Cidades

"Laranjal"

Prefeitura compraria o dobro da frota com o valor de aluguel em contrato

A empresa JR Comércio e Serviços recebeu mais de R$ 862,8 mil do município pelo aluguel de sete carros desde 2018

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Uma das empresas investigadas pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) por possível fraude em licitação, a JR Comércio e Serviços recebeu R$ 862.847,66 pelo aluguel de sete veículos de passeio desde 2018. No entanto, a Prefeitura Municipal de Campo Grande poderia ter comprado o dobro do número de carros com esse valor. 

O Correio do Estado encontrou o Renault Kwid Zen 2023/2024, considerado um dos veículos mais econômicos do País, por R$ 58.900. Sendo assim, atualmente, sete carros zero-quilômetro do modelo orçado sairiam por um total de R$ 412.930,00, menos da metade do total gasto com os aluguéis. 

Em 2018, o contrato foi fechado por R$ 129.998,40, montante que atualmente seria suficiente para comprar dois Renault Kwid Zen 2023/2024 zero-quilômetro e ainda restariam R$ 12.018,40. Esse valor inicial aumentou ao longo dos anos, chegando aos atuais R$ 862,8 mil. 

O contrato foi assinado com a empresa para fornecer sete carros de passeio para atender às necessidades da Secretaria Municipal de Assistência Social (SAS), em março de 2018, e teve quatro aditivos. 
De 2019 até 2021, os aditivos foram de prorrogação do contrato por mais 12 meses. Em 2022, além da prorrogação dos serviços da JR Comércio e Serviços por mais um ano, o valor do contrato também aumentou em 14,28%, o que totalizaria R$ 148.569,60 por mais um carro. 

Com esse valor a mais, a prefeitura conseguiria comprar dois Renault Kwid Zen 2023/2024 novos e ainda teria R$ 30.589,60 de troco. O contrato da locação dos veículos está previsto para até março de 2024, e a empresa JR Comércio e Serviços tem mais outros três contratos em vigência com o município. 

A primeira contratação foi em junho de 2017, para locação de máquinas pesadas, caminhões, veículos leves e equipamentos, com um valor inicial de R$ 34.168.680,00, que atualmente está em R$ 219.738.348,88, em razão dos aditivos que conseguiu durante os anos. O prazo para o fim desse contrato é agosto deste ano. 

A empresa também loca veículos para atender a Casa da Mulher Brasileira, desde março de 2018. O valor inicial do contrato foi de R$ 34.392,00, mas passou para R$ 179.253,04 após os aditivos. Esse contrato tem previsão de encerramento para o dia 1° de julho, se não houver novo aditivo. 

O terceiro contrato, de locação de caminhões para transporte de materiais, que a JR Comércio e Serviços tem em vigência com a prefeitura teve um valor inicial de R$ 642.996,96 e foi assinado em 2018. Atualmente, a locação teve mais de R$ 3 milhões em aditivos, constando um valor de R$ 3.987.262,08 para a atividade, que está prevista para até janeiro de 2024. 

Além da JR Comércio e Serviços, uma segunda empresa que tem contratos vigentes com a prefeitura da Capital está sendo investigada pelo MPMS, também por indícios de irregularidades na execução e na fiscalização de contratos, a MS Brasil Comércio e Serviços. 

A empresa tem três contratos de locação de máquinas pesadas, caminhões e equipamentos, sendo o primeiro, com o maior valor de repasse, assinado em 2017. 

Na época, a MS Brasil Comércio e Serviços assinou contrato no valor de R$ 15.506.400,00 para a locação de uma série de veículos, que incluía até ônibus urbano. 

De acordo com o Pregão Presencial n° 108/2016, o aluguel mais caro da relação é são nove tratores de esteira, que, segundo o documento, deveriam ter “motor diesel com 120 HP de potência, conjunto de lâmina de inclinação e angulação hidráulica, peso operacional de 10.000 kg”, entre outras especificicações, podendo ter até 10 anos de uso. 

O Correio do Estado realizou um levantamento em sites de venda de tratores de esteira usados e obteve uma média de R$ 600 mil por máquina. Se fossem comprados atualmente, os nove equipamentos custariam em torno de R$ 5.400.000, ou seja, um valor próximo ao gasto em um ano de contrato, que, segundo o pregão, foi de R$ 5.124.240,36, este montante praticado em 2018, sem contar os reajustes. 

Atualmente, o valor total desse primeiro contrato de locação da MS Brasil Comércio e Serviços está em R$ 108.079.795,25, um total de mais de R$ 92 milhões em acréscimos. O contrato é válido até agosto deste ano. 

Em janeiro do ano passado, a MS Brasil Comércio e Serviços conseguiu um novo contrato com a prefeitura, também para locação de máquinas, no total de R$ 4.649.039,52, que deveria ter tido fim em fevereiro deste ano. No Portal da Transparência do município, não há aditivos ao contrato. 

O terceiro pregão eletrônico vencido pela MS Brasil Comércio e Serviços foi assinado em junho do ano passado e tem vigência até o dia 28 deste mês, de acordo com o Portal de Transparência. 

O valor do contrato também é de R$ 4.649.039,52, para locação de máquinas pesadas. 
Ao todo, a Prefeitura de Campo Grande investiu R$ 341.966.332,91 em contratos com as duas empresas investigadas pelo MPMS nos últimos seis anos.

“LARANJAL”

Em matéria publicada ontem, o Correio do Estado mostrou que o grupo que está na mira do MPMS por desviar recursos públicos montou um “laranjal” para escapar das investigações e esconder os verdadeiros beneficiários do esquema investigado.

Isso porque os ditos proprietários das empresas JR Comércio e Serviços Eireli e MS Brasil Comércio e Serviços Ltda. têm uma vida muito mais humilde do que os contratos milionários assinados com o município sugerem.

Operação Cascalho de Areia, do MPMS

Na semana passada, a 31ª Promotoria do Patrimônio Público de Campo Grande deflagrou uma operação com o nome de Cascalho de Areia para cumprir 19 mandados de busca e apreensão vinculados à investigação de contratos celebrados pela Prefeitura de Campo Grande, a partir de 2017, com empresas que seriam responsáveis pela manutenção de vias sem pavimentação e também pelo aluguel de máquinas e caminhões.

No período, esses contratos ultrapassaram o montante de R$ 300 milhões, e o promotor responsável pela investigação, Humberto Lapa Ferri, apura eventual criação de organização criminosa com o objetivo corrupto de fraudar licitações na Capital.

TRAGÉDIA

Dois motociclistas morrem na semana do Natal em Campo Grande

Ambos foram socorridos e encaminhados a Santa Casa, mas, não resistiram aos ferimentos e faleceram

23/12/2025 08h15

Santa Casa de Campo Grande, maior hospital de MS

Santa Casa de Campo Grande, maior hospital de MS Gerson Oliveira

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João Vitor Moraes Romeiro, de 27 anos e Tiago Duarte de Lima, de 38 anos morreram em acidente de moto, na tarde desta segunda-feira (22), em duas avenidas movimentadas de Campo Grande.

João Vitor faleceu na avenida Guaicurus, Jardim Nashville, na Capital.

De acordo com o boletim de ocorrência, o rapaz trafegava pela avenida em uma Yamaha Fazer, quando perdeu o controle da direção, bateu na traseira de uma Ford Ranger e caiu no asfalto. Em seguida, foi atropelado por um caminhão-tanque.

Ele foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e encaminhado a Santa Casa, mas, não resistiu aos ferimentos e faleceu no local.

Tiago faleceu na avenida Bandeirantes, bairro Guanandi, próximo ao Terminal Bandeirantes, na Capital.

Segundo o boletim de ocorrência, Tiago trafegava em uma Honda CG Fan, pela avenida Bandeirantes, sentido bairro-centro, quando colidiu na traseira de uma Ford F-350. Após a colisão, a moto colidiu em outra moto, quando Tiago foi arremessado ao solo.

Ele foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros (CBMMS) e encaminhado a Santa Casa, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu no centro cirúrgico.

Os acidentes fatais ocorreram dois dias antes do Natal.

ACIDENTES FATAIS

Acidente de trânsito é uma das principais causas de morte em todo o mundo.

Acidente de carro, moto, bicicleta ou atropelamento, em ruas, avenidas ou rodovias, são tragédias que acontecem toda semana em Mato Grosso do Sul.

As principais causas são excesso de velocidade, falha em ceder a passagem, dirigir sob efeito de álcool, distrações, sonolência e condições climáticas adversas, como chuva forte.

Dados divulgados pela Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) apontam que 58 pessoas morreram no trânsito, entre 1º de janeiro e 28 de novembro de 2025, em Campo Grande. Desse número, 43 são motociclistas, 12 são pedestres, 2 são condutores e 1 passageiro.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) traz algumas orientações ao condutor no trânsito. Confira:

  • Não dirija caso consuma bebida alcoólica
  • Não dirija cansado ou com sono
  • Use cinto de segurança
  • Respeite a sinalização
  • Respeite o limite de velocidade da via
  • Porte documentos oficiais com fotos, os quais devem estar quitados
  • Realize revisão do carro: pneus, limpadores de para-brisa, freios, nível de óleo, bateria, lâmpadas, lanterna e extintor

 

CRISE FINANCEIRA

Enquanto atrasa salários, Santa Casa de Campo Grande paga juros milionários

Ao todo, o hospital gastou R$ 6.458.416,67 por mês e R$ 212.331,51 por dia somente com empréstimos no ano passado

23/12/2025 08h00

Greve santa casa

Greve santa casa Marcelo Victor/Correio do Estado

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A Santa Casa de Campo Grande deve solicitar novo empréstimo milionário nos próximos dias para quitar o 13º salário atrasado dos profissionais de enfermagem, limpeza e copa que iniciaram paralisação de 30% do efetivo por alegarem que a “enfermagem não é trabalho escravo”.

Em meio a uma crise e prejuízo ao atendimento, o hospital já enfrenta dívida altíssima com bancos e só de juros paga mais de R$ 6 milhões ao mês.

Em entrevista coletiva na manhã de ontem, Alir Terra, presidente do hospital, confirmou que a instituição está há três meses tentando contrair um novo empréstimo com os bancos. “Nós estamos em tratativa há mais de três meses para conseguir um empréstimo para fazer esse pagamento”, afirma a presidente.

Caso se confirme, este seria o segundo empréstimo milionário da Santa Casa este ano, mais especificamente nos últimos 60 dias.

Na primeira semana de novembro, o hospital disse ao Correio do Estado que precisou ir ao banco pegar R$ 5 milhões para ajudar a quitar uma das cinco folhas salariais que estava em atraso, com os 400 médicos da categoria pessoa jurídica (PJ), dívida que ainda soma cerca de R$ 30 milhões.

Somando este último empréstimo com o apresentado no balanço financeiro do exercício do ano passado, a instituição ainda teria que pagar R$ 261.916.856,00 por causa de empréstimos e financiamentos. Além disso, os juros também preocupam, já que foram responsáveis por R$ 45.342.425,00 com bancos e fornecedores somente em 2024.

De acordo com o fluxo de caixa do hospital, divulgado publicamente pela Santa Casa, a instituição pagou R$ 15.158.396,70 em salários e ordenados aos funcionários celetistas em novembro. Logo, o novo empréstimo deve girar em torno deste valor, para que o 13º atrasado seja pago e, assim, voltar com os atendimentos de maneira normal.

Greve santa casa

HISTÓRICO

Nos últimos seis anos, os empréstimos da Santa Casa totalizaram R$ 321,2 milhões, sem considerar os R$ 5 milhões contraídos este ano. O maior deles foi feito em janeiro de 2024, quando a entidade pegou R$ 248 milhões na Caixa Econômica Federal (com taxa de juros mensal de 1,36%), quantia que foi utilizada para amortizar outros dois empréstimos que foram feitos anteriormente.

Porém, o último empréstimo anunciado oficialmente pelo hospital foi realizado um mês depois, em fevereiro do ano passado, quando pegou R$ 8 milhões com o banco Daycoval – com juros mensal de 1,56% –, empréstimo com prazo de quitação em até cinco anos (60 meses).

Ao todo, a Santa Casa gastou R$ 6.458.416,67 por mês e R$ 212.331,51 por dia somente com empréstimos no ano passado. Ainda em 2024, acerca de juros incorridos sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), a instituição arcou com R$ 17.359.633,00, enquanto R$ 4.327.607,00 foram para juros sobre tributos.

Por outro lado, a instituição obteve uma reversão de R$ 4.791.534,00 em juros, multas e encargos por causa da adesão a um edital de transação da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), que permitiu descontos de até 70% em dívidas inscritas na dívida ativa da União.

De acordo com os fluxos de caixa mensais publicados pela entidade, de janeiro a novembro deste ano, foram pagos R$ 35.020.180,71 de empréstimos e financiamentos, que seriam somente os juros cobrados pelos bancos, os quais são entre 1,21% e 2,93% de taxa por mês.

No ano passado, a Santa Casa fechou com um deficit de R$ 98,4 milhões, ao contrário do que havia apresentado em 2023, quando encerrou com superavit de R$ 27,5 milhões.

Segundo o demonstrativo financeiro da instituição, essa inversão foi impulsionada pelas despesas operacionais que dobraram e pelo patrimônio líquido negativo que aumentou quase R$ 100 milhões.

GREVE PARCIAL

Até o momento, os serviços afetados pela paralisação dos funcionários são: consultas eletivas, cirurgias eletivas, enfermaria, pronto-socorro e unidade de terapia intensiva (UTI), limpeza (higienização de centros cirúrgicos, consultórios, banheiros e corredores), lavanderia (acúmulo de roupas utilizadas em cirurgias ou exames) e cozinha.

Greve santa casaFuncionários da Santa Casa fizeram manifestação ontem pedindo o pagamento do 13º salário - Foto: Marcelo Victor

Na sexta-feira, a instituição já havia informado que não tinha precisão de quando seria pago o benefício aos servidores. Segundo afirma o hospital, o atraso ocorreria porque o governo do Estado não iria realizar o repasse integral da 13ª parcela, avaliado em R$ 14 milhões, que geralmente é passado este mês.

Segundo a entidade, para este ano, o valor seria transferido em três parcelas, com cada uma sendo depositada em janeiro, fevereiro e março de 2026.

Esse repasse extra não está previsto em contrato, mas faz parte de um acordo do Executivo estadual com todos os hospitais filantrópicos do Estado, por meio da Federação das Santas Casas, Hospitais e Instituições Filantrópicas e Beneficentes de Mato Grosso do Sul (Fehbesul).

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) confirmou que vem realizando um pagamento extra aos hospitais filantrópicos do Estado nos últimos anos, a fim de auxiliá-los nos custos e no cumprimento de suas obrigações. Porém, destaca que está em dia com suas obrigações e que, este ano, já repassou mais de R$ 25 milhões em recursos oriundos da bancada federal ao hospital.

À reportagem, o Município também se posicionou diante da situação. “A Prefeitura de Campo Grande está rigorosamente em dia com todos os repasses financeiros de sua responsabilidade destinados à Santa Casa. Desde o início deste ano, vem, inclusive, realizando aportes extras de R$ 1 milhão mensal”.

O Correio do Estado também entrou em contato com Ronaldo de Souza, Superintendente Estadual do Ministério da Saúde em Mato Grosso do Sul.

“A questão salarial é entre a instituição e os funcionários. União, estado e município não são responsáveis por salários ou complementações imprevistos na legislação”, disse.

O responsável pelo Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de Mato Grosso do Sul (Siems), Lázaro Santana, também foi contatado pela reportagem. Mas, até o fechamento desta edição, não houve retorno.

*SAIBA

De acordo com a Lei federal nº 4.090/1962, o 13º salário pode ser pago em duas parcelas: uma até o dia 30 de novembro e outra até o dia 20 de dezembro, sem atrasos.

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