Até 2023, não havia registro de casos da doença na capital, mas isso mudou a partir do ano passado, quando 103 casos foram confirmados até novembro e mais 25 de dezembro a janeiro de 2025
O Ministério Público Estadual (MPE) anunciou a abertura de um processo administrativo para acompanhar medidas de combate e controle da hepatite A em Campo Grande, diante do aumento significativo de casos nos últimos sete meses.
Recentemente, a Águas Guariroba, concessionária responsável pelos serviços de água, coleta e tratamento de esgoto de Campo Grande, divulgou que 100% da população tem acesso a água tratada e 94% da capital tem rede de esgoto, o que colocou a cidade em 2ª no ranking das capitais brasileiras com o melhor saneamento básico.
Porém, segundo o órgão fiscalizador, este trabalho era “bem feito” pela empresa até 2023, quando Campo Grande era uma das únicas capitais a não ter notificações da doença, o que durou por quatro anos. Mas, tudo mudou a partir de setembro do ano passado, do qual foram registrados 103 casos até novembro, atingindo principalmente pessoas de 20 a 49 anos.
Ainda, de dezembro a janeiro de 2025, mais 25 casos foram confirmados, o que chamou a atenção do MPE. Com isso, quatro ações estão incluídas no Processo Administrativo do órgão, sendo elas:
- A coleta de informações e dados sobre a situação da hepatite A em Campo Grande;
- A notificação das secretarias Estaduais e Municipais de Saúde para prestarem esclarecimentos sobre as medidas adotadas no controle da doença;
- A solicitação de informações detalhadas da Sesau sobre a cobertura vacinal no município e os resultados das estratégias adotadas;
- Acompanhamento contínuo da situação e dos resultados das ações realizadas.
Há seis meses, a Secretaria Municipal de Saúde (SESAU) ampliou o público-alvo da vacina contra a doença pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Diante da determinação, pessoas de 11 a 39 anos puderam se vacinar com doses de 0,5 ou 1 ml.
Hepatite A: sintomas, tratamento e prevenção
Segundo o Ministério da Saúde, a hepatite A é uma infecção causada pelo vírus A (HAV) da hepatite, também conhecida como “hepatite infecciosa”. Na maioria dos casos, a hepatite A é uma doença de caráter benigno, contudo o curso sintomático e a letalidade aumentam com a idade.
Sua transmissão é fecal-oral, ou seja, através do contato de fezes com a boca, o que está diretamente relacionado com alimentos ou água inseguros, baixos níveis de saneamento básico e de higiene pessoal. Mas, também há outras formas de transmissão, como contato pessoal próximo e contato sexual.
Dentre os primeiros sinais, estão fadiga, mal-estar, febre e dores musculares, que podem ser seguidos por sintomas gastrointestinais como: enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia. Eles começam a se manifestar de 15 a 50 dias depois da infecção e permanecem por até 60 dias.
O diagnóstico é feito através do exame de sangue e não existe tratamento específico para a doença, ou seja, é recomendado apenas o uso de medicamentos (prescritos por médicos) para o alívio das dores e sintomas. Em caso de insuficiência hepática aguda, a hospitalização é indicada.
Por não ter tratamento específico, o Ministério da Saúde traz algumas orientações para prevenção:
- Lavar as mãos (incluindo após o uso do sanitário, trocar fraldas e antes do preparo de alimentos);
- Lavar com água tratada, clorada ou fervida, os alimentos que são consumidos crus, deixando-os de molho por 30 minutos;
- Cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos, frutos do mar e peixes;
- Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras;
- Usar instalações sanitárias;
- No caso de creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e instituições fechadas, adotar medidas rigorosas de higiene, tais como a desinfecção de objetos, bancadas e chão utilizando hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária.
- Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto;
- Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios;
- Usar preservativos e higienização das mãos, genitália, períneo e região anal antes e após as relações sexuais.
Mesmo com essas recomendações acima, a principal medida de prevenção contra a hepatite A é a vacinação. Atualmente, faz parte do calendário infantil, no esquema de 1 dose aos 15 meses de idade (podendo ser utilizada a partir dos 12 meses até 5 anos incompletos – 4 anos, 11 meses e 29 dias).
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