O Conselho Municipal de Política Cultural de Corumbá apresentou, recentemente, apresentou aos vereadores de Corumbá, a proposta elaborada para propôr que o Espanhol seja oficializado como o segundo idioma da cidade.
A ideia inicial surgiu com a conselheira da instituição e professora do curso de Letras da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Suzana Mancilla Barreda, que leciona no campus Pantanal, localizado no município.
A professora argumenta que a língua espanhola é muito difundida em Corumbá, especialmente por fazer fronteira com a Bolívia e Paraguai, onde o idioma é falado e de onde saem muitas pessoas que buscam oportunidades na cidade sul-mato-grossenses e acabam morando por lá.
Além da professora, quem também defende a ideia é a diretora-executiva da organização sem fins lucrativos Moinho Cultural, Márcia Rolon. De acordo com ela, atualmente, 10% dos alunos da instituição são bolivianos, realidade vivida ao longo de mais de 18 anos de existência do Moinho.
Assim como Suzana, Márcia também é membro do Conselho Municipal de Política Cultural da cidade pantaneira e também faz parte da apresentação do projeto na Câmara Municipal.
De acordo com Suzana, a ideia de oficializar o espanhol surgiu a partir de discussões levantadas em uma palestra ministrada por ela durante o I Congresso Multidisciplinar de Educação da Rede Municipal de Ensino de Corumbá (REME). Na oportunidade, foram debatidas políticas educativas e linguísticas voltadas para os alunos das escolas municipais da cidade.
Para a professora, tornar o idioma como um dos oficiais de Corumbá atende a realidade, que tem mostrado um movimento migratório cada vez maior. Assim, adotar o espanhol como segunda língua promoveria a valorização dessas pessoas que chegam principalmente da Bolívia e do Paraguai, países hispanofalantes.
“Além disso, pode instrumentalizar a identidade fronteiriça multilíngue composta por famílias brasileiras, bolivianas, paraguaias, entre outras nacionalidades. A cooficialização também evidencia a presença da língua espanhola e dos seus falantes no cotidiano de Corumbá, seja no comércio ou nas escolas, por exemplo”, explica.
OUTRAS EXPERIÊNCIAS
Atualmente, mais de 50 cidades pelo Brasil afora têm mais de um idioma como oficial, inclusive que adotaram línguas indígenas e de imigrantes. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, os municípios de Tacuru e Miranda possuem um segundo idioma, de origem indígena, como oficiais: Guarani e Miranda, respectivamente.
A lei n° 2.282, de 20 de dezembro de 2012, que regulamenta o Plano Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial prevê a efetivação do espanhol como idioma oficial na cidade.
Além dessas duas línguas, Corumbá conta com outras línguas de imigração, como o árabe, e as línguas indígenas, como o quéchua, o aymará, o guarani, o bésiro, o ayoreo, o guató, entre outras.
Já no Moinho Cultural, Márcia Rolon, uma das idealizadoras da proposta, conta que é oferecido o curso de “Práticas Linguísticas”, que é ministrado em ambos idiomas, português e espanhol. A proposta é promover a equidade e justiça social por meio da inclusão e respeito ao idioma das crianças e adolescentes atendidos.
“Levamos essa discussão para a Câmara Municipal em busca de apoio para a cooficialização. Aqui, no Moinho Cultural, a língua espanhola é muito presente, bem como em todo o município. Isso demonstra o quanto é necessária a cooficialização e o quanto irá agregar”, afirma.




