O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PP), comentou que o fato do Paraguai reforçar a segurança na fronteira é positivo para o Estado. O país vizinho, juntamente com a Argentina, anunciou a medida nessa quinta-feira (30), como forma de impedir que integrantes do Comando Vermelho que escaparam da operação policial no Rio de Janeiro fujam para o país.
Nesta sexta-feira (31), ao comentar o caso, Riedel afirmou que do lado brasileiro da fronteira não haverá nenhuma mudança na nossa política pública de fronteira, pois já há atuação permanente na faixa fronteiriça, mas que o fato da vigilância ser aumentada pelos outros países é bom também para o Estado, citando a entrada de drogas e armas no Estado através do Paraguai.
"O fato de Paraguai e Argentina decretarem e reforçarem na fronteira as suas ações de segurança é muito bom para nós, é extremamente positivo", disse Riedel.
"A gente aqui tem uma atuação permanente na fronteira. O Departamento de Operações de Fronteira (DOF) anda os mais de 1,6 mil quilômetros de fronteira do nosso Estado, de barco, de helicóptero, de carro, a pé, do jeito que for, e faz uma das maiores apreensões de drogas anuais nesse país. São mais de 500 toneladas por ano, de armas e apreensões", acrescentou o governador.
Riedel disse ainda que pelo menos 34% da população carcerária de Mato Grosso do Sul é de pessoas de outros estados e países, por ter um alto índice de crimes federais, como o tráfico internacional de drogas, por exemplo.
Reforço na fronteira
Dias após as forças de segurança do estado do Rio de Janeiro deflagrarem a chamada Operação Contenção, contra o crime organizado nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte da capital fluminense, os governos da Argentina e do Paraguai decidiram reforçar o patrulhamento em suas fronteiras com o Brasil. O Paraguai faz fronteira com vários municípios de Mato Grosso do Sul.
Em um comunicado, o Conselho de Defesa Nacional (Codena) paraguaio afirma que o objetivo do reforço do efetivo fronteiriço e das medidas de controle migratório é impedir que integrantes do Comando Vermelho que escaparam da ação policial nos complexos da Penha e do Alemão fujam para o país.
“Diante desta situação, desde as primeiras horas da última terça-feira (28), as instituições nacionais [paraguaias] de segurança competentes adotaram medidas extraordinárias de prevenção e vigilância em toda a fronteira”, explica o Codena.
A ministra da Segurança argentina, Patricia Bullrich, em uma postagem em suas redes sociais, também anunciou o reforço.
“Reforçamos [a segurança na] fronteira para proteger os argentinos diante de qualquer debandada [de criminosos] resultante dos confrontos no Rio de Janeiro”, explicou a ministra.
Ela publicou cópia do ofício que enviou à secretária de Segurança Nacional, Alejandra Monteoliva, determinando o aumento do efetivo das tropas federais na fronteira com o Brasil como “uma medida preventiva”.
No mesmo ofício, Patricia se refere aos integrantes da facção brasileira Comando Vermelho como narcoterroristas e orienta os oficiais responsáveis a contatarem as autoridades policiais brasileiras e paraguaias a fim de estabelecerem uma atuação conjunta.
Brasil, Argentina e Paraguai já contam com um acordo de cooperação policial na fronteira, em que foi instituído o Comando Tripartite da Tríplice Fronteira. Foi a partir de um alerta emitido pelo comando que o governo paraguaio decidiu adotar, na quarta-feira (29), medidas extraordinárias de vigilância.
Operação Contenção
A Operação Contenção, realizada pelas polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro, deixou cerca de 120 pessoas mortas, sendo quatro policiais, de acordo com o último balanço. O governo do estado considerou a operação “um sucesso” e afirmou que as pessoas mortas reagiram com violência à operação, e aqueles que se entregaram foram presos.
No total, foram feitas 113 prisões, sendo 33 de presos de outros estados. Foram recolhidas 118 armas e 1 tonelada de droga. O objetivo era conter o avanço da facção Comando Vermelho e cumprir 180 mandados de busca e apreensão e 100 de prisão, sendo 30 expedidos pela Justiça do Pará.
A operação contou com um efetivo de 2,5 mil policiais e é a maior e mais letal realizada no estado nos últimos 15 anos. Os confrontos e as ações de retaliação de criminosos geraram pânico em toda a cidade, com intenso tiroteio, fechando as principais vias, escolas, comércios e postos de saúde.
Moradores da região, familiares dos mortos e organizações denunciam operação como uma "chacina". Cadáveres recolhidos pelos próprios moradores das matas que circundam a região foram encontrados degolados e com sinais de execução.




