Prefeitura de Campo Grande testa novo material asfáltico que permite tapar buracos usando pás ou os pés, sem uso do rolo compressor para compactação.
Teste foi realizado ontem (6) em três ruas para verificar viabilidade do uso nos serviços de tapa-buracos e causou estranheza na população.
De acordo com a Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação (Seinthra), testes ocorreram nas ruas Arthur Jorge, Rio Grande do Sul e avenida Hiroshima.
O material avaliado tem a mesma composição do produto tradicional, com asfalto, pedra e pedrisco. Porém, tem aditivos que possibilitam aplicação a frio e permitiriam o uso mesmo que o buraco estivesse com água, o que ocorre em período de chuva.
Ainda conforme a prefeitura, o produto pode ser armazenado por 12 meses e para aplicação não há necessidade de interromper o tráfego, já que a compactação do asfalto frio pode ser feita com uso de pá ou com auxílio do próprio trânsito, com carros passando em cima.
Os testes foram feitos para analisar viabilidade econômica do material em relação ao asfalto quente, que necessita de equipamentos, máquinas e caminhões pesados, além de ampla equipe de trabalho.
Não foi informado pela administração municipal os custos referentes ao material, locais onde ainda serão feitos novas aplicações e qual o prazo para terminar a avaliação.
TÉCNICA QUESTIONADA
Engenheiro civil e especialista em asfalto, Chaia Jacob Neto, disse ao Portal Correio do Estado que todo trabalho de pavimentação ou tapa-buraco necessita de compactação feita com maquinário apropriado.
Sobre o asfalto frio, ele afirma que existe, é mais barato, porém é de menor qualidade que o tradicional, chamado de CBQU.
“O PMF [Pré Misturado a Frio] pode ser usado para tapar buraco, mas é menos resistente e sem a compactação, será menos resistente ainda”, disse o especialista.
O engenheiro destacou ainda que não teve acesso à técnica que a prefeitura está usando, mas que em 30 anos de experiência nunca ouviu falar sobre trabalho que possa ser feito usando os pés ou outros carros como compactador.
Conforme Chaia, usar um veículo para compactar a massa asfáltica gera um “vazio”, fazendo com que haja distorção de altura e o remendo não fique no mesmo nível do asfalto, além de sujar a lataria dos veículos.
“Tem que fazer a técnica de cortar as bordas do buraco, recuperar a base e aplicar o material que melhora a aderência e a massa. É um material fofo e quando compactado tem redução de 25% no vazio. Pegando um veículo comum vai continuar com o vazio, ficar em desnível e deteriorar com o tempo. É necessário compactar para agregar o material a base”, disse.
Quanto à afirmação da prefeitura de que o trabalho pode ser feito durante chuva ou em buracos com água, o especialista afirma que é impossível tapar buraco nestas condições.
“Isso não existe, não pode fazer tapa buraco ou usar qualquer tipo de material asfáltico na chuva. Primeiro tem que secar a base, ela tem que ser estabilizada e tem que haver umidade mínima. Se não faz esse trabalho, vai abrir de novo [o buraco], porque a base que segura o material estará desestruturada”, afirmou o engenheiro.


