fazendo paralisações por período. A gente só vai voltar a hora que o dinheiro estiver na conta. Qualquer 30% que você tira da assistência, isso pode gerar uma morosidade, não uma desassistência, mas uma morosidade no atendimento”, explicou ao Correio do Estado. 

Segundo Santana, Estado e Município dizem que os pagamentos estão em dia.

“Ninguém sabe quem está certo, porque o governo fala que está fazendo tudo em dia, o município também, e a Santa Casa fala que não. Só que toda essa falta de comunicação, esse consenso que eles não chegam nunca gera esse tipo de problema, porque hoje nós estamos reivindicando ao pagamento do décimo, mas durante todo o ano paralisamos também cobrando o pagamento do salário do mês. Isso gera um transtorno muito grande. O que a Santa Casa alega é que ela depende de reajuste de melhorias no contrato para poder honrar o compromisso”.

 

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Cidades

Homicida se entrega à Polícia 8 meses após o crime

Homem estava foragido deste a data do crime, em abril

22/12/2025 17h00

Divulgação/PCMS

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Um homem foi preso ontem (21) ao se entregar na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário do Centro Especializado de Polícia Integrada (DEPAC/CEPOL) após ter estado foragido por 8 meses por ter participado de um homicídio registrado na zona rural do distrito de Anhanduí.

O Crime

De acordo com as informações levantadas, o corpo de um homem foi localizado na manhã do dia 12 de abril de 2025, às margens de um córrego próximo à BR-163. 

As investigações iniciais indicaram que, no dia anterior ao desaparecimento, a vítima esteve no local na companhia de dois conhecidos, após consumo de bebida alcoólica. Apenas um deles retornou para casa. O outro passou a apresentar comportamento considerado suspeito e não foi mais localizado.

Após dois dias de buscas realizadas por familiares, Guarda Municipal e Polícia Militar, o corpo foi encontrado no mesmo ponto onde o grupo havia se reunido. Durante os trabalhos periciais, foram recolhidos objetos que podem ter relação com o crime.

Rendição

No dia 21 de dezembro de 2025, cerca de oito meses após o homicídio, o homem foragido compareceu espontaneamente à Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário do Centro Especializado de Polícia Integrada (DEPAC/CEPOL), onde confessou a autoria do crime.

Diante dos elementos colhidos, a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul representou pela prisão preventiva do autor. O pedido foi analisado pelo Poder Judiciário, que decretou a prisão preventiva no mesmo dia, resultando no imediato recolhimento do autor ao sistema prisional.

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