A Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS) apresenta, no dia 16 de dezembro, às 17h, no Salão da Comunidade Quilombola Tia Eva, o projeto de restauro da Igreja São Benedito, em Campo Grande.
Com contrato estimado em R$ 2.213.000,00, a obra será executada pela empresa Marco Arquitetura, Engenharia, Construções e Comércio LTDA, que terá 540 dias para a execução, a partir do momento em que receber a ordem de início do serviço.
A reforma inclui a requalificação do entorno, iniciativa que marca um passo importante na preservação do patrimônio histórico e do legado de Tia Eva, figura conhecida que chegou a Campo Grande em 1905, vinda de Mineiros (GO), e que, com suas três filhas, fundou a comunidade.
O presidente da Associação dos Descendentes de Tia Eva, Ronaldo Jefferson da Silva, destaca a relevância da obra para os moradores.
“É o que Tia Eva deixou, é o legado de Tia Eva. Restaurar a igreja e o entorno significa preservar nossa convivência diária, nosso espaço de encontros e conversas, respeitando tanto os saberes dos mais velhos quanto os dos mais jovens. Manter esse lugar vivo é manter viva a história da nossa comunidade”, afirmou.
A diretora de Memória e Patrimônio Cultural da FCMS, Melly Sena, reforçou a importância histórica da intervenção.
“A Igreja São Benedito é um marco da formação social e cultural de Campo Grande. Restaurá-la não é apenas recuperar uma edificação, mas proteger a memória de uma liderança ancestral que contribuiu decisivamente para a identidade negra no estado. Este projeto reafirma nosso compromisso com a preservação de um patrimônio que pertence à cidade e ao país.”
O diretor-presidente da FCMS, Eduardo Mendes, destaca o impacto simbólico do investimento.
“O governo de Mato Grosso do Sul entende que proteger a memória de comunidades tradicionais é fortalecer a cidadania. Este restauro deixa um legado duradouro, reafirma o respeito do Estado à história da Comunidade Tia Eva e mostra que políticas públicas de cultura precisam alcançar, com seriedade, os espaços onde nossa identidade foi construída.”
História e significado
Devota de São Benedito, em 1912, Eva Maria de Jesus, a Tia Eva, construiu a igreja, que é a segunda edificação mais antiga de Campo Grande.
A Igreja de São Benedito foi tombada como patrimônio municipal (1996) e estadual (1998), sendo reconhecida como símbolo da presença e da resistência da população negra na formação cultural sul-mato-grossense.
Interdição
Devido à antiguidade, e o estado em que se encontrava, a tradicional igreja foi interditada em maio de 2024 pela Defesa Civil, que alegava risco iminente de desabamento do prédio, que é um dos patrimônios históricos de Mato Grosso do Sul.
No início de fevereiro deste ano, um novo laudo da Defesa Civil indicou que a situação da construção havia piorado no tempo de interdição: o telhado cedeu parcialmente e impediu de maneira definitiva a abertura da porta de entrada.
Diante disso, o Ministério Público fez um pedido de intimação urgente do Município de Campo Grande e da FCMS (Fundação de Cultura do Estado de Mato Grosso do Sul) para a adoção de providências emergenciais.
A Justiça aceitou o pedido e determinou a intimação pessoal do Estado e do Município, sob pena de multa diária de R$ 5 mil, limitada a R$ 500 mil, e responsabilização em caso de “mutilação e descaracterização do bem devido à inércia”.

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