Cidades

"INDIANA JONES"

Produtor rural de Nioaque é conhecido por andar nu e ter tido namoradas famosas

Portal Correio do Estado foi até o município para conversar com o fazendeiro

MARESSA MENDONÇA, DE NIOAQUE

21/06/2015 - 00h00
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Para uns, ele é o “Indiana Jones”, outros afirmam que ele é o “homem das cavernas”, ou uma “figura” e têm os que preferem chamá-lo apenas de “Ricardão”, o produtor rural carismático e que costuma responder de maneira cômica a qualquer questionamento. Como o motivo de andar nu. “Nunca vi ninguém nascer com roupa”, diz ele, fazendo questão de ressaltar que “também nunca vou desrespeitar ninguém. Mas na nossa casa a gente anda como quer”.

É com esse respeito que recebeu a reportagem do Portal Correio do Estado, vestido de calça jeans e camisa xadrez. Mas depois de muita conversa, acabou deixando a “formalidade” de lado. 

Para chegar até a casa de Roberto Brites, de 80 anos, é necessário percorrer quase 20 km de estrada de terra depois do centro de Nioaque - município localizado a 187 km de Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul. Da porteira da Fazenda São Lourenço, já é possível observar a casa rústica, feita em madeira. O local escolhido por ele para viver da maneira mais natural possível e  distante dos avanços tecnológicos. 

A Vida Natural 

De 'tecnologia', algumas lâmpadas, uma geladeira e um aparelho celular para manter o contato com os filhos. " O fogão a gás eu não uso, tem um botijão, mas eu nunca usei", relata. A água também não é encanada, vem de um poço artesiano construído nos fundos da propriedade. "Bomba de pôr no poço está aí! Está revisada, inteirinha, mas eu gosto é de puxar. Aqui a vida é bruta”, brinca o homem. 

O jeito rústico também é percebido na rotina de Ricardo, cujo relógio biológico o faz acordar entre 3h30min e 4h e dormir às 19h. "Acordo, tiro leite de cabrita,tomo meu leite, faço tudo o que tenho que fazer depois pego caminhonete vou para Aquidauna, Jardim. Não tem lugar pra mim. É desse jeito que eu gosto', detalha o homem, que só lembra do aniversário dos filhos. O dele, precisam avisar."Nem sei que dia é meu aniversário, mas dos filhos, aí tem que lembrar".

Sobre a  recusa a comprar aparelhos eletrônicos, ele responde com outra pergunta. "Pra ficar fazendo o quê? Vendo quem matou, quem estuprou?", questiona.

Ele relata ainda que faz a queima do umbigo dos bezerros sozinho, já que a maioria dos peões não têm coragem. Os banhos são sempre frios, "de caneca" ou em um tanque artificial da propriedade,  as roupas são lavadas com uma tábua, à beira de um tanque e a alimentação também é calculada. Isso, sem contar que há quase uma década ele não come carne vermelha nem ovos.”Gosto de comida caipira, de sitio, sem esquecer do alface e do almeirão". Já acostumei com essa vida".

As 'amigas' e a 'família'

Esse "Ricardo”, que hoje vive de maneira sossegada na fazenda, conta que também é chamado de "Ricardão". Em uma "ostentação discreta", ele deixa subentendido que já foi muito “disputado” entre as mulheres. Na lista, que ele recusa a mencionar integralmente para preservar a imagens delas, têm atrizes e misses. “ Tinha amizade com as mais bonitas da época!”, brinca, se referindo especialmente a uma miss que virou atriz.

“Eu não era ciumento com ninguém. Era tipo touro no pasto. Touro não carrega um chifre? Eu tinha 500 mulheres, eu era chifrudo de todas. Agora, ruim é ser chifrudo de uma só. Aí eu acho triste”, brinca.

Ainda sem revelar o nome das namoradas que teve, ele mostra com orgulho as éguas quarto de milha. Coincidentemente, todas receberam nome de mulheres. “Tem a Débora, a Tereza, a Vanusa, a Lili, a Claudinha”. 

Dos relacionamentos mais duradouros, Ricardo teve seis filhos, cinco mulheres e um homem. A morte dessas mulheres foi um dos motivos que o fizeram optar pela vida no campo.

Os negócios e as brigas

O jeito inquieto e o gosto pelo mato acompanham o fazendeiro desde a infância, quando morava em um Rancho no Estado de São Paulo.  “Com cinco anos de idade eu limpava tronco de café pra mãe rastelar. Com oito, eu derrubava mato no machado, junto com o pai, a mãe e duas irmãs. Quando deu 13 anos, eu falei mãe , não me leva a mal, mas vou embora da casa. 

Apesar de ter "trocado" a vida do campo pela cidade, o "trabalho pesado" continuou, como ele mesmo conta. "Eu fui furar fossa e carpir lote. Sozinho no mundo!", brinca.

E nesse estado de "abandono" é que Ricardo acabou se envolvendo em várias brigas e também com muitas mulheres bonitas. O jeito espontâneo fez com que ele fosse convidado para trabalhar no comércio como corretor de imóveis e depois como vendedor de automóveis. "Fui o maior corretor daquele centro de São Paulo. Ganhava dinheiro que nem água e brigava muito", lembra. 

"Cheguei a ter de 30 e poucos processos, acredite se quiser. Em Penápolis, eu peguei dez anos de cadeia, mas só que não entrei na cadeia. Voei para o Paraná", revela ele, afirmando ser esse o outro motivo que o fez desgostar da vida urbana. 

Opiniões 

Os momentos mais marcantes da história de Ricardão não foram contados de maneira cronológica, mas com interrupções, pausas, com momentos de risada, e alguns pedidos para "mudar de assunto". Assim também ele conversa com os moradores de Nioaque.

"Ele é diferente mesmo! Vem aqui quase todos os dias e conta a trajetória de vida. É uma pessoa com bastante experiência", declara Valdir Couto de Souza, ex-prefeito do município e proprietário de um posto de combustíveis e de um restaurante, onde o produtor rural costuma almoçar. 

A opinião é compartilhada por Patrícia Brites, filha do fazendeiro."Ele é uma figura rara, única mesmo. É como se ele tivesse voltado na idade da pedra lascada. Parece o Indiana Jones", brinca. 

 

 

apagar das luzes

MP devassa contratos milionários da iluminação pública em Campo Grande

Conforme o Ministério Público, que cumpre 14 mandados, foram constatados superfaturamentos que superam os R$ 62 milhões em Campo Grande

19/12/2025 09h10

Um dos alvos da operação do Gecoc é a  Empresa Construtora B&C Ltda, na Vila Bandeirantes

Um dos alvos da operação do Gecoc é a Empresa Construtora B&C Ltda, na Vila Bandeirantes Marcelo Victor

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O Ministério Público de Mato Grosso do Sul desencadeou uma operação na manhã desta sexta-feira (19) para desmantelar um suposto esquema de desvio de recursos públicos nos milionários contratos para manutenção e ampliação dos serviços de iluminação pública em Campo Grande. 

Conforme a assessoria do Ministério Público, a  “Operação Apagar das Luzes”, tem como objetivo o cumprimento de 14 mandados de busca e apreensão, em Campo Grande e Balneário Piçarras/SC. A operação conta com o apoio operacional dos Grupos Especiais de Repressão ao Crime Organizado (Gaecos) dos Estados de Mato Grosso do Sul e Santa Catarina.

Ainda de acordo com a assessoria, "as investigações indicam a ocorrência de reiteradas fraudes nos processos licitatórios, bem como nos contratos firmados para a execução do serviço de manutenção do sistema de iluminação pública de Campo Grande, já tendo sido identificado superfaturamento superior a R$ 62 milhões".
 
Levantamentos também trouxeram à tona o envolvimento das empresas contratadas com servidores públicos da Capital. A investigação atinge contratos em vigência, firmados em 2024 e objeto de aditivos.

Um dos alvos da operação é a Empresa Construtora B&C Ltda, com sede na Avenida Joaquim Dornelas, na região da Vila Bandeirantes, em Campo Grande. A empresa tem pelo menos seis contratos com a prefeitura que juntos somam quase R$ 32 milhões. 

Três destes contratos são para manutenção do sistema de iluminação das regiões  do Segredo (R$ 2,11 milhões), Lagoa (R$ 2,8 milhões ano)  e Imbirussu (R$ 2,7 milhões ano). Os outros três são para instalação de novas luminárias de led em avenidas como Lúdio Coelho (R$ 8,87 milhões) e José Barbosa Rodrigues (R$ 6,75 milhões). A empresa também foi contratada para instalar novas luminária no Parque Soter (8,48 milhões). 

Todos os contratos foram assinados em meados de 2024 e em março do ano passado, nove meses depois da assinatura, receberam reajuste da ordem de 25%. Os aumentos foram concedidos em pleno período de restrição de gastos que havia sido declarada pela prefeita Adriane Lopes (PP)

Os reajustes revelaram que, apesar da crise financeira, no setor de iluminação há fartura. Dados da Secretaria de Finanças (Sefin) mostram que, em 2024, a tarifa de iluminação pública aumentou em 28,2% na comparação com o ano anterior. 

Em 2023, os moradores de Campo Grande pagaram R$ 153,46 milhões à prefeitura de Campo Grande por meio da conta de energia elétrica, ante R$ 196,86 milhões pagos no ano passado. Em 2025 o crescimento foi um pouco menor, pois o consumo de energia caiu em torno de 8%, o que foi consequência da redução do calor. 

Na manhã desta sexta-feira, integrantes do Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gecoc), do Ministério Público, cumpriram mandados na sede da empresa B&C, na Secretaria de Obras Públicas e na sede da prefeitura de Campo Grande.

(Matéria alterada às 10 horas para acréscimo de informações)

CAMPO GRANDE

Ônibus voltam a circular após fim da maior greve em 31 anos

Em junho de 1994 ocorreu a greve de ônibus mais duradoura na cidade, quando o transporte público ficou parado por 4 dias

19/12/2025 08h00

Ônibus retornaram no final da tarde de ontem e encerraram a greve de 3 dias e meio

Ônibus retornaram no final da tarde de ontem e encerraram a greve de 3 dias e meio Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A greve dos motoristas de ônibus chegou ao fim na tarde de ontem em Campo Grande, após três dias e meio desde o início da paralisação. Esta se tornou a maior interrupção do serviço já feita na Capital desde junho de 1994, quando o serviço ficou parado por quatro dias.

Na tarde de ontem, horas depois de o governo do Estado anunciar a antecipação do repasse de R$ 3,3 milhões de janeiro para que fosse paga a folha salarial de novembro, o Consórcio Guaicurus e trabalhadores se reuniram novamente na tentativa de oficializar o fim da paralisação e discutir os últimos ajustes, sob mediação do desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região (TRT24) César Palumbo Fernandes, que foi responsável pelas decisões judiciais recentes envolvendo o caso.

Reuniram-se Demétrio Freitas, presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande (STTU-CG), Themis de Oliveira, diretor-presidente do Consórcio Guaicurus, e Otávio Figueiró, diretor-executivo da Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg).

Com cerca de duas horas de duração, a audiência terminou com final feliz para as partes. Após a assinatura da homologação da decisão, Demétrio Freitas confirmou o fim da greve e disse que a parte atrasada referente ao salário de novembro foi depositada, permitindo que os serviços fossem retomados de forma gradual durante o restante do dia.

“Com essa garantia de pagamento, eu vou convocar todos os trabalhadores para que retornem ao trabalho imediatamente, e amanhã [sexta-feira] volta à normalidade. Sabendo que todos os trabalhadores vão receber, que era o que a gente queria, a greve com certeza vai ser suspensa”, reforçou o presidente do STTU-CG.

Sobre a multa prevista na decisão judicial, que acumula valor de R$ 520 mil desde segunda-feira, Demétrio disse que ainda segue, mas o desembargador prometeu que haverá uma nova rodada de conversas para determinar se será paga ou retirada. Porém, garantiu que os motoristas não serão penalizados pelos dias parados.

Mesmo com a decisão sendo oficializada no fim da tarde, o presidente do sindicato garantiu que os ônibus já voltariam a circular no mesmo dia. Como prometido, às 17h51min saiu o primeiro coletivo da garagem do Consórcio Guaicurus em direção a um dos terminais.

Ônibus retornaram no final da tarde de ontem e encerraram a greve de 3 dias e meioOs ônibus voltaram a pegar passageiros na noite de ontem, após três dias inteiros sem nenhum carro em circulação na Capital - Gerson Oliveira/Correio do Estado

Pelo lado do Consórcio Guaicurus, Themis de Oliveira destacou o empenho do poder público para que se conseguisse o valor necessário para quitar os vencimentos.

Além da antecipação anunciada pelo governador Eduardo Riedel (PP), o diretor-presidente da empresa disse que conseguiu cerca de R$ 1,5 milhão com a ajuda de acionistas, o que vai contribuir pagar o 13º e o adiantamento salarial (vale) até hoje.

“Foi um esforço conjunto para acharmos uma solução, que foi encontrada. A greve já foi encerrada e, a partir de agora, voltamos à normalidade na cidade. Eu acho que era isso o importante para se conseguir nessa audiência”, disse Oliveira ao fim do debate entre as partes.

É esperado que hoje volte a circular toda a frota de ônibus desde o primeiro horário, às 4h30min.

HISTÓRICO

Ônibus retornaram no final da tarde de ontem e encerraram a greve de 3 dias e meioFeito por Denis Felipe com IA

A maior greve do transporte coletivo começou no dia 17 de junho de 1994, quando cerca de 1,5 mil motoristas pararam a frota de ônibus de Campo Grande pedindo melhores condições salariais.

Assim como ocorreu desta vez, o prefeito da época, Juvêncio da Fonseca, criticou a paralisação total e, inclusive, conseguiu uma liminar para que 45% da frota voltasse a circular, mas sem cumprimento por parte da classe.

Como noticiado pelo Correio do Estado na época, há 31 anos, mais de 270 mil campo-grandenses foram afetados pela greve.

“Na periferia, os trabalhadores apelaram para a carona, lotação e táxis. No Centro, o movimento foi baixo e o clima era de um sábado à tarde. Os hospitais temem pelos pacientes caso a greve perdure”, trouxe a edição impressa do dia 18 de junho de 1994.

Quatro dias depois, no dia 21 de junho, os ônibus voltaram a circular normalmente, após os empresários do transporte público garantirem uma estabilidade de 40 dias para a classe, sem desconto dos dias parados, semelhante ao acordo firmado ontem na audiência de conciliação.

Curiosamente, quatro meses depois, em outubro de 1994, outra greve foi realizada pelos motoristas de ônibus. No dia 25, cerca de 310 mil campo-grandenses ficaram sem transporte coletivo, já que os funcionários (chamados de rodoviários na época) estavam pedindo reposição salarial de 20% e o cumprimento de algumas conquistas trabalhistas.

Porém, três dias depois, a Justiça determinou que o serviço voltasse à atividade, sob multa diária de R$ 10 mil. Ao contrário do acontecido agora e em junho daquele mesmo ano, os motoristas não peitaram a decisão e decidiram decretar a retomada dos trabalhos.

Além disso, os dias parados foram descontados do salário e uma multa de R$ 20 mil foi aplicada ao sindicato, por ter desrespeitado duas decisões anteriores.

A última greve do transporte público havia acontecido em novembro de 2021, quando motoristas pediram aumento salarial. Porém, no mesmo dia em que foi iniciada a paralisação, o problema foi resolvido, após uma reunião no TRT24 que terminou em acordo, garantindo, assim, a retomada das atividades em poucas horas.

*SAIBA

A greve e o sindicato não representam apenas os motoristas, mas também todos os trabalhadores envolvidos, como os empregados na parte administrativa e mecânicos do consórcio, totalizando 1,1 mil funcionários.

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