Cidades

MEIO AMBIENTE

Promotoria vai à Justiça contra invasão em área de preservação

O MPMS constatou em 2019 que parte de uma APP da prefeitura de Campo Grande foi desmatada e que parte do Córrego Portinho Pache foi assoreada

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O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) instaurou um inquérito civil em 2019, para apurar uma “indevida intervenção em área de preservação permanente (APP) no Espaço Livre de Uso Público (Elup)”, nas proximidades do Córrego Portinho Pache, no bairro Jardim Auxiliadora.

Na ocasião, o terreno da prefeitura de Campo Grande foi ocupado por Carlos Roberto Rodrigues Pratis, que realizou uma série de ações no local, causando desmatamento de parte da APP e assoreamento em alguns pontos do córrego.

O inquérito civil relata que foi instaurado uma notícia fato para apurar informações do relatório técnico da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Semadur).

“No referido relatório, o órgão ambiental informou que realizou vistorias e levantamento topográfico e constatou que ‘parte da APP se encontra antropizada com presença de edificações, pomar e horta, além do descarte irregular de resíduos de diversas naturezas com a finalidade de aterrar a área’. Também observou um processo de assoreamento do córrego em alguns pontos do talude”, pontua o MPMS no documento.

O Ministério Público também informa que no início da investigação foi solicitado para a Semadur o encaminhamento do relatório técnico para saber qual o estado de conservação do local.

Em resposta, o órgão ambiental disse que “em vistoria feita em 10 de dezembro de 2019, foi constatada a deposição de resíduos sólidos sobre a vegetação do canal do Córrego Portinho Pache; assoreamento do canal desse recurso hídrico; uso de horticultura de parte da área de preservação permanente, além de pequeno corpo de água decorrente de escavação próximo ao Córrego Portinho Pache, com a finalidade de uso para irrigação”.

Sendo assim, o laudo da vistoria apontou que apesar do terreno estar classificado como de uso público, já que pertence à Prefeitura de Campo Grande, estava sendo utilizado para atividade de horticultura, desde pelo menos 2002.

Além disso, também foi constatado que a intervenção na APP foi feita para atividade de “expansão da rede de esgotamento sanitário, por empresa terceirizada, chamada Ceará Construtora Eireli, contratada pela Águas Guariroba”.

O local, que possui área de preservação permanente, também é classificado pela Semadur como Zona Especial de Interesse Ambiental (ZEIA) 01 e o órgão ambiental reforçou expressamente que na APP, além do tanque utilizado para irrigação da atividade de horticultura, houve ainda atividades de escavação, “visando à expansão da rede de esgotamento sanitário”, o que foi feito com licenciamento ambiental, por parte da concessionária responsável pela operação.

No documento, o MPMS destaca que não há, por parte do órgão ambiental responsável, pedido ou autorização para o uso da área pública para a atividade de horticultura.

SEGUNDO LAUDO

Em 2020, um segundo laudo de vistoria foi feito, e destacou que o terreno possuia na época “o entorno atropizado, um solo de parte de APP derivada de olho de água e coberto por plantio de couve e uma moradia implantada no local, ocupada por Agostinho Prates da Silva”.

Nesse novo relatório foi pontuado que além do Córrego Portinho Pache, havia também área de preservação permanente decorrente de olho d’água; ausência de vegetação adequada à condição de área de preservação permanente, com parte do lote sem qualquer vegetação; infraestrutura para plantio de mudas; olericultura pelo plantio de couve, com ocupação irregular da área pública, além do que já foi citado, o entorno antropizado e uma casa construída no local.

DESINTERESSE

Apesar do terreno pertencer à Prefeitura de Campo Grande, o poder executivo não demonstrou interesse em reaver o local e tomar as providências cabíveis para “remover os invadores da área pública ou mesmo regularizar” a situação.

O MPMS informa que tentou, com o município, o ajustamento da ocupação, mas a prefeitura recusou, utilizando o argumento de que não tinha sido a autora do dano ambiental.

Com os ocupantes da área, também foi tentado o acordo, duas vezes. Na primeira iniciativa, o MPMS relata que houve uma reunião com os requeridos, mas não foi possível a celebração de acordo, apesar de haver pedidos dos invasores, pendentes junto ao município, que buscavam o direito ao uso e/ou alienação da propriedade.

“Nota-se inclusive, que o Ministério Público visualizou não ser possível a regularização fundiária urbana, porque se tratava de uma única ocupação, podendo ser possível, eventualmente, a concessão real de uso para moradia, o que demandaria iniciativa do próprio ocupante em formular o pleito administrativamente”, informa o documento.

Na segunda tentativa, após a recusa da prefeitura, o MPMS aponta que não foi possível a celebração de acordo com os ocupantes da área, pois eles foram notificados mas não responderam o órgão.

“Percebe-se, assim que, malgrado a responsabilidade pela reparação dos danos ambientais seja solidária, não foi possível a celebração de acordo com o Carlos Roberto Rodrigues Pratis e Município de Campo Grande, possuidor e proprietário da área respectivamente. Diante disso, substituindo os danos ambientais, só restou ao Ministério Público recorrer à via judicial”, expõe o MPMS.

Sendo assim, o órgão demanda tanto o invasor quanto a prefeitura, que destaca que foi omissa na ocasião, a reparação dos danos ambientais, recomposição da área de preservação mediante projeto de recuperação da área degradada, e a obrigação de não permitir ou realizar interveções não autorizadas e indenizar pelos danos causados.

Em três meses, deve ser entregue, um Projeto de Recuperação de Área Degradada (Prada), sob determinação de pagamento de R$ 1 mil de multa diária, em caso de não entrega do documento. O MP também pediu a tutela provisória de urgência do local.

R$ 10 mil em multa

É o valor indicado pelo MPMS para que os indiciados paguem por danos ambientais e morais coletivos.

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3º dia de greve

Motoristas ignoram multa de R$ 200 mil e Campo Grande segue sem ônibus

TRT determinou que ônibus funcionem com 70% da frota em horários de pico e 50% em horários normais, mas os motoristas não aceitaram

17/12/2025 07h10

Campo Grande entra no 3º dia de greve dos ônibus

Campo Grande entra no 3º dia de greve dos ônibus MARCELO VICTOR

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Campo Grande amanheceu sem ônibus pelo terceiro dia consecutivo nesta quarta-feira (17).

Mais uma vez, os terminais Morenão, Julio de Castilho, Bandeirantes, Nova Bahia, Moreninhas, Aero Rancho, Guaicurus, General Osório e Hércules Maymone amanheceram fechados sem nenhuma "alma viva".

Os pontos estão vazios. Em contrapartida, as garagens estão lotadas de ônibus estacionados.

Com isso, os usuários precisam recorrer a outras alternativas para chegar ao trabalho: bicicleta, a pé, carona, transporte por aplicativo, táxi ou mototáxi. A greve foi alertada antecipadamente, estava prevista e não pegou passageiros de surpresa.

Os motoristas reivindicam pelo pagamento do mês, que foi pago 50%:

  • Pagamento do 5º dia útil – venceu em 5 de dezembro
  • Pagamento da segunda parcela do 13º salário – vai vencer em 20 de dezembro
  • Pagamento do vale (adiantamento) – vai vencer em 20 de dezembro

O Consórcio Guaicurus alega que está em crise financeira e que não tem dinheiro para pagar a folha salarial, 13º salário e custos operacionais básicos (combustível, manutenção da frota e encargos). 

De acordo com o Consórcio, a Prefeitura Municipal de Campo Grande (PMCG) deve R$ 39 milhões à empresa desde 2022 e que os salários dos motoristas só serão pagos caso o poder público repasse o valor.

“O atraso e o pagamento parcial não decorrem de má gestão, mas sim da inadimplência reiterada do Município de Campo Grande/MS no repasse do subsídio financeiro contratualmente instituído no quarto termo aditivo previsto. O valor devido pelo Poder Concedente, apenas no período compreendido desde 2022, quando foi designada a tarifa técnica no quarto termo aditivo do contrato de concessão, já soma um subsídio superior a R$ 39 milhões ainda não repassados ao Consórcio. A dificuldade financeira é uma consequência direta da quebra do equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão pelo Poder Concedente. O pagamento da complementação do salário de novembro, do adiantamento de dezembro de 2025 (vencível em 20/12/2025) e da segunda parcela do 13º salário está condicionado à regularização desses repasses públicos”, explicou o Consórcio Guaicurus por meio de nota enviada à imprensa.

Mas, a Prefeitura Municipal de Campo Grande (PMCG) rebateu o Consórcio e disse que os pagamentos estão em dia. A prefeita, Adriane Lopes (PP), afirmou que a greve é "abusiva" e "ilegal", pois todos os repasses financeiros foram feitos.

"Além das gratuidades, o Município aporta também o vale-transporte dos nossos servidores, que são adquiridos e utilizados pelos servidores do município e, rigorosamente está em dia esse repasse. As questões judiciais serão discutidas na justiça, dentro da legalidade e da realidade, tanto do Consórcio como do Município. O dinheiro que é a responsabilidade do Município foi pago e, se o Município está rigorosamente em dia, a empresa também teria que estar rigorosamente em dia com os pagamentos dos seus funcionários", disse a prefeita, em coletiva de imprensa realizada na tarde desta terça-feira (16).

"Todas as verbas que são contratuais, que tem relação do Município com o Consórcio Guaicurus foram feitos os repasses, ou seja, a subvenção de R$ 19 milhões, pagamento de vale-transporte de R$ 16 milhões, o Governo do Estado transferiu R$ 7 milhões, ele fez um acordo de R$ 13 milhões neste ano e R$ 4 milhões ficou para o ano que vem, acordado com o consórcio, então todas as verbas que implicam o Poder Público foram transferidas", disse o secretário municipal de Governo, Ulisses Rocha.

DECISÃO JUDICIAL

O desembargador federal do trabalho, César Palumbo, do Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região (TRT-24) determinou, durante audiência de conciliação realizada na tarde desta terça-feira (16), que:

  • 70% da frota funcione entre 6h e 8h30min (horário de pico)
  • 50% da frota funcione entre 8h30min e 17h
  • 70% da frota funcione entre 17h e 20h (horário de pico)
  • 50% da frota funcione entre 20h e 00h

Mas, os motoristas não acataram a ordem judicial mais uma vez e seguem paralisados. Com isso, o Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande leva multa diária de R$ 200 mil. A multa subiu de R$ 20 mil para R$ 100 mil na terça-feira (16) e de R$ 100 mil para R$ 200 mil na quarta-feira (17).

"Não pode existir greve de 100% dos serviços essenciais. A determinação judicial deve ser cumprida. Amanhã, no primeiro período, a categoria vai estar trabalhando. Amanhã, pela manhã [17 de dezembro] o sindicato vai garantir que haja no período compreendido entre 6h e 8h30, 70% da frota funcionando. De 8h30 a 17h, 50% da frota atendendo a população. Entre as 17h e as 20h, 70% da frota. E após, 50% da frota no horário normal", pediu o desembargador aos motoristas, que recusaram.

Presidente do sindicato, Demétrio Freitasfoi a favor da retomada do mínimo exigido em lei, mas foi voto geral dos motoristas venceu.

“A população está sofrendo muito, vai para três dias sem ônibus em Campo Grande, mas o trabalhador também precisa receber. Todo mundo que trabalha precisa receber seus vencimentos”, disse.

3º DIA DE GREVE

Campo Grande está sem ônibus há três dias consecutivos.

Esta é a segunda vez no ano em que a Capital fica sem transporte. Em 22 de outubro de 2025, Campo Grande amanheceu sem ônibus, com terminais fechados e pontos vazios. Os motoristas do transporte coletivo paralisaram atividades por duas horas, das 4h30min às 6h30min, o que refletiu em atrasos o dia todo. O fato pegou usuários de surpresa, que acordaram para ir trabalhar e não tinham meio de locomoção.

Esta é a maior greve dos últimos 31 anos em Campo Grande. Em outubro 1994, na gestão do ex-prefeito Juvêncio César, o transporte coletivo paralisou por dois dias e meio. Os ônibus tomaram as ruas do centro e interditaram o trânsito. Na ocasião, motoristas murcharam os pneus dos ônibus em forma de protesto.

A greve afeta 100 mil usuários, que usam o transporte coletivo diariamente para ir e voltar do trabalho.

PARALISAÇÃO DOS ÔNIBUS

Audiência termina sem conciliação e greve dos ônibus continua em Campo Grande

Motoristas ficaram indignados com a decisão judicial, a qual determina que 70% da frota volte a funcionar em horários de pico.

16/12/2025 19h22

Muitos motoristas do Consórcio Guaicurus compareceram à audiência no Tribunal Regional do Trabalho

Muitos motoristas do Consórcio Guaicurus compareceram à audiência no Tribunal Regional do Trabalho Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Motoristas do transporte coletivo urbano de Campo Grande lotaram o plenário do Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região, na tarde desta terça-feira (16), para acompanhar a audiência que debateu sobre a greve que paralisou os ônibus desde segunda-feira (14).

A audiência terminou sem conciliação e possibilidades entre o Consórcio Guaicurus, Município de Campo Grande e os profissionais da categoria. No entanto, o desembargador César Palumbo Fernandes determinou que 70% da frota voltasse a funcionar nos horários de pico.

"Não pode existir greve de 100% dos serviços essenciais. A determinação judicial deve ser cumprida. Amanhã, no primeiro período, a categoria vai estar trabalhando. Amanhã, pela manhã, o sindicato vai garantir que haja no período compreendido entre 6h e 8h30, 70% da frota funcionando. De 8h30 a 17h, 50% da frota atendendo a população. Entre as 17h e as 20h, 70% da frota. E após, 50% da frota no horário normal.", disse o desembargador.

Além disso, a multa, caso os ônibus não voltem a circular na manhã de quarta-feira (17), imposta ao Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande, aumentou de R$ 100 mil para R$ 200 mil por dia de descumprimento da decisão.

Apenas metade da folha salarial de novembro foi paga, sendo que a outra parte não tem previsão de pagamento. Ao todo, a dívida em aberto chega a R$ 1,3 milhão líquidos a serem repassados aos trabalhadores.

Diante da decisão do desembargador, os profissionais da categoria se indignaram, levantaram e saíram da audiência. Demétrio Freitas, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo e Urbano de Campo Grande (STCU-CG), disse que a greve está mantida por decisão dos próprios motoristas.

"A gente tá muito chateado com a Justiça do Trabalho por entender que quem paga a conta é sempre o trabalhador. No nosso entendimento, 70% ele simplesmente acabou com a greve. Infelizmente, vai continuar parado. Não é o que a gente quer, a população tá sofrendo muito, vai para três dias sem ônibus em Campo Grande, mas o trabalhador também precisa receber, todo mundo que trabalha precisa receber seus vencimentos", concluiu Demétrio Freitas.

O que disse o Município?

Na audiência, representando a Prefeitura de Campo Grande, a procuradora-geral do Município Cecília Saad afirmou que os repasses foram feitos pelo Executivo e, devidamente, depositados na conta do Consórcio Guaicurus.  De acordo com a representante, o valor destinado, na última sexta-feira (12), foi de R$  3.074.148,73.

Ela também relatou que, em junho/julho de 2024, foi publicado no Diário Oficial do Estado, que o governo se comprometeu em repassar quatro parcelas em torno de R$ 3 milhões, sendo duas no ano de 2025, e a terceira e a quarta em janeiro e fevereiro de 2026, respectivamente.

Diante destas afirmações, ela solicitou ao juiz o prazo de 24 horas para juntar a documentação e comprovar o pagamento ao Consórcio, o qual foi aceito pela autoridade.

Consórcio afirma que não tem dinheiro

Temis de Oliveira, presidente do Consórcio Guaicurus, confirmou o recebimento por parte da Prefeitura, mas alega que há outras pendências a serem pagas além da folha salarial, como os gastos com manutenção, diesel, mecânico, etc.  

"Hoje, o consórcio não tem caixa para pagar a parcela de 50% de novembro. Desses R$ 3 milhões (recebidos), haviam recursos que eram devidos de meses passados e a gente tinha outros compromissos".

"Sem aporte de alguma dessas verbas (cerca de R$ 4 milhões a serem recebidas pelo Consórcio), não temos mais saúde financeira, crédito nos bancos para poder buscar e resolver esses acordes", disse o prsidente Temis de Oliveira. Ele complementa: "Nós vamos procurar conversar com a Prefeitura para receber o que nós temos a receber ainda e negociar, negociar o tempo inteiro".

O presidente do Consórcio Guaicurus lembra que há o cumprimento do quarto termo aditivo do contrato, que precisa ser apurado mensalmente e um valor a ser recebido, algo que não ocorre desde 2022.

"Tem uma obrigação da AGEREG para, ao final de cada mês, fazer a apuração da diferença da tarifa pública para a tarifa técnica ou tarifa de remuneração e a prefeitura buscar os meios para pagar. Isso não tem sido pago desde 2022. Nós buscamos o recebimento dessas verbas também".

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