A revelação de um documento secreto de 1974, elaborado pela CIA, a agência de inteligência dos Estados Unidos, pode resultar na alteração do nome de uma das principais avenidas de Campo Grande. O registro aponta o ex-presidente Ernesto Geisel (1974-1979) como colaborador de uma política de “execução sumária” de “subversivos” durante o regime militar, e uma lei municipal da Capital, de 6 de janeiro de 2014, proíbe homenagens a pessoas que tenham praticado atos de lesa-humanidade.
Sancionada pelo então prefeito, Alcide Bernal (PP), a lei proíbe a denominação de logradouros e equipamentos públicos , além de comendas do Poder Público, com nomes de torturadores ou pessoas que tenham praticado atos de violação de direitos humanos,ou que tenham sido historicamente consideradas participantes e envolvidos em crimes de corrupção.
A lei diz ainda, que o Poder Público Municipal tem o dever de alterar gradativamente os nomes de logradouros que, eventualmente, fazem homenagens aos citados, substituindo-os, de preferência, pelos nomes das pessoas que foram vitima das agressões. Com isso, a Avenida Ernesto Geisel, que tem cerca de 20 quilômetros de extensão e liga a região Norte à Sul da Capital, teria que mudar de nome.
Esta não é a primeira vez que se cogita mudança de nome da avenida. Em 2013, o Comitê Memória Verdade e Justiça de Mato Grosso do Sul já havia lançado campanha para isso. A ideia fazia parte de um movimento nacional para apagar homenagens feitas aos membros da ditadura militar e incluia alteração do nome da avenida Costa e Silva.
Ernesto Geisel deu início à abertura política e assinou o ato de criação de Mato Grosso do Sul, mesmo assim entrou para a história como homem do regime. Marechal Artur da Costa e Silva foi o segundo presidente do regime militar, instaurado em 1964. Considerado linha dura, foi responsável pela promulgação do AI-5, instrumento que deu ao governo poder de caçar políticos e institucionalizar a repressão e a tortura no Brasil.


